sexta-feira 10 2014

Acuada pelo petrolão, Dilma sobe o tom: 'Denúncias são golpe da oposição'

Eleições 2014

Presidente também acusou os tucanos de serem lenientes com a corrupção. "Eles destilam ódio, eles destilam mentiras", afirmou a petista em Canoas

Gabriel Castro, de Canoas
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, e o candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, durante a caminhada nesta sexta-feira (10), no Conjunto Habitacional Guajuviras, em Canoas
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, e o candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, durante a caminhada nesta sexta-feira (10), no Conjunto Habitacional Guajuviras, em Canoas (Ichiro Guerra/Divulgação)
As revelações de que a Petrobras era usada para abastecer o caixa do PT, PP e PMDB fizeram a presidente Dilma Rousseff dar mais espaço ao tema da corrupção durante seus discursos - e subir o tom em defesa de seu governo. Nesta sexta-feira, após uma caminhada em Canoas (RS), a petista associou as denúncias recentes a uma tentativa de "golpe" da oposição - embora as confissões tenham partido de um ex-diretor nomeado pelo PT para uma diretoria importante da estatal, Paulo Roberto Costa. "Na véspera eleitoral eles sempre querem dar um golpe. E estão dando um golpe. Esse golpe, nós não podemos concordar com ele", disse ela.
A presidente também acusou os tucanos de serem lenientes com a corrupção: "Eles jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime horrível", afirmou, insistindo que os escândalos de seu governo são uma prova de que o PT não acoberta desvios.

A presidente também acusou os tucanos de destilarem "ódio": "Eles destilam ódio, eles destilam mentiras, nós temos de responder com a verdade e a esperança. Diante da urna nós votamos com a consciência, paz e amor no coração". "Nos últimos quatro anos do PSDB, quem era o diretor geral da Polícia Federal era um militante filiado do PSDB. Eles aparelharam a Polícia Federal. Por isso a Polícia Federal investigou pouco, descobriu pouco, prendeu pouco e condenou muito pouco. Nós não, nós investigamos, prendemos e punimos", disse Dilma.


O discurso da presidente foi feito logo após ela percorrer, em carro aberto, um trecho de aproximadamente 700 metros no bairro popular de Guajuviras, em Canoas. Ela estava ao lado do candidato a governador pelo PT, Tarso Genro. Centenas de militantes, a pé, acompanharam a dupla.

Aconteceu - Ministério Público pede bloqueio de bens de Lula

O Ministério Público Federal (MPF) de Brasília pediu à justiça o bloqueio dos bens do ex-presidente Lula da Silva, a quem acusa de improbidade administrativa por ter usado verba pública com claro intento de promoção pessoal.
O bloqueio de bens tem como finalidade garantir a devolução aos cofres públicos de quatro milhões de euros que Lula, segundo o MPF, usou indevidamente.
A acção interposta pelo MPF refere-se ao gasto desses quatro milhões de euros com a impressão e o envio pelo correio de mais de dez milhões de cartas enviadas pela Segurança Social a reformados entre Outubro e Dezembro de 2004, segundo ano do primeiro mandato de Lula.
A missiva avisava os reformados que um convénio estabelecido entre a Segurança Social e o até então desconhecido Banco BMG lhes permitia a partir de então pedirem empréstimos a juros baixos e sem qualquer burocracia àquela instituição bancária, com o desconto das parcelas sendo feito directamente nas reformas.
 Até aí não haveria problema, não fossem dois detalhes, que chamaram a atenção dos promotores. O BMG, único banco privado a ser autorizado na altura a realizar esse tipo de empréstimo, conseguiu a autorização em menos de duas semanas, quando o normal seriam vários meses, e as cartas, simples correspondência informativa, eram assinadas por ninguém menos que o próprio presidente da República, algo nada comum para esse tipo de aviso.
Para o Ministério Público, não há dúvida de que Lula e o então ministro da Segurança Social, Amir Lando, que também assinou as cartas e é igualmente acusado na acção, usaram a correspondência para obterem promoção pessoal e lucro político e que a acção do presidente da República favoreceu a extrema rapidez com que o BMG conseguiu autorização para operar o negócio, desrespeitando as normas do mercado. A 13.ª Vara Federal, em Brasília, a quem a acção foi distribuída, ainda não se pronunciou sobre o pedido do MPF.

