segunda-feira 20 2014

Nouvelle Vague - Heart Of Glass





Sonda Rosetta 'desperta' para ser o primeiro objeto a pousar em um cometa

Espaço

Após dois anos e meio de "hibernação", o equipamento volta à atividade para cumprir uma das missões mais ambiciosas da história espacial

Cometa 67P Churyumov-Gerasimenko e a sonda Rosetta
Cometa 67P Churyumov-Gerasimenko e a sonda Rosetta - ESA

 Perspectiva artística da sonda Rosetta
Perspectiva artística da sonda Rosetta - ESA/AFP

Sonda Rosetta
Sonda Rosetta - Divulgação

Perspectiva artística com Marte ao fundo
Perspectiva artística com Marte ao fundo - ESA/AFP

Sonda Rosetta com o planeta Terra ao fundo
Sonda Rosetta com o planeta Terra ao fundo - ESA/AFP

Perspectiva artística da sonda Rosetta
Perspectiva artística da sonda Rosetta - ESA/AFP

Uma das missões mais ambiciosas da história espacial entrou em sua fase decisiva nesta segunda-feira, às 8h (horário de Brasília), quando a sonda Rosetta, projetada pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), acordou após dois anos e meio de "hibernação" para ser a primeira a pousar em um cometa. Às 16h20 (também no horário de Brasília), os sinais de Rosetta chegaram de volta à Terra, confirmando que o despertar foi bem-sucedido. A conta no Twitter da sonda publicou a frase "Olá, mundo!", em diversas línguas, entre elas o português.

Por que Rosetta?

A sonda foi batizada em homenagem à Pedra de Roseta, uma rocha vulcânica descoberta por soldados franceses em 1799, no Egito. Ela ajudou a desvendar o Egito Antigo para os exploradores, por possuir escritos em hieróglifos – linguagem egípcia escrita, que até então era desconhecida – e sua tradução em grego, que já era conhecido. A comparação entre os escritos permitiu que os pesquisadores decifrassem os códigos da civilização egípcia – assim como os cientistas esperam que a sonda Rosetta desvende as peças mais antigas do Sistema Solar, os cometas.
O despertar teve início pelo rastreador de estrelas, que permite que a sonda determine sua posição no espaço. Seis horas depois, foi a vez dos propulsores, que foram ativados para deter a lenta rotação do objeto e garantir que os painéis solares estejam bem posicionados.
Em seguida, Rosetta mirou seu transmissor em direção à Terra – que está a 807 milhões de quilômetros de distância – e enviou uma confirmação de que tudo vai bem. Dessa distância, a mensagem leva 45 minutos para chegar ao planeta. Por essa razão, a resposta de Roseta era esperada para as 16h30 (horário de Brasília). A partir desse momento, a sonda vai poder recomeçar sua jornada em direção ao seu destino final: o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Origem do Sistema Solar – Os cometas são um objeto de estudo importante, por serem considerados “restos” da formação do Sistema Solar que continuam vagando pelo Universo. De acordo com algumas teorias, eles podem ter sido os responsáveis por trazer a água, ou até mesmo a vida, para o planeta. "Acredita-se que [os cometas] tenham surgido no início do Sistema Solar, há cerca de 4,5 bilhões de anos, e que se mantenham quase idênticos ao que eram em seu nascimento", afirma Nicolas Altobelli, um dos cientistas da ESA que participam da missão.
Rosetta está próxima de completar dez anos de exploração espacial. Ela foi lançada no dia 2 de março de 2004, a bordo do foguete Ariane 5, do Centro Espacial Europeu de Kourou, na Guiana Francesa, e tem previsão de funcionar até 31 de dezembro de 2015. Após seu lançamento, ela realizou três órbitas ao redor da Terra, para ganhar impulso, e uma ao redor de Marte. Ela também foi o primeiro objeto a se aproximar de Júpiter, usando seus painéis solares como principal fonte de energia.
Trajetória da sonda Rosetta

Lançamento

A sonda foi lançada em 2 de março de 2014, a bordo do foguete Ariane 5, do Centro Espacial Europeu de Kourou, na Guiana Francesa, pesando 3 toneladas. Como nenhum foguete seria capaz de levar a sonda diretamente ao cometa, ela precisou dar a volta no Sol cerca de quatro vezes, para ganhar impulso e seguir sua jornada.

Impulso

Para ganhar impulso, Rosetta também deu três volta ao redor da Terra (em 2005, 2007 e 2009) e uma ao redor de Marte, em fevereiro de 2007.

Diamante no céu


No dia 5 de setembro de 2008, Rosetta chegou a 800 quilômetros do asteroide 2867 Steins, coletando imagens de eu formato inusitado, que lembra um diamante. É possível notar diversas crateras pequenas no asteroide, e duas maiores – uma delas tem 2 quilômetros de diâmetro e 300 metros de profundidade. Para os pesquisadores, a grande quantidade de crateras indica que o asteroide deve ser muito antigo.

Sobrevivente


Em 10 de julho de 2010, Rosetta saiu ilesa de sua aproximação com o asteroide Lutetia, do qual esteve a apenas 3.612 quilômetros de distância. A sonda realizou as primeiras imagens da grande rocha, cuja face mais comprida tem 130 quilômetros. Lutetia apresenta muitas crateras, frutos de diversos impactos durante seus 4,5 bilhões de anos de existência – que indicam que ele pode ser um sobrevivente da violenta origem do Sistema Solar.

