quinta-feira 08 2013

Segundo Leandro Karnal, mais do que apostar na tecnologia, professor precisa conquistar os alunos

O professor foi o palestrante da manhã desta quinta-feira, 25, no Fórum de Educação 


Uma aula tecnológica não é garantia de uma boa absorção de conteúdos por parte do aluno. Antes de apostar em uma aula usando apenas em computadores e equipamentos de última geração é necessário compreender o aluno e conquistá-lo. Essa é uma das questões destacadas pelo professor e doutor da Unicamp na manhã desta quinta-feira, 25 de abril, na palestra "Professor do Século XXI: entre o humano e o profissional" no V Fórum Internacional e IX Fórum Nacional de Educação de Venâncio Aires.
Para Leandro Karnal, mesmo nos dias atuais, ainda é possível ter uma boa aula debaixo de uma árvore. Apesar do adolescente atual ser "multifocal", é dever do professor aprender a disputar a atenção. Por isso, destaca que é importante o professor usar as tecnologias da informaçao e counicação em sala de aula, mas o profissional precisa ficar atento a velhas regras. A mais importante é de que mesmo com as mudanças dos tempos, o professor continua sendo uma exemplo para os mais jovens e que é ele que precisa dirigir a aula e não deixar a tecnologia comandar o ambiente.
Ele chama a atenção para uma das causas que pode explicar a importância que a adolescência passou a ter nos dias atuais. Segundo ele, atualmente, a juventude deixou de ser politizada, mas passou a dominar a técnica e, por conta disso, estamos convivendo com as primeiras gerações que, teoricamente, passaram a ter mais importância que os idosos, por conseguirem acessar rapidamente computadores ou celulares de última geração.
Segundo ele, as crianças e jovens são vistos como intocáveis e esquecem que traumas são importantes para o crescimento pessoal desse novo cidadão. Leandro Karnal destaca que, por tudo isso, a escola passou a ser vista unicamente como um espaço que precisa ser prazeroso e não como um ambiente de ensino e educação.
Professor precisa gerar a indignação no aluno e não transferir essa responsabilidade à tecnologia. Aluno só aprende quando os assuntos  passam a fazer sentido para ele e geram a curiosidade em saber mais sobre o tema tratado em sala de aula.
O V Fórum Internacional e IX Fórum Nacional de Educação de Venâncio Aires continuou à tarde com o doutor Miguel Gonzalez Arroyo, que fará a palestra "Mestre, Qual o Nosso Ofício?". À noite a fonoaudióloga Zulema Angeles Garcia Yañez traz o tema "O Professor Além do Ato da Transmissão". Os conferencistas vêm de São Paulo, Minas Gerais, Porto Alegre e Argentina.
Fonte: Portal RVA
http://www.portalrva.com.br/n/4284/leandro_karnal_fala_sobre_tecnologia_e_educacao.html

Leandro Karnal:O pecado envergonhado a inveja e a tristeza sobre a felic...



Por que gosto de História - Leandro Karnal



8 dicas para afastar o estresse

8 dicas para afastar o estresse

Beber chá, respirar, ouvir música, dormir bem... são atitudes que fazem parte da lista












Se correr o bicho pega e se ficar... Bem, você sabe. Nosso organismo vive o tempo todo domando “feras” no cotidiano. Seja o engarrafamento, o relatório interminável que o chefe insiste em cobrar ou aquela apresentação na pós, cada vez que nos deparamos com uma situação de estresse, o corpo recebe uma enxurrada de substâncias para se proteger. O coração dispara para que o sangue chegue rápido a todos os órgãos, a respiração acelera, o cérebro fica mais alerta. Viver dessa forma é prejuízo na certa, assim como é certo que é impossível passar os dias sem nenhum tipo de estresse, não é mesmo? Mas dá para atenuar as tensões e aqui nós listamos oito truques, confira.
8 dicas para afastar o estresse 
Respire. Pare um pouco e tente prestar atenção na inspiração e na expiração. Além de se tranquilizar por um instante, você manda mais oxigênio para o corpo todo funcionar melhor.


8 dicas para afastar o estresseAlongue-se. Músculos tensos provocam desconforto. Por isso, uma esticadela nos braços, nas mãos e nos dedos é bem-vinda. O alongamento promove alívio e espanta até aquela dorzinha nos ombros e na cabeça.

8 dicas para afastar o estresse
Beba chás. Recorrer a uma xícara da bebida é a receita das avós para acalmar. Se for de melissa, muito melhor. Conhecida popularmente como erva-cidreira, ela é uma rica mistura de flavonoides de comprovada ação sedativa.


8 dicas para afastar o estresseComa oleaginosas. Amêndoas, castanhas, pistaches. Essa turma oferece nutrientes indispensáveis em períodos tensos. Há vitaminas do complexo B que interferem com substâncias do cérebro e trazem bem-estar. Elas também fornecem o magnésio, mineral que dá um basta no nervosismo.

8 dicas para afastar o estresse
Organize-se. Capriche na agenda, planeje as tarefas com antecedência para evitar tropeços. E dê uma bela arrumada na sua mesa de trabalho. Assim você não desvia o foco por causa da bagunça e a mente fica mais arejada.

8 dicas para afastar o estresseMexa-se. A atividade física libera substâncias, como a endorfina, que traz tranquilidade. Sem falar que os exercícios blindam o coração e outros órgãos, que acabam vulneráveis em situações de nervosismo.

8 dicas para afastar o estresse
Ouça música. Não importa se é Mozart, Caetano ou U2, escolha o que agrada. A música invade o cérebro e modifica a atividade das ondas alfa, que estão justamente ligadas à calma. Dessa forma o coração bate num ritmo bem mais sereno.