Dilma tenta desvincular PT do petrolão e liga denúncias à eleição

Planalto

Presidente falou pela primeira vez sobre as novas revelações feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da companhia, e pelo doleiro Alberto Youssef

Gabriel Castro
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, durante coletiva de imprensa em Brasília, nesta sexta-feira (10)
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, durante coletiva de imprensa em Brasília, nesta sexta-feira (10) (Ueslei Marcelino/Reuters)
Em entrevista concedida no Palácio da Alvorada nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff tentou desvincular o PT do escândalo de corrupção na Petrobras. Foi a primeira vez que ela falou sobre as novas revelações feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da companhia, e Alberto Youssef, doleiro que operava parte do esquema. A dupla aponta o PT como beneficiário da maior parte da propina cobrada em contratos da empresa.
"Eu acho muito estranha essa ação dessas gravações. Em toda campanha eleitoral há denúncias que, depois, não se comprovam. Quantas vezes isso foi feito em operações levantadas e investigadas? Você faz a apuração, na hora da prova, ela não se mantém", afirmou a presidente. "Não se pode cometer injustiças, mas também não se pode ser resiliente com mal feitos". Apesar de o depoimento apontar que a cobrança de propina era uma prática partidária, ela disse que o PT, como instituição, não pode ser culpado. "No Brasil você condena as pessoas", disse ela, antes de usar a tradicional frase de que "Se alguém errou tem que pagar".Em depoimento à Justiça, Costa desvenda engrenagem do petrolão
Sem explicar como um esquema tão complexo de corrupção se instalou na Petrobras sem que o governo notasse, a presidente pediu uma investigação profunda do caso, e repetiu a já batida frase de que sua gestão não joga a sujeira para debaixo do tapete. 


Dilma se prendeu a aspectos secundários, como a competência da Justiça do Paraná para colher o depoimento de Costa. "Não é a Justiça do Paraná que autoriza delação premiada. É o Supremo". Ela também disse que houve uma seleção do material divulgado. "O que eu considero incorreto é divulgar parcialmente em período eleitoral", declarou. A presidente pediu ainda mudanças na legislação para permitir o fim da impunidade.

Irene Ravache no programa Roda Viva (19.05.2014) completo e sem intervalo





Roda Viva | Irene Ravache | 19/05/2014 | Bloco 3



Roda Viva | Irene Ravache fala do PT | 19/05/2014 | Bloco 2





"O PT ME TRAIU" disse atriz Irene Ravache em entrevista no Roda Viva





Petrolão envolvia gente 'de cima', diz Youssef à Justiça

Justiça

Em depoimento, doleiro disse que o esquema de desvios de dinheiro na Petrobras começou em 2005, com o mensaleiro José Janene, já morto

Rodrigo Rangel e Hugo Marques, de Brasília
O doleiro Alberto Youssef em depoimento
O doleiro Alberto Youssef em depoimento (VEJA)
(atualizada às 20h21)
O doleiro Alberto Youssef também prestou depoimento à Justiça – e também fez revelações surpreendentes. Disse que o esquema de desvios de dinheiro na Petrobras começou em 2005, comandado pelo o ex-deputado federal José Janene. O parlamentar, já morto, também foi envolvido no esquema do mensalão.