Hibernação

Ao se afastar ainda mais da Terra e do Sol, Rosetta foi colocada em um estado de “hibernação” em junho de 2011. A uma distância tão elevada, a luz solar era fraca demais para carregar os painéis da sonda, tornando necessária a pausa para economia de energia. Apenas um computador e alguns aquecedores ficaram ativos durante esse período, no qual a sonda se aproximava de seu cometa de destino. Nesse período, que terminou nesta segunda-feira, ela atingiu a marca de 800 milhões de quilômetros distante do Sol.

Chegada

A previsão é de que a sonda se aproxime do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em maio deste ano. O veículo Philae, que Rosetta transporta, vai pousar no cometa em novembro, enquanto a sonda continua sua orbita ao redor dele, recolhendo informações.  Rosetta vai acompanhar o cometa até seu ponto de aproximação máximo com o Sol, que deve ocorrer em agosto de 2015. A missão está prevista para terminar em dezembro de 2015.

Pouso no cometa –  O aparelho, que viaja a 135 mil km/h, está ainda a quase 9 milhões de quilômetros do cometa. Em maio, quando estiver a 2 milhões de quilômetros de seu anfitrião, fará a  manobra crítica, na qual corrigirá sua velocidade e trajetória, e começará a enviar fotografias do 67P/Churyumov-Gerasimenko para a Terra. A sonda deve se aproximar do cometa em agosto, quando vai estudar sua superfície para encontrar o melhor ponto de pouso. Feito isso, vai liberar o veículo Philae, que pesa 100 quilos, para pousar no cometa.
"Philae lançará arpões ao chão para se ancorar, porque a gravidade é muito baixa e, se não fosse assim, ele rebateria", explica Altobelli. A pouca gravidade faz com que a aterrissagem seja mais complexa que a de um aparelho similar na superfície de Marte.
O veículo, que possui nove ferramentas, dentre indicadores de gás, câmeras panorâmicas e sondas para analisar as ondas de rádio do núcleo, passará entre um e dois meses fazendo fotografias e recolhendo amostras, que serão analisadas junto com Rosetta. O 67P/Churyumov-Gerasimenko vai atingir seu ponto mais próximo ao Sol em agosto de 2015, enquanto Rosetta seguirá orbitando ao seu redor e colhendo dados. "Pela primeira vez seremos capazes de analisar um cometa durante um longo tempo, e isso nos dará uma visão interna de como ele trabalha, para nos ajudar a decifrar o papel que desempenha no Sistema Solar", sintetiza Matt Taylor, cientista que atua na missão.
O 67P/Churyumov-Gerasimenko foi escolhido, dentre tantos outros, porque este cometa em particular viveu bilhões de anos no espaço profundo até que uma passagem perto de Júpiter mudou radicalmente sua órbita em 1959. Dessa forma, ele quase não sofreu com a ação dos raios solares. "Esta cápsula do tempo está fechada há 4,6 bilhões de anos. Chegou o momento de abrir a arca do tesouro", explicou o astrofísico da ESA Mark McCaughrean.
(Com Agências France-Presse e Efe)



As pendências do mensalão para 2014

Veja.Com

Transferência de mensaleiros


Depois de a maioria dos presos do mensalão ter preferido cumprir pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, mensaleiros encaminharam pedidos para que a Justiça os autorize a cumprir pena em outros presídios, para ficarem perto da família. A transferência não é automática e, em tese, o ministro Joaquim Barbosa poderia negar os pleitos alegando questões de segurança ou ausência de vagas, por exemplo. No caso do mensalão, porém, os pedidos têm sido atendidos. Já foram transferidos de Brasília para seus Estados os ex-dirigentes do Banco Rural Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, a ex-funcionária de Marcos Valério, Simone Vasconcelos e os ex-deputados Romeu Queiroz, Pedro Corrêa e Pedro Henry. O operador do mensalão, Marcos Valério, aguarda transferência de Brasília para Belo Horizonte.

Cálculo e pagamento de multas

A Contadoria Judicial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal anunciou os novos valores das multas impostas a seis mensaleiros condenados. Juntos, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Valdemar Costa Neto, José Genoino e Jacinto Lamas terão de pagar cerca de 13,4 milhões de sanções pecuniárias. Os valores foram corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e contabilizam o período entre a data do crime e o trânsito em julgado do processo. Os valores das multas estão sendo calculadas aos poucos do TJDF. No caso de Delúbio, por exemplo, a multa só começou a ser calculada nesta segunda-feira. Depois de notificados, os mensaleiros têm dez dias para quitar o débito.

Autorização para trabalho externo

Até o momento apenas o ex-deputado Pedro Henry (PP-MT), o ex-assessor Jacinto Lamas e o ex-deputado Romeu Queiroz conseguiram autorização para trabalhar de dia fora do local onde estão cumprindo pena. Os petistas José Dirceu e Delúbio Soares também aguardam aval da Vara de Execuções Penais do DF para trabalhar. Dirceu tem oferta para organizar a biblioteca do advogado José Gerardo Grossi e receber salário de 2 100 reais. Delúbio, por sua vez, pretende trabalhar na Central Única dos Trabalhadores (CUT) e receber 4 500 reais mensais. Por lei, o trabalho externo só é autorizado quando o condenado tiver cumprido, no mínimo, um sexto da pena. Decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém, autorizam o trabalho independentemente deste cumprimento deste prazo.

