sábado 04 2014

Pastor Paschoal Piragine fala do perigo de votar no PT





O que dá para comprar com R$ 162 bilhões

Seis empresas Pão de Açúcar


No fechamento de quarta-feira, o Pão de Açúcar valia 27,77 bilhões de reais. Com o montante perdido em valor de mercado pela Petrobras nos últimos quatro anos daria para comprar quase seis redes do mesmo porte. 

10 anos de Bolsa Família

Em 2013, o programa do governo federal desembolsou um recorde de 24,5 bilhões de reais para famílias de baixa renda. Para chegar ao valor que a Petrobras perdeu nesses quase quatro anos, seriam necessários 6,6 desembolsos desse valor – ou quase o que o Bolsa Família já despendeu desde sua criação, em 2003.

Uma Vale e uma TIM

Os 162,45 bilhões de reais perdidos da Petrobras equivalem aos valor de mercado somado da mineradora Vale (132,02 bilhões de reais) com a TIM Brasil (30,23 bilhões).

324 superjatos executivos

O príncipe saudita Al-Waleed bin Talal leva o título de dono do avião mais caro do mundo hoje. O valor de fábrica dele é de 400 milhões de dólares. Mas seu proprietário desembolsou mais 100 milhões de dólares para transformar o Airbus A380 no mais caro jato executivo de alto luxo do mundo. A capacidade original do jato é de 375 passageiros e seu alcance é de 13 mil quilômetros sem paradas (a rota mais longa do mundo hoje, entre Sydney (Austrália) e Dallas/Fort Worth (EUA), é de 13.800 quilômetros). Com o dinheiro que a Petrobras perdeu no governo Dilma, seria possível comprar e reformar 324 aeronaves.

Orçamentos da Saúde + Educação + Desenvolvimento Social + Ciência e Tecnologia

O orçamento aprovado em fevereiro para as áreas de Saúde (82,6 bilhões de reais), Educação (42,3 bilhões de reais), Desenvolvimento Social (31,7 bilhões de reais) e Ciência, Tecnologia e Inovação (6,9 bilhões de reais) somam 163,50 – apenas 1 bilhão a mais do que a Petrobras perdeu de valor de mercado no governo Dilma.

3.375 ilhas como aquela que Angelina Jolie deu a Brad Pitt

Com o dinheiro evaporado da Petrobras na Bolsa seria possível comprar 3.375 ilhas em formato de coração, como a que a atriz Angelina Jolie comprou para seu amado e também ator, Brad Bit, avaliada em 12 milhões de libras, ou 48 milhões de reais.

Um terço do Alibaba

O fundador do grupo Alibaba, Jack Ma
O site de comércio eletrônico chinês, Alibaba, vale hoje 218,2 bilhões de dólares (542 bilhões de reais aproximadamente). Com os 162,52 bilhões de reais perdidos pela Petrobras na Bolsa daria para comprar um terço da empresa que acabou de lançar suas ações na bolsa de Nova York. 

Se a Petrobras quisesse, daria para comprar Cuba

Em 2013, Cuba registrou um Produto Interno Bruto (PIB) de 68,23 bilhões de dólares (169 bilhões de reais, aproximadamente), quase o mesmo valor que a Petrobras perdeu em valor de mercado no governo Dilma. 

Rede Starbucks

A rede de cafeterias tem um valor de mercado de 55,93 bilhões de dólares (quase 140 bilhões de reais). Além de comprar a rede toda com o dinheiro perdido pela Petrobras, ainda sobraria um ‘troquinho’ de 22,5 bilhões de reais – quase um Burger King, que vale 10,4 bilhões de dólares (26 bilhões de reais).

184 apartamentos no prédio mais caro do mundo

O Odeon Tower, no principado de Mônaco, ainda nem foi inaugurado, mas já é mundialmente conhecido como o prédio que abrigará a cobertura mais cara do mundo. Com 3.500 metros quadrados e vista para o mar Mediterrâneo, o apartamento sairá pela ‘barganha’ de 300 milhões de euros, quase 800 milhões de reais. Se quiser ter direito à garagem, o morador terá ainda de desembolsar 800 mil reais para cada vaga. Com os 162,52 bilhões de reais da Petrobras, daria para comprar 184 apartamentos desses.  

