quinta-feira 16 2013

QUEM TE FAZ FELIZ?



“Durante um seminário para casais, perguntaram a uma das esposas:
- ‘Seu marido lhe faz feliz? Ele lhe faz feliz de verdade?’
Neste momento, o marido levantou seu pescoço, demonstrando total segurança. Ele sabia que a sua esposa diria que sim, pois ela jamais havia reclamado de algo durante o casamento. Todavia, sua esposa respondeu a pergunta com um sonoro ‘NÃO’, daqueles bem redondos!
- ‘Não, o meu marido não me faz feliz’! (Neste momento o marido já procurava a porta de saída mais próxima). ‘Meu marido nunca me fez feliz e não me faz feliz! Eu sou feliz’. E continuou: ‘O fato de eu ser feliz ou não, não depende dele; e sim de mim. Eu sou a única pessoa da qual depende a minha felicidade. Eu determino ser feliz em cada situação e em cada momento da minha vida, pois se a minha felicidade dependesse de alguma pessoa, coisa ou circunstância sobre a face da Terra, eu estaria com sérios problemas. Tudo o que existe nesta vida muda constantemente: o ser humano, as riq uezas, o meu corpo, o clima, o meu chefe, os prazeres, os amigos, minha saúde física e mental. E assim eu poderia citar uma lista interminável. Eu decido ser feliz! Se tenho hoje minha casa vazia ou cheia: sou feliz! Se vou sair acompanhada ou sozinha: sou feliz! Se meu emprego é bem remunerado ou não: eu sou feliz! Sou casada, mas era feliz quando estava solteira. Eu sou feliz por mim mesma. As demais coisas, pessoas, momentos ou situações eu chamo de ‘experiências que podem ou não me proporcionar momentos de alegria e tristeza. Quando alguém que eu amo morre eu sou uma pessoa feliz num momento inevitável de tristeza. Aprendo com as experiências passageiras e vivo as que são eternas como amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar. Há pessoas que dizem: hoje não posso ser feliz porque estou doente, porque não tenho dinheiro, porque faz muito calor, porque alguém me insultou, porque alguém deixou de me amar, porque eu não soube me dar valor, porque meu marido não é como eu esperava, porque meus filhos não me fazem felizes, porque meus amigos não me fazem felizes, porque meu emprego é medíocre e por aí vai. Eu amo meu marido e me sinto amada por ele desde que nos casamos. Amo a vida que tenho, mas não porque minha vida é mais fácil do que a dos outros. É porque eu decidi ser feliz como indivíduo e me responsabilizo por minha felicidade. Quando eu tiro essa obrigação do meu marido e de qualquer outra pessoa, deixo-os livres do peso de me carregar nos ombros. A vida de todos fica muito mais leve. E é dessa forma que consegui um casamento bem sucedido ao longo de tantos anos. Nunca deixe nas mãos de ninguém uma responsabilidade tão grande quanto a de assumir e promover sua felicidade.”
Martha Medeiros

Chico Buarque

Reservatório no subsolo tem água isolada há 1,5 bi de anos


Geologia

Pesquisadores encontraram elementos químicos essenciais à vida em meio à substância, indicando a possibilidade da água conter microorganismos

Descoberta de uma fonte de água de mais de 1,5 bilhões de anos no Canadá
Água foi encontrada vazando em uma mina no Canadá. Semelhança entre as rochas da região e Marte levantam a possibilidade de existir água do mesmo tipo preservada nas profundezas do planeta (J Telling/Divulgação)
Cientistas anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de elementos químicos essenciais à vida em um depósito de água com pelo menos 1,5 bilhão de anos. A água, que até agora estava isolada em bolsões subterrâneos, vaza de dutos de perfuração de uma mina a 2,4 quilômetros da superfície, no subsolo de Ontário, no Canadá. "Esta água pode ser das mais antigas do planeta e, inclusive, conter vida", informou a equipe de estudiosos. A pesquisa foi publicada na revista Nature.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Deep fracture fluids isolated in the crust since the Precambrian era

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: G. Holland, B. Sherwood Lollar, L. Li, G. Lacrampe-Couloume, G. F. Slater e C. J. Ballentine

Instituição: Universidade de Lancaster, na Inglaterra

Dados de amostragem: Análises químicas da água liberada em uma mina nas profundezas de Ontário, no Canadá

Resultado: Os pesquisadores descobriram que a água tem pelo menos 1,5 bilhão de anos e possui os elementos químicos essenciais à vida
Cientistas britânicos e canadenses analisaram a água e descobriram que era rica em gases dissolvidos, como hidrogênio e metano, capazes de sustentar a vida microscópica não exposta ao sol por bilhões de anos — como no leito do oceano.
Ao analisar sua composição química em laboratório, os estudiosos estimaram que ela tivesse pelo menos 1,5 bilhão de anos, provavelmente mais. As rochas em sua volta datam de cerca de 2,7 bilhões de anos atrás, mas até agora não se havia pensado que a água pudesse ter a mesma idade. "Nossa descoberta é de grande interesse para os cientistas que querem compreender como os micróbios evoluem em isolamento e é central para toda a questão da origem da vida, da sustentabilidade e da vida em ambientes extremos e em outros planetas", disse Chris Ballentine, pesquisador da Universidade de Manchester e um dos autores do estudo.
Os pesquisadores também afirmaram que a similaridade entre as rochas que aprisionaram o fluido e aquelas encontradas em Marte traz a esperança de que as substâncias também possam estar nas profundezas do planeta vermelho. "As descobertas podem nos forçar a repensar quais partes do nosso planeta são capazes de sustentar a vida", acrescentaram.
Segundo Greg Holland, pesquisador da Universidade de Lancaster e autor do estudo, já foram iniciados os trabalhos para descobrir algum sinal de microorganismos na água. "Podemos ter certeza de que identificamos um caminho no qual os planetas podem criar e preservar um ambiente favorável à vida microbiana por bilhões de anos. E isto independente de quão inóspita a superfície possa ser, abrindo uma possibilidade de ambientes similares na superfície de Marte", concluiu.
(Com Agência France-Presse)

