quarta-feira 01 2015

Tesoureiro do PT cobrava propina em bilhetes, diz delator


Ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco afirmou em depoimento que o PT começou a receber dinheiro sujo da Petrobras em 2004

João Vaccari Neto e Renato Duque
DUPLA DA PROPINA – João Vaccari Neto e Renato Duque: arrecadação de propina para políticos do PT(Folhapress/Estadão Conteúdo)
"O Duque falava: 'Isso aqui é metade do partido, metade da casa'. E eu cuidava da parte da casa", Pedro Barusco
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos delatores da Operação Lava Jato, confirmou, em depoimento ao juiz Sergio Moro, que o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto atuava como interlocutor do partido na arrecadação de propina de contratos da Petrobras. Mais: disse que Vaccari mandava bilhetes exigindo o pagamento de dinheiro sujo.
Segundo Barusco, a arrecadação de vantagens indevidas na estatal era "endêmica" e "institucionalizada" e abasteceu o PT pelo menos desde 2004.
Conforme o delator, os cofres do PT passaram a receber propina da Petrobras há pouco mais de onze anos, mesmo período em que Barusco e o então diretor de Serviços da estatal Renato Duque também deram início ao rateio de vantagens indevidas recolhidas de empreiteiras.
Na diretoria chefiada por Duque, a propina era normalmente de 1% dos valores dos contratos, sendo 0,5% para funcionários da estatal e 0,5% para o PT. "O Duque falava: 'Isso aqui é metade do partido, metade da casa'. E eu cuidava da parte da casa", relatou ele. "Na gestão do João Vaccari como tesoureiro do partido, era ele quem tomava conta dessa parte da propina", completou. Questionado sobre repasses ao PT, foi direto: "Nas tabelas que eu fazia de divisão sempre tinha".
De acordo com o ex-gerente, em um primeiro momento cabia a Renato Duque repassar verbalmente as exigências de propina feitas pelo PT a partir de bilhetes de Vaccari. Por fim, no final de 2010, o próprio Barusco se encontrou com o ex-tesoureiro em reuniões, em hotéis em São Paulo ou no Rio de Janeiro, em que era discutida a partilha do dinheiro. "Começou com uns bilhetinhos", disse. Em pelo menos uma oportunidade Pedro Barusco se encontrou com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, responsável pelas finanças do partido no período do escândalo do mensalão.
A arrecadação de dinheiro sujo por meio da Diretoria de Serviços da Petrobras chegou a ser tão grande que o próprio delator disse ter sugerido métodos para dar vazão aos recursos, como a abertura de contas bancárias no exterior. "Ele [Duque] me pedia de tempos em tempos para fazer prestação de contas e depois ele começou a me pedir algumas quantias em dinheiro quinzenalmente, semanalmente e fui contabilizando esses pagamentos a ele", disse. Por volta de 2010 e início de 2011, quando já estava para sair da Petrobras, Barusco informou que "praticamente toda a propina recolhida na diretoria ia para Duque".
Barusco arriscou uma razão pela qual grandes empreiteiras, hoje investigadas no petrolão, concordavam em desembolsar o dinheiro. "Acho que as empresas julgavam que a situação era boa para elas, que elas se sentiam comandando o mercado, tinham encomendas e não queriam que as coisas mudassem. Era para manter aquele status quo", disse. "Eles recebiam tratamento especial por pagar propina."
Duque e o ex-tesoureiro João Vaccari faziam uma espécie de encontro de contas para ver se a propina estava sendo paga dos dois lados. "Não era o propósito específico [fazer o encontro de contas], mas às vezes aconteciam [conversas como]: 'Ele pagou para mim e não pagou para casa? Ah, tá te pagando? Porque para mim não está pagando'", revelou.
Toyo Setal - O lobista Júlio Camargo, um dos delatores do esquema de corrupção na Petrobras, também prestou depoimento à Justiça Federal e disse que Renato Duque era responsável pela arrecadação de propina nos contratos de empreiteiras com a diretoria que chefiava.
Ligado à Toyo Setal, Camargo afirmou que o pagamento variava sempre em torno de 1% do valor dos contratos - e que Duque dizia que parte do dinheiro se destinava a "compromissos políticos". "Parte atendia a interesses políticos e parte ficava com a casa", disse o lobista, em referência aos diretores da Petrobras que integravam o esquema. Camargo afirmou também que foi procurado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto em busca de doações para o partido. Afirmou que o dinheiro foi doado de maneira oficial à legenda: "Vaccari me procurou dizendo que o partido precisava de doações e, evidentemente, era do meu interesse ficar do lado do poder".

Em derrota de Dilma, Senado aprova reajuste de até 78% para o Judiciário


Projeto de lei prevê que servidores terão, em média, aumento de 59,49%. Alegando impacto nas contas do governo, presidente deve vetar a medida

Fachada do Palácio do Supremo Tribunal Federal em Brasília (DF)
Fachada do Palácio do Supremo Tribunal Federal em Brasília (DF)(Cristiano Mariz/VEJA)
Em pleno período de ajuste fiscal do governo, o plenário do Senado aprovou na noite desta terça-feira o projeto de lei que estabelece reajustes de até 78,56% para os servidores do Judiciário. Em média, o aumento salarial concedido é de 59,49%. A aprovação foi unânime. Apesar disso, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), anunciou publicamente que o projeto será vetado pela presidente Dilma Rousseff por causa do impacto sobre as contas públicas, calculado em mais de 25 bilhões de reais.
Pelo texto aprovado, o reajuste vai variar de 53% até o máximo de 78,56%, a depender da classe e da categoria do servidor. O pagamento deve ocorrer em seis parcelas, entre julho deste ano e dezembro de 2017. A aplicação do cronograma depende de previsão nas próximas leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A proposta foi negociada com o Executivo e o Judiciário pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA), o que permitiu a tramitação rápida, favorecida pelo parecer favorável do relator, senador José Maranhão (PMDB-PB). Os servidores do Judiciário estão sem reajuste desde 2006 e pressionam em busca do aumento.
O governo tentou adiar a votação. O senador Delcídio Amaral apresentou um requerimento com esse objetivo, de modo que o Planalto tivesse mais tempo para negociar com os servidores. O requerimento foi acompanhado por ofícios do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowiski, e do ministro interino do Planejamento, Dyogo Henrique de Oliveira, solicitando o adiamento da votação. No entanto, todos os partidos votaram contra a proposta e o projeto foi colocado em votação.
(Com Agência Brasil)

