domingo 28 2013

Caiu o apoio à Dilma Rousseff na Câmara no primeiro semestre quando comparado ao mesmo período de 2011 e 2012.

Uma base gasosa

Votação na Câmara: a chance de derrota não para de crescer
Caiu o apoio à Dilma Rousseff na Câmara no primeiro semestre quando comparado ao mesmo período de 2011 e 2012.
De acordo com um levantamento inédito da Arko Advice, em 2011, com 39 votações analisadas, o apoio aos projetos de interesse do governo foi 54%. O índice caiu para 50% em 2012 (31 votações) e, agora, atingiu seu patamar mais baixo: 44%, em 53 votações.
O movimento coincide com o comportamento da bancada do PMDB no período: 64%, 55% e 44% de “sim” aos projetos de interesse de Dilma. Ou seja, de 2011 para 2013, o apoio do principal partido da aliança caiu quase vinte pontos percentuais.
Nos primeiros seis meses de 2011, Dilma sofreu apenas uma derrota na Câmara. No primeiro semestre de 2012, duas. Neste ano, já com a bancada sob a liderança de Eduardo Cunha, são oito.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/congresso/base-do-governo-na-camara-apoia-dilma-menos-revela-pesquisa/

Promessa de abrir milhares de vagas de medicina em faculdades federais esbarra em obstáculos conhecidos

Educação Superior

Em onze anos, governo abriu menos de 1.391 vagas; em cinco, promete criar 3.615 pelo Mais Médicos. Falta de professores e de estrutura são empecilhos

