segunda-feira 06 2014

Bolsa tem maior alta em dois anos após arrancada de Aécio Neves

Mercados

Ascensão de tucano no cenário eleitoral fez Ibovespa fechar em alta de 4,72%, puxado por Petrobras, que chegou a avançar 17% durante o pregão

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, vota em Belo Horizonte, Minas Gerais
O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, vota em Belo Horizonte, Minas Gerais (Douglas Magno/AFP)
No primeiro pregão pós-primeiro turno eleitoral, o mercado manifestou seu otimismo com a ascensão do candidato do PSDB, Aécio Neves, ao segundo turno das eleições presidenciais. O reflexo foi sentido diretamente pela Bovespa, que fechou com o melhor desempenho em mais de dois anos, com alta de 4,72%, a 57.115 pontos, tendo alcançado 58.897 pontos no melhor momento do dia, com ganho de 8%. 
Segundo lugar na disputa eleitoral. Aécio leva para o segundo turno ao menos 33% das intenções de voto dos brasileiros e já se movimenta para conseguir o apoio de Marina Silva, que ficou com 21% dos votos válidos no primeiro turno.
Os destaques de valorização são altamente sensíveis à disputa eleitoral, como as estatais e as empresas do setor financeiro. No decorrer do pregão, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras atingiram a máxima de valorização, de quase 17%, enquanto os títulos ordinários (ON, com direito a voto) da estatal alcançaram 16%. No fechamento, ambos estavam entre as maiores altas: 11,06% (PN) e 9,43% (ON). 
As ações ON do Banco do Brasil também se valorizaram mais de 18% no meio do dia, enquanto as ONs da Eletrobras subiram mais de 10%. No fim do dia, elas fecharam em 11,88% (BB), a maior alta da bolsa nesta segunda, e 8,35% (Eletrobras), respectivamente. 
O mercado reagiu negativamente, na última semana, à alavancada de Dilma nas pesquisas pré-eleitorais. A melhora do candidato tucano dá segurança ao mercado, por sua posição mais liberal e contrária ao intervencionismo petista na economia. Diante de uma eleição difícil de prever e incerta até o fim, o dólar e a bolsa devem operar com volatilidade. No primeiro turno, Dilma teve 41,6% dos votos válidos, ou quase 43,3 milhões, enquanto Aécio ficou com 33,6%, ou 34,9 milhões, acima do previsto nas pesquisas.
Aécio tem a preferência dos mercados porque o PSDB tem, historicamente, uma posição mais ortodoxa em relação às questões econômicas. Está na conta do partido, por exemplo, o resgate da estabilidade econômica por meio do tripé de controle fiscal, juros e inflação. Além disso, o candidato tucano já anunciou que o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, um dos mais admirados economistas do país, será seu ministro da Fazenda, caso seja eleito. "A oposição mostra mais clareza para a condução da economia, tendo já escolhido até o ministro da Fazenda. É possível que, agora, o governo atual tenha de dar mais indicação do que deve fazer nesta área", disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall, que foi secretário do Tesouro Nacional no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Dólar - O dólar fechou em queda de 1,43% nesta segunda-feira, a 2,466 reais. O número, no entanto, ficou longe da mínima da sessão (2,3782 reais) após o bom desempenho de Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno das eleições presidenciais derrubar a divisa a 2,37 reais durante a manhã. Segundo operadores, o tombo inicial da moeda norte-americana foi exagerado, gerando uma correção em seguida. A percepção é que o mercado deve continuar volátil nas próximas semanas, diante da disputa acirrada no segundo turno entre o candidato tucano e a presidente Dilma Rousseff (PT), que vem sendo fortemente criticada pelos agentes financeiros pela condução da atual política econômica.

Aécio, 33,5%: era ele mesmo que o PT queria enfrentar?

Eleições 2014

Votação muito acima do que os institutos de pesquisa indicavam e sinalização do apoio de Marina agora preocupam o PT na reta final da eleição

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição e o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves

