domingo 24 2013

A utopia da melhor idade - Leandro Karnal

USP é 20ª melhor do mundo segundo ranking on-line

Ensino superior

Levantamento, promovido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, leva em conta produção acadêmica disponível na internet

A Universidade de São Paulo (USP) foi apontada nesta segunda-feira a 20ª melhor instituição de ensino superior do mundo pelo Webometrics Ranking Web of World Universities, que classifica as instituições de ensino superior de acordo com a relevância de suas pesquisas disponíveis on-line. De acordo com o levantamento, a USP aparece à frente da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, 24ª colocada. O resultado, vale ressalvar, é bastante diferente de outras avaliações internacionais reconhecidas.
No levantamento anterior, divulgado em julho, a USP havia alcançado o 43º lugar. A universidade brasileira manteve o primeiro lugar na América Latina. 
Desde 2004, o ranking da Webometrics é divulgado duas vezes ao ano, nos meses de janeiro e julho. São analisadas cerca de 20.300 instituições de ensino. Promovido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha, o ranking leva em conta, entre outros critérios, a visibilidade das universidades na internet, ou seja, as citações relevantes em publicações especializadas, além da quantidade e qualidade da produção acadêmica disponível na rede. 
Outras universidades brasileiras aparecem no ranking. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ocupa o 71º lugar, enquanto a Universidade Estadual Paulista (Unesp) aparece na 122ª posição. A Universidade Federal de Santa Catarina (129º), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (171º), a Universidade de Brasília (194º) e a Universidade Estadual de Campinas (193º) também figuram entre as 200 melhores do mundo, de acordo com o Webometrics.
No topo lista, está a Universidade Harvard, que retoma a liderança, após ter sido ultrapassada em julho pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), que nesta edição, aparece em 2º lugar. A Universidade de Stanford, a Universidade de Michigan e a Universidade da Califórnia (Berkeley) completam as 5 primeiras colocações. Todas as 16 primeiras colocações são ocupadas por instituições americanas.
Em outros rankings internacionais, a USP também tem ganhado espaço. No mais tradicional levantamento da área, realizado pela publicação Times Higher Education (THE) em outubro de 2011, a universidade brasileira figurou pela primeira vez entre as 200 melhores do mundo. A relação anual da THE, que utilizada dados da Thomson Reuters, é baseada em 13 indicadores, que vão do investimento em pesquisa ao número de publicações científicas e de doutorados e estudantes estrangeiros.

SP é 45ª melhor cidade do mundo para universitários

Ensino superior

Na América Latina, capital paulista ficou atrás de Buenos Aires, Cidade do México e Santiago

A fachada do Masp (620)
Fausto Godoy entrega ao Masp, em comodato por cinquenta anos, quase 2.000 peças (Divulgação)
A cidade de São Paulo foi eleita a 45ª melhor cidade do mundo para se cursar a universidade. O levantamento divulgado nesta quarta-feira foi elaborado pela QS Quacquarelli Symonds, consultoria especializada em educação e responsável por um dos rankings de universidades mais conceituados do mundo. 
A capital paulista só ficou à frente de outras cinco cidades avaliadas: Toulouse (França), Birmingham (Grã-Bretanha), Cairo (Egito), Bangkok (Tailândia) e Glasgow (Grã-Bretanha). Antes do Brasil na lista, figuram três cidades latinoamericanas: Buenos Aires (Argentina), 24ª colocada, Cidade do México, 31ª, e Santiago (Chile), 41ª. No topo da lista, aparecem Paris (França), Londres (Grã-Bretanha), Boston (Estados Unidos), Melbourne (Austrália) e Vienna (Áustria).
Para a elaboração do ranking, a QS considera o número e na qualidade das universidades oferecidas pela cidade, a reputação das instituições junto aos empregadores e o custo da educação, além do número de habitantes da região e a qualidade de vida. 
De acordo com o ranking da QS, divulgado em setembro do ano passado, a Universidade de São Paulo (USP), melhor instituição brasileira ranqueada, ocupa a 169ª posição. Também aparecem na lista a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 235º lugar, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 381º.
Confira o ranking completo:
Paris (França)
Londres (Grã-Bretanha)
Boston (EUA)
Melbourne (Austrália)
Viena (Áustria)
Sydney (Austrália)
Zurique (Suíça)
Berlim (Alemanha)
Dublin (Irlanda)
Montreal (Canadá)
Barcelona (Espanha)
Singapura
Munique (Alemanha)
Lyon (França)
Chicago (EUA)
Madri (Espanha)
São Francisco (EUA)
Nova York (EUA)
Tóquio (Japão)
Hong Kong
Milão (Itália)
Brisbane (Austrália)
Seul (Coréia do Sul)
Buenos Aires (Argentina)
Perth (Austrália)
Toronto (Canadá)
Estocolmo (Suécia)
Pequim (China)
Adelaide (Austrália)
Washington (EUA)
Vancouver (Canadá)
Cidade do México (México)
Helsinki (Finlândia)
Taipei (Taiwan)
Manchester (Grã-Bretanha)
Amsterdã (Holanda)
Moscou (Rússia)
Bruxelas (Bélgica)
Xangai (China)
Copenhagen (Dinamarca)
Santiago (Chile)
Philadelphia (EUA)
Kyoto (Japão)
Kuala Lampur (Malásia)
São Paulo (Brasil)
Toulouse (França)
Birmingham (Grã-Bretanha)
Cairo (Egito)
Bangkok (Tailândia)
Glasgow (Grã-Bretanha)

Paris, cidade-luz também para estudantes universitários

Ensino superior

Capital francesa é eleita novamente melhor ambiente para os alunos, segundo estudo da consultoria Quacquarelli Symonds. São Paulo sai do ranking

HEC Paris
HEC Paris, prestigiada escola de administração da capital francesa (Reprodução)
Pelo segundo ano consecutivo, Paris é a melhor cidade do mundo para fazer um curso de graduação, aponta levantamento da consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS), responsável por um dos mais prestigiados rankings de universidades do mundo. Entre os 50 municípios avaliados, não há nenhum brasileiro. São Paulo, eleita a 45º melhor cidade para universitários em 2012, está fora da lista neste ano.
A segunda e terceira posição no ranking são ocupadas, respectivamente, por Londres e Singapura. Para elaboração do estudo, foram consideradas apenas cidades com mais de 250.000 habitantes e que possuem pelo menos duas instituições de ensino entre as 700 melhores do mundo, segundo avaliação da própria QS.
Cinco critérios foram analisados para a eleição das melhores cidades: qualidade de vida oferecida aos estudantes, reputação das instituições de ensino junto aos empregadores, composição da população estudantil, custo do ensino e classificação das universidades no ranking da QS.
O país com o maior número de cidades listadas pela QS é o Estados Unidos, com sete representantes. Em seguida, aparecem Austrália (6), Canadá (3) e Grã-Bretanha (3). A América Latina é representada apenas por Buenos Aires, na Argentina, na 33ª posição, e por Santiago, capital chilena, na 49ª.
Migre: Confira a seguir as 50 cidades listadas pela QS:

Médicos americanos alertam para o risco do uso excessivo de antibióticos em crianças