8 dicas para afastar o estresseDurma direito. Uma boa noite de sono recarrega as baterias e bota o cérebro e o corpo em ordem para os afazeres do dia-a-dia.

http://msn.clickcarreira.com.br/ficarbem/2013/7/29/1363/8-dicas-para-afastar-o-estresse.html

Dilma ouve cobranças de senadores do PT

Brasília

Parlamentares se reuniram com a presidente nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto; eles pediram mais diálogo e presença de Dilma nos estados

Gabriel Castro, de Brasília
Dilma Rousseff, na cerimônia de lançamento dos Planos Setoriais na reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em Brasília
Dilma assumiu diálogo com parlamentares na tentativa de recompor base (Ueslei Marcelino/Reuters)
O foco da resistência ao governo no Congresso está na Câmara dos Deputados, em partidos aliados como o PMDB. Mas, agora que decidiu ouvir diretamente os parlamentares, a presidente Dilma Rousseff descobriu que até os senadores de seu partido, o PT, têm queixas a fazer sobre sua gestão.
Nesta quinta-feira, ela reuniu a bancada petista no Senado, em mais uma etapa do esforço para recompor a força de sua base no Congresso. Dos parlamentares, ela ouviu dois pedidos: mais diálogo antes do envio de propostas de impacto e uma presença maior da presidente e sua equipe em inaugurações de obras pelo país – ao lado dos parlamentares.
"Em muitos lugares, muitas vezes a obra é inaugurada e ninguém diz que é uma obra que tem a participação do governo federal. A presença de representantes do governo e da bancada que lhe dá sustentação no Congresso é importante, inclusive, para isso", disse o líder da bancada petista, Wellington Dias, após o encontro.
Os eventos nos estados têm mais impacto para os políticos locais, que podem exibir a seu eleitorado uma demonstração de prestígio junto ao governo federal e à presidente da República. 
O líder afirmou ainda que a presidente se dispôs a abrir o diálogo com os parlamentares antes de enviar propostas relevantes ao Congresso. "Essa era uma cobrança clara da nossa parte. E ela responde não só assumindo o compromisso como realizando esses encontros. Isso facilita o trabalho tanto do Executivo quanto do Legislativo", disse Wellington Dias.
Segundo o líder petista, a presidente também se demonstrou otimista com o cenário econômico, apesar das incertezas em torno da inflação e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).


Nesta semana, Dilma já havia se encontrado com os líderes de partidos aliados na Câmara e no Senado. Novo encontro com deputados da base está marcado para segunda-feira.

Estado pagará tratamento de manifestante que ficou cega

Rio de Janeiro

Jovem de 26 anos foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
A publicitária Renata da Paz Ataíde foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais do Batalhão de Choque no Centro do Rio
A publicitária Renata da Paz Ataíde foi atingida por estilhaços de bomba lançada por policiais do Batalhão de Choque no Centro do Rio  (Fábio Seixo/ Agência O Globo)
A Justiça do Rio de Janeiro determinou que o estado terá de pagar o tratamento médico da publicitária Renata da Paz Ataíde, de 26 anos, que perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingida por estilhaços de uma bomba lançada pelo Batalhão de Choque durante um protesto do dia 20 de junho. A medida deve ser cumprida em até cinco dias. O governo anunciou que não vai recorrer da decisão.
Renata e um amigo estavam no ato que reuniu mais de 300.000 pessoas em uma caminhada pacífica na Candelária, quando manifestantes e policiais começaram a se enfrentar, transformando a região central da cidade em uma praça de guerra. Os dois tentaram pegar um ônibus para escapar das bombas de gás e das balas de borracha, quando a jovem foi atingida.
Na decisão liminar, a juíza Alessandra Tufvesson Peixoto, da 3ª Vara de Fazenda Pública, afirmou que Renata apresentou documentos médicos “que comprovam a causa da lesão de seu olho que, por tão específica, não poderia ter sido causada que não em uma situação de confronto entre policiais e manifestantes”. A juíza é categórica ao afirmar que há “farta prova do dano causado à autora”.
Após ser atingida, Renata foi levada com o rosto ensanguentado para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, onde passou por duas cirurgias – uma de reparação no rosto, e outra no olho. A publicitária foi examinada por diversos médicos e vai precisar de uma prótese do globo ocular.
Morte - A mesma manifestação que deixou Renata ferida pode ter resultado também em uma morte. O ator Fernando da Silva Cândido, que sofria de nanismo, participou do ato protestando pelos direitos dos anões e foi internado cinco dias depois, com graves problemas respiratórios. Ele morreu no último dia 31 de julho e o MP investiga se há relação com uma grande quantidade de gás lacrimogêneo que ele teria inalado durante o protesto.

Brasil não está preparado para negro na presidência, diz Barbosa

Em:28 de julho 2013

Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, negou que seja candidato para a presidência em 2014 e afirmou que o País ainda não está preparado para um presidente negro. Segundo ele, ainda há "bolsões de intolerância" que, "no momento em que um candidato negro se apresente, se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato". 
Barbosa afirmou que nunca pensou em se envolver com política e que não tem laços com qualquer partido. Ele atribuiu a manifestalçoes espontãneas da população o fato de seu nome ter aparecido em pesquisas eleitorais recentes. Apesar de negar a candidatura, ele diz que já há campanhas na mídia contra sua pessoa e tentou esclarecer duas polêmicas recentes em que seu nome esteve envolvido. 
Barbosa negou que não teria cumprimentado a presidente Dilma Rousseff durante evento com o Papa no Rio de Janeiro, afirmando que conversou longamente com a mandatária naquela ocasião. Ele também questionou a divulgação da compra de um imóvel em Miami, dizendo se tratar de um apartamento modesto comprado com o seu dinheiro, sem qualquer irregularidade. 
De acordo com a Folhapress, Barbosa foi submetido a um procedimento de rotina em um hospital de Brasília, na manhã de sábado, para tratamento de dores nas costas.

