quinta-feira 21 2014

MP avalia acusar Abdelmassih de associação criminosa

Justiça

Padrão de vida do ex-médico era sustentado por empresas da família e conhecidos do ex-médico, de acordo com promotores

O ex-médico Roger Abdelmassih chega em Foz de Iguaçu após ser deportado do Paraguai
O ex-médico Roger Abdelmassih chega em Foz de Iguaçu após ser deportado do Paraguai (Divulgação/Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai/VEJA)
A investigação sobre a rede financeira que manteve o ex-médico Roger Abdelmassih foragido e vivendo luxuosamente com a mulher e os filhos no Paraguai pode levar o Ministério Público do Estado (MP) a acusá-lo pelo crime de associação criminosa. O ex-médico desembarcou nesta quarta-feira em São Paulo e foi encaminhando para penitenciária de Tremembé, onde cumprirá pena.
Os promotores responsáveis pelo caso suspeitam que Abdelmassih tenha se aproximado de criminosos especializados em fraudes no sistema financeiro para conseguir viver com luxo no exterior e ficar foragido por tanto tempo. O Gaeco também investiga se pessoas próximas ao ex-médico iam levar o dinheiro em espécie para ele e à família no Paraguai. O MP aguarda o andamento das investigações para descobrir como funcionava a estrutura financeira dele.

Empresas e conhecidos - Para os promotores, no entanto, já está claro que o dinheiro usado vinha de empresas da família e de conhecidos. "Possivelmente (a estrutura financeira) envolvia pessoas jurídicas e algumas pessoas físicas da confiança do casal. Eles faziam essa movimentação (de quantias) para poder recepcionar o dinheiro para que eles se mantivessem foragidos com um excelente padrão de vida", afirmou Luiz Henrique Dal Poz, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça do MP.
Ainda de acordo com o promotor, há investigação de empresas formadas por Abdelmassih e a mulher que tiveram baixa movimentação enquanto ele esteve foragido.
(Com Estadão Conteúdo)

‘A presidente no sufoco’, editorial do Estadão

Publicado no Estadão desta quarta-feira

Nunca antes nos 3 anos, 7 meses e 18 dias de Dilma Rousseff no Planalto o público tinha tido a oportunidade de ver o que subordinados da “gerentona” conhecem por humilhante experiência própria: a chefe à beira de um ataque de nervos. Com a diferença de que, no seu gabinete, ela se sente literalmente em casa para descarregar a ira com as presumíveis dificuldades da equipe em captar o seu pensamento – o que, tendo em vista as peculiares circunvoluções de sua forma de expressão, se explica plenamente.




Interpol aciona Paraguai para achar mulher de Abdelmassih

Investigação

Paradeiro de Larissa é incerto. Departamento Geral de Imigração paraguaio crê que Larissa Sacco já tenha saído do país

Jean-Philip Struck, de Assunção, com imagens de Ivan Pacheco
Porta-retrato com foto do casamento de Abdelmassih com a ex-procuradora Larissa encontrado em uma das fazendas do médico em Avaré
Porta-retrato com foto do casamento de Abdelmassih com a ex-procuradora Larissa encontrado em uma das fazendas do médico em Avaré (VEJA)
A Polícia Nacional do Paraguai, o equivalente à Polícia Federal no país, informou nesta quinta-feira que recebeu por meio da Interpol um alerta de busca e localização de Larissa Sacco, mulher do ex-médico Roger Abdelmassih. O pedido foi repassado para a polícia internacional pelas autoridades brasileiras e, segundo Paraguai, não inclui uma ordem de captura. Já as autoridades paraguaias acionaram a Interpol em busca de informações sobre Abdelmassih, para uma investigação contra ele por falsificação de identidade.
No momento, o paradeiro de Larissa é incerto. Jorge Kronawetter, diretor do Departamento Geral de Imigração, afirma que, aparentemente, a mulher se dirigiu para a fronteira e provavelmente já deixou o país. O órgão investiga a situação legal de Larissa e descobriu que oficialmente ela não havia entrado no país ou fixado residência usando seu nome verdadeiro. A suspeita é que, tal como Abdelmassih, ela tenha falsificado uma identidade e permanecido ilegalmente no Paraguai nos últimos três anos e meio. “Já sabemos que ela não entrou nem se fixou com seu nome verdadeiro”, disse Kronawetter.