Pediatria

Segundo pediatras, uma em cada cinco crianças tratadas com antibióticos nos pronto-socorros não precisaria tomar o remédio. Drogas podem provocar diversos efeitos colaterais

Criança e remédio
Antibióticos devem ser usados para combater enfermidades causadas por bactérias, não por vírus (Thinkstock)
Mais de uma a cada cinco visitas de crianças ao pronto-socorro resultam em prescrição de antibióticos nos Estados Unidos. Mas pelo menos 20% dessas receitas não precisariam ser prescritas. É isso que revela um artigo publicado no periódico Pediatrics desta segunda-feira. No texto, membros do Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria recomendam aos médicos mais cautela antes de receitar antibióticos a crianças. 
Os pediatras explicam que antibióticos devem ser usados para combater enfermidades causadas por bactérias, não por vírus. Caso contrário, além de ineficaz, o antibiótico pode provocar efeitos colaterais que variam desde diarreias e aparecimento de erupções cutâneas até severas reações alérgicas e morte por ataque cardíaco. Além disso, o uso excessivo da droga contribui para a criação de bactérias mais resistentes aos medicamentos, um grave problema — ao menos 23 mil americanos morrem em decorrência de infecções causadas por superbactérias.
Segundo os pediatras, os motivos que mais costumam levar as crianças ao médico são simples resfriados e infecções respiratórias e de ouvido – todos causados por vírus, não por bactérias. O grande número de prescrições de antibióticos seria, portanto, injustificável. 
Diagnóstico — Os sintomas das infecções causadas por vírus e bactérias são semelhantes. Para evitar enganos, os médicos devem ser cuidadosos na anamnese. Quando a criança é maior e não sente muitas dores, uma opção é simplesmente esperar um pouco e observar se os sintomas vão embora em pouco tempo (caracterizando apenas um resfriado, por exemplo) ou se persistem. 
Mesmo nos casos em que o medicamento é recomendável, é possível diminuir as chances de efeitos colaterais indesejáveis. No artigo publicado na Pediatrics, os americanos recomendam o uso de antibióticos de curto espectro, que são mais específicos e agem apenas contra algumas bactérias. É o contrário do que acontece com as versões de largo espectro, que possuem a capacidade de agir contra mais bactérias, mas, por esse mesmo motivo, podem acabar destruindo também algumas bactérias benéficas e essenciais ao organismo. 

Novos remédios revolucionam o combate ao câncer de próstata

VEJA.COM

No Brasil, 20% dos diagnósticos de câncer de próstata são feitos em fase avançada. Mas a medicina conseguiu ampliar em 30%, em cinco anos, a taxa de sobrevida dos pacientes

Adriana Dias Lopes
ROTINA NORMAL - Graças a um dos novos remédios, Fontenele encontrou ânimo para retomar as caminhadas pela praia
ROTINA NORMAL - Graças a um dos novos remédios, Fontenele encontrou ânimo para retomar as caminhadas pela praia      (Alexandre Schneider)
Aos 68 anos, Herbert Fontenele recebeu o diagnóstico de câncer de próstata metastático. O tumor invadira a bexiga, a uretra e os ossos. Era 2009. Pelas estimativas médicas, Fontenele teria apenas um ano de vida. Mas ele não desistiu. Foram doze sessões de quimioterapia e outras 32 de radioterapia. E os efeitos colaterais do tratamento, terríveis — dores fortes na região do abdômen, vômitos constantes e prostração. “O sofrimento era tão grande que cheguei a pensar que deveria ter deixado a doença seguir seu rumo natural”, diz Fontenele. A situação começou a mudar em 2010, quando ele participou das pesquisas finais de um novo medicamento para câncer de próstata metastático, a abiraterona. Em seis meses, seu quadro clínico se reverteu. O PSA, o principal marcador sanguíneo da doença, atingiu uma taxa equivalente à de um homem saudável, de 0,3. Fontenele mantém a terapia com o medicamento e seguirá assim até o momento em que o câncer deixar de reagir à abiraterona — quatro comprimidos diários e nenhuma reação adversa. Hoje, a vida dele é a mesma de antes da doença: trabalha, passeia com os amigos, viaja com a família e faz caminhadas pelas praias de São Luís, no Maranhão, onde mora.
A reviravolta na doença de Fontenele é um excelente retrato da história do tratamento do câncer de próstata metastático. Lançada comercialmente no Brasil em 2012, a abiraterona é um dos quatro novos medicamentos desenvolvidos nos últimos três anos para o combate à doença. Com eles, a taxa de sobrevivência dos doentes aumentou 30%, em cinco anos. Pode parecer pouco, mas não é. A elevação da taxa de sobrevida nos últimos cinco anos de pacientes com tumores avançados de mama girou em torno dos 20%. Dos de intestino, 10%. O tempo a mais que esses remédios proporcionam é como aquele que Fontenele experimenta — sem dores, sem prostração, sem enjoos. Vida normal, portanto. O diagnóstico de câncer de próstata metastático já não significa mais necessariamente uma sentença de morte. “Trata-se do maior impacto já visto em tão pouco tempo no tratamento de qualquer câncer metastático”, diz Fernando Maluf, chefe da oncologia clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
De todos os cânceres em fase de metástase, o de próstata é o mais controlável. Os novos medicamentos são desenvolvidos a partir de uma tecnologia extremamente sofisticada. A abiraterona, por exemplo, ataca o tumor em duas frentes. Corta a produção na glândula suprarrenal do hormônio testosterona, o combustível para os tumores prostáticos, e diminui a síntese do hormônio dentro das células cancerígenas. Além da abiraterona, há três medicações de ultimíssima geração (veja o quadro abaixo). Algumas delas são de um requinte tecnológico impressionante, como a vacina terapêutica Sipuleucel-T. Feita sob medida para o paciente, ela estimula o sistema imunológico a combater as células tumorais. Um mês de tratamento custa 90 000 reais. Ainda não há previsão de chegada da vacina ao Brasil.
O câncer de próstata está entre os tumores mais indolentes. Ele leva quinze anos para atingir 1 centímetro cúbico. Com esse tamanho, pequeno, o tumor está confinado à glândula, e pode ser tratado com tranquilidade. Quando ele escapa e atinge outro órgão, a coisa muda de figura. “A lentidão, benéfica no início da doença, torna-se um grande problema na fase de metástase”, explica o oncologista Andrey Soares, do Hospital Albert Einstein e do Centro Paulista de Oncologia, ambos em São Paulo. Tumores de crescimento lento são resistentes à quimioterapia, a primeira opção de tratamento nos casos de metástase. Isso porque os quimioterápicos têm como característica atingir o DNA da célula tumoral sobretudo durante a divisão das células. “Quando a divisão é lenta, o efeito da químio é menor, portanto. E é nesse cenário que os novos medicamentos representam uma grande notícia”, diz Gustavo Guimarães, urologista do hospital A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo.
Todos os anos 60 000 homens recebem o diagnóstico de câncer de próstata no Brasil — é a segunda neoplasia mais comum entre o sexo masculino, depois dos tumores de pele. Quando a doença é diagnosticada e tratada precocemente, a cura chega a 97%. O problema é que dois em cada dez casos da doença no país são descobertos em fase de metástase. Nos Estados Unidos, esse índice cai à metade. Diz Marcello Ferretti Fanelli, diretor da Oncologia Clínica do A.C. Camargo: “Conseguiremos reverter essa situação com investimentos na prevenção”. Lembre-se aqui do bê-á-bá: homens que pertencem a grupos de risco, como os pacientes negros ou com casos de câncer de próstata na família, devem fazer exames de rotina anuais a partir dos 45 anos. Os que não correm risco, a partir dos 50 anos. Os exames consistem no teste sanguíneo do PSA e no toque retal. Ainda há muito a ser feito — apenas metade dos brasileiros com mais de 45 anos vai ao urologista regularmente.