O paradeiro de Pizzolato

Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato é o único mensaleiro foragido. Ele foi condenado a doze anos e sete meses de prisão e, segundo seu advogado, fugiu para a Itália. As autoridades brasileiras até agora não conseguiram tomar nenhuma providência porque o governo italiano não informa oficialmente que o condenado, que tem dupla cidadania, está no país. A confirmação é fundamental para embasar um possível pedido de extradição. A Polícia Federal tem agentes em busca do paradeiro dele. Uma das hipóteses investigadas é a de que ele tenha sido ajudado por familiares que moram na região de Vêneto, no Nordeste da Itália. Caso esteja na Itália, outro entrave é a dificuldade de extradição. O tratado que discute o tema permite que os dois países se recusem a entregar um nacional seu às autoridades de outro país. Como alternativa, o Brasil pode submeter o caso às autoridades italianas para uma eventual instauração de procedimento penal ou ainda pedir à Itália a execução da sentença de Pizzolato definida pelo Judiciário brasileiro.

Julgamento dos embargos infringentes

Sorteado relator dos embargos infringentes no julgamento do mensalão, o ministro Luiz Fux deve levar a plenário nos próximos meses os recursos apresentados por condenados no escândalo do mensalão. O julgamento é crucial para que se defina a pena final de boa parte dos mensaleiros. Os principais condenados no escândalo, entre eles os petistas José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoino e João Paulo Cunha, questionam crimes como formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Os embargos infringentes  são possíveis quando existem pelo menos quatro votos favoráveis ao réu condenado. Os apelos admitem que os ministros revisem as provas contidas no processo, abrindo espaço para novas interpretações sobre a responsabilidade de cada mensaleiro e para a revisão e até anulação de condenações. Os condenados contam com os votos dos ministros Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, que não participaram as sessões de condenação, para que tenham penas mais amenas.

Pedidos de prisão domiciliar

Estão pendentes de definição os pedidos de prisão domiciliar formulados pelo delator do esquema do mensalão, o deputado cassado Roberto Jefferson, e pelo ex-presidente do PT José Genoino. Ambos alegam ter graves problemas de saúde que os impediriam de cumprir pena normalmente no sistema penitenciário nacional. Cabe ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, decidir se aceita ou não que os dois mensaleiros permaneçam em regime domiciliar. Jefferson, que se recupera da retirada de um tumor no pâncreas, poderia ter sido preso a partir do dia 14 de novembro de 2013, quando o STF declarou o fim do processo para ele, com o trânsito em julgado. Até o momento, porém, Barbosa não decidiu o destino do mensaleiro. No caso de José Genoino, o presidente do Supremo acolheu parecer do Ministério Público e permitiu que o petista permaneça por 90 dias em prisão domiciliar. O prazo expira em meados de fevereiro, período em que o mensaleiro deve ter seu estado de saúde reavaliado. No ano passado, as defesas dos dois mensaleiros chegaram a cogitar apelar à presidente Dilma Rousseff para tentar conseguir o perdão e não cumprir as penas impostas pela justiça. 

Prisão de João Paulo Cunha

No dia 2 de janeiro o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, negou uma nova rodada de recursos do deputado petista João Paulo Cunha (PT-SP) e determinou que parte de sua condenação no escândalo do mensalão fosse executada imediatamente. O magistrado, porém, saiu de férias sem assinar o mandado de prisão do parlamentar, o que impede que a Polícia Federal cumpra a determinação. A ministra Cármen Lúcia, que responde interinamente pela presidência da Corte, não pretende expedir a ordem de prisão contra o mensaleiro. Por isso, Cunha só deve ser levado para o Complexo Penitenciário da Papuda no início de fevereiro, quando o STF retomar os trabalhos e Barbosa puder assinar a ordem de prisão. João Paulo Cunha vai começar a cumprir pena de seis anos e quatro meses de prisão em regime semiaberto. Por meio de embargos infringentes, ele questiona a condenação por lavagem de dinheiro e ainda terá este quesito julgado pelo plenário do STF.

Mensaleiros armam 'calote' nas multas impostas pelo STF

Mensalão

Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach precisam depositar em juízo 11,06 milhões de reais; Valério reclama que bens estão bloqueados

Laryssa Borges, de Brasília
Condenado do mensalão, Marcos Valério desembarca no hangar da PF em Brasilia
Marcos Valério sendo transferido pela Polícia Federal para o presídio da Papuda, em Brasília (Eraldo Peres/AP)
(Atualizada às 18h38)
O empresário Marcos Valério de Souza, condenado como o operador do mensalão, e seus sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach não pretendem pagar nesta segunda-feira a multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Juntos, eles precisam depositar hoje, em juízo, 11,06 milhões de reais, mas a defesa do trio afirma que os condenados não têm condições financeiras de arcar com os valores – no caso de Valério, os recursos estão depositados em uma conta bloqueada pela Justiça.

