quinta-feira 25 2015

Um super filme - Minha Vida Na Outra Vida



Amigo íntimo de Lula é peça-chave do petrolão


Surgem indicios do envolvimento profundo do empresario José Carlos Bumlai com o escândalo que sangrou a Petrobras. Ele tinha acesso livre ao Palácio do Planalto na gestão de Lula e até hoje resolve problemas de sua familia

SUPERCREDENCIAL - José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse
SUPERCREDENCIAL - José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse (Cristiano Mariz/VEJA)
Um dos grandes pecuaristas do país, José Carlos Bumlai conta que visualizou em sonho sua aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva, quando ele era apenas aspirante à Presidência. Com a ajuda de um amigo comum, Bumlai conheceu o petista e o sonho se realizou. O pecuarista tornou-se íntimo de Lula. O sonho embutia uma profecia que ele só confidenciou a poucos: a aproximação renderia excelentes resultados para ambos. Assim foi. Lula chegou ao Planalto, e Bumlai, bom de negócios, bem-sucedido e rico, tornou-se fiel seguidor do presidente, resolvedor de problemas de toda espécie e, claro, receptador de dividendos que uma ligação tão estreita com o poder sempre proporciona. No governo, só duas pessoas entravam no gabinete presidencial sem bater na porta. Bumlai era uma delas. A outra, Marisa Letícia, mulher de Lula.
Desde 2005, sabia-se em Brasília que Bumlai também tinha delegação para tratar de interesses que envolvessem a Petrobras. Foi ele, por exemplo, um dos responsáveis por chancelar o nome do hoje notório Nestor Cerveró, um desconhecido funcionário da estatal, para o posto de diretor internacional da empresa. Em sua missão de conjugar interesses públicos e privados, Bumlai tinha seus parceiros diletos, aos quais dedicava atenção especial. Não demorou para que começassem a chegar ao governo queixas de empresários descontentes com "privilégios incompreensíveis" concedidos aos amigos do amigo do presidente.
Uma das reclamações mais frequentes envolvia justamente a Petrobras e uma empreiteira pouco conhecida até então, a UTC, que de repente passou a assinar contratos milionários com a estatal, ao mesmo tempo em que surgia como uma grande doadora de campanhas, principalmente as do PT. Gigantes da construção civil apontavam Bumlai como responsável pelos "privilégios" que a UTC estava recebendo da Petrobras. Hoje, a escalada dos negócios da UTC é uma peça importante da Operação Lava-Jato, que está desvendando o ultrajante esquema de corrupção montado no coração da estatal para abastecer as contas bancárias de políticos e partidos. A cada depoimento, a cada busca, a cada prova que se encontra, aos poucos as peças vão se encaixando. A última revelação pode ser a chave do quebra-cabeça. Bumlai, o amigo íntimo do ex-presidente que tinha entrada livre ao Palácio do Planalto, está envolvido até o pescoço no escândalo de corrupção montado na Petrobras durante o governo petista.

Executivos entregam passaportes à Justiça

Alexandrino Alencar executivo da construtora Odebrecht, seguido de Antônio Pedro Campelo de Souza da Andrade Gutierrez, são encaminhados para exames no IML de Curitiba (PR) - 20/06/2015
Alexandrino Alencar executivo da construtora Odebrecht, seguido de Antônio Pedro Campelo de Souza da Andrade Gutierrez, são encaminhados para exames no IML de Curitiba (PR)(Vagner Rosário/VEJA)
Três executivos que haviam sido presos temporariamente na 14ª fase da Operação Lava Jato entregaram os passaportes nesta quinta-feira ao juiz Sergio Moro. Eles foram presos na última sexta-feira na etapa conhecida como Erga Omnes, que levou para a carceragem também os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, mas foram liberados na terça-feira. Entregaram os passaportes Antônio Pedro Campelo de Souza, Flávio Lúcio Magalhães e Christina Maria da Silva Jorge. Alexandrino Alencar, que também teve a prisão temporária decretada e, se libertado, deveria entregar seus documentos de viagem, passou à condição de preso preventivo e agora não tem mais data para deixar a prisão em Curitiba. Ele foi citado por delatores como o pagador de propina em nome da Odebrecht e da petroquímica Braskem no petrolão e era companhia frequente do ex-presidente Lula em viagens para lobby internacional. Odebrecht e Braskem negam participação no esquema de pagamento de vantagens ilícitas. (Laryssa Borges, de Curitiba)

Ministro do TCU reforça responsabilidade de Dilma pelas 'pedaladas'


Relator do processo das contas de 2014, Augusto Nardes afirmou que o seu parecer não tem viés político

José Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU)
José Augusto Nardes, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)(José Cruz/Agência Senado/VEJA)
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, relator do processo das contas do governo referentes a 2014, reforçou nesta quinta-feira a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff pelo atraso de repasses do Tesouro para os bancos públicos nas chamadas 'pedaladas fiscais'. "Não adianta o Arno Augustin dizer que foi ele que fez as 'pedaladas'. As contas são da presidente", afirmou Nardes em um evento sobre práticas de boa governança, em São Paulo. Ele se referia ao documento assinado pelo ex-secretário do Tesouro, no qual ele assumia a autoria das manobras contábeis.
O ministro ainda disse, durante o evento, que propôs a rejeição das contas da presidente, apesar de ter concedido prazo de 30 dias para explicações do governo. A expectativa dele é que a questão seja decidida em até dois meses e reforçou que o seu parecer tem caráter totalmente técnico. "Nosso voto não é com intenção política. Vamos formatar nosso voto em 45, 60 dias", afirmou.
O TCU adiou no último dia 17 o julgamento das contas do governo por 30 dias, para que a presidente Dilma Rousseff preste esclarecimentos sobre as irregularidades detectadas pela corte no balanço das contas públicas de 2014. O tribunal encontrou 37,5 bilhões de reais em pedaladas fiscais, além de 281 bilhões de reais em distorções totais. Essa é a primeira vez que um presidente da República terá de fazer sua própria defesa em função de problemas nas contas públicas.
(Com Estadão Conteúdo)