Astrônomos descobrem planeta com quatro sóis

Espaço

Astrônomos amadores utilizaram dados do telescópio Kepler e identificaram um planeta que tem o céu iluminado por quatro sóis. Ele orbita dois deles, sendo que o sistema planetário é orbitado por outras duas estrelas


(Arquivo) O planeta foi batizado de PH1 e fica a cerca de 5 mil anos-luz da TerraO planeta foi batizado de PH1 e fica a cerca de 5 mil anos-luz da Terra (AFP)
Uma equipe internacional de astrônomos anunciou nesta segunda-feira a descoberta de um planeta que tem o céu iluminado por quatro sóis, o primeiro sistema estelar do tipo identificado até hoje. O planeta, batizado PH1, situado a cerca de 5.000 anos-luz da Terra (um ano-luz corresponde a 9,461 trilhões de quilômetros), está em órbita de dois sóis, sendo que outras duas estrelas giram em torno destes. Segundo os astrônomos, apenas seis planetas são conhecidos até hoje por ficarem em órbita em torno de dois sóis, mas nenhum deles têm outras estrelas orbitando seus sistemas.
Esse sistema planetário circumbinário duplo (circumbinário é o sistema ou planeta que orbita duas estrelas) foi inicialmente descoberto por dois astrônomos amadores americanos, Kian Jek e Robert Gagliano, que utilizaram o site Planethunters.org. O site foi criado em 2010 para estimular os astrônomos amadores a identificarem exoplanetas --planetas situados fora do nosso sistema solar-- com os dados coletados pelo telescópio espacial americano Kepler, da Nasa. 
Astrônomos profissionais americanos e britânicos realizaram em seguida observações e medições com os telescópios Keck, situados no monte Mauna Kea, no Havaí, e comprovaram a descoberta .
Sistema extremo — "Os planetas circumbinários representam o que há de mais extremo na formação planetária", afirma Meg Schwamb, uma pesquisadora da Universidade de Yale (Connecticut), principal autora da pesquisa apresentada na conferência anual da divisão de Planetologia da American Astronomical Society reunida em Reno, Nevada. "A descoberta de tais sistemas estelares nos obriga a repensar como esses planetas podem se formar e evoluir em um ambiente como esse", acrescentou em um comunicado.
A descoberta foi publicada no site arXiv.org (da Cornell University) e foi submetida a publicação no Astrophysical Journal.
O PH1, um planeta gasoso gigante do mesmo tamanho de Netuno e com cerca de seis vezes o raio da Terra, orbita em torno das duas primeiras estrelas, de uma massa de 1,5 e 0,41 vez a do nosso sol, respectivamente. O período orbital é de 138 dias. As duas outras estrelas, por sua vez, orbitam esse sistema planetário a uma distância equivalente a cerca de mil vezes a distância que separa a Terra do Sol.

Astrônomos identificam pela primeira vez a cor de um planeta fora do Sistema Solar

Espaço

Como a Terra, o HD 189733b é azul, segundo dados do Hubble

exoplaneta
O HD 189733b é um dos exoplanetas mais estudados pelos pesquisadores. Agora eles sabem que ele é azul — como a Terra (NASA, ESA, M. Kornmesser)
Astrônomos usaram o telescópio espacial Hubble, da Nasa, para identificar, pela primeira vez, a cor de um planeta fora do Sistema Solar. O corpo escolhido foi o HD 189733b, localizado a 63 anos-luz – um dos exoplanetas mais próximos conhecidos pelos cientistas. Assim como a Terra, o HD 189733b é azul, segundo os pesquisadores.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The deep blue color of HD189733b: albedo measurements with HST/STIS at visible wavelengths

Onde foi divulgada: periódico Astrophysical Journal Letters

Quem fez: T. M. Evans, F. Pont, D. K. Sing, S. Aigrain, J. K. Barstow, J-M. D´esert, N. Gibson, K. Heng, H. A. Knutson e A. Lecavelier des Etangs

Instituição: Universidade de Exeter, na Inglaterra; entre outras

Dados de amostragem: Luz refletida pelo planeta HD 189733b conforme ele orbita em torno de sua estrela

Resultado: Os pesquisadores descobriram que o planeta teria uma cor azul, semelhante à da Terra
A órbita do HD 189733b é muito pequena, e a luz refletida em sua superfície é muito fraca. Para investigar sua coloração, os pesquisadores usaram o espectrógrafo do Hubble. O aparelho mediu as mudanças na luz refletida pelo planeta durante toda a sua órbita.
Os astrônomos descobriram que, quando o planeta se esconde atrás da estrela — e a passagem de luz é bloqueada — há uma pequena mudança no padrão de ondas que chegam à Terra. “A luz vai se tornando menos brilhante no espectro azul, mas não no verde ou vermelho. Isso significa que o objeto que desapareceu era azul”, diz Frederic Pont, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
Segundo os cientistas, se o planeta pudesse ser observado diretamente, ele se pareceria com um ponto azulado, lembrando a Terra quando observada do espaço. As semelhanças, no entanto, terminam aí. Ao contrário da Terra, o tom azulado do HD 189733b não vem dos oceanos, mas de sua atmosfera turbulenta e tempestuosa. De dia, as temperaturas podem chegar a 1.000 graus Celsius, e de noite, a 800. A diferença de temperaturas faz com que fortes ventos percorram sua superfície a até 7.000 quilômetros por hora, carregando cortantes partículas de vidro, que refletem mais o azul do que o vermelho.
NASA, ESA, and G. Bacon (STScI)
planeta
O planeta HD 189733b é conhecido como um Júpiter quente, pois é muito grande e está localizado muito perto de sua estrela
O HD 189733b foi descoberto em 2005 e desde então, os astrônomos têm descoberto várias características sobre sua atmosfera, incluindo a presença de água. Ele faz parte de uma classe de planetas ainda pouco estudada conhecida como Júpiter quente — têm tamanho semelhante ao grande planeta do Sistema Solar, mas orbitam zonas muito próximas de sua estrela. As novas observações podem ajudar os cientistas a compreender um pouco melhor essa classe de planetas.