'Quem não deve, não teme', diz Joaquim Barbosa sobre apartamento em Miami

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse nesta terça-feira não temer as acusações de que cometeu irregularidades ao comprar um apartamento em Miami Foto: AFP
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse nesta terça-feira não temer as acusações de que cometeu irregularidades ao comprar um apartamento em Miami
Foto: AFP
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, disse nesta terça-feira não temer as acusações de que cometeu irregularidades ao comprar um apartamento em Miami. O ministro adquiriu o imóvel de cerca de R$ 1 milhão na cidade americana por intermédio de uma empresa aberta com esse propósito, fornecendo o endereço de seu apartamento funcional em Brasília como referência.
"A única coisa que posso dizer a você é o seguinte: eu comprei com o meu dinheiro, tirei da minha conta bancária, enviei pelos meios legais. Não tenho contas a prestar a estas politiqueiras", disse o ministro, ao deixar sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Quanto a essas pessoas que vivem a me atacar, eu digo isso: 'quem não deve, não teme'", completou.
Associações de juízes estão questionando o formato adotado pelo ministro para realizar a compra. Eles apontam que a abertura de empresa e fornecimento do endereço funcional contraria a legislação em vigor, e estudam apresentar uma consulta ao CNJ para saber se um juiz de primeiro grau poderia fazer o mesmo.
Barbosa não pode ser interpelado perante o CNJ porque o conselho não tem alcance sobre o Supremo, mas a consulta serviria de parâmetro. "Isso é politicagem. O CNJ não cuida dessas matérias", ponderou o ministro.
O presidente do Supremo criticou a insistência no assunto e disse que as pessoas não deveriam focar suas preocupações em um cidadão correto. "Aqueles que estão preocupados com as minhas opções de investimento feitas com os meus vencimentos, com os meus ganhos legais e regulares, deveriam estar preocupados com questões muito mais graves que ocorrem no País, especialmente com os assaltos ao patrimônio público que ocorrem com muita frequência".
Agência Brasil

'Furto foi falha moral, não doença'

Por Laura Greenhalgh, estadao.com.br
Rabino se desfaz da versão criada para o caso das gravatas, pede perdão e se despede do País




