quinta-feira 06 2012

Obras de Niemeyer


A igreja São Francisco de Assis, inaugurada em 1943, foi a última construção do Conjunto da Pampulha a ficar pronta

O edifício Niemeyer na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer - Leo Drumond/Nitro
O edifício Niemeyer na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer
O edifício Niemeyer na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer - Leo Drumond/Nitro
Os edifícios da Esplanada dos Ministérios foram projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer
Os edifícios da Esplanada dos Ministérios foram projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer - Evaristo SA/AFP
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer - Ricardo Moraes/Reuters
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer - Evaristo SA/AFP
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer
O Museu Nacional da República em Brasília é mais uma obra de Oscar Niemeyer - Evaristo SA/AFP
Passarela da Rocinha, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer
Passarela da Rocinha, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer - Márcia Foletto/Agência O Globo

Projetado por Oscar Niemeyer, o Memorial da América Latina foi inaugurado em 18 de março de 1989, em São Paulo - Paulo Pinto/AE

Ponte JK (Juscelino Kubitschek), em Brasília, projetada por Oscar Niemeyer - Dida Sampaio/AE
Palácio da Alvorada, uma das mais importantes obras da arquitetura de Brasília. A construção foi inaugurada em 30 de junho de 1958
Palácio da Alvorada, uma das mais importantes obras da arquitetura de Brasília. A construção foi inaugurada em 30 de junho de 1958
A inauguração do Palácio do Planalto, em 21 de abril de 1960, simboliza a transferência da Capital Federal para o interior do país
A inauguração do Palácio do Planalto, em 21 de abril de 1960, simboliza a transferência da Capital Federal para o interior do país
Na Praça dos Três Poderes, de 1960, os edifícios representam o Executivo, o Judiciário e o Legislativo
Na Praça dos Três Poderes, de 1960, os edifícios representam o Executivo, o Judiciário e o Legislativo
Centro administrativo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte
Centro administrativo projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em Belo Horizonte - Pedro Vilela
O Edifício Copan, localizado no centro de São Paulo, foi inaugurado em 1966. A construção permanece sendo a maior estrutura de concreto armado no país
O Edifício Copan, localizado no centro de São Paulo, foi inaugurado em 1966. A construção permanece sendo a maior estrutura de concreto armado no país
Niemeyer surgiu na paisagem parisiense em 1967, quando iniciou a construção da sede do Partido Comunista Francês
Niemeyer surgiu na paisagem parisiense em 1967, quando iniciou a construção da sede do Partido Comunista Francês
Niemeyer surgiu na paisagem parisiense em 1967, quando iniciou a construção da sede do Partido Comunista Francês
Niemeyer surgiu na paisagem parisiense em 1967, quando iniciou a construção da sede do Partido Comunista Francês
O museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), que leva seu nome, foi construído pelo arquiteto
O museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), que leva seu nome, foi construído pelo arquiteto - Cesar Ferrari/Reuters
O arquiteto brasileiro liderou o projeto da Universidade de Constantine, na Argélia, em 1969. Na foto, o auditório da universidade
O arquiteto brasileiro liderou o projeto da Universidade de Constantine, na Argélia, em 1969. Na foto, o auditório da universidade
A Catedral de Brasília foi projetada em 1958, mas, devido a dificuldades jurídicas, só foi inaugurada em 1970
A Catedral de Brasília foi projetada em 1958, mas, devido a dificuldades jurídicas, só foi inaugurada em 1970
O Espaço Oscar Niemeyer, na cidade francesa de Le Havre
O Espaço Oscar Niemeyer, na cidade francesa de Le Havre
O Sambódromo da Marquês de Sapucaí é a única obra de Niemeyer na cidade do Rio de Janeiro
O Sambódromo da Marquês de Sapucaí é a única obra de Niemeyer na cidade do Rio de Janeiro
O Auditório Ibirapuera é um edifício concebido por Oscar Niemeyer
O Auditório Ibirapuera é um edifício concebido por Oscar Niemeyer - Jonne Roriz/AE
Escultura de Oscar Niemeyer na Fundação Memorial da América Latina. O memorial fica em São Paulo e foi inaugurado em 18 de março de 1989
Escultura de Oscar Niemeyer na Fundação Memorial da América Latina. O memorial fica em São Paulo e foi inaugurado em 18 de março de 1989
Apelidado de 'disco-voador de Niterói', o Museu de Arte Contemporânea foi inaugurado em 1996
Apelidado de 'disco-voador de Niterói', o Museu de Arte Contemporânea foi inaugurado em 1996
Estima-se que o orçamento para a construção do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, tenha sido de 14 milhões de reais. A obra foi inaugurada em 22 de novembro de 2002
Estima-se que o orçamento para a construção do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, tenha sido de 14 milhões de reais. A obra foi inaugurada em 22 de novembro de 2002
O Parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi inaugurado em 1954, mas o conjunto idealizado por Niemeyer só foi concluído 50 anos depois, com a entrega do Auditório Ibirapuera
O Parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi inaugurado em 1954, mas o conjunto idealizado por Niemeyer só foi concluído 50 anos depois, com a entrega do Auditório Ibirapuera






