Astrônomos descrevem planeta com composição semelhante à da Terra

Espaço

Apesar das semelhanças, o planeta Kepler 48b tem um órbita muito próxima à sua estrela para ter condições de carregar vida

exoplaneta
A temperatura na superfície do exoplaneta pode ser até 2 000 graus Celsius mais alta do que a da Terra — impossível de desenvolver vida nas condições conhecidas pelos cientistas (Karen Teramura (UHIfA))
Duas pesquisas publicadas nesta quarta-feira fornecem novas informações sobre o primeiro planeta descoberto fora do Sistema Solar com massa, densidade, composição e tamanho semelhantes ao da Terra. O exoplaneta Kepler 78b foi descoberto em agosto, por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). À época, foi descrito como um planeta extremamente pequeno e quente, localizado a 700 anos-luz da Terra, mas de massa e composição desconhecidas.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A rocky composition for an Earth-sized exoplanet e An Earth-sized planet with an Earth-like density

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: Joshua Winn, entre outros pesquisadores

Instituição: Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, entre outros

Dados de amostragem: Medições do brilho da estrela Kepler 78, em torno da qual o planeta Kepler 78b orbita

Resultado: Os pesquisadores concluíram que o planeta possui 1,7 vez a massa da Terra. Sua composição também é semelhante: ele seria formado por rochas e ferro
Segundo os primeiros dados, sua órbita dura apenas 8,5 horas — extremamente curta em comparação aos 365 dias que a Terra leva para circundar o Sol. Os cientistas também haviam estimado que o planeta mede cerca de 1,2 vez o tamanho da Terra, tornando o Kepler 78b um dos menores exoplanetas já medidos.
Massa semelhante  Agora, dois novos estudos publicados na revista Naturemostram que o Kepler 78b compartilha outra característica com a Terra: sua massa é cerca de 1,7 vez a massa terrestre. A partir das mesmas medições, calcularam que a densidade do planeta é de 5,3 gramas por centímetro cúbico, valor muito próximo ao da densidade terrestre, que é de 5,5.
Segundo o estudo, essas novas informações sugerem que o Kepler 78b é composto principalmente por rocha e ferro, de maneira semelhante à Terra. Mas, devido à sua proximidade com a estrela, é muito provável que as temperaturas em sua superfície sejam altas demais para suportar vida.
"Ele é muito semelhante à Terra no tamanho e na massa, mas também extremamente diferente, uma vez que é, no mínimo, 2 000 graus Celsius mais quente", diz Joshua Winn, pesquisador do MIT que participou do estudo.
David A. Aguilar (CfA) / Tradução

Medições a distância — Planetas com órbitas pequenas como o Kepler 78b costumam fornecer uma grande variedade de dados para serem analisados nos laboratórios. A cada semana, por exemplo, o exoplaneta dá cerca de vinte voltas em torno de sua estrela, o que possibilita aos cientistas analisarem seu comportamento um grande número de vezes.
No estudo de agosto, os pesquisadores haviam determinado os valores de sua órbita e tamanho após analisar variações na luz emitida pela estrela em torno da qual o planeta gira. Cada vez que ele passava em frente à estrela, bloqueava um pouco de sua luz e diminuía o brilho que era captado pelos cientistas na Terra, por meio do telescópio espacial Kepler. Assim, eles conseguiram descobrir de quanto em quanto tempo o planeta completava uma volta em torno da estrela. Ao analisar o quanto o brilho variava, conseguiram também estimar o tamanho do exoplaneta.
Rocha e ferro — Medir a massa do Kepler 78b foi uma tarefa mais complicada. Dessa vez, os pesquisadores tiveram de analisar os efeitos que a gravidade do planeta exercia na estrela enquanto girava ao seu redor. Como ele é muito menor, esses efeitos são pequenos e difíceis de medir, mas cruciais para descobrir a massa de planetas tão distantes.
A partir da Terra, o movimento estelar pode ser detectado como uma ligeira oscilação em seu brilho. Para encontrar os valores dessa oscilação, os cientistas utilizaram o Observatório Keck, no Havaí, um dos maiores telescópios do mundo. A equipe analisou os dados sobre a luz da estrela registrados ao longo de oito dias. Apesar da potência do telescópio, o sinal emitido pela estrela era incrivelmente fraco, o que tornou a tarefa um tormento para os cientistas. "A cada uma das oito noites pelas quais o estudo se estendeu, nos agonizávamos ao questionar se valia ou não a pena continuar com a pesquisa", diz Josh Winn.

Ao final, os pesquisadores  conseguiram determinar que a massa do planeta era 1,7 a da Terra. A medida, junto com seu tamanho, sugeria que o planeta fosse composto principalmente de rocha e ferro. Segundo os cientistas, tal composição não é surpreendente, dado a sua órbita pequena. Um corpo menos maciço, — feito de gás, por exemplo — não seria capaz de se manter inteiro em uma região tão próxima à estrela.

“Minha missão é gravar o maior número de sons naturais antes que desapareçam”

Bioacústica

O músico e naturalista Bernie Krause dedicou sua vida a gravar os sons de ambientes selvagens. Em entrevista ao site de VEJA, ele explica como essas paisagens sonoras naturais influenciaram o surgimento da linguagem humana e alerta para o iminente silêncio da orquestra animal

Guilherme Rosa
O músico Bernie Krause
Dos estúdios para a floresta: a partir do começo dos anos 1970, Bernie Krause passou a buscar as paisagens mais isoladas do mundo, a fim de gravar os sons locais (Twitter/Reprodução)
O músico americano Bernie Krause passou boa parte de sua juventude fechado em estúdios de gravação. Para pagar sua faculdade, no final dos anos 1950, tocou guitarra em diversos discos da gravadora Motown. Já na década de 1960, descobriu os sintetizadores e se tornou um dos primeiros a utilizá-los na música pop, participando de álbuns de artistas e bandas como Rolling Stones, Bob Dylan, Stevie Wonder e George Harrison. Passou também por Hollywood, onde colaborou com as trilhas sonoras de filmes como O Bebê de Rosemary e Apocalipse Now. Há mais de 45 anos, no entanto, ele resolveu deixar os claustrofóbicos estúdios para trás e levar seu trabalho para ambientes mais selvagens: passou a trabalhar com a música produzida pela própria natureza.
Com o passar dos anos, e depois de uma pós-graduação em bioacústica, acabou se tornando um dos principais pesquisadores das paisagens sonoras naturais do planeta. Seu trabalho consiste em ir para o meio do mato — ou do mar, da geleira, do deserto — e gravar o som ambiente. Segundo Krause, os ruídos produzido por pássaros, sapos e rãs, mamíferos, insetos e até larvas soam todos como parte de uma mesma orquestra. "Muitas tribos e grupos de caçadores-coletores definiam essas paisagens sonoras como o som do divino", disse em entrevista ao site de VEJA.

Biblioteca

A grande orquestra da natureza
O músico Bernie Krause descreve sua experiência nos locais mais isolados do planeta, gravando os sons naturais. No livro, ele defende que os primeiros humanos evoluíram em meio a essa orquestra ancestral, e foi ali que eles aprenderam a vocalizar, cantar e falar. Hoje, essas melodias antigas estão ameaçadas pela própria ação do homem. Algumas das diversas paisagens sonoras registradas por Krause podem ser ouvidas no site da Zahar.