Henry Sobel deixará o Brasil - circulou dias atrás. Diante da informação ainda restrita, o Estado procurou o rabino afastado da Congregação Israelita Paulista (CIP) em 2007, ao protagonizar um controvertido furto de gravatas numa loja de Palm Beach, nos Estados Unidos. Desde então Sobel deixou de ser a autoridade religiosa máxima da entidade, pediu aposentadoria no que foi atendido e levou o título de "rabino emérito" contornando uma crise que lhe trouxe profunda mágoa.
Por seis anos manteve a justificativa de que o furto fora motivado por desordem psicológica, depressão e efeito de remédios. Até no livro autobiográfico, Um Homem, um Rabino (Ediouro, 2008), com prefácio de Fernando Henrique Cardoso, sustentou a versão: "Para concluir minha recuperação, tenho que reconhecer a existência de um problema de saúde, que se manifestou em momentos de grave tensão". Nesta entrevista exclusiva, Sobel se desmente. Pela primeira vez assume que o furto tem a ver com "uma falha moral minha".
A revelação foi feita dias atrás, de modo manso porém surpreendente, ao longo de uma entrevista de duas horas e meia no apartamento do próprio rabino, no bairro de Higienópolis, em São Paulo. Antes do gravador ser acionado, Sobel avisou que iria falar de algo pela primeira vez. Algo muito difícil. Havia escrito um longo texto, que consultou em diferentes momentos. E, recorrendo sempre aos fundamentos éticos do judaísmo, admitiu que furtou por fraqueza de caráter, não por debilidade física. "Desde jovem, fui um intolerante comigo. E o autojulgamento sempre foi severo demais. Mas o rabino é humano, portanto, falível."
Conta que amigos próximos ajudaram a montar a versão do desequilíbrio para protegê-lo. Que outros amigos silenciaram. E que uma oposição não o poupou das críticas. Agradece o acolhimento dos brasileiros, que chama de grande público não judeu. "Estranharam o fato. Mas não me julgaram."
Quase aos 70 anos, casado com Amanda e pai de Alisha, filha única, prepara-se para viver em Miami. Iniciará um longo período sabático só interrompido para voltar ao Brasil na época da Copa. "Sou apaixonado por futebol. Meu time, o São Paulo, anda em baixa, mas vibro, vibro... e vibro", revela com o dote de bom pregador, em que a repetição de palavras é recurso infalível e o sotaque americano, marca registrada. Fala da tristeza por não ter sido convidado a se encontrar com o papa Francisco (justo Sobel, que esteve com João Paulo II e Bento XVI, entre tantos líderes religiosos) e acha que sua representatividade vem sendo machucada. Por fim, ao rever sua corajosa atuação pública na morte de Vladimir Herzog, diz sentir o conforto do dever cumprido.
Por que está deixando o Brasil?
Deixe-me dizer que esta deverá ser uma entrevista difícil, com perguntas delicadas que pretendo responder. Fiz anotações que vou consultar, se me permitir. São 43 anos no Brasil. Minha história pessoal e a vida profissional estão muito interligadas. E ligadas ao Brasil. Mas resolvi deixar o País para diminuir o ritmo e preparar a aposentadoria. Passarei um período sabático em Miami. Lá vou me dedicar à leitura, escrever e refletir muito.
E por que Miami?
Primeiro, porque temos um apartamento lá. Segundo, porque a comunidade judaica daquela região é relativamente bem organizada. Em inglês se diz que Miami é gateway, ponto de partida para o mundo - Oriente Médio, Europa, América Latina... bom lugar para estar. Tentei ir para Washington, não consegui viabilizar o projeto. Então, é Miami. Mas voltarei ao Brasil no meio do ano que vem, para ver a Copa do Mundo daqui. Falando sério, vibro com futebol.
O senhor já não está aposentado?
Estou. Comuniquei meu pedido à CIP anos atrás, que foi aceito. Continuei por aqui porque tenho paixão pelo Brasil. Agradeço o País que me proporcionou trabalhar com a comunidade judaica e ter mantido contato com líderes religiosos de outros credos.
Como seria comparar o rabino Sobel dos anos 70, que chegou aqui jovem, num período difícil, e o rabino Sobel hoje, aposentado e querendo refletir?
Hoje sou um rabino machucado. Por motivos políticos. Vou dar um exemplo: minha congregação não me convocou para encontrar o papa Francisco na visita dele ao Brasil. Isso me magoou, afinal de contas, ele é um homem maravilhoso, líder de mais de 1 bilhão de seres humanos. No fundo, a minha representatividade tem sido machucada, algo que construí em 43 anos. Outro rabino foi escolhido para o encontro e eu me curvei perante o destino. Respondi à sua pergunta?
Sim, o senhor diz que hoje a sua representatividade não conta no Brasil.
O rabino argentino Skorka, amigo de Francisco, esteve por aqui, mas não o conheci. Ele mandou o livro que fez com o papa. Li e achei excelente. Alto nível de ambos os lados. Sei que é cedo para falar, mas a modéstia deste papa tem sido tocante. Gosto dos bons olhos dele, das improvisações... No entanto, a congregação achou melhor destacar para o encontro o rabino Michel Schlesinger, que me sucedeu na CIP. Gosto do Michel, pude ajudá-lo a fazer os estudos rabínicos em Israel e sei que tem grande futuro. Mas tenho meu ego para cuidar (risos)... Voltando ao ponto, pode escrever que não estou fugindo do Brasil.
E alguém diria isso?
Não sei, talvez. Aos 70 anos, não tenho motivos para fugir. Falo assim porque houve aquele incidente lastimável das gravatas, em consequência do qual saí da CIP.
Tem sido vítima de alguma forma de perseguição?
Não, isso não. Minha popularidade está intacta e o contato com o meu povão, idem. A criatividade é a mesma. O trabalho na comunidade é o mesmo. Os casamentos, as cerimônias de bar e bat mitzvah, os enterros infelizmente, tudo continua. Até a procura de dinheiro continua, porque aprendi a angariar recursos para a congregação junto a segmentos da economia. Tudo se mantém. O que não se mantém é a representatividade institucional. Isso me negam. Também sei que sou um privilegiado por ter trabalhado tanto tempo na mesma posição, o que é raro nas congregações.
Mas o senhor também deu uma dimensão particular a essa posição.
Acho que sim. Numa época difícil para o Brasil. Hoje a comunidade judaica se posiciona de maneira neutra perante os acontecimentos. Não existe uma definição própria, um rumo no que tange à sua posição perante fatores sociais e o caos da corrupção.
O esvaziamento de representatividade tem a ver com o caso das gravatas?
Por favor, coloque no papel o que trago no meu coração, porque vou falar de algo pela primeira vez. Antes não havia tido coragem nem vontade. Aquele foi um episódio desgastante, cheguei a pedir desculpas diante de câmeras das principais emissoras de TV do Brasil. Também tratei do assunto em livro autobiográfico. Falei em problema de saúde e no uso de um medicamento para dormir, o Rohypnol. O remédio teria me levado a cometer atos impensados. Ontem à noite, às vésperas desta entrevista e com o distanciamento que o tempo proporciona, decidi que não posso mais atribuir o que houve a fatores externos. Para ser e me sentir honesto, admito que cometi um erro.