Debate Presidencial 2014 - Completo - TV Record - 28/09/2014 - HD





Votar em Marina pensando que vai tirar Dilma do Poder é o mesmo que você tomar VENENO e esperar que outro morra em seu lugar!

CORREIOS FORAM UTILIZADOS PELO PT TAMBÈM NO ESTADO DE SÃO PAULO





Com Dilma, Petrobras perdeu R$ 162 bi – saiba o que dá para comprar com esse valor

Negócios

Desvalorização das ações chega a 43% desde início do governo da presidente

Logo da Petrobrás
Petrobras: 162 bilhões pelo ralo em valor de mercado (Ricardo Moraes/Reuters/VEJA)
A Petrobras deixou de ser a maior empresa do Brasil em valor de mercado na última segunda-feira, depois que as ações da empresa caíram 11% na Bolsa de Valores. Com isso a Ambev, avaliada em 253 bilhões de reais, voltou a ser a maior companhia — posto que ocupava até março deste ano. Até o dia 30 de setembro, as ações da estatal acumulam, apenas no governo Dilma, queda de 162,2 bilhões de reais em valor de mercado, ou 43%. É como se a Petrobras tivesse perdido mais que "um Bradesco" em menos de quatro anos, ou seis vezes a empresa TIM, por exemplo, de acordo com dados da consultoria Economatica.
A estatal tem vivido um ano de altos e baixos na Bolsa. Investidores passaram a apostar nos papéis da empresa em março, quando as primeiras pesquisas de intenção de voto mostravam a presidente Dilma Rousseff com um baixo nível de aprovação e um alto nível de rejeição entre os eleitores. Se contabilizadas as perdas apenas até março deste ano, somam 73%. Isso significa que o brasileiro que investiu 1.000 reais em papéis da empresa em 2008, tinha em março apenas 270 reais.
Com a aproximação das eleições, tanto as ações da empresa quanto a de todas as estatais se valorizaram, com investidores apostando numa mudança de governo. Alvo de corrupção e ingerência, a Petrobras atingiu no governo Dilma o título de empresa de petróleo mais endividada do mundo, com uma dívida de 300 bilhões de reais — maior, inclusive, que seu valor de mercado.
Saiba o que é possível comprar com os bilhões que a estatal perdeu em valor mercado durante o governo Dilma.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/com-dilma-petrobras-perdeu-r-162-bi-saiba-o-que-da-para-comprar-com-esse-valor

O futuro incerto da Petrobras após doze anos de PT

Empresas

Troca de diretores, mudança no modelo de gestão e fim do fisiologismo: saiba o que os candidatos prometem fazer com a maior estatal do país caso vençam