Autor: BERNIE KRAUSE
Editora: ZAHAR
Ao longo de todos esses anos, Bernie Krause coletou mais de 4 000 horas de gravação, nas quais é possível ouvir mais de 15 000 espécies em seu ambiente original — paisagens sonoras de um valor científico inestimável. "Estou procurando alguma universidade para armazenar todo meu arquivo de sons – pode até ser brasileira", diz.
Hoje, o próprio ser humano pode estar colocando um fim definitivo nessas melodias ancestrais. Segundo Krause, pelo menos 50% de suas gravações já não podem ser escutadas do mesmo modo nos locais originais — as paisagens foram irremediavelmente destruídas pelo homem. Em entrevista ao site de VEJA, ele explica como essas paisagens sonoras podem ter dado origem à expressão musical humana e alerta para seu silenciamento iminente:
O senhor trabalhou boa parte da vida como músico de estúdio. Como acabou se envolvendo com a gravação de paisagens naturais? Não é difícil compreender essa transição. Para começar: eu não enxergo muito bem. Grande parte das informações que eu reúno sobre o mundo vem do som. Quando eu era criança, na década de 1940, não se dava muita atenção aos sons naturais e às paisagens sonoras. Então o canal que eu tinha para me expressar pelo som naquela época era a música. Comecei aprendendo violino clássico e composição. Aos 13 anos, carreguei uma guitarra pela primeira vez, e me apaixonei imediatamente pelo instrumento. Depois da faculdade, acabei me envolvendo com a música eletrônica. Junto com outro músico, chamado Paul Beaver, formei uma dupla: Beaver & Krause. Em 1970, lançamos nosso primeiro álbum pela Warner Brothers, chamado In a Wild Sanctuary, que tinha como tema a ecologia — na verdade ele foi o primeiro álbum gravado no ocidente com essa temática. Foi aí que eu tive de ir para o campo e gravar os sons da natureza pela primeira vez. Assim que liguei o gravador, eu fiquei sabendo que era assim que queria passar o resto de meus dias: ao ar livre, gravando e ouvindo os sons da natureza. Isso mudou completamente minha vida. Já nessa época, eu sentia que essas paisagens sonoras estavam desaparecendo muito rápido. Decidi que minha missão é capturar o maior número de sons naturais antes que desapareçam.
"Tom Jobim me confessou que os sons da natureza haviam sido muito importantes para ele, em sua criação musical. Ele me disse, inclusive, que havia gravado um álbum chamado Passarinho por causa disso."
Sua experiência como músico ajudou em seu trabalho como pesquisador das paisagens sonoras naturais? Quando estive no Brasil no começo dos anos 1990, tive a oportunidade de conhecer um de meus heróis: Tom Jobim. Durante nosso jantar no Rio de Janeiro, ele descreveu como, durante sua infância, a Mata Atlântica ficava perto da cidade. Ele podia sair do restaurante em que estávamos, andar por cinco minutos e chegar à floresta. Tom Jobim me confessou que os sons da natureza haviam sido muito importantes para ele, em sua criação musical. Ele me disse, inclusive, que havia gravado um álbum chamado Passarinho por causa disso. Durante minha carreira, conforme fui conhecendo alguns dos melhores músicos do mundo, fui percebendo que eles todos haviam tido — como eu —alguma experiência com os sons do mundo natural. Ainda assim, nas primeiras vezes que tentei ouvir as paisagens sonoras naturais, não consegui captá-la de imediato. Os pesquisadores da área tiveram de me ajudar bastante: eles me ensinaram a escutar o mundo de uma maneira que eu nunca havia escutado antes.
O que exatamente é preciso aprender para se escutar as paisagens sonoras? A única parte do processo que é realmente importante é aprender a ficar quieto. Precisamos parar de fazer barulho para escutar o mundo natural. Depois disso, não existe muito mais trabalho, basta estar consciente de todos os sons que nos cercam. Aldo Leopold, um escritor e naturalista americano, disse certa vez que, se você for lidar com a natureza, é melhor fazê-lo levando em conta todas as suas partes. É simplesmente isso que precisa ser feito. Acontece que a humanidade desaprendeu a escutar esse mundo natural.
Em que se deve prestar atenção quando se está ouvindo uma paisagem sonora? A paisagem sonora é composta por todos os sons que chegam a nossos ouvidos. A primeira fonte sonora que merece atenção é a geofonia, composta por todos os sons não biológicos que são gerados em ambientes selvagens, como o som dos rios, as ondas do mar ou o farfalhar produzido pelo vento nos galhos de árvores e gramados. A geofonia foi a primeira expressão acústica da Terra. A segunda surgiu quando os primeiros seres vivos evoluíram e começaram a produzir a biofonia: o som dos organismos vivos. Ela é o som coletivo feito por todos os organismos de um dado habitat, tanto faz se de origem terrestre ou marinha. E o terceiro tipo são os sons produzidos pelos seres humanos, que chamo de antropofonia. Ela inclui os sons intencionais como a música, o teatro e a fala, mas também os sonos mais caóticos e incoerentes, como os que surgem de nossas tecnologias, como automóveis e aviões. Essas são as três fontes de som que formam uma paisagem sonora. Sabendo disso, vá para fora e preste atenção em quanto de biofonia você pode ouvir em um dado habitat. Depois, compare com a quantidade de antropofonia — quanto menor o barulho humano, mais saudável será aquele ambiente.
"A primeira fonte sonora que merece atenção é a geofonia, composta por todos os sons não biológicos que são gerados em ambientes selvagens, como o som dos rios, as ondas do mar ou o farfalhar produzido pelo vento nos galhos de árvores e gramados. A geofonia foi a primeira expressão acústica da Terra."
Então escutar a biofonia nas cidades é impossível? Isso não é verdade. Há algumas aves e insetos – e até sapos – que se dão muito bem em ambientes urbanos. Você pode prestar atenção, pode ouvi-los, principalmente bem cedo na manhã, antes do barulho humano começar. Esse barulho, é claro, será menor conforme o ambiente estiver comprometido.
Quais dicas o senhor daria para alguém que queira ouvir a biofonia no Brasil? Não conheço todos os ecossistemas do Brasil. Mas já trabalhei em locais como a Mata Atlântica — um lugar acessível, onde as pessoas podem ir e ouvir as paisagens naturais. O problema é que ela ocupa uma área cada vez menor e é cercada por muito barulho, principalmente por causa da agricultura que avança ao seu redor. Isso faz com que, em alguns momentos, seja muito difícil ouvir a paisagem. Nesse caso, melhor seria ir em direção à Floresta Amazônica, onde há muitos locais para se ouvir as paisagens sonoras naturais. Elas são, por sua riqueza e diversidade, as mais belas do mundo. Não há nada que chegue perto disso.
O senhor pode citar outras de suas paisagens sonoras favoritas? Eu também gosto muito de paisagens como a do norte do Canadá e do Alasca, porque quase não existem humanos vivendo por ali. Na primavera, após as migrações para o norte, esses locais se tornam habitats maravilhosos para realizar minhas gravações, por serem tão quietos. Não há estradas, não há intervenção humana, e há animais selvagens maravilhosos – é o lugar mais selvagem do planeta.
"Preciso destacar que, quando se ouve uma paisagem sonora, é necessário tentar ouvir a paisagem como um todo, e não só um ou outro animal. A biofonia é expressa na forma de uma unidade, e não em partes separadas."
E entre os animais? Quais são os que produzem os sons mais fascinantes? Todo ser vivo cria um som. Normalmente, os que mais me surpreendem são os menores, como os vírus. Quando se desprende da superfície a que estava fixado, um vírus produz um pico sonoro — uma mudança de amplitude seca e rápida — mensurável apenas pelos instrumentos mais sensíveis. Nós fomos os primeiros a gravar o som produzido por um deles, há doze anos. Mas o som que eu mais gosto é o emitido pelos sapos nas florestas tropicais. Eles têm muito ritmo e, na realidade, possuem um alcance vocal muito maior do que a maioria dos pássaros que já ouvi. Mas é preciso destacar que, quando se ouve uma paisagem sonora, é necessário tentar ouvir a paisagem como um todo, e não só um ou outro animal.  A biofonia é expressa na forma de uma unidade, e não em partes separadas.
É por isso que o senhor diz que a biofonia se parece com uma orquestra? Isso mesmo. Prestar atenção no som de um único animal é como tentar ouvir a 5ª Sinfonia de Beethoven atentando para um único violinista, sem o contexto da orquestra — você não conseguirá entender a música. No entanto, é isso que grande parte dos naturalistas têm feito desde o final do século XIX e por todo o século XX. Eles têm gravado as vozes dos animais de forma individual, fora de seu contexto. Não podemos aprender nada a partir disso.
Por que os animais produzem sons dessa forma? Para estabelecer territórios acústicos, do mesmo modo como estabelecem territórios físicos. Cada animal possui uma faixa de frequência acústica que vai defender com sua voz. Insetos têm uma faixa de frequência, pássaros têm outra, sapos e mamíferos também têm a sua. Assim, cada um fica fora do caminho dos outros, e é possível ouvir o canto de todos — como em uma orquestra. Muitas tribos e grupos de caçadores-coletores definiam esse som como o som do divino.
Como o fato de ter surgido em meio a essa orquestra natural afetou a evolução dos seres humanos? Meu livro fala sobre como esses sons animais nos ensinaram a cantar e dançar. No passado, os homens viam os sons da natureza como uma coleção de vozes estruturadas e coletivas, em meio a qual eles vivam. Tinha uma tribo em Bornéu que achava as músicas cantadas pelos gibões tão bonitas que pensavam que eram elas que faziam o Sol nascer. Quando nós começamos a imitar os ritmos, as melodias e os arranjos dos sons da natureza, criamos a música. E como somos grandes imitadores, incorporamos diversos desses sons naturais em nossa expressão musical. Com o tempo, isso acabou evoluindo para a linguagem humana.
"Tinha uma tribo em Bornéu que achava as músicas cantadas pelos gibões tão bonitas que pensavam que eram elas que faziam o Sol nascer. "
Como o barulho produzido pelo ser humano hoje em dia contribui com essa orquestra? Hoje, o barulho produzido pelo homem age no som dessa orquestra fazendo com que os animais que estão vocalizando não consigam mais escutar uns aos outros. Quando nós os perturbamos, com a passagem de um avião, por exemplo, os sons se tornam muito caóticos e demoram a se recuperar. As criaturas têm dificuldades para reencontrarem seu nicho sonoro, e isso causa muito stress.
Então os sons naturais são diferentes dos sons urbanos? A maioria dos sons gerados pelos seres humanos são caóticos e incoerentes. Eles não têm nenhuma informação contida neles. Veja, as paisagens sonoras selvagens se expressam de tal modo que é possível saber imediatamente que toda estrutura sonora está em seu lugar e que o ambiente está saudável. Quando colocamos a gravação de um ambiente desses em um espectrograma — uma representação gráfica dos sons — ele mostra de forma muito clara quais os sons produzidos pelas diferentes espécies de aves, de insetos, mamíferos e anfíbios. É como ler uma partitura musical, onde é possível ver a distinção entre os diversos instrumentos. Nas cidades a paisagem sonora é tão caótica que todo o espaço e tempo estão ocupados por barulho.
O fato de os seres humanos não viverem mais nos ambientes naturais, mas sim nas paisagens urbanas, fez com que ele produzisse um tipo diferente de música? Sim, a nossa música certamente reflete isso. Hoje, ela é muito autorreferencial. Ela só é capaz de evoluir ao se referir a si mesma. Ela não chega nem perto de ser tão complexa, interessante e original quanto as paisagens sonoras naturais, porque nos afastamos muito delas nos últimos dez séculos. Minha preocupação é que, se continuarmos destruindo os ambientes selvagens, podemos estar acabando com as nossas últimas chances de ouvir essa música natural.