Está dizendo que o furto não pode ser atribuído ao efeito de remédios, mas a uma falha sua?
Uma falha moral minha. E peço perdão. Veja o que escrevi ontem à noite: "É bom ser perdoado. Quando eu era menino, sempre que cometia um erro, podia contar com a compreensão, a ternura e o perdão dos meus pais. Lembro da sensação de ter um peso tirado do coração, uma gostosa certeza de ser aceito. (...) Quando cresci, foi a minha vez de conceder perdão aos meus pais pelos seus erros e fraquezas, fossem reais ou fruto da minha imaginação. Compreender nossos pais, e perdoá-los por serem menos perfeitos do que gostaríamos, é natural no processo de amadurecimento. Lembro das críticas se abrandando, os ressentimentos se dissolvendo, a consciência do afeto libertando a alma. É bom perdoar". E é muito bom perdoar a si próprio.
Como conseguiu chegar a essa aceitação dos fatos?
Eu era muito intolerante comigo quando me tornei rabino. O autojulgamento sempre foi severo e o sentimento de culpa, duradouro. Finalmente consegui me conscientizar de que o rabino é humano, portanto, falível. O incidente das gravatas é do conhecimento público, não preciso entrar em detalhes aqui... Tento me perdoar, o que não é fácil, porque perdoar não é esquecer. Se fosse, não haveria mérito no perdão.
O senhor passou seis anos nesse sofrimento, endossando uma versão? Afinal, como surgiu a história do remédio?
A palavra "surpresa" aplica-se à pergunta. De início houve a surpresa. Depois uma falta de crença na realidade, de que aquilo pudesse ter acontecido. Amigos procuraram afirmar que houve doença, queriam me proteger. Outros nem tanto. Quero ler mais um trecho sobre o perdão: "É impossível sobreviver se as raças não se perdoarem depois de tanta intolerância e preconceito. É impossível sobreviver se as religiões não perdoarem depois de tanto ódio e perseguições. É impossível sobreviver se as nações não perdoarem depois de tantas guerras e derramamento de sangue. Em todos os momentos e em todas as situações, as pessoas precisam ser capazes de dizer 'volte, eu te perdoo'. Dizer 'eu te amo, vamos tentar novamente'. Porque nunca é tarde demais". Perdoe o meu desabafo, mas há seis anos, todos os dias, lido com essa questão. Acho que posso amadurecer. E não deixar acontecer de novo.
Já acontecera antes na sua vida?
Não.
Foi um ato isolado?
Foi um momento que não sei explicar. A não ser como falha humana.
O senhor fala de um episódio anterior no livro, em que teria sido advertido numa loja, conseguindo pagar a mercadoria. Era parte da versão também?
Era parte da versão.
Nesses anos, teve ajuda psicanalítica?
Procurei um profissional, muito comunicativo e inteligente. Ele me ajudou a escrever o livro. Mas só agora posso assumir o que aconteceu.
Amigos ajudaram, outros, nem tanto. Sentiu-se abandonado?
A maioria das pessoas da comunidade não se manifestou. Hoje acho que muito daquele silêncio acabou sendo uma demonstração de apoio. E houve a oposição que não poupou esforços ao criticar. Já o grande público não judaico foi acolhedor. Achou estranho, mas evitou julgar.
Seu envolvimento com direitos humanos era um foco de tensão com a CIP? O senhor se expunha muito?
Deixe-me dizer que a experiência brasileira tem sido singular para o judeu. A hospitalidade encontrada aqui se converteu na liberdade que ele tanto buscava. Portanto, me parece perfeitamente compreensível que judeus se identifiquem com a luta dos direitos humanos e da justiça social neste País. Mas, respondendo à pergunta, não era fácil distinguir entre as críticas ideológicas e as críticas políticas a mim. Como qualquer líder público, alimentei adversários que procuravam motivo para a sua crítica. O caso das gravatas serviu para isso. Não digo que eu era o rabino mais popular, mas era certamente o mais ativo.
Anos atrás, o senhor dividiu a cena pública com líderes religiosos de peso, que o endossavam, como dom Paulo Evaristo Arns, dom Helder Câmara, o reverendo Jaime Wright...
....e agora dom Claudio Hummes. Tenho dom Claudio! Acho que posso contar esta passagem: sentindo a minha frustração de não poder ir ao papa, ele tentou, através do Vaticano, corrigir um problema político criado aqui. Não havia mais tempo, mas ele tentou. Sou grato a ele.
Dom Claudio ocupou o lugar de dom Paulo na sua vida?
Dom Paulo está afastado. Temos contatos esporádicos, especialmente quando ligo para ele. Mas dom Paulo não quer mais se inserir no dia a dia do Brasil. Meu interlocutor na Igreja Católica tem sido dom Claudio. É um homem íntegro, sensível, cauteloso em tudo o que faz. E seu conselho é confiável.
Este ano a família Herzog recebeu o atestado de óbito correto do Vlado - morto sob tortura e não por suicídio. Como recebeu a notícia?
Com muita alegria, porque Vlado merecia esse reconhecimento. E falta buscar outros Vlados cujos direitos foram violados, Vlados humilhados em vida e depois da vida. O trabalho pelos direitos humanos está apenas começando no Brasil. Temos um longo caminho a percorrer. E, enquanto for rabino, algo que pretendo ser até o fim da minha vida, assumo o compromisso de lutar por isso. A morte de Vladimir Herzog não terá sido em vão.
Quem o levou a decidir que Vlado fosse enterrado na área central do cemitério israelita, e não na área reservada aos suicidas, o que corroboraria a farsa da ditadura?
Dom Paulo. E foi dele que recebi o sábio conselho de organizar o culto na catedral. Quanto ao meu gesto: num conflito de forças opostas, é preciso avaliar bem o certo e o errado. Decidi apoiar os jornalistas, liderados por Audálio Dantas, seguir o conselho de dom Paulo e me manter ao lado da família Herzog. Porque eles falavam a verdade.
A que forças o senhor se refere?
De um lado, tinha a Chevra Kadisha, comitê de voluntários da comunidade encarregado de organizar o funeral conforme o rito judaico. De outro, tinha a família do Vlado, os jornalistas, dom Paulo. Vi que a Chevra Kadisha não estava representando a verdade naquele momento. Que tentou minimizar o ocorrido por cautela, medo ou falta de alternativa. Então não decidi entre duas verdades, porque isso não existe. O que existe é uma verdade acima de outra. Procurei o que era certo e Deus resolveria o resto. Isso significa ser judeu consciente. Assumir, agir, lutar se necessário. E confiar. Confiar.
Qual é o balanço que o senhor faz desse capítulo na sua vida?
Tenho vivido bem com a minha consciência. E passei a agir não só pelo Vlado, mas por outros torturados. A causa transcendeu. Naquele momento ganhei adversários, sim, e uma recompensa: a dos jovens judeus que me acompanharam ao culto. Eles andavam comigo na catedral. Éramos um time, jogando juntos. Hoje os jovens não estão tão comprometidos. Enfim, esses 43 anos foram de aprendizagem. Acertei e errei muito. Agora vou dedicar tempo a mim. O perdão vai ocupar boa parte dos meus dias.