Raquel Carneiro
Médico
Médico (Wendy Hope/Getty Images/Thinkstock)
Ampliar a assistência médica pelo interior do Brasil, onde ela é escassa, é uma necessidade antiga. Na metade do terceiro ano do governo Dilma Rousseff, virou prioridade de estado. Entre as promessas para combater o problema contidas no controverso programa Mais Médicos, lançado logo após a onda de protestos de junho, está a criação até 2017 de 11.447 vagas de graduação em medicina distribuídas por 117 municípios, especialmente no Norte e Nordeste ("o objetivo é desconcentrar a oferta de cursos", diz o Ministério da Educação). Das 11.447 novas cadeiras universitárias, 3.615 deverão nascer dentro de instituições federais de ensino. É uma promessa e tanto. Ou "utopia", na visão do dirigente de uma das próprias federais. "É proposta de quem não sabe nada de medicina", diz Antônio Carlos Lopes, diretor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das referências no ensino no país.
Os números apoiam a descrença do diretor da Unifesp. Segundo dados do Censo da Educação Superior, entre 2000 e 2011, foram abertas apenas 1.391 vagas de medicina em todas as faculdades públicas do país — a cifra inclui unidades municipais, estaduais e federais (não há dados individualizados disponíveis). Ou seja, em onze anos, a União certamente abriu menos de 1.391 vagas; agora, em cinco, promete criar 3.615. É fazer mais do que o dobro na metade do tempo.
A dificuldade em expandir aceleradamente o número de vagas longe dos grandes centros pode ser resumida a dois obstáculos: escassez de professores e problemas de infraestrutura para o treinamento dos futuros médicos. Exemplos disso podem ser colhidos entre cursos relativamente jovens. Faltam professores, laboratórios estão inacabados, estudantes são obrigados a cumprir estágio hospitalar em outras cidades — não raro, nas grandes cidades. "Em uma faculdade de direito pode-se ampliar o número de vagas de cinquenta para cem alunos com facilidade: a turma aprende ouvindo o professor falar ao microfone. Medicina não funciona assim: é preciso leito, preceptor, ambulatório", diz Lopes.
Há casos exemplares dessa realidade. Localizada no município de São Carlos, a 240 quilômetros de São Paulo, a UFScar oferece 40 vagas por ano no curso de medicina. Criado em 2006, o curso ainda não conta com o número adequado de preceptores (médicos que apoiam a atividade prática dos estudantes nos ambulatórios) e padece pela falta de leitos hospitalares exclusivos para o ensino. O quadro levou a coordenação a encaminhar alunos para outras cidades, incluindo a capital, para finalizar os estudos. "Atualmente, só uma pequena parte do internato funciona em São Carlos, cerca de 10%", diz o professor Bernardino Geraldo Alves Souto, coordenador do curso de medicina na UFSCar. "Muitos acertos técnicos e políticos precisam ser feitos para que a faculdade funcione plenamente. E ainda não há perspectiva para isso." A esperança é que até 2015, quase dez anos depois da abertura do curso, a rede de saúde local e a universidade estejam preparadas para treinar as turmas como se espera.
Segundo o coordenador da UFSCar, falta de estrutura para o ensino e treinamento dos estudantes é um mal corriqueiro no prontuário dos cursos de federais que não possuem hospital universitário — e eles só existem em 31 cidades do país, capitais na maioria. Nessa situação, a faculdade precisa recorrer aos hospitais locais. "As federais de Ouro Preto e dos Vales do Jequitinhonha, em Minas Gerais, estão na mesma situação, pois a maioria das cidades do interior tem infraestrutura limitada, que precisa ser qualificada para receber os cursos de medicina", diz Souto.
Outro caso exemplar quando se busca compreender os obstáculos à expansão acelerada é o curso de medicina na UFRJ em Macaé, distante 200 quilômetros da capital fluminense. Aberto em 2009 nos moldes do Reuni (programa federal de expansão de federais que também tropeça na realidade), o campus oferece 30 vagas para medicina no vestibular. Quatro anos após a abertura, ainda não oferece um laboratório de anatomia completo, básico para a graduação a que se propõe. A unidade exemplifica também a dificuldade em atrair docentes para as faculdades de medicina. "Muitos concursos para a contratação de professores atraíram poucos candidatos. E tivemos um no qual ninguém foi aprovado", diz Fátima Siliansky, professora da UFRJ e vice-presidente da Associação de Docentes da universidade. "Não há sobras no mercado docente de medicina. E a universidade paga muito mal o professor, que pode ganhar mais em seu consultório."
Pouco atrativa financeiramente, em um mercado que já encontra escassez de profissionais, a carreira acadêmica para médicos encontra poucos interessados com doutorado ou que tenham disponibilidade para dedicação integral. "O principal problema da medicina no Brasil é que não tem quem ensine. Porque não existe carreira para o docente. E não é qualquer bom médico que está disponível para a atividade", diz Antonio Carlos Lopes, da Unifesp.
Lançado sem consulta prévia a especialistas e docentes, o programa Mais Médicos pegou os profissionais de surpresa. E provocou indignação em muitos. Uma semana depois, o governo anunciou a criação de uma comissão para aprimorar o programa, integrando a ele onze coordenadores da área que atuam em federais. Entre eles, estão Lopes, da Unifesp, e Souto, da UFSCar. "Queremos apresentar as dificuldades que os cursos de medicina viveram nos últimos anos para que os próximos não passem pela mesma situação", diz Souto, da UFSCar. Há alguns anos, a universidade foi consultada pelo MEC sobre a possibilidade de ampliar o número de vagas de medicina. A resposta: não. "Optamos por não fazer isso enquanto não tivermos o curso definitivamente implantado. Antes do próximo passo, as atuais dificuldades precisam ser equacionadas. Receber mais alunos nos traria o risco de 'estrangular' o curso."
A reunião com a comissão deu seu primeiro resultado nesta quinta-feira, duas semanas após o lançamento do Mais Médicos. O MEC e o Ministério da Saúde divulgaram os princípios que devem nortear a abertura de cursos e de mais vagas de medicina. Serão exigidos, no mínimo, "cinco leitos no SUS por aluno, uma equipe de atenção básica a cada três alunos, serviço de urgência e emergência e oferta de residência médica para abertura de novas escolas". É um começo para enfrentar a realidade.
Fora da esfera das federais, mas atento aos problemas da saúde, o coordenador do curso de medicina da Unicamp, Mario José Abdalla Saad, relembra, a título de conselho, frase do médico e pesquisador canadense William Osler — uma espécie de lição a quem deve tratar do assunto: "Se você quer ensinar medicina, feche anfiteatros e abra locais de atendimento de pacientes." Saad complementa: "Um bom curso de medicina precisa de um corpo docente muito bem qualificado e um campo de treinamento muito bom, que inclui bons hospitais. Caso contrário, não se ensina medicina."

Profissionais gastam uma hora por dia com tarefas pessoais


Acesso a redes sociais, utilização de serviços bancários e leitura de notícias são as principais distrações no ambiente corporativo
Profissionais gastam uma hora por dia com tarefas pessoais Uma pesquisa encomendada pelo site britânico Quidco.com aponta que os trabalhadores gastam, em média, uma hora por dia realizando tarefas pessoais durante o horário de trabalho.
 
O estudo mostra que apenas 88% do expediente diário é realmente gasto com tarefas profissionais. De acordo com os resultados, 38% dos entrevistados disseram que realizam tarefas particulares durante um período tranquilo no trabalho. Enquanto, 22% alegam que não têm tempo para realizar tais tarefas fora do trabalho e 20% admitem que fazem "corpo mole" por estarem entediados.
 
Utilização de serviços bancários online, verificação da previsão do tempo, acesso a e-mails pessoais, leitura de notícias sobre esportes, pesquisas sobre destinos de férias, pagamento de contas, acesso a redes sociais como Facebook e Twitter, conversas telefônicas com amigos e parentes, compras e vendas pela internet são as principais distrações no ambiente corporativo.
 
O levantamento ainda revela que um em cada dez não se preocupa com o hábito porque os colegas fazem o mesmo; e que 20% já perderam prazos ou não conseguiram terminar sua obrigações porque estavam ocupados com outras coisas pessoais.
 