Quando os institutos de pesquisa flagraram na semana passada a arrancada do candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, ultrapassando Marina Silva (PSB), no segundo lugar, o PT comemorou. Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano era um adversário mais fácil de ser derrotado do que Marina Silva (PSB). No entanto, o Aécio que as pesquisas mostraram não é aquele que chega de fato ao segundo turno. Com 33,5% dos votos, ele ficou pelo menos sete pontos acima daquilo que a mais otimista das previsões apontava. E não é só: os 41% de Dilma nas urnas representam o pior desempenho do PT na corrida presidencial desde que chegou ao poder em 2002 – pior do que o dela mesma há quatro anos, quando marcou 46,9% ao final do primeiro turno.
Outro fator que deve alarmar os petistas é o fato de que Marina Silva, em seu discurso pós-urnas, já fez um aceno ao tucano, mostrando que uma aliança entre eles pode ser costurada. "Temos de ser coerentes com o sentimento de uma mudança qualificada. A sociedade brasileira está dizendo que não quer o que está ai", disse. O PSDB iniciou conversas com dirigentes do PSB antes mesmo da confirmação do quadro eleitoral. Em seu discurso noturno, Aécio lembrou o "amigo" Eduardo Campos, num recado direto ao PSB. Uma das ideias de Aécio é um grande ato político na largada da campanha do segundo turno em Pernambuco, ao lado de Renata Campos, viúva do ex-governador, e de Paulo Câmara, afilhado político de Campos e governador eleito com votação arrebatadora.

Após a consolidação do resultado, dirigentes regionais do PSB defenderam o alinhamento com a candidatura do tucano. "O Brasil enfrenta um momento muito delicado em sua economia e, também, um esgarçamento no seu tecido político. É fundamental lutarmos para o país voltar a crescer e indispensável uma reforma política. Creio que Aécio Neves conquistou a condição de liderar esse momento da política nacional", disse o atual governador de Pernambuco, João Lyra Neto. "Iremos colaborar para o Brasil fazer a mudança que precisa ser feita. Seremos pró Aécio. Se o Eduardo estivesse aqui essa seria a posição dele", afirmou Márcio França, eleito vice na chapa do governador paulista Geraldo Alckmin.
Embora não tenha expressado apoio imediato, o gaúcho Beto Albuquerque, que concorreu como vice de Marina Silva, deu a entender que o caminho para uma aliança está aberto. "Nossos eleitores não foram eleitores de voto útil, mas foram eleitores de um programa de governo. Nós vamos manter isso", disse. "Meu partido vai se reunir e nós vamos discutir isso para saber para onde vamos, mas, pessoalmente falando, eu teria muita dificuldade em votar numa candidatura que desferiu todo tipo de golpe contra nós, que é a candidatura da Dilma."
Outro aceno importante para Aécio veio de Geraldo Alckmin, governador reeleito de São Paulo: "A partir desse momento, o partido está empenhado em garantir a vitória de Aécio Neves para a Presidência da República". As estrelas do firmamento tucano nem sempre estão alinhadas, mas se Alckmin se aplicar na campanha do correligionário, pode dar um trunfo inestimável a Aécio, que obteve mais de 10 milhões de votos no maior colégio eleitoral do país. Para tucanos, como Alckmin teve 12,2 milhões de votos e a rejeição de Dilma é altíssima em território paulista, Aécio ainda tem grande potencial de crescimento no estado – o alvo são os 5,7 milhões de votos de Marina.
A campanha tucana avalia que uma das tarefas obrigatórias é reverter o quadro em Minas Gerais, terra natal de Aécio e segundo maior colégio eleitoral do Brasil. Aécio perdeu – 43,4% a 39,7% –, seu candidato ao governo, Pimenta da Veiga (PSDB), perdeu, mas a trajetória das últimas semanas foi ascendente e sugere que é possível reverter a situação
Um acordo com Marina, um palanque forte em Pernambuco - onde alguns votos podem ser roubados de Dilma Rousseff -, tucanos mobilizados em São Paulo e ainda a possibilidade de virar o jogo em Minas: será que era mesmo esse o Aécio Neves que Lula e o PT gostariam de enfrentar?

Fatores decisivos para o 2º turno

Apoio dos governadores eleitos

Alckmin venceu no primeiro turno em São Paulo
A maioria dos estados definirá seus novos governadores neste domingo. O palanque dos vencedores terá forte peso nas campanhas no segundo turno. Dilma aposta na aliança com o PMDB, que deverá eleger o maior número de governadores. Para Aécio, a vitória acachapante de Geraldo Alckmin (PSDB) sinaliza potencial de crescimento no maior colégio eleitoral do país.

Para onde vai Marina

Alvo da máquina da propaganda petista, que trabalhou à exaustão pela desconstrução de sua imagem, a candidata do PSB ainda avalia se manifestará apoio ou não.

Apoio do PSB e a imagem de Eduardo Campos

Presidente nacional do PSB, Roberto Amaral
Tucanos iniciaram conversas dirigentes do PSB. Embora pareça um caminho natural, a aliança não está totalmente consolidada porque o PSB possui uma ala ligada ao PT capitaneada pelo presidente interino da sigla, Roberto Amaral. Os tucanos, entretanto, apostam na memória da boa relação que Aécio tinha com o ex-governador Eduardo Campos, morto numa tragédia área em agosto, e em diretórios estaduais alinhados, como os de São Paulo e do Paraná.