'Niemeyer foi uma grande inspiração', diz Norman Foster


Arquitetura

Britânico, conhecido por algumas das obras mais icônicas de Londres, elogiou o trabalho do brasileiro e disse que ele lhe serviu de inspiração

Apelidado de 'disco-voador de Niterói', o Museu de Arte Contemporânea foi inaugurado em 1996
Apelidado de 'disco-voador de Niterói', o Museu de Arte Contemporânea foi inaugurado em 1996   - Fabio Motta/AE
O arquiteto britânico Norman Foster, que recebeu o prêmio Pritzker em 1999, declarou nesta quinta-feira que recebeu com muita tristeza a notícia da morte de Oscar Niemeyer. Disse ainda que o brasileiro foi uma grande inspiração para ele e para uma geração de arquitetos.
"Pouca gente pôde estar com seus heróis", afirmou Foster, que se encontrou com Niemeyer no ano passado no Rio de Janeiro. "Para os arquitetos do Movimento Moderno (da Arquitetura), ele questionou o aceito e investiu na norma de que a forma segue à função", acrescentou. "Niemeyer também demonstrou que quando a forma cria beleza, esta chega a ser funcional e, portanto, fundamental para a arquitetura."
Foster lembrou ainda da visita do astronauta Yuri Gagarin à Brasília, em 1963. "Ele gostou da experiência de ter aterrissado em um planeta diferente", disse Foster. "Ao ver a cidade de Niemeyer, Brasília, pela primeira vez, muita gente sentiu o mesmo. Brasília é audaz, escultural, cheia de cor e livre; não se parece com nada feito anteriormente. Brasília não foi simplesmente desenhada: foi coreografada. Cada uma das peças que estão composta fluem, como um dançarino que permanece congelado em um momento de absoluto equilíbrio."
O arquiteto britânico afirmou ainda que houveram poucos arquitetos como Niemeyer. "Nos últimos anos, poucos foram capazes de reunir um vocabulário vibrante e estruturá-lo com um sentido comunicativo brilhante e uma linguagem sedutora-tectônica", disse.
Norman Foster, 77 anos, é conhecido por obras icônicas como o estádio de Wembley, o edifício "Gherkin", e a Millenium Bridge, todos em Londres, além da Hearst Tower, em Nova York, entre outros.
(Com agência EFE)

Niemeyer e os zurros dos 100% idiotas


veja.com

(Não concordo)