Naiara Infante Bertão, do Rio de Janeiro
Lula e Dilma se encontram em Brasília
Lula e Dilma: depois da descoberta do pré-sal, em 2007, estatal sofreu baques financeiros e de credibilidade (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/VEJA)
Endividada e aparelhada, a empresa deixou de ser a joia da coroa petista e virou a estatal dos panos quentes
Quando assumiu a presidência da Petrobras, em 13 de fevereiro de 2012, Graça Foster protagonizou uma cerimônia digna de chefe de estado. Assistiram à posse ao menos uma dezena de governadores, além de cabeças coroadas do Congresso e do meio empresarial. A convidada de honra foi sua amiga de longa data, a presidente Dilma Rousseff. Num discurso que enaltecia a Petrobras e o trabalho de Graça, Dilma afirmou que a indicação era decorrente do mérito da funcionária, que iniciou carreira na empresa havia mais de três décadas. "Agora é tudo contigo, graciosa”, disparou a presidente, ao encerrar o pronunciamento. Dois anos e sete meses depois, a Petrobras é o epicentro de um escandaloso esquema de corrupção que, segundo a Polícia Federal, drenou mais de 10 bilhões de reais, tudo indica, para partidos da base aliada. Graça teve de prestar contas ao Congresso, ser sabatinada numa CPI e só não teve seus bens bloqueados porque houve pressão do Palácio do Planalto junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Endividada e aparelhada, a empresa deixou de ser a joia da coroa petista e virou a estatal dos panos quentes. Entre seus ex-diretores, um foi preso e seis são investigados. O restante foi colocado em descrédito.
VEJA
É com esse pano de fundo pouco animador que o governo que assumir em 2015 terá de trabalhar. O site de VEJA conversou com mais de vinte empresários, especialistas, políticos do alto escalão dos partidos e ex-diretores. A expectativa é unânime: não importa quem ganhe nas urnas, tudo mudará na liderança da estatal. Seja por convicção do novo presidente ou por pressão pública sobre Dilma, se reeleita. No seio do PT, a estratégia é executar uma “faxina” na diretoria da estatal, como forma de apresentar à sociedade alguns bodes expiatórios. Uma das primeiras baixas deve ser a própria Graça Foster. Se sua saída é dada como certa caso vençam Marina Silva ou Aécio Neves, a executiva já afirmou a pessoas próximas que não ficará na Petrobras nem mesmo se Dilma Rousseff se reeleger. “Está cansada e sob intensa pressão. Só está esperando as eleições terminarem para sair”, afirmou um político da alta cúpula petista a quem Graça fez confidências.
Os laços — Escolher os diretores da estatal é uma decisão tão política quanto técnica. A par dessa dinâmica, os engenheiros de carreira da empresa que querem chegar à cúpula se apressam em buscar apadrinhamento político. Os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor e o ministro Edison Lobão estão entre os padrinhos mais prestimosos. A área de Exploração e Produção é a mais visada, já que representa cerca de 70% do orçamento da companhia. Durante a gestão de José Sergio Gabrielli, a cadeira foi ocupada pelo geólogo petista Guilherme Estrella. Com Graça, o cargo, que era cobiçado pelo PMDB, passou para José Miranda Formigli Filho, homem de confiança da executiva. Também desperta a cobiça das legendas a área de Abastecimento, que até 2012 foi latifúndio de Paulo Roberto Costa, preso no âmbito da Operação Lava Jato. Para seu lugar, Graça nomeou José Carlos Cosenza, cuja indicação foi uma exigência do PMDB. “Tenho mais de 28 anos de Petrobras e nunca vi diretor do alto escalão que não seja ligado politicamente a partidos aliados”, afirma o engenheiro Silvio Sinedino, que representa os funcionários no Conselho de Administração da estatal.
As promessas — A equipe de Aécio aponta que o fisiologismo de praxe estaria com os dias contados na Petrobras, em caso de vitória. “Queremos isolar as indicações políticas e escolher por mérito. Daremos preferência a funcionários da estatal. Mas, se tivermos que contratar um presidente do mercado, faremos isso”, afirma Adriano Pires, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e responsável pela área de petróleo da campanha do candidato tucano. A mesma ideia é defendida pela equipe de Marina Silva, que pretende criar um comitê composto por acadêmicos e especialistas para renovar os quadros de todas as estatais e agências reguladoras. Segundo o tesoureiro da campanha, Bazileu Margarido, os peessebistas preveem um novo modelo de gestão para as estatais baseado em diretrizes de mercado, como meritocracia e eficiência, mas também compromisso ético com o projeto de governo, e não com um grupo político específico. “Permanecerão os que estiverem alinhados”, afirmou, deixando claro que as mudanças seriam implementadas nos primeiros 100 dias de governo. 
Em seu programa de governo, Marina não dedicou muitas linhas ao pré-sal, o que foi suficiente para que a artilharia petista disparasse que a ex-senadora deixaria a Petrobras de escanteio. De fato, o programa prevê priorização de investimentos em energias renováveis e diminuição do uso das termelétricas. A palavra pré-sal é citada uma única vez para se referir à transferência dos royalties do petróleo à educação. Marina, contudo, rebateu as críticas afirmando que manterá a estratégia vigente, ao mesmo tempo em que estimulará a geração de energia limpa. "Enquanto essa mentira é alardeada por todos os meios, a Petrobras é destruída pelo seu uso político, apadrinhamento e corrupção”, disse a candidata.