Aliados pressionaram Lula para garantir nomeação de Costa
  A força do grupo político que comandava o esquema não era pequena. Paulo Roberto Conta que os parlamentares da quadrilha trancaram a pauta de votações no Congresso Nacional por 90 dias, até que a Presidência da República nomeasse um diretor da confiança do grupo na Petrobras. “Na época o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou louco, teve que ceder e realmente empossar Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento”, disse Youssef. O doleiro diz que a cobrança de comissão nos contratos acontecia em todas as diretorias da Petrobras. Segundo ele, Paulo Roberto Costa ficava com 30% do dinheiro da propina, o agente político ficava com 60%. Os 10% restantes eram divididos entre o doleiro Youssef e o mensaleiro João Cláudio Genu, que ficou conhecido como o “homem da mala”. Corrupção na Petrobras tinha 'ata' da quadrilha – A quadrilha que desviou dinheiro por 9 anos na Petrobras chegou a tal nível de sofisticação que era confeccionada uma ata paralela a cada reunião do grupo criminoso para dividir propinas de contratos públicos. O doleiro Alberto Youssef prometeu entregar as cópias dessas atas à Justiça nos próximos dias. Ele guardou as atas paralelas com uma pessoa de sua confiança. “Essas reuniões eram feitas às vezes com empresas, individualmente, e às vezes com as empresas junto com o diretor Paulo Roberto e o próprio agente político que estava comandando a situação, para discutir exatamente questões de valores, questão de quem ia participar do certame e outro tipo de situação. E outros problemas que se encontravam nas obras, que pediam para solucionar. Isso era feito uma ata nessa reunião. Participava o agente político, o Genu (João Cláudio Genu), eu, o Paulo Roberto”, disse o doleiro. Estarrecido, o juiz Sérgio Moro perguntou ao doleiro se nessas atas paralelas constavam os detalhamentos do negócio. “Constavam os detalhamentos, vossa excelência”, respondeu Youssef. O doleiro afirmou que as empresas não tinham como correr do pagamento de propina para a quadrilha. “As empresas, principalmente as grandes, ficavam reféns desse esquema porque: ‘ou participa ou não tem obra’”, disse Youssef. As reuniões do grupo eram feitas geralmente em hotéis no Rio e em São Paulo ou na residência do “agente político” que comandava o contrato e que iria se beneficiar do desvio. “Todo mundo sabia o que estava acontecendo”, disse Youssef.
Empresas dividiam pacote de obras – O doleiro revelou como funcionava a divisão de grandes obras da Petrobras. Ele informou que participou diretamente de várias dessas reuniões com as grandes empreiteiras, antes mesmo da licitação. "O conhecimento que tenho é que existia um acerto entre as empresas, não na questão das licitações, mas sim quando saía um pacote de obras na Petrobras. As empresas, elas entre elas, tratavam de se relacionarem e obterem quem ia ser o ganhador daquela obra", disse Youssef.
1% para o PP – A empresa que não topasse pagar 1% para o PP, segundo Youssef, não assinava o contrato. "Ela ganhava a obra. Se não pagasse, tinha ingerência política e do próprio diretor", disse o doleiro.
Doleiro aponta as empresas – O doleiro também confirmou os nomes de todas as empresas e dos diretores com quem negociou. A lista do doleiro inclui as empresas OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Engevix, Odebrecht, UTC, Jaraguá, Odebrecht e Tomé Engenharia, entre outras.
"Havia muitas pessoas acima de Costa" – Youssef afirmou que havia muitas pessoas no esquema acima de Paulo Roberto Costa na organização criminosa, incluindo “agentes públicos”. Advertido pelo juiz de que não poderia citar nomes de pessoas com foro privilegiado (deputados, senadores, ministros, presidente da República), ele não pode identificar a quem se referia. Na hierarquia da empresa, a diretoria de Abastecimento está subordinada à presidência da estatal, que responde ao ministro das Minas e Energia e, acima deste, o presidente da República.
“Em primeiro lugar quero deixar claro que não sou o mentor nem o chefe desse esquema. Na acusação diz que sou mentor e chefe da organização criminosa. Eu não sou. Eu sou apenas uma engrenagem desse assunto que ocorria na Petrobras. Tinha gente muito mais elevada acima disso, inclusive acima de Paulo Roberto Costa, no caso agentes públicos. Esse assunto ocorria nas obras da Petrobras e eu era um dos operadores”, disse Youssef

