terça-feira 30 2014

STF homologa delação e Paulo Roberto Costa vai para prisão domiciliar

Lava Jato

Ex-diretor da Petrobras que entregou uma constelação de políticos e partidos será transferido para o Rio de Janeiro, onde mora sua família

Laryssa Borges, de Brasília
CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014
PARA CASA – Paulo Roberto Costa durante reunião da CPI mista da Petrobras na qual ficou em silêncio. Ele assinou acordo de delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (Ueslei Marcelino/Reuters)
A 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba (PR) concedeu nesta terça-feira o benefício da prisão domiciliar ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, após ele ter cumprido um acordo de delação premiada e revelado nomes de autoridades que participaram de um esquema de desvio de recursos da estatal. O benefício, formalizado pelo juiz federal Sergio Moro, foi concedido após o acordo de delação ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a prisão domiciliar, Costa deixará a cidade de Curitiba, onde está preso, e passará a ser monitorado com uma tornozeleira eletrônica e acompanhado pela Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde mora sua família. Segundo o Código de Processo Penal, indiciados ou acusados em prisão domiciliar só podem ausentar-se da residência com autorização judicial.
Paulo Roberto Costa foi apontado como homem-bomba capaz de detalhar os meandros de um esquema de corrupção que envolvia PT, PMDB e PP na Petrobras. Reportagem de VEJA revelou que, na delação que pode reduzir sua futura pena ou mesmo lhe render o perdão judicial, ele afirmou que políticos da base aliada da presidente Dilma Rousseff, o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) e governadores receberam dinheiro do esquema. De acordo com depoimento de Costa, o esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente Lula e continuou na atual gestão de Dilma. 
Entre os nomes relacionados por Costa estão os ex-governadores Sergio Cabral, do Rio de Janeiro, Eduardo Campos, de Pernambuco – morto em acidente aéreo em agosto –, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Em outro depoimento do ex-diretor à Justiça, também revelado por VEJA, Paulo Roberto Costa disse que a campanha da presidente-candidata Dilma Rousseff em 2010 pediu dinheiro ao esquema de corrupção que ele liderava na Petrobras.


Os nomes das autoridades com foro privilegiado já foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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Em comício em SP, Lula volta a atacar a imprensa

Campanha

PT tenta impulsionar a candidatura de Dilma Rousseff e de Alexandre Padilha no Estado de São Paulo, onde a legenda tem os maiores índices de rejeição

Eduardo Gonçalves, de São Paulo
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante comício em Campo Limpo, zona sul da cidade de São Paulo, na noite desta segunda-feira (29)
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante comício em Campo Limpo, zona sul da cidade de São Paulo, na noite desta segunda-feira (29) - Ivan Pacheco/VEJA.com
Após a edição de VEJA desta semana revelar que a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema do "petrolão" em 2010, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou a imprensa durante comício realizado na noite desta segunda-feira no bairro do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. Ao lado de Dilma e do candidato ao governo de São Paulo Alexandre Padilha, o petista voltou a dizer que o partido é "perseguido". "Neste país, a imprensa sempre foi conservadora, mas houve um tempo em que a gente conversava mais com os jornais. Hoje, eles são terceirizados e prepostos. Eu quero que você compreenda por que existe tanta bronca e perseguição contra o PT", disse Lula, dirigindo-se à Dilma.

A seis dias das eleições, o ex-presidente conclamou a militância a vestir a "camisa do PT" e "ir às ruas". O intuito do evento de campanha era alavancar as candidaturas de Dilma e Padilha em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Na última pesquisa Datafolha, a candidata petista aparece sete pontos atrás da adversária do PSB, Marina Silva, no Estado. Já Padilha não conseguiu alcançar dois dígitos no levantamento desde o início da corrida eleitoral.

Além da imprensa, Lula também concentrou ataques ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), que lidera as pesquisas ao Palácio dos Bandeirantes com folga. "A minha pergunta é: se a situação está tão ruim por que tem gente que vota no Alckmin ainda? Por ser o mais rico da federação, esse Estado deveria tratar melhor o seu povo", disse Lula, abraçado a Padilha.

Na sua vez de falar, a presidente-candidata Dilma Rousseff reiterou as críticas ao tucano e disse que foi o governo federal quem financiou as obras propagandeadas pela campanha do governador. "Muita coisa aqui em São Paulo que passa como feita pelo governo do Estado não é verdade. Foi feita com dinheiro do governo federal. Metrô, Monotriho, Rodoanel e outras várias obras foram feitas com o nosso dinheiro", disse a petista. Última a falar e com a voz rouca, Dilma fez um discurso menor do que o do seu adrinho político e para menos gente – parte dos militantes havia ido embora logo depois da fala de Lula.

Escanteado no início da campanha de Padilha e Dilma por causa da alta taxa de rejeição, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad também subiu ao palanque para fazer propaganda do seu próprio governo. Falou da inauguração de uma faixa exclusiva de ônibus no bairro de M’Boi Mirim e da construção de um hospital em Parelheiros. Antes dele, Padilha afirmou que iria fazer a “maior virada” nas eleições e que estava com "muita vontade" de ir para o 2º turno. Durante a sua fala, houve um princípio de tumulto na plateia. Militantes petistas derrubaram grades de contenção para se aproximar do palco.

Além deles, compareceram ao evento o candidato do PT ao Senado, Eduardo Suplicy, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e o presidente estadual do partido, Emídio de Souza.