Apesar de não ter publicado um plano de governo detalhado, o PSDB deu algumas sinalizações: o presidente do Conselho não será mais o ministro da Fazenda, e o modelo de partilha do pré-sal terá de ser revisto. Atualmente, a Petrobras tem uma participação de 30% em todos os blocos de exploração. Isso significa que seus investimentos devem ser proporcionais à sua fatia nos consórcios. O problema é que o endividamento de 307 bilhões de reais que a estatal acumula coloca dúvidas sobre sua capacidade financeira de investir. Segundo o presidente do DEM, o senador Agripino Maia, não há como a Petrobras garantir tais aportes se seu caixa estiver sangrando. Por isso, a oposição defende o modelo de concessão. “Esse modelo propiciou autossuficiência à empresa. Já o de partilha pode até ter coisas positivas, mas obriga a Petrobras dispor de um capital que ela não pode garantir que terá”, afirma Maia. Segundo o senador e candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes, tanto a troca de cadeiras quanto a revisão das políticas não seria tarefa demorada, caso os tucanos vencessem. “A empresa tem um quadro muito qualificado, composto por gente que dedica a sua vida a isso. Não teríamos descoberto pré-sal se não fosse por elas. E justamente por isso, quanto antes as mudanças forem feitas, mais rápido a empresa volta a ter resultado”, afirma.
Ficou no ar — Não foram aprofundadas, contudo, discussões sobre a política de conteúdo nacional implementada por Dilma, que prevê que a estatal compre da indústria brasileira mais de 60% de seus insumos. Desde 2011, a Petrobras é submetida à regra. Como a indústria local não tem sido capaz de suprir a demanda, projetos estão em atraso constante, como é o caso da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “As descobertas dos últimos anos, em especial do pré-sal, elevaram em cinco vezes a demanda da indústria. É muito difícil acompanhar esse ritmo em tão pouco tempo. O que aconteceu foi que a oferta de serviços, produtos e mão de obra nacional não conseguiu acompanhar e as empresas estão com dificuldade de cumprir suas metas”, diz Antônio Guimarães, secretário-executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP). Dilma já afirmou que a política “é uma conquista de seu governo” e que não pretende mudar nada. Aécio e Marina não discorreram sobre o tema.
O debate também ocorre de maneira superficial no âmbito do reajuste do preço da gasolina. Desde 2012 os aumentos do valor do barril no mercado internacional não são integralmente repassados pela Petrobras aos consumidores, num intento do governo de frear o avanço da inflação. Apenas em 2014, o prejuízo da área de Abastecimento, que controla as importações de gasolina, chega a 7 bilhões de reais. A estatal deixou de ganhar 45 bilhões de dólares desde 2012 devido ao congelamento de preços da gasolina, segundo levantamento do CBIE. Os candidatos falam de forma genérica em equiparação com os valores que são praticados lá fora. Mas não detalham se os reajustes seriam feitos de uma só vez ou paulatinamente.
Constrangimento — O clima na empresa tem sido fúnebre desde a prisão de Paulo Roberto Costa. Piorou com a instauração da CPI sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Desde que a reportagem de VEJA revelou o esquema de fraude nos depoimentos da CPI, a atmosfera beira o insuportável. Engenheiros que visitavam a feira Rio Oil & Gas, há duas semanas, no Rio de Janeiro, afirmaram que a constante presença da estatal no noticiário policial transformou seus funcionários em motivo de chacota no setor. O constrangimento é geral e não poupa nenhum escalão. 
Em Brasília, contudo, há mais nomes temerosos do que constrangidos. Se os apadrinhados da diretoria estão na corda bamba, os padrinhos também temem possíveis mudanças. Isso não significa que acreditem que qualquer um dos três candidatos tenham cacife para livrar a Petrobras do loteamento. Aliás, olham com certo ceticismo para os discursos de tucanos e 'marineiros' sobre implementar políticas de meritocracia na cúpula da estatal. O que aliados temem é que, diante dos holofotes que se armaram sobre a empresa, a troca de favores fique ainda mais evidente.
Exemplo do fisiologismo comum na capital federal é que se condicione o apoio à votação de projetos no Senado a cargos estratégicos. No ano passado, o presidente do Senado, Renan Calheiros, colocou na pauta o projeto de independência do Banco Central, que o PT é sistematicamente contra. O texto foi engavetado quando o senador conseguiu emplacar um aliado na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Em 2012, quando Paulo Roberto Costa foi demitido por Graça da Petrobras, o PP protagonizou uma mini-rebelião contra o governo na Câmara. Não queria que seu protegido abandonasse a galinha dos ovos de ouro.
Na hipótese de vitória de Dilma, a bancada do PT deve diminuir no ano que vem, de acordo com as mais diversas projeções. Com o PSB na oposição, além do próprio PSDB, o bloco governista vai ser menor. E, inevitavelmente, o preço do apoio de PMDB, PP e PTB vai sair mais caro. O mesmo vale se Aécio ou Marina vencerem. Ou seja: quem entrar terá de inventar algo muito ardiloso para conseguir banir as castas que se alimentam da estatal.
Com reportagem de Gabriel Castro, Luís Lima e Talita Fernandes