Políticos na Suécia sem luxos e sem mordomias


Na Suécia, prefeitos e governadores não têm direito a residência oficial. Deputados estaduais e vereadores não recebem sequer salário e também não têm direito a gabinete: trabalham de casa.


A matéria feita pela Bandeirantes mostra a vida dos políticos e como se desenvolvem suas atividades, políticos sem mordomias, com baixas remunerações, sem assessores, sem imunidade parlamentar, sem carros por conta do Estado, sem motoristas, Sem luxo bancado pelo povo, um país onde um pequeno gesto de corrupção, qual seja a compra de uma barra de chocolate com cartão corporativo provocou a queda de uma vice primeira ministra do país, o segundo cargo político mais importante da Suécia.
Pessoas cultas que entendem que políticos trabalham para o benefício do povo e não o contrário. 
Enquanto no Brasil ex-presidentes tem carros de luxo e empregados bancados pelo povo para o resto de suas vidas.




"Não saía de casa sem peruca e óculos", diz Roger Abdelmassih

Investigação

Em entrevista à rádio Estadão, o médico contou que a ideia de fugir para o Paraguai foi de sua mulher, a ex-procuradora Larissa Sacco


O ex-médico Roger Abdelmassih é conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo
O ex-médico Roger Abdelmassih é conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo - William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

O médico Roger Abdelmassih, preso nesta terça-feira em Assunção, no Paraguai, contou que não saía de casa sem disfarce, óculos e peruca, em entrevista à rádio Estadão. Ele disse também que a ideia de fugir para o Paraguai foi de sua mulher, a ex-procuradora Larissa Sacco, que estava grávida de gêmeos quando o casal deixou o Brasil, em 2011. 
Antes de fugir, o médico renovou seu passaporte, que iria expirar em dois meses. "O Juca me disse que eu não poderia entrar em alguns lugares por causa disso", diz ele citando o advogado José Luís de Oliveira Lima, o mesmo que defendeu José Dirceu no julgamento do mensalão.  
Segundo a rádio Estadão, Abdelmassih se aconselhou com o criminalista Marcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, sobre a possibilidade de ser preso caso renovasse o passaporte. Diante da revogação do habeas corpus que lhe dava o direito de responder ao processo em liberdade, Bastos o aconselhou a se entregar. "Minha mulher falou: 'vamos embora.'"
Abdelmassih também falou sobre o momento da prisão. "Quem me pegou foi um rapaz da Polícia Federal. Diz ele que teve informação na igreja, uma cliente da igreja me viu, depois de uma publicação da VEJA que estampa o rosto da Larissa. Por isso eu usava peruca. Não saía de casa sem peruca", disse ao repórter da rádio Estadão.

Abdelmassih teve apoio de políticos e policiais, diz ministro

Investigação

Ajuda desta rede permitiu ao ex-médico, segundo apontam investigações preliminares, obter documentos falsos, adquirir bens e alugar mansão