A pesquisa escutou 2.000 profissionais.

ACM Neto: de algoz a parceiro do PT

Política

Crítico feroz do governo Lula no Congresso Nacional quando era deputado, o prefeito de Salvador agora se dá bem com os petistas - e não quer nem falar em política

Gabriel Castro, de Salvador
ACM Neto
METAMORFOSE - ACM Neto atacando o governo Lula na tribuna da Câmara dos Deputados, e, agora, no cargo de prefeito de Salvador (Abr e Fotoarena)
Na última quinta-feira, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, convocou uma entrevista coletiva para anunciar o início da integração entre as linhas de ônibus da capital. Sentado à mesa da sala de reuniões da prefeitura, o vereador Henrique Carballal, um dos três presentes ao anúncio, pediu a palavra após a fala do chefe do Executivo. Os repórteres ainda estavam lá. "Eu quero parabenizar o prefeito pela inciativa", disse o parlamentar. A história se torna surpreendente porque o vereador é filiado ao PT, o maior adversário do DEM de ACM Neto.

O gesto de Carballal foge à regra. Mas é preciso dizer que a recíproca é verdadeira: desde que assumiu o comando da capital da Bahia, no início do ano, o herdeiro político de Antônio Carlos Magalhães despiu-se do figurino de adversário tenaz do governador Jaques Wagner (PT) e da presidente Dilma Rousseff. Entrou em cena uma versão "suave" de ACM Neto, que em nada lembra os tempos de algoz do governo Lula no Congresso Nacional.

Parte desse clima de união vem da unanimidade causada pela desastrosa gestão de João Henrique (hoje no PP), o antecessor de ACM Neto. A posse do jovem de 34 anos parece ter dado novo ânimo à política local.  Mas essa não é a única explicação para a nova postura do administrador da cidade: o prefeito herdou uma administração com problemas financeiros graves, impossibilitada de realizar convênios com a União por causa da inadimplência. O prefeito não pode abrir mão do apoio estadual e federal. ACM, que agora até deixa escapar um "presidenta", como Dilma gosta de ser chamada, garante que não mudou de opinião - só não pode fazer política na prefeitura.

Na última quinta-feira, quando o site de VEJA conversou com ACM Neto, o prefeito só queria falar de sua gestão. Nada de política. "Neste momento a gente precisa ter uma relação construtiva, parceira, pensando na cidade. Eu não vou ficar fazendo política", disse, enquanto se preparava para uma cerimônia em que anunciaria a construção do primeiro multicentro de saúde da cidade.

Em quase dez anos de atuação, iniciados no momento em que o PT chegava ao governo federal, ACM Neto se destacou pela ênfase com que fez oposição. "O presidente da República, ou qualquer um dos seus que tiver coragem de se meter na minha frente, assim como disse o senador Arthur Virgílio, tomará uma surra", afirmou o então deputado em 2005, durante o escândalo do mensalão.

Agora, o discurso é outro. "Eu não retiro nada das coisas que foram colocadas por mim ao longo de dez anos. Mas uma coisa é o papel do parlamentar de oposição, principalmente do líder de oposição. Outra coisa é o  papel do prefeito", argumenta.

Ao mesmo tempo em deixa as portas abertas com o PT, o prefeito soteropolitano mantém uma bem costurada aliança com o PMDB de Geddel Vieira Lima, ex-deputado e atual vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Geddel apoiou ACM Neto em 2012, e em 2014 o prefeito deverá pagar a dívida na disputa pelo governo estadual.

ACM Neto tem ciência de que sua vitória na terceira maior capital do país deu sobrevida ao DEM, que sofreu sucessivos revezes nos últimos anos. "É claro que eu, como uma pessoa partidária, com tantos amigos no DEM, não desconheço o peso que a nossa administração tem para o partido, inclusive como uma vitrine", afirma. Além de Salvador, a única capital comandada pela sigla é Aracaju, cuja população é bem menor - cerca de 600.000 pessoas contra 2,6 milhões.

Apesar de o prefeito já ter anunciado que não vai concorrer ao governo em 2014, ele aparece acima dos outros possíveis candidatos nas pesquisas de intenção de voto. A depender da gestão que fizer na capital baiana, ACM Neto sabe que vai se credenciar para um passo além. "O meu horizonte aqui é o que eu vou fazer amanhã por Salvador", diz. O prefeito não tem pressa porque possui um trunfo natural: a idade. Os possíveis adversários no caminho são de outra geração. Os petistas Nelson Pelegrino e Walter Pinheiro têm 53 anos. Geddel Vieira, 54. A senadora Lídice da Mata, do PSB, 57. E o governador Jaques Wagner, 62.

A ascensão do prefeito de Salvador, concomitante à decadência do DEM, motivou boatos sobre uma possível mudança de ACM Neto para o PMDB. Ele não quer nem ouvir falar do assunto. "Já disse que não vou discutir política", atalhou. "Muito menos para especular sobre uma coisa desse tipo."