As multas do mensalão

- Marcos Valério: R$ 4.446.384,39
- Ramon Hollerbach: R$ 3.966.446,88
- Cristiano Paz: R$ 2.655.222,04
- Valdemar Costa Neto: R$ 1.668.784,81
- Carlos "Bispo" Rodrigues: R$ 1.057.072,56
- José Genoino: R$ 667.513,92
- Delúbio Soares: R$ 466.888,90
- Jacinto Lamas: R$ 370.841,07

 
Reservadamente, advogados afirmam que os condenados não pagarão as quantias porque avaliam que não faz diferença enfrentar mais uma ação judicial – no caso, de execução fiscal. Marcos Valério responde a pelo menos onze ações penais, duas delas com sentença condenatória, além dos quarenta anos de prisão impostos pelo STF no mensalão. Cristiano Paz enfrenta cerca de trinta processos. Os dois, ao lado de Ramon Hollerbach, foram sentenciados às penas mais longas e multas mais altas.
Os defensores dos mensaleiros reclamam que os valores das multas não são realistas – apenas Marcos Valério foi penalizado com sanção de 4,4 milhões de reais. “Não faz diferença pagar ou não, é como se um de nós não pagasse o IPVA”, disse ao site de VEJA um advogado que atua no caso.
O advogado Marcelo Leonardo, defensor de Marcos Valério, informou que os bens do operador do esquema criminoso estão bloqueados e não há recursos livres para quitar a multa. Na última sexta-feira, ele apresentou pedido para que o Banco Central informasse o valor dos recursos de Valério que estão bloqueados para depois avaliar como pode pagar. O prazo para o depósito dos recursos vence nesta segunda-feira e, sem a manifestação do BC, não haverá pagamento.
Cristiano Paz e Ramon Hollerbach alegam que não tem dinheiro suficiente para pagar a multa. Parte do patrimônio deles, como carros, também está bloqueada por decisão judicial. Por lei, não é possível penhorar o imóvel que serve de residência aos condenados.
As ações de execução fiscal são um dos principais processos a travar os tribunais de todo o país. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), apenas na esfera da Justiça estadual, 22 milhões de processos dessa natureza estavam pendentes em 2012. Na Justiça federal, os processos extrajudiciais fiscais, como o caso dos condenados que não pagarem as multas do mensalão, representavam, há cerca de dois anos, 80% de todos os processos em fase de execução. A cada cem processos de execução extrajudicial fiscal na Justiça em 2012, apenas onze deles foram resolvidos. No caso do mensalão, as ações de execução fiscal devem ser processadas na Vara de Execução Fiscal do DF. O Tribunal de Justiça do DF estima que tramitem na Vara cerca de 300.000 ações dessa natureza.
Genoino – Ao contrário dos condenados que atuavam no núcleo operacional do mensalão, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino informou, por meio de seu advogado, que depositou na tarde desta segunda-feira a multa imposta a ele pelo crime de corrupção ativa. Em valores atualizados, Genoino deve cerca de 667.500 reais. O dinheiro foi obtido por meio de uma campanha de arrecadação na internet – conseguiram cerca de 700 000 reais. A família de Genoino ainda discute o que fazer com os recursos excedentes, afirmou o advogado Luiz Fernando Pacheco. 

Recorde batido - Até que a Sorte nos Separe 2

Veja.Com

ate que a sorte nos separe 2
Mais público que o primeiro filme
Depois de um mês em cartaz, a média de público de Até que a Sorte nos Separe 2 naturalmente não é tão alta quanto nas duas primeiras semanas, mas segue fazendo a comédia bater recordes de público entre as produções nacionais.
Assistido por 204 240 pessoas entre sexta-feira e ontem, o filme protagonizado por Leandro Hassum ultrapassou a marca de 3 milhões de espectadores que fez de Até que a Sorte nos Separe o filme nacional mais visto de 2012: 3 231 080 já assistiram à sequência da comédia.
Muita Calma Nessa Hora 2, outra sequência nacional, foi o segundo filme mais visto nos cinemas brasileiros no seu final de semana de estreia: em média foram 709 pessoas por cinema, num total de 235 471 espectadores, segundo a Rentrak.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/diversos/ate-que-a-sorte-nos-separe-2-candidatissimo-a-nacional-mais-visto-do-ano/

Em 20 anos, leis antifumo reduziram o tabagismo no Brasil pela metade

Tabagismo

Segundo nova pesquisa, estima-se que as medidas evitaram cerca de 420.000 mortes decorrentes do cigarro entre 1989 e 2008 no país

Vivian Carrer Elias
Lei antifumo: área externa de bar na Vila Madalena, em SP
Lei antifumo: área externa de bar na Vila Madalena, em SP (Ivan Pacheco)
O número de fumantes no Brasil caiu pela metade nos últimos 20 anos graças às leis anti-fumo implementadas no país, concluiu um estudo feito pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, em parceria com a Universidade de Georgetown, em Washington, Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, medidas como impostos sobre o cigarro e restrições cigarro em ambientes fechados evitaram cerca de 420.000 mortes decorrentes de tabagismo entre 1989 e 2010. Esses resultados foram publicados nesta terça-feira na revista PLoS Medicine.