Como a economia vai reagir

Bolsa de valores reagiu bastante às expectativas eleitorais
Ao longo de todo o pleito, o mercado financeiro reagiu negativamente sempre que a candidata Dilma Rousseff mostrou recuperação nas intenções de voto. A especulação aumentou na Bolsa de Valores e no mercado de câmbio, sobretudo na reta final das eleições, com o dólar alcançando o patamar de 2,50 reais. Investidores já precificavam nas últimas duas semanas a ida de Dilma ao segundo turno mais fortalecida. Nos quinze dias que faltam para a decisão eleitoral, a expectativa é de que a volatilidade da Bolsa e do câmbio aumente conforme as sinalizações dos candidatos em relação à economia. Se a dinâmica de movimentação do mercado se mantiver a mesma, pesquisas mostrando a melhora do candidato tucano Aécio Neves devem pautar a valorização da bolsa e dos papéis das empresas estatais, como a Petrobras e o Banco do Brasil. A forte intervenção na economia, a dificuldade em admitir falhas e a deterioração do tripé macroeconômico (composto por meta de inflação, superávit fiscal e câmbio flutuante) fizeram com que Dilma despertasse a aversão do mercado, num movimento que não era visto desde 2002, quando Lula se elegeu.

A máquina de propaganda petista e o discurso do medo

Propaganda petista trabalha com 'discurso do medo'
O poder de fogo do terrorismo eleitoral que deu certo contra Marina Silva, espalhando boatos, por exemplo, sobre o fim do Bolsa Família se o PT perder a eleição. 

Aécio arranca e deixa 2º turno sem favorito

Eleições 2014

Votação do tucano, muito maior do que os institutos de pesquisa apontavam, sinaliza que o país deverá ter o segundo turno mais acirrado da história

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição e o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves
A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição e o candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves - Edison Vara/Sergio Moraes/Reuters
Numa eleição marcada por uma reviravolta por semana, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, termina o primeiro turno com uma votação surpreendente. A partir desta segunda-feira, o tucano segue na disputa contra a presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) numa eleição sem favoritos. Com mais de 90% das urnas apuradas, a petista tem 41% dos votos válidos e o tucano, 34%. Marina Silva tem 21%.

O resultado confirmou o enfraquecimento da candidatura de Marina Silva (PSB), que entrou na campanha como um furacão, mas sai dela com capital eleitoral similar ao que amealhou em 2010, quando marcou 19% nas urnas, ou quase 20 milhões de votos.
Ainda assim, o apoio da ex-senadora no segundo turno deve ser um fator decisivo no desfecho da disputa. Alvo da máquina de propaganda petista, que trabalhou à exaustão para desconstruir sua imagem, Marina é cortejada pelo PSDB. Já neste domingo, tucanos iniciaram conversas com dirigentes de sua campanha. Mas há obstáculos para que uma aliança se consolide. Marina pode se ver tentada a repetir a estratégia de 2010, quando se manteve neutra no segundo turno — e assim preservar seu discurso contra a “velha política”, tendo em vista a formação de seu partido, a Rede Sustentabilidade, que já reúne todos os requisitos formais para ser registrado.
Do lado do PSB, uma ala ligada ao PT, capitaneada pelo presidente interino da sigla, Roberto Amaral, pode também tentar barrar um acordo entre as duas candidaturas de oposição. Os tucanos, entretanto, apostam na memória da boa relação que Aécio tinha com o ex-governador Eduardo Campos, morto numa tragédia área em agosto. A viúva de Campos, Renata, deve ser uma interlocutora importante para que haja uma amarração. Há também alinhamento entre tucanos e pessebistas em Estados como São Paulo e Paraná.
Outros fatores podem influenciar na disputa: o apoio dos governadores eleitos, que disponibilizarão palanques vitoriosos na corrida local; a reação do mercado financeiro e a artilharia da máquina da propaganda petista – a repetição do terrorismo eleitoral que deu certo contra Marina espalhando boatos, por exemplo, sobre o fim do Bolsa Família se o PT perder a eleição.
O segundo turno ocorrerá no próximo dia 26 – até lá, Dilma e Aécio terão doze programas eleitorais na televisão com duração idêntica de dez minutos cada.