A Operação Castelo de Areia pode voltar a assombrar os políticos


O Ministério Público de São Paulo recorreu ao STF, pedindo que a Operação Castelo de Areia seja reaberta. O relator da apelação é o mais novo ministro da Corte, Luís Roberto Barroso.
A Castelo de Areia é a investigação que apurava superfaturamento de contratos, fraudes em concorrências, pagamento de propinas. Uma montanha de 200 políticos de todos os partidos pode ter recebido o dinheiro proveniente da bandalheira.
Em 2010, o então presidente do STJ, Cesar Asfor Rocha, suspendeu a Castelo de Areia sob a justificativa de que o Ministério Público partiu de uma denúncia anônima para instalar os grampos para as escutas telefônicas – uma decisão inédita na história do STJ, aliás.
Quem conseguiu o travamento do inquérito foi Marcio Thomaz Bastos, advogado da Camargo Corrêa, uma das empreiteiras que aparecem nas escutas.
A Castelo de Areia, que tanto pânico causa em governantes de várias latitudes e empreiteiras, pode, portanto, voltar a assombrá-los.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/judiciario/a-operacao-castelo-de-areia-pode-voltar-a-assombrar-os-politicos/

Protesto provoca atrasos e cancelamentos em Congonhas

São Paulo

Companhias aéreas preferem atrasar voos com destino ao aeroporto para evitar mudanças no local de pouso. Ato é protesto contra demissões anunciadas no fim de julho pela TAM

Aeroportuarios e aeroviarios juntamente com entidades sindicais realizam ato no aeroporto de Congonhas em protesto contra demissoes de funcionarios da TAM
Aeroportuarios e aeroviarios juntamente com entidades sindicais realizam ato no aeroporto de Congonhas em protesto contra demissoes de funcionarios da TAM - Nelson Antoine / Fotoarena

Um grupo de cerca de 70 pessoas ligado ao Sindicato dos Aeronautas e dos Aeroviários de São Paulo bloqueou por volta das 4h30 desta quinta-feira a principal via de acesso ao Aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Cerca de uma hora e meia depois, o acesso foi liberado após intervenção da Polícia Militar. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), veículos foram usados para fechar a Avenida Washington Luis, perto do túnel que dá acesso ao aeroporto, interditando o tráfego nos dois sentidos.
O protesto, que provocou congestionamento na região, faz parte das ações do sindicato contra a demissão de 811 funcionários da TAM, anunciada pela companhia no final de julho. A Polícia Militar informou que tenta negociar a liberação total da via. Apesar dos transtornos, não há registro de confronto. Em decorrência do protesto, as companhias aéreas estão atrasando alguns voos que teriam como destino Congonhas, para que não tenham de ser desviados para pouso em outros aeroportos. Até as 9 horas desta quinta-feira, dezoito dos cinquenta voos programados em Congonhas estavam atrasados e cinco, cancelados.
Por volta das 6h40, a pista no sentido Santana da Wasington Luis havia sido liberada. O bloqueio permanecia no sentido Interlagos, que também ficou livre pouco depois. O estacionamento do aeroporto também chegou a ser interditado. Pedestres, no entanto, não foram impedidos de chegar ao terminal – era possível, por exemplo, ir de táxi, descer na avenida e seguir a pé.   
O sindicato dos aeronautas e aeroviários planejou para esta quinta-feira interromper as atividades em Congonhas. Os dirigentes sindicais entendem que a TAM pode cortar ainda mais funcionários por meio do Programa de Licença Não-Remunerada (LNR) e do Programa de Demissão Voluntária (PDV) apresentados. O objetivo dos trabalhadores é suspender o processo e os cortes.
(Atualizado às 8h55)

Colégio e cursinho ao mesmo tempo pode não dar certo; confira

Misturar as tarefasdo colégio com um cursinho pré-vestibular pode ser demais até para os melhores alunos Foto: Getty Images
Misturar as tarefasdo colégio com um cursinho pré-vestibular pode ser demais até para os melhores alunos
Foto: Getty Images


Cartola - Agência de Conteúdo
Especial para o Terra
Deixar a escola, os colegas, e organizar a formatura faz parte da rotina de quem está terminando o último ano do Ensino Médio - junto com os trabalhos e provas, é claro. Misturar todas estas tarefas com um cursinho pré-vestibular pode ser demais até para os melhores alunos, acredita Maristela Souza, supervisora pedagógica do Ensino Médio do colégio Champagnat, em Porto Alegre. Por ser o encerramento da vida na escola, acontece uma série de tensões para o aluno e para a família.
Heinz Boesing Neto, 17 anos, que o diga. O estudante terminou o Ensino Médio em 2010 e viu os colegas passarem um sufoco tentando conciliar os dois turnos. "Especialmente quem faz extensivo, depois de um ou dois meses, começa a falar que não aguenta mais. É muita matéria, então se inicia uma cobrança própria e o estresse", recorda. Por isso, o estudante se inscreveu no pré-vestibular apenas em agosto. Mesmo assim, a tática não deu certo. O jovem acabou não vendo o nome no listão dos aprovados para Administração de Empresas na Ufrgs.
"Ele não quer repetir a série e é também o ano que, em princípio, antecede a entrada na faculdade. É a etapa finalizadora do que vem sendo trabalhado na trajetória do aluno," completa Maristela. Além disso, o pré-vestibular tem um foco bastante objetivo, que é tratar especificamente dos assuntos que podem aparecer nos provões, além de dicas e macetes. Já ao colégio cabe ensinar também princípios, trabalhar valores, o que nem sempre é atraente aos olhos do aluno. Por isso, corre-se também o risco de que o estudante se interesse mais pelo cursinho e deixe de lado as tarefas escolares.
"O cursinho tem um componente social", destaca Maristela. "Lá, se encontra os amigos, se faz novas amizades, tem festas próprias organizadas pela instituição, além de ser novidade na rotina, o que por si só já se torna atraente. Então há um deslumbramento que desvia a atenção", acredita a especialista.
Claro que cada caso é um caso. "Há alunos que tem uma agilidade maior que os outros", lembra a educadora. Boesing Neto, por exemplo, diz que nunca esqueceu que a prioridade era a escola, mesmo fazendo pré-vestibular de tarde. "Imagina se focar só no cursinho e no final do ano rodar? É possível separar as coisas e ainda usar o cursinho como auxílio para o colégio."
Maristela lembra ainda que o cursinho não aprova aluno e, sim, o próprio aluno é que é responsável por seu resultado. "Faça a sua formação dentro da melhor qualificação possível e depois faça o vestibular. Se não der, faça cursinho no ano seguinte", aconselha.