Jean-Philip Struck, de Assunção, com imagens de Ivan Pacheco
Mansão de Roger Abdelmassih em Assunção no Paraguai
Mansão de Roger Abdelmassih em Assunção no Paraguai - Ivan Pacheco/VEJA.com
O ex-médico Roger Abdelmassih teve mais do que dinheiro, sorte e um perfil discreto para manter seu esconderijo de luxo no Paraguai. Também entraram em cena políticos locais, policiais corruptos e até mesmo um ex-dirigente sul-americano de futebol. Essa é a suspeita do ministro da Secretária Nacional Antidrogas do Paraguai, Luis Rojas, responsável pela prisão do ex-médico condenado a 278 anos de prisão no Brasil.
A ajuda desta rede, que deve ser investigada pelo Ministério Público paraguaio, permitiu a Abdelmassih conseguir documentos falsos, adquirir bens e manter uma mansão em um dos bairros mais exclusivos de Assunção por cerca de três anos, apontam investigações preliminares. “Ele tem contatos influentes, muito influentes. Ele se sentia seguro”, disse Rojas, que não especificou como funcionava exatamente a rede. Segundo o ministro, o papel da sua pasta, que mantém contato frequente com a Polícia Federal brasileira, foi exclusivamente o de vigiar nos últimos dias, capturar e providenciar a deportação do ex-médico – e não de especificamente investigar como ele manteve seu esconderijo, embora várias das suspeitas tenham aparecido durante o processo de acompanhamento do caso. 
Em seu esconderijo no Paraguai, Abdelmassih contava com um luxuoso Mercedes E350, empregados, além de uma casa de luxo, cujo aluguel custava 5.000 dólares por mês. Na escola onde seus filhos gêmeos de três anos estudavam, uma das mais exclusivas de Assunção, com mensalidades a partir de 200 dólares (valor alto para os padrões locais), Abdelmassih usava o nome de Ricardo Galeano. Esse também foi o nome usado no contrato de aluguel da mansão. Ainda não está claro como ele obteve documentos para formalizar todas essas iniciativas. Uma possibilidade, segundo as autoridades paraguaias, é que tenha adquirido a papelada com a ajuda da rede de contatos e com o serviço de funcionários corruptos.
Toda esse esforço permitiu que Abdelmassih fosse aos poucos adotando uma rotina mais pública, embora em geral seu perfil fosse discreto. Vizinhos ouvidos por VEJA relataram saber pouco sobre o misterioso morador da rua Guido Spano número 1976, o endereço ocupado por Abdelmassih e sua mulher Larissa Sacco. Em três anos, a maior parte dos vizinhos viu o casal em poucas oportunidades, e manifestou espanto ao descobrir que um fugitivo internacional residia ao lado. Na escola dos filhos, no entanto, o casal adotou uma postura mais pública. Larissa se apresentava com seu verdadeiro nome, e Abdelmassih costumava aparecer com frequência para buscar as crianças, usando sempre o nome Ricardo.

Delegada quer ouvir ex-médico sobre manipulação genética

Crime

Celi Paulino, da Delegacia da Mulher, abriu inquérito contra Roger Abdelmassih para investigar estupros e também o destino dos óvulos coletados das vítimas

Mariana Zylberkan
Roger Abdelmassih é preso no Paraguai
O ex-médico Roger Abdelmassih, preso na terça-feira na cidade de Assunção, no Paraguai, será chamado a depor sobre a suspeita de crimes envolvendo manipulação genética e de ter violentado sexualmente 26 mulheres. Ele é condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros de pacientes que frequentavam sua clínica de fertilização, em São Paulo. A delegada Celi Paulino, da 1ª Delegacia da Mulher, investiga, em inquérito aberto em 2009, a suspeita de que Abdelmassih também teria manipulado irregularmente óvulos e espermatozoides de seus pacientes e, inclusive, vendido o material genético no mercado negro americano. Há relatos de casais de pacientes que fizeram teste de DNA e descobriram não serem pais dos bebês gerados na clínica do médico.
"O inquérito foi aberto por causa dos abusos, mas evoluiu com os relatos de manipulação genética trazidos pelas vítimas", diz a delegada. Nos últimos cinco anos, ela foi procurada por 26 mulheres que afirmaram terem sido vítimas do médico, que já foi condenado por outros 52 casos. 
A manipulação genética indevida teria resultado em abortos espontâneos em série e na morte prematura de bebês, vitimados por síndromes genéticas, como a síndrome de Edwards, que causa má formação do coração. "Vítimas contam que ele as obrigava a prolongar a gravidez por meses mesmo depois de o feto ter morrido", afirma Celi Paulino. 
Entre as testemunhas ouvidas pela delegada, está um ex-sócio de Abdelmassih, dono de uma empresa de engenharia genética. O inquérito aponta que o médico teria fornecido o material genético para experiências na reprodução de cavalos de raça. "Há relatos de que ele usou óvulos de mulheres mais novas em inseminações de mulheres mais velhas e também de ter usado espermatozoides de homens saudáveis em tratamentos de outros inférteis, sem o conhecimento das vítimas", diz a delegada. 
O inquérito investiga também o destino do material genético coletado das pacientes, absolutamente desconhecido por elas. Há a possibilidade do material ter sido comercializado de forma ilegal no exterior.