Leis anti-fumo no Brasil

Estimativas dos impactos das medidas sobre o tabagismo no país em 20 anos

  1. • Entre 1989 e 2008, o tabagismo no Brasil praticamente caiu pela metade
  2. • Em 1989, cerca de 43% dos homens e 27% das mulheres fumavam. Em 2008, esse número caiu para aproximadamente 23% e 14% respectivamente
  3. • 46% dessa redução ocorreu por causa do aumento das taxas sobre os produtos derivados de tabaco
  4. • 14% da redução aconteceu em decorrência das leis de restrição do cigarro em ambientes fechados
  5. • 14% da redução ocorreu devido à restrição de publicidade desse tipo de produto
  6. • 10% dessa queda se deve aos programas de tratamento contra o tabagismo 
  7. • 8% dessa diminuição aconteceu por causa das advertências dos problemas de saúde nas embalagens 
  8. • 6% da redução aconteceu em decorrência das campanhas na mídia contra o cigarro
De acordo com o levantamento, feito a partir de um modelo matemático desenvolvido nos Estados Unidos e com dados epidemiológicos do Brasil, quase metade (46%) da redução do número de fumantes brasileiros entre 1989 e 2008 ocorreu devido ao aumento dos impostos sobre os produtos derivados de tabaco. Os outros responsáveis por essa queda foram as leis de restrição do cigarro em ambientes fechados (14%) e de publicidade desse tipo de produto (14%), além dos programas de tratamento contra o tabagismo (10%) e de advertências dos problemas de saúde nas embalagens (8%) —contrariando conclusões recentes da Anvisa.
A pesquisa ainda estimou que, caso essas leis antifumo sejam mantidas, o tabagismo no Brasil cairia mais 39% nos próximos 40 anos e o número de mortes decorrentes do cigarro que poderiam ser evitadas saltaria para sete milhões entre 1989 e 2050. Se essas políticas forem incrementadas e se tornarem mais rígidas ao longo dos anos, indicou o estudo, esse número poderia chegar a 8,3 milhões de mortes evitadas.

Método — O levantamento foi feito com base no SimSmoke, um modelo matemático criado pelo pesquisador americano David Levy, da Universidade de Georgetown, que já foi aplicado em mais de 30 países. O método, que usa dados como a quantidade de fumantes de um país em um determinado ano e as leis antitabagistas aplicadas nessa região desde essa data, consegue estimar informações como as taxas de redução do número de fumantes e de mortes causadas pelo cigarro e o quanto as medidas contribuíram para a queda.
No caso dessa pesquisa, Levy partiu da taxa de fumantes no Brasil no ano de 1989, que era de 43,3% entre os homens acima de 18 anos de idade e 27% entre as mulheres da mesma faixa etária, segundo a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Depois, o pesquisador levou em consideração todas as medidas antifumo aplicadas no país desde então. 
Levy, então, fez uma estimativa da redução de tabagismo que deveria ter ocorrido no Brasil no período de 1989 a 2008 com a implementação das medidas antifumo caso elas tivessem sido eficazes. Ele concluiu que, até 2008, essa diminuição deveria ter sido de 47,7% entre os homens e 48,6% entre as mulheres. O número ao qual o pesquisador chegou foi praticamente igual ao registrado pelo Global Adult Tobacco Survey (GATS) de 2008, que indicou a redução de 47,1% e 48,5% para homens e mulheres, respectivamente, no mesmo período. 
"O Brasil apresenta uma das histórias de maior sucesso de saúde pública na redução de mortes devido ao fumo, e isso serve como modelo para outros países de renda baixa e média. No entanto, vimos que um conjunto de políticas mais rigorosas poderiam reduzir ainda mais o tabagismo no país e salvar muito mais vidas", escreveram os autores no artigo. 

Opinião do especialista

Andre Szklo
Epidemiologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e um dos autores do estudo

"Nós, comparando os dados de 1989 e 2008 sobre o número de fumantes no Brasil, já havíamos notado essa redução de quase 50%. No entanto, um dado importante dessa pesquisa é aquele que indica que também diminuiu o número de mortes causadas pelo cigarro.
Esses resultados mostram que, apesar de o Brasil ser considerado vitorioso na luta contra o tabagismo, mais coisas podem ser feitas e, caso as leis sejam incrementadas, um número ainda maior de mortes em decorrência do cigarro podem ser evitadas.
Incrementar as medidas significa tornar as existentes mais rígidas, como ampliar os lugares onde o cigarro é restrito ou então aumentar os impostos sobre os produtos derivados do tabaco. No entanto, é possível também focar em colocar em prática leis que já existem, mas que não são levadas a sério, como por exemplo a lei que proíbe a venda de cigarros a jovens com menos de 18 anos."