Depressão altera relógio biológico em nível celular


Saúde mental

Pesquisa aponta que cérebro de pessoas deprimidas não consegue acompanhar o ritmo biológico natural do ambiente, e acabam trocando seu funcionamento do modo 'noite' por 'dia' — e vice-versa

A depressão é uma doença tratável que afeta o estado de humor da pessoa
A depressão é uma doença tratável que afeta o estado de humor da pessoa (Thinkstock)
As células do corpo humano funcionam 24 horas do dia. O trabalho, no entanto, é dividido em duas fases, noite e dia, e é conhecido como ciclo circadiano. Comandado pelo cérebro, esse ciclo circadiano é o responsável por gerenciar o funcionamento do corpo — regulando, por exemplo, o apetite, os horários de sono e o humor. Um novo estudo publicado no PNAS, periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, acaba de encontrar a primeira evidência de que, em pessoas com depressão, esse ciclo é desregulado — deixando a pessoa fora de sintonia com o ambiente em que vive.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Circadian patterns of gene expression in the human brain and disruption in major depressive disorder

Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)

Quem fez: Jun Z. Li e equipe

Instituição: Universidade de Michigan, EUA

Dados de amostragem: 55 cérebros de pessoas que não tinham depressão e 34 cérebros de pessoas com depressão

Resultado: Descobriu-se que o funcionamento genético do cérebro estava comprometido em pacientes com depressão. Essa alteração no funcionamento leva ao desregulamento do ciclo circadiano — o organismo funciona como se fosse dia, durante a noite, e vice-versa.
A descoberta, feita por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, analisou uma grande quantidade de dados recolhidos de cérebros doados por pessoas com e sem depressão. Em um cérebro normal, o padrão de atividade genética em um determinado momento do dia é tão distinto, que foi possível estimar com precisão a hora da morte do doador do cérebro. Por outro lado, em pacientes gravemente deprimidos, o ciclo circadiano se encontrava tão perturbado que o padrão "dia" das atividades podia se parecer com o padrão "noite" — e vice-versa.
Pesquisa — Para o estudo, foram usados cérebros doados logo após a morte, junto com uma extensa lista de informações clínicas sobre o paciente. Diversas regiões foram dissecadas manualmente ou com o uso de laser (capazes de capturar tipos mais especializados de células). Esses materiais foram, então, analisados para medir a atividade genética.
Segundo Jun Li, coordenador do estudo e professor assistente do Departamento de Genética Humana da Universidade de Michigan, isso permitiu à equipe prever em qual hora do dia cada paciente que não tinha depressão havia morrido. Para isso, foram observados 12.000 genes isolados, de seis regiões de 55 cérebros. A análise proporcionou uma compreensão detalhadas de como a atividade do gene variava ao longo do dia.

Saiba mais

CICLO CIRCADIANO
Consiste no período de 24 horas em que se baseia o funcionamento do ciclo biológico. Ele é influenciado por fatores como iluminação solar, temperatura e, acredita-se, até mesmo a maré. Esse ciclo regula desde o funcionamento orgânico do corpo, como apetite, digestão e sono, até o funcionamento de ritmos psicológicos, como o humor.
Quando a equipe repetiu o processo no cérebro das 34 pessoas que estavam deprimidas, no entanto, perceberam que a atividade genética estava desligada por horas. As células se comportavam como se estivessem em um horário do dia completamente diferente. “As pessoas com depressão não estavam sincronizadas com a luz do Sol, em termos de atividade dos genes. Era como se elas estivessem vivendo em um fuso horário completamente diferente”, diz Li.
De acordo com Huda Akil, diretora do Instituto de Neurociência Molecular e Comportamental da Universidade de Michigan, centenas de genes sensíveis ao ciclo circadiano emergiram da pesquisa. "Encontramos não apenas aqueles genes primários, que haviam sido estudados em animais ou em células laboratoriais, mas também outros genes cuja atividade aumenta e cai ao longo do dia", diz.
Futuro — O próximo passo, segundo Huda Akil, é usar a nova informação para ajudar a encontrar novas maneiras de prever a depressão, encontrar tratamentos mais específicos para cada paciente e até mesmo desenvolver novos medicamentos. Uma possibilidade, por exemplo, seria encontrar novos marcadores biológicos para a depressão (moléculas que podem ser identificadas pelo sangue, pele ou cabelo).
Os cientistas precisam ainda determinar por que o ciclo circadiano é alterado durante a depressão. "Podemos apenas imaginar que essa alteração tenha mais de uma causa. Precisamos aprender mais sobre a natureza do ciclo, e por que ele é afetado. Assim, poderemos pensar em consertar o ciclo de uma pessoa, a ajudando a melhorar da depressão", diz Huda.