Lobista detalha à Lava Jato pagamento de propina para Dirceu


Milton Pascowitch celebrou acordo de delação premiada na segunda-feira. Segundo jornal, ela detalhou envolvimento do mensaleiro no esquema do petrolão

José Dirceu e Milton Pascowitch
José Dirceu e Milton Pascowitch(Dida Sampaio/Estadão Conteúdo e Vagner Rosário/VEJA)
O empresário Milton Pascowitch contou, em depoimento prestado à força-tarefa da Operação Lava Jato, que intermediou pagamento de propina ao PT e ao ex-ministro da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu para garantir contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras. Segundo reportagem desta quarta-feira do jornal Folha de S.Paulo, o mais novo delator do escândalo do petrolão relatou que Dirceu se tornou uma espécie de "padrinho" dos interesses da empreiteira na estatal. Ligado ao ex-homem-forte do governo Lula, o lobista Pascowitch fechou acordo de delação premiada com a Justiça, homologado na segunda-feira pelo juiz federal Sérgio Moro.
Dono da consultoria Jump Engenharia, Pascowitch foi contrato pela Engevix para aproximá-la do PT e facilitar negócios na Petrobras. Ele é um dos elos entre a empreiteira e a Diretoria de Serviços da petroleira, que era ocupada por Renato Duque, indicado pelo PT ao cargo. O lobista foi preso no final de maio pela Polícia Federal. Com a delação, ele foi autorizado a cumprir prisão domiciliar com o uso de uma tornozeleira eletrônica. O empresário pagou parte da sede da JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu, apontada pelos investigadores do petrolão como um dos possíveis propinodutos para lavar dinheiro desviado da Petrobras. A empresa Jamp Engenheiros Associados, de propriedade do empresário, desembolsou 400.000 reais dos 1,6 milhão de reais utilizados na aquisição do imóvel que sediava a JD, em São Paulo. Mais: uma empresa de Milton Pascowitch também comprou um imóvel em nome de Camila, filha de Dirceu, no bairro da Saúde, na capital paulista.
Em seu depoimento, segundo a Folha, o lobista disse que começou a operar o esquema de repasse de propina a partir de 2008 e que, entre aquele ano e 2011, a Engevix pagou 1,1 milhão de reais à consultoria de Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria. Entre 2011 e 2012, foram pagos mais 1,5 milhão de reais pela empresa de Pascowitch ao ex-ministro.
O Ministério Público Federal investiga há meses a Jamp, considerada uma empresa de fachada suspeita de ser usada para lavar dinheiro do escândalo do petrolão. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o vice-presidente da Engevix, Gerson Alamada, disse que Dirceu fazia "lobby internacional" em nome da empreiteira, enquanto Pascowitch atuava como mediador das "relações partidárias" da construtora. A Engevix pagou pouco mais de 1 milhão de reais à JD Assessoria e Consultoria, empresa de Dirceu, conforme mostrou o site de VEJA. Pascowitch já havia sido detectado também na lista de supostos clientes da "consultoria" de José Dirceu. No rol de contratantes compilados pela Receita Federal, aparece a Jamp - ela pagou 1,457 milhão de reais para Dirceu.
Sigilos - Condenado no julgamento do mensalão por corrupção ativa, José Dirceu é alvo de inquérito na Lava Jato e teve os sigilos fiscal e bancário quebrados em janeiro após o Ministério Público, em parceria com a Receita Federal, ter feito uma varredura nas empreiteiras investigadas na Lava Jato em busca de possíveis crimes tributários praticados pelos administradores da OAS, Camargo Correa, UTC/Constran, Galvão Engenharia, Mendes Junior, Engevix e Odebrecht. Os investigadores já haviam suspeitado que as empreiteiras cujas cúpulas são alvo de investigação, unidas em um cartel fraudaram contratos para a obtenção de obras da Petrobras, utilizavam empresas de fachada para dar ares de veracidade à movimentação milionária de recursos ilegais.
(Da redação)

Com vista para Central Park, suíte de Dilma em Nova York custou 11 000 reais por noite

Vista para o Central Park
Vista para o Central Park
Custou 11 000 dólares por noite a suíte que Dilma ficou em Nova York, no Hotel St Regis, na esquina da Quinta Avenida com a Rua 55.
Dilma ocupou por duas noites a suíte Tiffany, decorada pelo diretor de design da grife cobiçada por Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo. Com 158 metros quadradros, tem uma sala de jantar para dez pessoas e uma sala de estar.
Incluindo a noite anterior à chegada de Dilma, quando tradicionalmente o quarto é vistoriado pela segurança da Presidência, o total da conta não ficou abaixo de 102 000 reais, na cotação do dólar de 3,10 reais de ontem.
Mas certamente, em tempos de ajuste fiscal, a presidente deve ter pedido um desconto para dar o bom exemplo.
Quarto
Quarto

Sala de jantar
Sala de jantar

Sala de estar
Sala de estar
Por Lauro Jardim
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