Ai, ai, grande revolta no Twitter e também aqui porque me referi, a Oscar Niemeyer, que morreu ontem, como “metade gênio e metade idiota”, na pista de Millôr Fernandes, que assim definiu um de seus parceiros de “Pasquim”. Os mais revoltados, como sempre, não leram o que escrevi. Os ainda mais revoltados leram e não entenderam zorra nenhuma. Escrevo para quem lê com o cérebro, não com o fígado militante. De fato, trata-se um de um artigo elogioso ao trabalho do arquiteto, não o contrário. A metade idiota ficou por conta de sua adesão estúpida ao comunismo chique.
Ora, vão plantar batatas! Fiz com ele, aliás, o que os comunistas não costumam fazer com seus adversários políticos: reconhecer a grandeza da obra, independentemente das escolhas ideológicas do autor. Niemeyer pode ter sido tudo – inclusive o arquiteto de primeira grandeza –, menos o “poeta” humanista que está sendo exaltado nas reportagens de TV. Muito pelo contrário.
Não houve tirano comunista – a começar do próprio Stálin, de quem era devoto – que não tenha incensado; não houve regime de força de esquerda que ele não tenha aplaudido. Reconhecer, a despeito disso, a sua obra é coisa que, data vênia, liberais conservadores como eu costumam fazer. Com os comunas, é diferente. Aqueles de quem Niemeyer puxava o saco mandavam e mandam seus desafetos para a cadeia ou para a morte. Perguntem se a Cuba de Fidel Castro reconheceu a poesia de Cabrera Infante ou de Reinaldo Arenas. Perguntem se as esquerdas admitiram a grandeza de Jorge Luis Borges.
Niemeyer como expressão humanista? Não mesmo! Tinha, sim – e também acho besteira negá-lo –, um talento imenso, que transcendeu sua indigência política. É bem verdade que, aqui e lá fora, contou com amplo financiamento de governos  – muitos deles eram ditaduras – para realizar seus monumentos. Mas nem isso me faz mudar de ideia. Mesmo os artistas “da corte”, se genuinamente bons, conseguem superar a contingência de estarem atrelados ao poder. Não que esteja comparando, mas é o caso do maior poeta de todos os tempos, Virgílio. É o caso de toda a arte renascentista. A produção não precisa ser marginal ou contestar valores dominantes para ser grande. No ensaio “O que é um clássico?”, Eliot empresta essa condição a Virgílio justamente porque o vê como a síntese de uma civilização triunfante.
Na verdade, fiz um elogio ao Niemeyer arquiteto, não o contrário. E deplorei uma vez mais sua ideologia, que justificava os piores facínoras. Mas a turma que zurra e escoiceia, sem entender uma linha do que leu, mandou brasa.
Entendo a razão. Andei lendo alguns perfis derramados que já estão nas redes e nos jornais. Curiosamente, fala-se pouco do arquiteto e muito do suposto humanista. A sua adesão ao comunismo (ou a defesa que fazia do regime, já que militante propriamente nunca foi; dava dinheiro para a causa), curiosamente, é apontada como um dos traços de seu… humanismo! Ora, tenham paciência! Isto, sim, é nauseante e evidencia uma crise de valores que toma conta de setores consideráveis da imprensa.
O que há de glorioso em defender tiranias?
O que há de generoso em apoiar ditaduras?
O que há de humanista em apoiar homicídios em massa?
Se Niemeyer fosse um fascista, estaria a merecer essas considerações? Não! E seria justo que não! Por que um fascista deveria ser elogiado por sua ideologia? Mas me respondam: e por que deve um comunista? Leio coisas assim: “Ele amava a vida!”. Certamente não a dos que morreram nos gulags. Qual é?
Ao arquiteto Niemeyer, a metade genial, o meu aplauso. Ao comunista Niemeyer, a metade idiota, reitero o meu desprezo. Abaixo, um pequeno apanhado dos zurros (conforme o original):
O André Mortatti escreve:
“Que triste lê-lo, Reinaldo. És um completo idiota. triste testemunhar tua imensa ignorância.”
Onde está a minha “ignorância”? Ele não disse. Só não refreou o desejo de me ofender.
O Rodrigo, à diferença de Niemeyer, acredita em Deus e, segundo entendi, decidiu encomendar a minha alma, como faziam os inquisidores quando condenavam alguém à fogueira para o seu próprio bem:
“Deus há de aplacar essa animosidade delirante que você têm dentro de você e te dar paz.”
José Natalino, que não tira as duas mãos do chão por convicção, escreve isto:
“O Sr. é de extrema direita. Tenho nojo… felizmente pessoas como o Sr. são vistas como lunáticos… ninguém o leva a sério… claro que esxistem os debeis mentais que lhe adoram.. mas são isso… débeis mentais insignificantes… sem o salario do psdb o Sr nao seria um mero idiota falando bobagens”
O Natalino esqueceu que era Niemeyer quem levava dinheiro dos governos, de qualquer partido, para erigir seus monumentos.
Fernando Freitas já acha que a crítica só deve ser feita por celebridades. Segundo o seu critério, uma opinião de Tiririca sobre filosofia é mais importante do que a de Schopenhauer:
“Esse Reinaldo Azevedo é o famoso quem mesmo?
Para a maioria do povo brasileiro ele é um ilustre desconhecido metido a intelectual sem passar de um mero “IMBECIL”, só tenho um adjetivo para esse senhor. DESQUALIFICADO!!!!!”
Luiz Gonzaga ficou sem palavras:
“que desespero de ler isso”.
Thiago escreveu o texto impossível:
“Ainda bem que ninguém liga para o que você pensa.”
Ninguém, exceto o… Thiago!
Maria da Piedade Peixoto dos Santos, veio com todos os seus sobrenomes:
“Reinaldo há muito tempo não tenho o desprazer de ler um texto tão fora de propósito como esse seu amontoado de bobagens. Um gênio com Niemeyer prescinde de ser unanimidade, já que a unanimidade é burra, como pontificava Nelson Rodrigues. Aceito que vc ache isso que disse dele. Mas hoje, só hoje … porque não te calas, Reinaldo?”
Não sei se entendi direito, mas acho que ela me pediu para ser burro só por um dia…
Ney Torres parece que andou consumindo ideias pesadas. Ou comeu muita banana Leiam:
“Que me desculpe a revista VEJA mas este “jornalista” só podia está bêbado ao escrever tamanha idiotice…chamar de idiota os defensores do anticapitalismo só pode vir de alguem que não enxerga q o capitalismo está se destruindo.É nítido que esse câncer está agonizando…”
Agora que sei que o capitalismo vai acabar, vou me preparar para ser um chefe comunista…
Catarina decidiu fazer uma digressão sobre a língua portuguesa. Vejam com que graça:
“Caramba, que tristeza…
A língua portuguesa, nos presenteada por tantos poetas e escritores, retorcida e deformada para tomar a forma de um texto deplorável.”
Se eu verter o que ela escreveu para o português, talvez entenda…
Fábio Oliveira acha que o comunismo não é coisa deste mundo:
“Cuidado! O céu com certeza é mais comunista que capitalista. Quando você chegar lá, esses idiotas vão te pegar! corre cabeçudo!ah ah ah!”
Alguém me explica por que ele riu? 
Anelisa já é, assim, mais visceral:
“Nojo de cada palavra que você escreve.”
RetomoE assim segue uma parcela da humanidade, zurrando com desenvoltura. Tive a delicadeza – não que devesse isso a ele; devo à cultura – de distinguir a obra de Niemeyer dos regimes homicidas que ele defendeu. Apontei a metade idiota de um vivo (não de um morto!!!), reconhecendo o que chamei de “metade genial”. Ele próprio considerava que a morte de 40 milhões na União Soviética ou de 70 milhões na China era o justo preço que se pagava por uma utopia.
A sua metade idiota era também asquerosa. Nunca se preocupou com os poetas, os músicos, os bailarinos, os escritores e os arquitetos que a União Soviética e os demais países comunistas mandavam para os campos de trabalho forçados. Se chamado, iria lá e ainda construiria um de seus monumentos para abrigar os “reacionários”. Em nome do povo!
Vá estudar, cambada de 100% de idiotas!
PS – Viram só de quanta coisa eu os livro impedindo essa gente de tomar conta dos comentários? Aqui não! Eles até podem me ler porque são viciados em mim. Mas sem direito a voz e a voto na nossa casa. Há milhares de blogs por aí precisando de gente assim, certo?
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Morre Oscar Niemeyer, metade gênio e metade idiota