Dez passos para parar de fumar

Tabagismo

Resolução frequente nas listas de ano novo, abandonar o tabagismo é uma tarefa possível com as estratégias certas

Vivian Carrer Elias e Mariana Janjacomo
Cigarro
Quanto mais cedo o vício for deixado, melhor é para a saúde (Thinkstock)
Qualquer fumante sabe que abandonar o cigarro é uma medida fundamental para melhorar a sua qualidade de vida, evitar doenças e viver mais. Mas essa é uma missão desafiadora para a maior parte dos tabagistas. Uma pesquisa da Unifesp mostrou que nove em cada dez fumantes gostariam de largar o cigarro, sendo que e a maioria (63%) já tentou fazê-lo, sem sucesso. Atualmente, 15,6% dos brasileiros com mais de 14 anos são fumantes.  
O que faz da nicotina uma substância tão poderosa é sua capacidade de ativar regiões do cérebro ligadas ao prazer. O composto consegue se ligar a doze receptores cerebrais - a maioria deles em uma área chamada tegumentar ventral, responsável por fornecer a sensação de prazer. Quando uma pessoa fuma, o circuito cerebral dessa região é acionado, provocando uma sensação de bem-estar.
Essa área do cérebro também pode ser ativada quando comemos um alimento apetitoso ou vivenciamos um momento alegre. Fumantes, porém, dependem da nicotina para acionar a região. "O tabagista vira refém do prazer de fumar, pois ele identifica o ato como o que há de mais prazeroso na vida", explica Jaqueline Issa, cardiologista diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração da USP (Incor). "Mesmo assim, até pessoas altamente dependentes podem deixar de fumar", diz José Roberto Jardim, coordenador do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da Unifesp.
A lista dos benefícios do abandono do cigarro é longa. De acordo com Jaqueline Issa, 20 minutos longe do cigarro são suficientes para diminuir a pressão arterial, que é elevada pela nicotina e, ao longo dos meses seguintes, o ex-fumante já apresenta melhoras na função respiratória. Dois anos após o fim do tabagismo, o risco de complicações cardiovasculares cai pela metade; em dez anos, há uma redução expressiva nas chances de câncer; e, em vinte anos, é possível dizer que o indivíduo não tem e nem terá problemas associados ao cigarro. É claro que esses dados fazem parte de uma média estipulada por estudos populacionais – e, portanto, podem variar de acordo com cada pessoa.
Maneiras de parar de fumar

Desassociar o cigarro do prazer

O fumante associa o cigarro a momentos de prazer, como a pausa no trabalho e a cerveja no bar com os amigos. Para quebrar esse padrão, a hora de fumar deve deixar de ser agradável. "A pessoa deve passar a fumar sozinha e, se possível, de maneira desconfortável, como em pé na área de serviço", sugere Jaqueline Issa, cardiologista diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração da USP (Incor). "Só assim ela vai realmente entender que é dependente, porque vai perceber que teve de levantar do sofá, onde estava sentada confortavelmente, para ir à área de serviço fumar."


Parar gradualmente (grau de dependência alto)

A nicotina estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor associado à sensação de prazer. Por isso, um dos sintomas da abstinência é o mau humor. Diminuir gradativamente o fumo ajuda a minimizar o sofrimento. "A pessoa deve se planejar para abandonar o vício completamente em quatro semanas", diz Jaqueline Issa. A recomendação é reduzir o número de cigarros em 25 a 30% a cada sete dias. Se a pessoa está acostumada a fumar vinte cigarros por dia, deve diminuir para quinze na primeira semana, dez na segunda e cinco na terceira, até parar na quarta.

Parar de uma só vez (graus de dependência leve e moderado)

A interrupção abrupta é a mais utilizada por quem decide abandonar o vício por conta própria, sem acompanhamento médico. "A pessoa geralmente para de uma vez ao descobrir ter uma doença ou, se for mulher, estar grávida", diz Jaqueline Issa. Nesse método, a manifestação dos sintomas de abstinência costuma ser maior do que em quem larga o cigarro gradualmente. Por isso, as chances de sucesso da parada abrupta são maiores nos fumantes com nível de dependência leve ou moderado.

Distrair-se

A abstinência do cigarro se manifesta por meio do que os médicos chamam de fissura, episódios que duram de dois a três minutos em que parece ser impossível continuar sem fumar. "Nesse momento, é preciso se distrair: tomar água, chupar uma bala (manter a boca ocupada ajuda), dar uma volta e pensar que essa fissura só dura minutos", afirma Jaqueline Issa. 

Evitar álcool e cafeína

Ingerir álcool desencadeia uma série de processos químicos que aumentam a vontade de fumar. "Se a pessoa sente desejo de fumar ao ver outros fumantes, é melhor evitar o álcool e as áreas abertas de bares e restaurantes, onde o cigarro é permitido”, diz Jaqueline Issa. O mesmo acontece com o café: durante o tratamento, é recomendável trocar a bebida pura pela versão com leite, e diminuir a quantidade. "Eu costumo sugerir, no máximo, quatro xícaras de café com leite por dia", diz Jaqueline.


Exercitar-se

A prática de atividade física, além de liberar os mesmos neurotransmissores associados à sensação de bem-estar que a nicotina, é associada a um estilo de vida saudável. "Nos momentos em que uma pessoa tem vontade de fumar, ela pode fazer uma caminhada, por exemplo, que vai se sentir melhor sem o cigarro. Claro que não é viável se exercitar o dia inteiro, mas manter uma frequência diária já ajuda", diz José Roberto Jardim, coordenador do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da Unifesp.

Listar os motivos que justificam a decisão

"Mais do que querer e ter força de vontade, encontrar uma razão para deixar de fumar é essencial", diz José Roberto Jardim. Essas razões podem incluir, por exemplo, evitar uma doença grave, poupar dinheiro ou dar exemplo para o filho. Listar os motivos mais significativos ajuda nos momentos em que resistir ao cigarro parece impossível. "A pessoa pode escrever essa lista, guardar em algum lugar e consultar quando quiser se lembrar do motivo de ter tomado aquela decisão", diz Jaqueline Issa.