Eleições serão definidas pelo 'ignorante racional'

Entrevista

Segundo o cientista político Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor pelo MIT, eleitor médio brasileiro olha primeiramente para sua renda e emprego antes de tomar a decisão de voto. Situação econômica e política do país fica em segundo plano.

Ana Clara Costa
Dr. Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco
Dr. Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco (Divulgação)
Juros, inflação, dívida pública, balança comercial: os principais indicadores pioraram em 2014, mas muitos eleitores parecem alheios à deterioração do cenário econômico. A explicação, segundo o cientista político Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é que as eleições são definidas, em grande parte, pelo chamado “ignorante racional”. “É um eleitor para quem a palavra macroeconomia não faz o menor sentido”, explica. “Ele faz um cálculo racional de sua situação salarial e profissional. E, dentro de suas limitações, seu voto é coerente”, afirma.
Segundo Melo, a deterioração econômica só afeta as intenções de voto quando o desemprego aumenta. Isso ocorre, segundo o cientista político, porque falta ao eleitor a noção do chamado 'cálculo intertemporal'. Como o eleitorado médio não conhece profundamente como funcionam as políticas públicas, tampouco pode julgar sua sustentabilidade através do tempo. "A única forma de adquirir essa consciência de tempo é por meio da educação. Essa também é a única maneira de permitir que os eleitores confrontem as informações passadas pelos candidatos na propaganda eleitoral", afirma. Confira trechos da entrevista.
Quase três décadas após a volta da democracia, o senhor acha que o eleitor brasileiro está mais maduro?
Sim, ele está mais racional. Mas a situação ficou mais complexa para a tomada de decisão. Antes, o eixo era entre democracia e autoritarismo. Era muito fácil se posicionar e tudo ficava simplificado por essa divisória. Hoje, o eleitor leva em conta a qualidade de vida e dos serviços que são oferecidos pelos governos. Ele tem mais consciência tributária e isso faz com que coloque mais informações na balança. Tanto amadureceu que inseriu novos temas na agenda pública, como o casamento homoafetivo e o aborto. Ele também está mais sensível a temas como a corrupção, por exemplo.
O governo Dilma foi alvo de muitos escândalos de corrupção, mas ela segue na dianteira das pesquisas. Como se explica?
As variáveis para os efeitos da corrupção no voto são muitas. Em 2006, quando houve o mensalão, houve queda de 11% no número de deputados que conseguiram se reeleger. As estatísticas mostram que houve impacto forte das notícias sobre corrupção. Mas, para que um escândalo de corrupção tenha o poder reverter o quadro, é preciso um choque informacional maciço. É preciso um tsunami de cobertura, como ocorreu com o julgamento do mensalão, por exemplo. Também é preciso o timing certo. Pois se o tsunami acontece muito antes do pleito, as informações se trivializam. A memória do eleitor é curta.
O escândalo da Petrobras acontece às vésperas da eleição. Mas também não tem sido o suficiente para mudar o cenário eleitoral. 
A Petrobras tem, sim, o potencial de mudar o quadro. Segundo a investigação da Polícia Federal, houve desvio de 10 bilhões de reais. É o segundo maior escândalo corporativo da historia, perdendo apenas para uma estatal chinesa. É maior que os escândalos da Enron e da Siemens. Quando as informações da delação vierem a público em sua totalidade, há um potencial de tsunami.
Os indicadores econômicos pioram mês a mês e apontam que o Brasil pode, em breve, sucumbir a uma recessão. O eleitor se importa com isso na hora de votar?