Caso Alstom: PF vê pagamentos a partido e governo de SP e indicia 10

Por Bruno Ribeiro e Marcelo Godoy, estadao.com.br
Autoridades suíças sequestraram 7,5 milhões - dinheiro que seria de subornos - de uma conta conjunta no Banco Safdié em nome de servidores; caso teria os mesmos ingredientes do que envolve o cartel metroferroviário denunciado pela Siemens



Documentos da Polícia Federal obtidos pelo Estado mostram como funcionou o suposto esquema de pagamento de propina a integrantes do governo do Estado de São Paulo e ao PSDB pelo grupo francês Alstom. Dois ex-secretários, dois diretores da estatal de energia EPTE (ex-Eletropaulo), consultores e executivos da Alstom - dez pessoas no total - foram indiciados no inquérito da PF.
Autoridades suíças sequestraram 7,5 milhões - dinheiro que seria de subornos - de uma conta conjunta no Banco Safdié em nome de Jorge Fagali Neto e de José Geraldo Villas Boas. Fagali é ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Villas Boas é dono de uma das offshores acusadas de lavar dinheiro do esquema.
Apesar de estar fora da administração paulista na época do pagamento de propina (1998), Fagali manteria, segundo a PF, influência e contatos no governo paulista. O caso envolvendo a Alstom teria os mesmos ingredientes do que envolve o cartel metroferroviário denunciado pela Siemens, do qual a Alstom também faria parte.
Fagali foi indiciado sob as acusações de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão. Outros três agentes públicos foram acusados de corrupção passiva. São eles: o ex-secretário de Energia e vereador Andrea Matarazzo (PSDB), o ex-presidente da EPTE Eduardo José Bernini e o ex-diretor financeiro da empresa Henrique Fingermann. Consultores e diretores da Alstom foram indiciados sob as acusações de formação de quadrilha, corrupção ativa, evasão e lavagem de dinheiro.
O Estado procurou os acusados. A Alstom disse que não ia se manifestar. Matarazzo afirmou que não há nada que comprove a acusação. Outros ocupantes de cargos públicos se disseram inocentes ao depor. O inquérito foi relatado pela PF. A Procuradoria da República não ofereceu denúncia e vê a necessidade de informações completares em relação a Matarazzo.
Domínio. A PF usa a teoria do domínio do fato contra o vereador. Ao justificar o indiciamento, o delegado Milton Fornazari Junior escreveu: "Matarazzo era secretário de Energia e pertencia ao partido político que governava São Paulo à época, motivo pelo qual se conclui pela existência de um conjunto robusto de indícios de que ele tenha se beneficiado, juntamente com o partido político, das vantagens indevidas então arquitetadas pelo grupo Alstom".
Segundo a PF, os beneficiários finais da corrupção eram "servidores públicos do governo no primeiro semestre de 1998", na gestão de Mário Covas (PSDB). A investigação começou após a apreensão na Suíça de documentos com diretores da Alstom sobre subornos.
No caso da EPTE, o esquema teria atuado na contratação, sem licitação, de um crédito de R$ 72,7 milhões no banco Société Générale, subscrita por Fingermann, seu diretor financeiro. De acordo com a PF, o dinheiro só foi liberado "porque o grupo Alstom (...) idealizou um esquema de pagamento de vantagens indevidas para funcionários públicos paulistas (...) pela aprovação da celebração do contrato de crédito com declaração de inexigibilidade de licitação".
O dinheiro serviria para a compra de equipamentos para uma subestação de energia. Mas, quando foram entregues, o governo não havia nem licitado o prédio para abrigá-los.
O dinheiro das propinas teria sido pago por meio de offshore no Uruguai. A PF destacou quatro: a MCA Uruguay, de Romeu Pinto Junior; a Taldos Ltd, de Villas Boas; a Splendore Y Associados Desenvolvimento Econômico, de Jean Marie Lannelongue, e a Andros Management Ltd, de Jean Pierre Courtadon. Para justificar a saída do dinheiro, o esquema contrataria empresas de consultoria no Brasil. Entre elas, estariam a Cegelec Engenharia e a Acqua Lux Engenharia e Empreendimentos - esta última de um empresário ligado ao ex-secretário de Governo de Covas e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Robson Marinho.
Dono da MCA, Romeu Pinto Junior confessou à PF ter "servido de intermediário do pagamento de propinas a funcionários públicos paulistas a mando da Alstom e por meio da MCA". A MCA usaria três contas bancárias no UBP Zurich, uma no Bank Audi em Luxemburgo e outra no Bank Audi em Nova York. O consultor teria recebido da Alstom R$ 40,1 milhões em 2000 e 2001 e de 2005 a 2007. Villas Boas teria recebido R$ 2,65 milhões da Alstom em 2000 e 2002 "sem justificativa plausível" e teria feito saques em espécie do dinheiro depositado. Parte foi enviada à Sanmoca Foundation, em Liechtenstein, e apareceu na conta bancária 230-566047, no Banco UBS, na Suíça. Ele alega inocência.