Sete dicas para não ter sua intimidade divulgada na internet

Prevenção

Segundo orientações da ONG Safernet Brasil, para evitar ter a privacidade devastada nas redes sociais, o ideal é não produzir fotos íntimas no ambiente virtual. Apesar de representar uma restrição ao livre uso da internet, a recomendação é válida já que o controle sobre qualquer conteúdo virtual é praticamente impossível. “Você colocaria fotos íntimas no mural da escola ou sairia distribuindo em um shopping center? E por que então fazer isso na internet, espaço que também é público?”, convida à reflexão cartilha elaborada pela ONG. 

Aliciadores

Desconfie sempre de desconhecidos que pedem para receber fotos ou se comunicar por meio da webcam em salas de bate-papo ou em redes sociais. Nunca se tem certeza de quem está do outro lado. Aliciadores agem ganhando a confiança da vítima e, depois, manipulam imagens enviadas inocentemente e fazem montagens para chantagear. Nessas situações, bloqueie o usuário e acione a polícia.

Criptografar

Existem serviços que criptografam mensagens e impedem pessoas desautorizadas de acessar seu conteúdo. A medida é útil para quem quiser exercer o poder de sedução por meio da internet com segurança. 

Denuncie

No caso de receber via internet qualquer tipo de conteúdo pornográfico envolvendo crianças ou adolescentes, deve-se prestar queixa à polícia por se tratar de um crime. A denúncia pode ser feita no Disque 100 (canal de comunicação do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos), em qualquer delegacia ou ao conselho tutelar mais próximo.

Peça ajuda

Toda vítima de vazamento de fotos íntimas na internet deve procurar orientação de um advogado após fazer denúncia à polícia. Se alguém conhecido estiver passando por isso, o encoraje a denunciar.

Ao vivo

É preciso ter cuidado ao usar a twitcam (ferramenta que permite usuários do Twitter transmitir conteúdos ao vivo). O que é dito ou exibido na rede pode ser visto instantaneamente por pessoas do mundo inteiro – inclusive as más intencionadas.

Ajuda profissional

Caso passe pelo constrangimento de ter fotos íntimas espalhadas pela internet, é importante procurar um psicólogo para enfrentar a situação. O cyberbullying pode ser devastador para a autoestima, o que pode causar depressão e estresse pós-traumático. 