É hora de unirmos forças, diz Aécio após chegar ao 2º turno

Eleições 2014

A declaração do tucano é o aceno mais claro em busca de uma parceria com a ex-senadora Marina Silva (PSB), que terminou a corrida presidencial na terceira colocação

Laryssa Borges, de Belo Horizonte
O candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), depois do debate promovido pela Globo, no Rio
O candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), depois do debate promovido pela Globo, no Rio - Ivan Pacheco/VEJA.com
O candidato do PSDB à Presidência da República Aécio Neves disse neste domingo, após aconfirmação de que chegou ao segundo turno das eleições, que é o momento de unir forças para encampar o “sentimento de mudança” verificado nas manifestações de junho de 2013. A declaração do tucano é o aceno mais claro em busca de uma parceria com a ex-senadora Marina Silva (PSB), que terminou a corrida presidencial na terceira colocação. “É hora de unirmos as forças. A minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças. É o sentimento mais puro de todos os brasileiros que ainda têm a capacidade de se indignar, mas principalmente a capacidade de sonhar. Vamos acreditar que é possível, como sempre acreditei, dar ao Brasil um governo que una decência e eficiência”, disse. Para o tucano, seu desempenho eleitoral na casa dos 33% revelou “números muito acima das melhores expectativas”.
Interlocutores do PSDB já começaram a procurar integrantes do PSB para negociar o apoio de Marina Silva no segundo turno. Em outra frente, tucanos avaliam a possibilidade de recorrer diretamente à viúva de Eduardo Campos, Renata Campos. “Todos aqueles que puderem e quiserem contribuir com esse projeto de mudança são muito bem-vindos. Tenho enorme respeito pessoal pela ex-ministra e senadora Marina Silva, mas tanto em relação a ela quanto em relação a outras lideranças, é preciso que aguardemos que cada um tome o caminho que achar mais adequado”, afirmou Aécio, que após a divulgação do resultado das urnas homenageou o ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em agosto, e agradeceu políticos e familiares que o acompanharam na campanha.
Estados estratégicos -- O alto patamar de votos de Aécio Neves, não projetado nem pelos aliados mais otimistas, se deve em grande medida ao desempenho do tucano entre eleitores de São Paulo, que deram a ele mais de 4 milhões de votos de vantagem em relação à presidente-candidata Dilma Rousseff. A cifra evidencia a força do PSDB no Estado e contrasta com o resultado obtido pelo senador em Minas Gerais. Em seu reduto político, Aécio, que no início da campanha projetava pelo menos 3 milhões de votos a mais que a concorrente, conquistou menos votos que Dilma.
O cenário parcialmente desfavorável em Minas Gerais – ele teve cerca de 400.000 votos a menos que Dilma – deve obrigá-lo a uma espécie de imersão em seu Estado natal para tentar reduzir a desvantagem de Dilma e minar o projeto de reeleição da presidente. Na região Nordeste, onde o PT tem um amplo colchão social e o programa Bolsa Família atua como o mais importante cabo eleitoral, Aécio Neves teve, na média, desempenho abaixo da casa dos 20 pontos percentuais. Em meados de agosto, o senador ensaiou fazer um périplo por estados nordestinos, mas as viagens não se reverteram em votos. Ele era – e continua sendo – desconhecido da maior parte do eleitorado.
Na nova fase da campanha eleitoral, caciques tucanos avaliam que Aécio deve focar boa parte da campanha no Rio de Janeiro, onde ficou na terceira colocação e deve tentar captar os mais de 2,5 milhões de votos conquistados por Marina Silva. Agendas em grandes colégios eleitorais como Bahia e Pernambuco, onde o senador também não teve bom desempenho, devem ser privilegiadas. 
De imediato, a chegada de Aécio ao segundo turno das eleições presidenciais 12 pontos à frente da ex-senadora Marina Silva (PSB) – as últimas pesquisas apontavam os dois tecnicamente empatados – minimiza o pífio desempenho do tucano Pimenta da Veiga, que perdeu em primeiro turno do petista Fernando Pimentel. Ainda assim, a performance do candidato do PSDB ao Palácio Tiradentes coloca em risco a influência política do senador no estado e pode abalar a formação de palanque para o tucano na disputa pelo segundo turno.
Articuladores da campanha da Dilma Rousseff já projetam que parte dos apoiadores de Marina Silva no primeiro turno pode migrar pra o leque de aliados da petista, já que o próprio Aécio ficou apenas em segundo lugar em seu colégio eleitoral.
Se conseguiu reverter os momentos mais desfavoráveis da campanha, quando amargava a terceira colocação com 15% dos votos, recai sobre Aécio a responsabilidade por ter apontado Pimenta da Veiga como candidato do PSDB em Minas. A indicação do ex-prefeito de Belo Horizonte é considerada por correligionários como um erro pessoal de Aécio, que escolheu a dedo seu candidato. Pimenta estava afastado do mundo político e vivia em Goiás antes de ser convocado para disputar o governo mineiro.