Senado adia votação da 'PEC dos mensaleiros'

Congresso

Proposta determina a perda automática dos mandatos de parlamentares condenados por improbidade ou crime contra a administração pública

Laryssa Borges, de Brasília
Montagem dos deputados João Paulo Cunha, José Genoino, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry
QUARTETO MENSALEIRO - Os deputados João Paulo Cunha, José Genoino, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry: condenados pela Justiça com mandatos na Câmara (Dida Sampaio/Dorivan Marinho/Vagner Campos/Lindomar Cruz )
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou para a próxima semana a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que determina a perda automática dos mandatos de parlamentares condenados, em sentença definitiva, por improbidade administrativa ou crime contra a administração pública.
A proposta é conhecida no Congresso como "PEC dos mensaleiros" já que a discussão sobre a perda automática de mandatos de parlamentares condenados permeou todo o julgamento do mensalão no ano passado. No entanto, apesar de ter sido "inspirada" no caso do mensalão, mesmo se a emenda fosse aprovada agora ela não valeria para os deputados condenados no ano passado.
Em dezembro, por 5 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que os deputados federais condenados no mensalão não poderão exercer seus mandatos na Câmara quando a sentença se tornar definitiva - ou seja, quando se esgotarem os recursos. 
Quatro deputados condenados no mensalão detêm mandatos atualmente: João Paulo Cunha (PT-SP), José Genoino (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Outro caso é o do deputado Natan Donadon (RO), preso desde junho por desvios na Assembleia Legislativa de Rondônia, cuja perda do mandato ainda não foi analisada pelo plenário da Câmara.
Pelo texto da proposta na CCJ, no caso das condenações com trânsito em julgado, caberá às Mesas Diretoras da Câmara ou do Senado apenas declarar extinto o mandato do parlamentar penalizado, não sendo possível, portanto, garantir a permanência do congressista com direitos políticos suspensos.

“A perda do mandato é uma consequência direta e imediata da suspensão dos direitos políticos causada pela condenação criminal transitada em julgado. Nesse caso, a Casa procederá meramente declarando esse fato extintivo já reconhecido”, defendeu o ministro Celso de Mello, do STF, durante o julgamento. Os ministros Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello também têm entendimento semelhante.
Entre os que defendem que a perda dos mandatos não ocorre de forma automática, o argumento é que o parágrafo 2º do artigo 55 da Constituição Federal estabelece a perda do mandato “por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa”. Por essa interpretação, antes da cassação do mandato, deveria ocorrer uma votação secreta para definir se o parlamentar deve ou não perder o cargo.


Quando a PEC foi debatida na CCJ, o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) pediu vista e adiou a votação. O parlamentar é um dos principais aliados do deputado Valdemar Costa Neto, condenado a sete anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na sessão plenária desta quarta, Rodrigues negou que o adiamento da votação tivesse relação com os condenados no mensalão.

“Sempre fui favorável à PEC. Fui mal interpretado no dia que pedi vista”, argumentou o senador. Para ele, a perda automática dos mandatos de condenados poderia ocorrer não só em crimes contra a administração pública ou atos de improbidade, mas também em crimes hediondos.

Saúde pública

Atualmente, Exército, Marinha e Aeronáutica contam com 3.800 médicos, sendo 2.600 de carreira e outros 1.200 temporários

Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
O ministro da saúde, Alexandre Padilha, conversa no Senado
O ministro da saúde, Alexandre Padilha, conversa no Senado nesta quarta-feira (07/08), data em que foi aprovada emenda constitucional que permite a médicos militares atuarem no SUS (Agência Senado)
O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade e em dois turnos, emenda constitucional que permite que médicos militares possam acumular funções na iniciativa privada e em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), desde que haja a compatibilidade de horários. Atualmente a legislação não permite que militares trabalhem em serviços públicos de saúde ou em entidades civis particulares.

Apesar de ter sido apresentada em 2011 pelo então senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), a proposta teve a votação acelerada após detectado o fracasso do programa Mais Médicos. Balanço do Ministério da Saúde aponta que apenas 6% das vagas oferecidas no programa Mais Médicos foram preenchidas por brasileiros. Entre os candidatos estrangeiros houve apenas 1.900 inscrições. A ideia do governo é que médicos do Exército, Marinha e Aeronáutica possam reforçar o atendimento na rede pública de saúde, diminuindo a carência de atendimento.

Impacto superestimado — Os impactos da medida aprovada no plenário do Senado são controversos. Apesar de o relator, senador Eduardo Lopes (PRB-RJ), ter projetado que a autorização para a dupla função de médicos das Forças Armadas permitirá que os profissionais atuem em áreas carentes ou de fronteira, de acordo com o Ministério da Defesa a maior parte dos médicos está concentrada nas capitais, onde ficam instalados os grandes hospitais militares. Uma parcela menor está em pelotões de fronteira e em pequenas cidades com organizações militares.

Atualmente, Exército, Marinha e Aeronáutica contam com 3.800 médicos, sendo 2.600 de carreira e outros 1.200 temporários, que podem atuar por até oito anos mesmo sem vínculo militar.
"Essa é mais uma estratégia para levar mais médicos para as cidades nas quais não temos profissionais e também às cidades que têm médicos militares. Eles podem atender a população nos fins de semana e em horários de plantão", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Para ele, como em algumas situações a carga do médico militar chega a 20 horas semanais, ele poderia mesmo durante a semana atender em um posto de saúde ou em Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
"Essa é uma medida muito importante para as regiões de fronteira, na Amazônia, no interior, nas áreas que temos batalhões das três Forças Armadas", afirmou o ministro.
Em plenário, o relator da proposta de emenda constitucional, Eduardo Lopes, disse que o contingente de médicos militares pode ser ainda maior: 3.500 médicos de carreira e outros 3.000 temporários. "É uma mão-de-obra que está aí sem poder ser utilizada", afirmou.