Há uma parcela ínfima da população que associa piora de indicadores econômicos a uma crise. O restante do eleitorado é formado por indivíduos para quem a palavra macroeconomia não faz o menor sentido. Na hora do voto, o eleitor médio faz um cálculo racional de sua situação salarial e profissional. Ele pesa a qualidade de vida, dos serviços e seu sentimento em relação ao governo, e faz a conta. Dentro de suas limitações, seu voto é coerente. É o que chamamos de ‘ignorante racional’, na literatura. Para entender esse eleitor, é preciso fazer uma distinção entre a gestão macroeconômica e o comportamento real da economia. Os indicadores econômicos são todos muito negativos. O superávit primário desapareceu. Mas quem observa isso são analistas ou leitores muito qualificados. O eleitor médio se insere na dinâmica do voto econômico a partir do próprio bolso. Nesse quesito, a inflação subiu, mas não está galopante. O mercado de trabalho não é mais o mesmo, mas ainda o desemprego é muito baixo. A visão crítica desse eleitor em relação ao governo está muito mais na parte de serviços públicos, como educação e saúde, do que em informações sobre a economia. E, por meio dos programas de transferência de renda, é inegável que a vida de muita gente melhorou.
Mas, no caso da classe média, a avaliação é outra. Por isso foi às ruas em 2013.
O perfil dos manifestantes é muito heterogêneo. Mas há, sim, grande participação dessa classe média que saiu do SUS e da escola pública e foi para as escolas privadas e para os planos de saúde. O problema é que muitos perceberam que o setor público é ruim porque falta investimento. E o privado também é ruim porque falta regulação. E, como tomaram consciência tributária, se deram conta que estão pagando duas vezes por serviços de má qualidade. Essa parcela da população está muito insatisfeita com os governos vigentes e quer mudança. As pesquisas apontam que 60% dos eleitores não votarão na presidente Dilma no primeiro turno. Mas não se pode ignorar que há muitos brasileiros que viviam em condições de extrema pobreza e passaram a ter o mínimo para sobreviver. Talvez, para essa parcela da população, a escola e a saúde não estejam tão ruins.
Como esse eleitor pode ampliar sua avaliação sobre um governo?
A educação é a única forma, porque ela melhora o debate público. O ‘ignorante racional’ não faz o cálculo intertemporal das coisas. Ele não sabe como as políticas funcionam e qual é a sustentabilidade econômica de determinados programas. A única forma de adquirir essa consciência é por meio da educação. Essa também é a única maneira de permitir que os eleitores confrontem as informações passadas pelos candidatos na propaganda eleitoral. Nos Estados Unidos, o marketing político é muito forte, mas o debate de ideias tem peso maior. Conservadores e liberais defendem suas posições de forma contundente, há uma agenda propositiva. Aqui, não.
As manifestações de junho mostraram que a população quer mudança. Mas não é isso que as pesquisas de intenção de voto apontam em governos estaduais e federal. O que aconteceu?
As mudanças não são imediatas. Muitas coisas aconteceram desde então. A lei da Ficha Limpa foi aprovada em tempo recorde, houve uma mobilização geral. Os governos não conseguiram dar uma resposta adequada às reivindicações, mas tentaram. A mudança não é veloz e não se dá de forma robusta, mas o sinal é muito positivo. Mostra que o eleitorado está se manifestando e tomando consciência de seu dever numa democracia.
Houve avanço na democracia brasileira?
Certamente. Por mais que haja problemas, o país funciona melhor. As instituições de controle, como a Polícia Federal e a imprensa, têm resistido às tentativas de enfraquecimento por parte de outros poderes. O Judiciário está mais sólido. A democracia está melhor do que há dez anos. É verdade que a economia está pior. Mas, por outro lado, a prisão dos mensaleiros foi fundamental para a maturidade da democracia. O cidadão passa a acreditar mais no futuro do país ao ver as instituições funcionando.