VEJA.COM

(Não concordo)

Morreu o arquiteto Oscar Niemeyer, aos 104 anos. Pensava e escrevia coisas detestáveis. Dele se pode dizer o que disse Millôr Fernandes sobre um colega seu de Pasquim: “Metade é gênio, e metade é idiota”.
Não tenho nada a acrescentar ao que escrevi sobre ele, neste blog, quando fez 99 anos – teve tempo de escrever e de dizer muitas tolices depois. Mas nada disso, acho, macula a sua obra. Reproduzo aquele texto. Volto para encerrar.
*Um homem não é sua obra. Céline — Louis-Ferdinand Céline — era um idiota político e um antissemita delirante. E, no entanto, escrevia como um príncipe. Cumpre não usar o seu belo texto para justificar seu cretinismo. Ezra Pound era um fascistoide do miolo mole, mas um poeta admirável (embora não do meu gosto pessoal) e um homem de cultura. Os textos sobre política de Fernando Pessoa não servem nem para catar cocô. E foi, a meu ver, um dos maiores poetas de todos os tempos em qualquer língua. A lista seria gigantesca. Há cretinos políticos de esquerda também. O meu romancista predileto no Brasil, Graciliano Ramos, era comunista, mas São BernardoAngústiaVidas Secas ou mesmo Memórias do Cárcere — relato de quando foi preso pela ditadura de Getúlio justamente porque era comunista — não são.
Os meus amigos sabem o que penso: artistas jamais deveriam se ocupar de política — não em sua arte. Não acredito em obra engajada, a não ser naquela que expressa melancolia, desespero e saudosismo. A boa arte política é sempre reacionária, voltada para o passado. Artistas que se dobram a utopias finalistas se transformam em prosélitos. Desconheço se Churchill escreveu algum verso ou disse algo relevante sobre a condição humana. Mas, em política, foi o maior entre os, chamemo-lo ainda assim, contemporâneos. Cada coisa em seu lugar. É típico do obscurantismo e da burrice — fascista ou leninista — satanizar a obra deixada por um artista por conta do seu alinhamento ideológico. Seria como censurar Churchill porque mau poeta.
Respeito, como quase sempre, opiniões contrárias e até entendo a natureza da crítica. Pessoalmente, no entanto, acho Oscar Niemeyer um gênio, embora deplore as suas escolhas políticas e enxergue em sua trajetória de vida o principal desvio de caráter dos comunistas: o oportunismo nos meios com o totalitarismo no fim. Mas e daí? Vou dizer, por isso, que não vislumbro no seu trabalho a centelha do gênio? Vislumbro. Não sei quanto tempo ainda dura esta nossa aventura. Pelo tempo que durar, o seu trabalho restará como bom exemplo do que pode produzir o gênio humano.
Assim como, sei lá eu, o gótico foi a expressão material do espírito de um tempo, acho que Niemeyer conseguiu dar forma à cultura moderna, com a leveza do seu concreto, o que já é quase um clichê. A Catedral de Brasília, templo de oração projetado por um ateu militante, consegue a síntese perfeita entre o mundo horizontal e igualitário — o espírito do tempo moderno — e o apelo ao divino, a memória cultural que uma igreja, qualquer uma, evoca. Acho descabidas as críticas a seus prédios brasilienses — “desconfortáveis”, “ignoram a natureza”, sei lá o quê… Mas tudo bem: essa crítica é pertinente e aceitável.
O que censuro mais em Juscelino Kubitschek do que nele, aí, sim, é a vocação para achar que a sociedade obedece a regras que cabem num projeto. Brasília foi, em muitos aspectos, um delírio caro, desnecessário e megalômano, que, ademais, afastou a política da vida dos cidadãos comuns. A concepção, em si, é autoritária, menos pelo que possa haver de “comunismo” embutido do que de descolamento de certa elite da realidade do país. Cidades só nasciam por atos administrativos na vontade de imperadores e déspotas. Elas são construções coletivas, como, aliás, a Brasília cheia de defeitos de hoje prova à farta.
Voltei
A estupidez política de Niemeyer, que defendia regimes homicidas, não condena a sua obra. Mas a sua obra também não absolve a sua estupidez política.
Texto publicado originalmente às 23h22 desta quarta
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Corpo de Niemeyer chega a Brasília para ser velado


Arquitetura

Ele era aguardado no Palácio do Planalto por dezenas de pessoas, entre elas a presidente da República, Dilma Rousseff e o governador Agnelo Queiroz