Em depoimento à Justiça, Costa desvenda engrenagem do petrolão

Lava Jato

Justiça do Paraná liberou a íntegra do depoimento do ex-diretor da Petrobras. Nele, o delator do petrolão aponta as empresas, partidos e operadores do esquema. Só não revela os nomes de políticos com foro privilegiado, como determina a lei

Rodrigo Rangel e Hugo Marques, de Brasília
CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014
CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014 (Ueslei Marcelino/Reuters)
(atualizado às 15h03)
Esquema operava em todo o governo – Paulo Roberto Costa disse à Justiça que o esquema de loteamento político está espalhado por todos os órgãos de governo. Por isso, as empreiteiras nunca se recusaram a pagar propina.  “Essas empresas tinham interesses em outros ministérios capitaneados por partidos. E, como falei, essas empresas são as mesmas que participam de várias outras obras, quer sejam ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, usinas hidrelétricas, etc. etc.. saneamento básico, Minha Casa Minha Vida... Ou seja, todos os programas, nos ministérios, têm políticos de partidos. Se você cria um problema de um lado, pode-se criar problema do outro. No meu tempo lá, eu não lembro de nenhuma empresa ter deixado de pagar. Houve alguns atrasos das empresas do cartel, mas deixar de pagar nunca deixaram.”