Sexting adolescente, um convite para o sexo

Comportamento

Pesquisa revela que compartilhar fotos íntimas via celular e praticar sexo são atividades afins para os jovens. Eles, contudo, subestimam riscos envolvidos

Paula Reverbel
Celular
Quase 70% das garotas ouvidas no levantamento foram convidadas a praticar sexting (Getty Images)
Uma pesquisa publicada nos Estados Unidos nesta semana revelou que quase 30% dos adolescentes americanos já praticaram alguma vez o sexting – ou seja, usaram seus smartphones para disparar mensagens contendo fotos em que aparecem nus, acompanhadas ou não de texto. O número, é claro, assusta. E os estudiosos da Universidade do Texas responsáveis pela pesquisa descobriram ainda outras pistas que ajudam a entender melhor esse fenômeno. A principal delas é que o sexting tem um vínculo com a prática "real" do sexo. De acordo com o levantamento, entre as adeptas do compartilhamento de fotos íntimas, cerca de 80% já praticaram sexo; o número de sexualmente ativas cai pela metade entre aquelas que também não se envolvem com sexting. Entre os garotos, o comportamento é semelhante. "Ainda não sabemos se é o sexting que leva ao sexo ou vice-versa, mas a prática de compartilhar essas imagens íntimas parece ser um bom indício de comportamento sexual", afirma o psicólogo Jeff Temple, principal autor do estudo, em entrevista a VEJA.com. "Se um adolescente está enviando SMS com fotos ousadas, provavelmente já está fazendo sexo." Ou está a caminho de perder a virgindade.
O levantamento da Universidade do Texas também descobriu que as fotos não são enviadas indistintamente. Normalmente, o sexting é direcionado a uma pessoa específica, com quem o adolescente já namora – ou gostaria de namorar. Outra revelação importante traça uma distinção clara entre homens e mulheres. Quase 70% das garotas ouvidas na pesquisa afirmaram que já receberam a solicitação que pode dar início ao sexting, algo no estilo: "Me envie uma foto íntima sua." Entre os rapazes, o índice é bem menor: 42% deles já foram convidados à prática.
O estudo americano considerou apenas imagens de nudez enviadas pelo celular, descartando casos em que jovens usam o computador ou outro meio digital para mandar autorretratos picantes. É o que a própria expressão "sexting" sugere. A palavra, que já entrou para o dicionário Oxford da língua inglesa, é a junção de outras duas: "sex", sexo, e "texting", que designa a troca de mensagens de texto via celular. Pesquisas que levam em conta também o computador costumam encontrar taxas de adesão menores à prática – daí o susto com os 30% revelados pelo novo estudo. Isso serve de alerta aos brasileiros. A pesquisa que se tornou referência sobre o assunto no país, feita em 2009 pela SaferNet, associação que zela pelos direitos humanos na internet, apontou que 12,1% das 2.525 crianças e adolescentes ouvidos já haviam praticado o sexting usando algum dispositivo eletrônico. É possível, portanto, que a participação seja maior, se forem considerados os celulares exclusivamente.
A lógica e os especialistas têm argumentos razoáveis para explicar por que os telefones móveis concentram – e estimulam – o sexting. Em primeiro lugar, porque o celular é um dispositivo para uso e porte pessoal por excelência, o que garante privacidade a seu proprietário. No caso do computador, dá-se o inverso, e não raro a máquina é compartilhada por várias pessoas da família. Temple acrescenta ainda outra razão: "No celular, é muito fácil tirar uma fotografia e mandá-la em seguida para um amigo ou pretendente. Já no computador, é preciso salvar a foto e anexá-la a um e-mail, por exemplo. Esse percurso maior faz com que o adolescente tenha mais oportunidade de refletir sobre o que está fazendo."
Refletir sobre o sexting é uma etapa oportuna – obrigatória, na verdade –, diante dos riscos a que estão sujeitos seus praticantes. Uma das mais frequentes ameaças é o vazamento indiscriminado das fotos, originalmente enviadas para destinatários (e com propósitos) bem definidos. Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, as ocorrências mais alarmantes parecem seguir um roteiro: a garota manda suas fotos para o namorado, que, após o término do relacionamento, as repassa a amigos e inimigos, preferencialmente os colegas de escola. A protagonista da trama, é claro, é esmagada pelo constrangimento. Em 2008, a história teve desfecho trágico: a americana Jessica Logan se enforcou aos 18 anos após sua foto, feita na intimidade, passar pelos olhos de todos.
No Brasil, o caso mais recente acabou em prisão. Aluna do primeiro ano do ensino médio do Colégio Maxi de Cuiabá – primeiro colocada no ranking do Enem entre as escolas do Mato Grosso –, uma garota de 14 anos fotografou-se nua. As imagens circularam entre os colegas até que, há três semanas, um jovem de 18 anos foi preso em flagrante, acusado de armazenar as tais fotos em seu celular. É crime produzir, divulgar, compartilhar ou até mesmo possuir pornografia infantil. Imagens de outras estudantes também circularam, mas não continham nudez, apenas insinuações sensuais.
"Nós denunciamos o caso à Polícia, embora as fotos tenham sido feitas fora dos domínios da escola", diz o pedagogo Virgílio Tomasetti Júnior, diretor geral dos Colégios Maxi de Londrina e de Cuiabá. "Recomendamos aos pais de todas as envolvidas que as estudantes fossem transferidas para outra escola, evitando constrangimentos, mas eles optaram por mantê-las aqui. Agora, nosso desafio é protegê-las de um eventual bullying." O pedagogo tem uma opinião bem definida sobre a prática do sexting: "Deve que ser coibido: não leva a nada e não ajuda em nada esses jovens. Erram os pais que permitem que isso aconteça."
De acordo com a delegada que cuida do caso, Alexandra Fachone, da Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica), o jovem que acabou preso era um "paquera" da vítima. Após pagar pouco mais de 3.000 reais de fiança, foi colocado em liberdade. Além da posse das imagens, ele também pode ser responsabilizado pela transmissão das fotos, caso fique comprovado, através da perícia, que ele as divulgou. "Qualquer pessoa, maior de idade ou até mesmo adolescente, que recebe imagens pornográficas de crianças e adolescentes comete um crime ao armazená-las ou divulgá-las."
O castigo é certo, previsto em lei. Mas seu potencial pedagógico é colocado em xeque pela SaferNet, entidade que continua a se dedicar à questão. "Penalizar ações individuais nesse caso é como enxugar gelo. Seria mais produtivo nos antecipar ao problema, tentando ensinar os adolescentes a fazer boas escolhas na internet", diz o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da SaferNet e estudioso do assunto. "A sexualidade da criança e do adolescente ainda é um tabu para muitos pais e educadores. É preciso conversar com eles e ensiná-los a usar a tecnologia com consciência."