Contar com o apoio dos familiares e amigos

Anunciar a decisão de parar de fumar para as pessoas próximas costuma ajudar. Primeiro, porque reforça o compromisso consigo próprio. Segundo, pelas palavras de incentivo. "Mas as pessoas devem estar preparadas para dar apoio. Se você sabe que elas vão desestimular a decisão, é melhor não contar", diz Jaqueline Issa. "Familiares e amigos devem entender que você estará passando por um momento difícil e que, por isso, talvez fique mal humorado ou desanimado."

Fazer tratamento médico

"Tabagismo não é um hábito, é uma doença, e precisa ser tratado como tal", diz a cardiologista Jaqueline Issa. Parar de fumar por conta própria pode ser difícil por causa dos sintomas ligados à abstinência da nicotina. O tratamento feito com medicamentos que atuam nos receptores de nicotina ou nos neurotransmissores estimulados pela substância, como a dopamina, ajuda a atenuar os sintomas. "Primeiro, tentamos o tratamento usando apenas um tipo de remédio. Se após duas ou três semanas a pessoa não melhorar e os sintomas persistirem, podemos combinar duas drogas, o que geralmente garante bons resultados”, diz Jaqueline.

Usar adesivos ou mascar gomas de nicotina

Ao contrário dos tratamentos com remédios que atuam no cérebro, para fazer uso de adesivos ou gomas com nicotina não é necessário acompanhamento médico – basta seguir as instruções da bula. Esse tipo de produto oferece ao usuário uma pequena dose de nicotina, que ajuda a impedir as crises de abstinência. Os adesivos e gomas de nicotina só são recomendados para aqueles que fumam menos de vinte cigarros por dia: caso contrário, seria preciso usar uma quantidade muito grande do produto para surtir efeito, além do gasto financeiro também ser alto.

*Fonte: Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor, e José Roberto Jardim, coordenador do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da Unifesp.​

MODA PRA USAR: BÁSICO PARA TODAS


Looks de famosas superbásicos para você se inspirar no dia a dia

Moda pra usar: básico para todas Just Jared, reprodução/
FOTO: JUST JARED, REPRODUÇÃO
A maioria das vezes que acho alguém linda nos sites de street style e celebridades, ela está bem basiquinha.

Eu amo moda básica, fácil de usar, confortável, prática de combinar e jogar com acessórios bacanas... sem inventar muita moda, sabe?


Eu gosto de estampas (no verão, uso muito), tendência da hora, costumo usar modinha... mas o que eu a-d-o-r-o mesmo é o estilo basicão que cai bem pra todo mundo. 


Separei algumas fotos de famosas que seguem bem esse estilo pra vocês se inspirarem.



http://kzuka.clicrbs.com.br/a-cara-da-marina/noticia/2014/01/moda-pra-usar-basico-para-todas-4386578.html

Eliana Calmon: Marina é freio para Campos não sucumbir ao 'toma lá, dá cá'

Entrevista

Recém-filiada ao PSB, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça analisa o governo Dilma e a parceria do socialismo com Marina Silva nas eleições

Laryssa Borges, de Brasília
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon
Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça (José Cruz/ABr)
A baiana Eliana Calmon Alves nunca foi de meias palavras. Primeira mulher a ocupar uma cadeira no Superior Tribunal de Justiça (STJ), sempre foi chamada de rebelde pelos colegas de magistratura. Em 2011, virou alvo de críticas de juízes ao comprar briga ao apontar "bandidos que estão escondidos atrás da toga". Na época, ela era corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que investiga o próprio Judiciário. Foi acusada de promover uma devassa – em alguns casos abusiva – na vida de juízes do país. No ano passado, decidiu abandonar a magistratura antes de sua aposentadoria na Corte para tentar um voo na política. Ex-eleitora de Lula e Dilma Rousseff, Calmon filiou-se ao PSB para disputar uma vaga no Senado e hoje é crítica do PT: "O PT veio com a ideia de ética na política, mas se perdeu e perdeu feio. Terminou piorando, porque os integrantes do partido aderiram à mesma forma de proceder que antes condenavam". Leia a entrevista ao site de VEJA.:

Biografia

ELIANA CALMON, 69 ANOS

Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), já foi procuradora da República, Diretora-Geral da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM) e corregedora-nacional de Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Pediu aposentadoria antecipada do STJ – antes da compulsória, aos 70 anos – e se filiou ao PSB em dezembro de 2013 para concorrer a uma vaga no Senado Federal pela Bahia.
A ética na política será a bandeira da sua candidatura? Há uma queixa geral de que a política não presta, de que há muita corrupção e que ninguém quer sujar as mãos com a politica. Os eleitores querem uma pessoa séria, rigorosa, porque as pessoas mais fragilizadas não têm vez. Os eleitores querem candidatos sérios, porque hoje o que existe é a cooptação dos partidos para se ganhar eleições. Todos abrem mão de princípios para se filiar a grupos que tenham domínio sobre o eleitorado. Não pode ser assim. Será que minha candidatura vai dar certo? Não sei, mas alguém tem que tentar.
O PSB é aliado histórico do PT. Por que a senhora acha que o PSB é diferente? Nas conversas que tenho com Eduardo (Campos, presidente do PSB e pré-candidato à presidência da República), a ideia é fazer política diferenciada. Isso é o que ele diz. Eu tive convites de cinco partidos. Como governador (de Pernambuco), Eduardo tem empenho e uma gestão muito presente. Me encantei.
A sua ideia é filiar-se futuramente à Rede? Não digo que seja, estou no meio do caminho. Quando Marina Silva chegou, eu já estava comprometida, encaminhada com o PSB. A Rede ainda tem estrutura muito frágil, aqui na Bahia ainda está se montando. O PSB também não é um grande partido na Bahia, mas pelo menos tem tradição.
A senhora diz que está ‘no meio’ do PSB e da Rede. Quem é o melhor político: Eduardo Campos ou Marina Silva? O Eduardo Campos tem a praticidade de um jovem executivo e ele deu certo em um Estado complicado. A Marina é uma mulher com tenacidade, força, ética, e não abre mão dessa ética, mas não teve um teste de gestora direta. Não que a Marina seja uma política teórica, mas apesar dos 20 milhões de votos em 2010, para a Presidência, ela ainda não foi submetida à prática do dia a dia da administração.
O PSB deveria abrir mão da cabeça de chapa pelo capital político da Marina? Não sei se deveria mudar a chapa. Como ela já aceitou ser a vice de Eduardo, fica perfeito do jeito que está. Além do mais, ela é o equilíbrio do Eduardo no mundo político. Ele é aquele intrépido que sai na frente, com toda a força de juventude e tenacidade de executivo. Mas a Marina traz o Eduardo para a realidade quando se opõe a alianças controversas. Ela é um freio para que ele não repita a velha prática dos políticos. A Marina segura a onda de Eduardo Campos para ele não buscar o ‘toma lá, dá cá’.
Se for eleita, qual o principal adversário a ser combatido? O maior problema, dentro da minha visão de Nordeste, é a fragilidade do federalismo. Depois dos desvios de dinheiro em campanha, aí está uma das maiores fontes de corrupção. Na divisão dos recursos, os municípios ficam nas mãos do governo central. Os prefeitos que baixam a cabeça e cedem acabam conseguindo tudo. Aqueles que não são cooptados têm dificuldade. Mais ainda: aqueles que estão mais próximos ao governo e fazem o apoio de base são beneficiados propositadamente com falta de fiscalização. A fiscalização é direcionada para os adversários.
Quando pleiteou uma vaga no STJ, a senhora procurou políticos influentes, como o ex-senador Antonio Carlos Magalhães. Como avalia as alianças políticas do governo federal? O PT caiu na mesma prática dos outros partidos e, em nome da governabilidade, faz o clientelismo. Como candidata, sem dúvida alguma terei de enfrentar coronéis da Bahia, mas, no meu caso, as alianças estão sendo feitas de forma criteriosa – é bom deixar claro que isso não é uma troca. Os auxílios são em favor de uma política diferente, mas não haverá ‘toma lá, dá cá’.
Como avalia o governo da presidente Dilma? O governo se perdeu muito na questão da governabilidade. Teve de ceder demais em razão do projeto de reeleição. Essa política de reeleição muito antecipada mudou inteiramente o rumo das coisas. O governo começou com muitas trocas de ministros em razão das denúncias de corrupção, mas chegou a um ponto que isso parou. Os que tinham sido extirpados voltaram, e como aliados preferenciais. O PT veio com a ideia de ética na política, mas se perdeu e perdeu feio. Terminou piorando, porque os integrantes do partido aderiram à mesma forma de proceder que antes condenavam. Fora que o Brasil já está parado, não está crescendo e tem um PIB pífio.
Qual seu modelo de reforma política? O financiamento de campanha não pode ser só publico, mas tem que ter limites percentuais necessários. O problema também é que atualmente a legislação eleitoral favorece os grandes partidos. Esses partidos começam a ser propriedade dos grandes caciques e os novos políticos não têm vez. Continuamos com velhos caciques se perpetuando, com filhos e netos, como donos das legendas. Os partidos agem como camisas de força, passando de geração em geração e perpetuando o caciquismo. A Bahia está toda dominada pelos velhos caciques. A família Sarney está há 60 anos no poder no Maranhão.
A senhora acha que o mensalão será usado contra o PT nas eleições? Não. Somos devidamente esclarecidos, essas coisas já passaram pela Justiça e não devem ser questionadas ou usadas como arma. Estão resolvidas em favor da Justiça, que é um braço do Estado. Deixemos para lá. Vamos falar não do passado, mas do futuro. É com isso que temos que nos preocupar, com o futuro.
Quem são os piores: os “bandidos de toga” ou os parlamentares corruptos? Os juízes têm poder maior. Estão em muito menor número, mas a magistratura define o destino das pessoas, o patrimônio das pessoas, a família e até as questões de equilíbrio psicológico. Nós escolhemos os parlamentares, mas não escolhemos os magistrados. É a Justiça quem diz quais os juízes a quem a gente tem que se submeter. O poder de destruição de um juiz corrupto é muito grande e por isso eles são piores.