Marina sinaliza apoio a Aécio — mas não vai sair barato

Eleições 2014

Veja.Com

Ex-senadora não quis confirmar apoio ao candidato tucano, mas sinaliza que discutirá movimentar-se de forma 'coerente' com seu programa de governo

Talita Fernandes

Marina Silva faz discurso após resultado do primeiro turno
Marina Silva faz discurso após resultado do primeiro turno - Ricardo Matsukawa/VEJA
Em seus discursos pós-votação neste domingo, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva fizeram um primeiro gesto na direção um do outro. Aécio disse que todos que puderem contribuir com seu projeto "serão muito bem-vindos". "Tenho enorme respeito pessoal pela ex-ministra e senadora Marina Silva", afirmou o presidenciável, que terminou o primeiro turno com 33% dos votos. Já Marina, em evento na capital paulista na noite deste domingo, lançou mão do 'marinês' para sinalizar que um apoio é possível, mas apenas se houver "coerência" com seu programa de governo. "Nossos partidos vão tomar uma decisão. Mas temos de ser coerentes com o sentimento de uma mudança qualificada. A sociedade brasileira está dizendo que não quer o que está ai", afirmou a ex-senadora, sugerindo que seu apoio terá um preço. "Vamos nos manter fiéis ao nosso programa", afirmou a senadora.
Marina ficou de fora da disputa presidencial após receber 21% dos votos neste domingo.Durante o discurso de encerramento do primeiro turno, voltou a se posicionar como líder da Rede Sustentabilidade, partido que não conseguiu cumprir todas as formalidades de criação a tempo de disputar as eleições deste ano. "Eu faço parte de um partido, ainda que seja um partido clandestino", disse Marina. Só depois ela mencionou a coligação, encabeçada pelo PSB, que lhe deu apoio na corrida presidencial: "Temos uma aliança com vários partidos e o que decidimos é que queremos tomar uma decisão conjunta. Que terá como base o nosso programa." 
Emissários tucanos já se movimentam para abordar lideranças da Rede e do PSB. O economista Eduardo Giannetti, um dos principais conselheiros de Marina, já declarou apoio a Aécio. Outro "marineiro" que pode ajudar a costurar um entendimento com o PSDB é o deputado federal Walter Feldman, ex-tucano.
No PSB, a viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, pode dar testemunho da amizade entre seu marido e Aécio, e abrir um palanque para o PSDB em Pernambuco — onde o candidato socialista, Paulo Câmara, venceu com 68% dos votos, e a própria Marina obteve a marca expressiva de 48%. Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina, e Márcio França, vice de Geraldo Alckmin, governador reeleito de São Paulo, são outros socialistas que devem advogar por uma aliança com o candidato tucano. 
"Nossos eleitores não foram eleitores de voto útil, mas foram eleitores de um programa de governo. Nós vamos manter isso", disse Albuquerque ao site de VEJA. "Meu partido vai se reunir e nós vamos discutir isso para saber para onde vamos, mas, pessoalmente falando, eu teria muita dificuldadeem votar numa candidatura que desferiu todo tipo de golpe contra nós, que é a candidatura da Dilma."
Presidente interino do PSB (e amigo de longa data do ex-presidente Lula), o pernambucano Roberto Amaral preferiu não se manifestar sobre os rumos do partido no segundo turno, mas deixou claro que as discussões começam imediatamente. "As pressões podem vir, mas quem vai decidir pelo PSB é o PSB, a partir de uma consulta que eu começo amanhã", disse. 
O aceno de Aécio — Em sua coletiva à imprensa em Belo Horizonte, uma das primeiras frases proferidas pelo presidenciável tucano foi em homenagem a Eduardo Campos. Para o tucano, seu desempenho eleitoral na casa dos 33% revelou “números muito acima das melhores expectativas”. E ele emendou: "É hora de unirmos as forças. A minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político ou de um conjunto de alianças. É o sentimento mais puro de todos os brasileiros que ainda têm a capacidade de se indignar, mas principalmente a capacidade de sonhar. Vamos acreditar que é possível, como sempre acreditei, dar ao Brasil um governo que una decência e eficiência.” Sonhático. Ou quase.