Sexo e internet: quando a exposição pode levar à morte

Redes

Casos de duas adolescentes que se suicidaram após ter imagens íntimas divulgadas na internet apontam os riscos de expor a privacidade nas redes

Mariana Zylberkan
Adolescentes correm riscos ao revelar intimidades nas redes sociais
Adolescentes correm riscos ao revelar intimidades nas redes sociais (Thinkstock)
No último dia 14, a estudante gaúcha Giana Laura Fabi, de 16 anos, foi avisada por uma amiga do colégio que uma foto em que aparece nua havia sido espalhada pela internet. Três horas depois, Giana foi encontrada morta em seu quarto pelo irmão. Segundo a polícia, ela se enforcou com uma corda. Quatro dias antes, a 4.000 quilômetros da cidade gaúcha de Veranópolis, outra adolescente, Júlia Rebeca Pessoa, de 17 anos, também se enforcou depois de receber pelo celular um vídeo no qual ela fazia sexo com uma amiga e um rapaz, todos menores de idade, na cidade de Parnaíba, no litoral do Piauí.
A prática de produzir e distribuir fotos e vídeos íntimos nas redes sociais, conhecida como sexting, é expressiva no Brasil. De acordo com uma pesquisa da ONG Safernet, que será divulgada no próximo dia 1º de dezembro, 20% dos 2.834 usuários entrevistados já receberam textos ou imagens co teor erótico, e 6% admitem que enviaram esse tipo de conteúdo. A ONG calcula que ao menos 1.500 casos de vazamento de fotos íntimos envolvendo adolescentes e adultos aconteceram no último ano e meio. No entanto, disparar imagens ou vídeos íntimos, na maioria das vezes feito em tom de brincadeira entre os adolescentes em fase de iniciação sexual, caracteriza-se crime quando envolve menores de idade.
Tanto no caso de Giana quanto de Júlia, a polícia investiga os responsáveis pela disseminação das imagens - ambas consentidas. Giana foi vítima de um garoto com quem trocava mensagens no Skype e para quem mostrou os seios na webcam. O rapaz capturou a imagem e repassou para outros cinco amigos. Foi o suficiente para a foto de Giana, nua, se espalhar pela internet. “Ela era uma menina 100% alegre. Nunca teve depressão e nem nada do tipo, era rodeada de amigos. Só que também era muito decidida. Ela se apavorou e acabou tomando essa decisão”, diz o pai de Giana, Marcos Fabi.
Pelo ângulo como o vídeo foi captado, presume-se que foi Júlia quem filmou toda a ação, mas a Polícia Civil do Piauí ainda investiga a morte. Os condenados nesses casos podem responder por até três crimes -– produzir, armazenar e divulgar esse tipo de material – previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Desde 2008, foram estabelecidas três penas diferentes para quem capta, armazena e distribui imagens de sexo envolvendo crianças e adolescentes. Juntas, essas penas vão de oito a dezoito anos de reclusão. Nos últimos quatro anos, a Polícia Federal prendeu cerca de 300 pessoas envolvidas nesses crimes.
O rigor jurídico previsto para casos envolvendo adolescentes desaparece, entretanto, quando se trata de vítimas maiores de idade. Nesses casos, os culpados respondem pelos chamados crimes contra a honra - injúria e difamação -, previstos no Código Penal com pena que varia de três meses a um ano. A defesa da goiana Fran Santos, de 19 anos, tenta enquadrar o ex-namorado Sérgio Henrique Alves, de 22 anos, na Lei Maria da Penha por agressão, após ele ter divulgado vídeo íntimo do casal. Ele nega ter distribuído o vídeo.
Por causa da repercussão das imagens, Fran deixou o emprego de vendedora em uma loja em Goiânia (GO) e praticamente não sai mais de casa. “Me senti humilhada, por tudo que li e vi. A sociedade é muito cruel”, disse Fran ao site de VEJA. Apesar do sofrimento, ela foi capaz de ir à delegacia e fazer a denúncia, atitude que se tornou impossível para as duas adolescentes que sucumbiram ao desespero.
A atitude extrema de acabar com a própria vida é explicada, em partes, pela relação intrincada entre as redes sociais e a vida social dos adolescentes. Prova disso é que tanto Giana quanto Júlia escolheram o Twitter para externar a angústia diante do vazamento das imagens. “Hoje à tarde eu dou um jeito nisso. Não vou ser mais estorvo para ninguém”, escreveu Giana no dia de sua morte. “Eu te amo, desculpa não ser a filha perfeita, mas eu tentei”, escreveu Júlia à mãe, também antes de se enforcar. As duas famílias dizem que só tomaram conhecimento do vazamento das imagens após as mortes. 
Aceitação social - A busca por reconhecimento público é exacerbada na era da internet. Na adolescência, essa necessidade de aceitação é ampliada. É por meio dela que os jovens constroem a própria identidade, testando as reações provocadas por seus comportamentos. “Quando essas relações sofrem um abalo, o sofrimento é enorme porque quase toda a vida social dos adolescentes está relacionada à internet. Para eles, a imagem pública tem mais valor até do que a percepção de si mesmo. A morte social hoje na internet é sinônimo de morte literal”, diz o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor da ONG Safernet.
Não é preciso um fim trágico para casos de vazamento de imagens de sexo envolvendo adolescentes ser passível de sofrimento para toda a família. O delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) Ronaldo Tossunian afirma que recebe quase diariamente famílias desesperadas pedindo ajuda para tirar do ar fotos em que menores de idade aparecem nus ou em cenas de sexo. “Os filhos têm medo de falar com os pais e chegam aqui quando as imagens já estão espalhadas para todos os lados. É quase impossível reverter, torna-se uma cicatriz virtual para sempre.”
Desde 2011, o Deic não dispõe mais da Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos, que investigava casos desse tipo no Estado de São Paulo. Segundo Tossunian, a medida foi tomada para priorizar o combate ao crime patrimonial. As queixas passaram a ser encaminhadas para distritos policiais quando há envolvimento de adultos e para o Grupo Especial de Combate a Pornografia Infantil e os Crimes de Ódio da Policia Federal quando a vítima é menor.
O delegado afirma que mesmo os casos em que o acusado de espalhar as fotos é um menor de idade é preciso prestar queixa, porque há aliciadores de tráfico de pessoas e pedófilos prontos para se aproveitar da situação. A polícia do Piauí mandou tirar do ar um site que vendia o vídeo em que a adolescente Júlia Rebeca aparece fazendo sexo por 4,90 reais. A comercialização será investigada pela PF, que tenta rastrear números de cartões de crédito de quem comprou e vendeu os vídeos.
Tipificação - Nos Estados Unidos, a prática do sexting entre adolescentes é igualmente disseminada. De acordo com uma pesquisa feita pelo departamento de psicologia da Universidade de Utah, 20% dos estudantes do Ensino Médio já fizeram autorretratos nus ou em cenas de sexo e os enviaram a amigos pelas redes sociais.
No país, a discussão sobre a tipificação desse tipo de crime se intensificou em 2009, mas apenas a partir do ano passado foram aprovadas leis que estabelecem penas. Atualmente, só quatro Estados – Havaí, Pensilvânia, Dakota do Sul e Nova York –  preveem penas para quem produz, armazena e envia imagens de nudez e sexo explicito envolvendo adolescentes.
No Brasil, o deputado federal Romário (PSB-RJ) apresentou projeto de lei que torna crime com pena de até três anos de prisão a divulgação indevida de vídeos e fotos de conteúdo íntimo.