Candidato ao governo do RJ pediu dinheiro a Costa - 
A pedido do Ministério Público, Paulo Roberto deu explicações sobre uma planilha apreendida pela Polícia Federal em que aparecia uma lista de empreiteiras que, por meio dele, ajudariam nas eleições. Ele diz que a planilha se referia, especificamente, a empresas que poderiam fazer doações para a campanha de um candidato ao governo do Rio de Janeiro nas eleições deste ano.  O nome do candidato não foi citado.Tesoureiro do PT administrava a propina – Costa deu o nome dos operadores dos partidos que recebiam e administravam o dinheiro desviado da estatal. Ele afirma que a propina do PT era administrada pelo tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto, que tratava diretamente com o então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. O operador da propina que cabia ao PMDB era o lobista Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano. “Dentro do PT a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele. Do PMDB, da Diretoria Internacional (comandada por Nestor Cerveró), o nome que fazia essa articulação toda chama Fernando Soares.”
“Teve um candidato ao governo do Rio de Janeiro que me procurou, eu já tinha saído da Petrobras. Foi no início de 2014 e o objetivo era que eu preparasse pra ele um programa de governo na área de energia e infraestrutura de um modo geral. Participei de umas três reuniões com esse candidato e foi listada uma série de empresas que poderiam contribuir com a campanha que ele estava concorrendo. Ele me contratou para fazer o programa de energia e infraestrutura de modo geral. Listou uma série de empresas. Algumas que eu tinha contato e outras, não. Hope RH não conheço. Mendes Júnior conheço, UTC conheço, Constran nunca tive contato, Engevix conheço, IESA conheço e Toyo Setal conheço. Foi solicitado que houvesse a possibilidade de essas empresas participarem da campanha (...) Era uma candidatura para o Rio de Janeiro.”
Tentáculos na Transpetro - O ex-diretor  afirma que o esquema também funcionava em pelo menos uma das subsidiárias da Petrobras, a Transpetro, cujo presidente, Sergio Machado, é indicado do PMDB. Paulo Roberto diz ter recebido das mãos do próprio Sergio Machado 500.000 reais, a título de propina pela contratação de navios – ele diz que recebeu porque se tratava de um negócio que precisava também do aval de sua diretoria. Sergio Machado preside a Transpetro até hoje. “A Transpetro tem alguns casos de repasse para políticos (...) Recebi uma parcela da Transpetro. Recebi, se eu não me engano, 500.000 reais. (Quem pagou) foi o presidente da Transpetro, Sergio Machado (...) Foi devido à contratação de alguns navios e essa contratação depois tinha que passar pela Diretoria de Abastecimento (...) Esse valor me foi entregue diretamente por ele (Sérgio Machado) no apartamento dele, no Rio de Janeiro.”  
PT liderava rateio da propina - Costa também afirmou que a maior parte da propina cobrada na Diretoria de Abastecimento era dividida entre o PP e o PT. Ela afirma que dos 3% pagos pelas grandes empreiteiras por contratos fechadas com a Diretoria de Abastecimento, 1% ia para o PP e 2% iam para o PT. O ex-diretor revelou que a parcela que cabia ao caixa petista era administrada pela Diretoria de Serviços, encarregada de organizar as principais licitações da Petrobras, e comandada por Renato Duque, indicado do PT, que tinha como padrinho o mensaleiro José Dirceu.
“Dos contratos da área de Abastecimento, dos 3%, 2% eram para atender o PT através da diretoria de serviço. Outras diretorias, como Gás e Energia e como Exploração e Produção, também eram (do) PT. Então se tinha PT na Exploração e Produção, PT na Diretoria de Gás e Energia e PT na área de Serviços. O comentário que pautava lá dentro da companhia é que nesse caso os 3% ficavam diretamente para o PT. O que rezava dentro da companhia é que esse valor seria integral para o PT. A Diretoria Internacional tinha indicação do PMDB. Então tinha recursos que eram repassados para o PMDB na diretoria Internacional.”
Cartel de empreiteiras - O ex-diretor informou ainda que  a organização criminosa que operava na estatal era muito mais sofisticada do que parecia. Segundo ele, havia um cartel de grandes empreiteiras que escolhia as obras, decidia quem as executaria e fixava os preços.  Era como se a companhia tivesse uma administração paraestatal. 
Costa listou oito empreiteiras envolvidas no cartel: Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Iesa, Engevix, Mendes Junior e UTC – e os nomes de seus interlocutores em cada uma delas. As empreiteiras superfaturavam os custos e repassavam até 3% do valor dos contratos para os “agentes políticos”. No caso da diretoria de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa,o dinheiro desviado era dividido entre o PT, o PMDB e o PP. “Na realidade o que acontecia dentro da Petrobras, principalmente a partir de 2006 para frente, era um processo de cartelização", afirmou.
“Ficou claro para mim esse, entre aspas, acordo prévio entre as companhias em relação às obras. Existia claramente e isso me foi dito pelas empresas que havia uma escolha de obras dentro da Petrobras e fora da Petrobras. Por exemplo, usina hidrelétrica de tal lugar, neste momento qual empresa  está mais disponível para fazer? E essa cartelização obviamente resulta num delta preço (diferença de preço) excedente", prosseguiu. “Na área de petróleo e gás, essas empresas, normalmente, entre os custos indiretos e seu lucro, o chamado BDI, elas normalmente colocam algo entre 10 e 20%. O que acontecia especificamente nas obras da Petrobras? Por hipótese, o BDI era 15%? Então se colocava em média 3% a mais. E esses 3% eram alocados para agentes políticos. Em média, 3% de ajuste político.”
Esquema financiou 'várias' campanhas em 2010 - Segundo Paulo Roberto, as “empresas do cartel” tinham pleno conhecimento de que a propina servia para abastecer políticos e campanhas eleitorais. O ex-diretor da Petrobras afirmou que, nas eleições de 2010, o esquema financiou “várias” campanhas. Por impedimento legal,  o ex-diretor não pode revelar quais.
A propina do PP - Indicado pelo PP para a diretoria de Abastecimento, Paulo Roberto ficou milionário. Em apenas uma de suas contas no exterior foram encontrados 26 milhões de dólares.  Ele e o doleiro Alberto Youssef ficavam com um pedaço da cota de propina destinada ao partido. “Do 1% que era para o PP, em média, obviamente que dependendo do contrato podia ser um pouco mais um pouco menos, 60% iam para o partido, 20% era para despesas, nota fiscal, envio, etc., e os 20% restantes eram repassados 70% pra mim e 30% para Janene ou Alberto Youssef (...) Eu recebia em espécie, normalmente na minha casa ou no shopping, ou no escritório depois que eu abri a companhia minha de consultoria (...) Normalmente (quem entregava era) ou Alberto Youssef ou Janene.”