2012 - Miúcha, Oscar Niemeyer e a esposa, no show de Chico Buarque de Hollanda, no Vivo Rio
2012 - Miúcha, Oscar Niemeyer e a esposa, no show de Chico Buarque de Hollanda, no Vivo Rio - Reginaldo Teixeira
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer chegou ao Palácio do Planalto, em Brasília, em um caminhão do Corpo de Bombeiros às 15h45 desta quinta-feira. Recoberto com a bandeira do Brasil, o caixão foi carregado pela rampa de uma de suas principais obras com direito a bastante aplauso. Símbolo de cerimônias importantes, os Dragões da Independência, um dos regimentos do exército brasileiro, se posicionaram ao longo da subida.
A presidente Dilma Rousseff foi a primeira a receber o caixão, que, fechado, se encontra no centro do Salão Nobre. Em seguida, outros políticos, tais como o vice-presidente Michel Temer, os presidentes da Câmara e do Senado, Marco Maia e José Sarney se despediram do arquiteto. A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, foi uma das que se emocionou. 
O Palácio do Planalto recebe um velório pela terceira vez. O primeiro homenageado foi Tancredo Neves, em 1985. No ano passado, ex-vice-presidente José de Alencar foi o segundo a ser velado. 
Niemeyer, que morreu nesta quarta-feira, aos 104 anos, no Rio de Janeiro, será velado em Brasília das 16h às 20h desta quinta-feira. Depois, o corpo segue novamente para o Rio, onde será velado e, na sexta-feira, enterrado no Cemitério São João Batista.
Assim que o corpo chegou a Brasília, foi levado em cortejo que contou com a presença de familiares do arquiteto. Enquanto isso, dezenas de pessoas, entre elas a presidente Dilma Rousseff, o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, os ministros das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e da Defesa, Celso Amorim, o presidente do STF Joaquim Barbosa, o presidente da Câmara Marco Maia e o presidente do Senado José Sarney, aguardavam a chegada do corpo ao Palácio.

Morre Oscar Niemeyer, maior nome da arquitetura nacional


Memória

O primeiro brasileiro a ganhar o Pritzker, Oscar da arquitetura, morreu aos 104 anos, fiel às curvas de concreto que lhe deram fama internacional, e também ao comunismo e a Josef Stálin, a quem considerava "um grande estadista"

O arquiteto Oscar Niemeyer
O arquiteto Oscar Niemeyer - Felipe Dana/AP
Morreu nesta quarta-feira, às 21h55, o arquiteto Oscar Niemeyer, 104 anos. Segundo os médicos, Niemeyer morreu de insuficiência respiratória, rodeado pela mulher, Vera, e por outros familiares. Ele estava internado no Hospital Samaritano, localizado em Botafogo, no Rio de Janeiro, desde 2 de novembro, quando foi diagnosticado com desidratação. O mesmo motivo o levara, no início de outubro, a passar duas semanas no mesmo hospital. Neste período, ele teve duas hemorragias digestivas e apresentou quadro de insuficiência renal, motivo que o levou a fazer hemodiálise. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15.

Em entrevista coletiva após a confirmação da morte, o médico de Niemeyer, Fernando Gjroup, detalhou que o arquiteto vinha apresentando piora em seu estado de saúde desde terça-feira. Na manhã de quarta, Niemeyer havia apresentado insuficiência respiratória e precisou ser entubado. Gjroup contou que, durante a internação, o arquiteto teve momentos de lucidez e evitava falar sobre morte. "Ele chegou a trabalhar no hospital e conversar com a equipe dele sobre projetos. Ele nunca perguntava muito sobre seu estado de saúde. E falava só em viver." O corpo de Niemeyer será levado para Brasília na manhã desta quinta para ser velado no Palácio do Planalto. Na sexta, ele volta para o Rio para um novo velório, no Palácio da Cidade. O enterro acontece no Rio de Janeiro, no cemitério São João Batista.

A razão do sucesso de Niemeyer está em sua ligação com um certo momento histórico do Brasil. "Sua carreira coincide com a modernização do Brasil. Ele foi um gênio no momento que a arquitetura queria se reinventar radicalmente”, diz Frederico Flósculo, professor de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB). Ao mesmo tempo, na definição de Flósculo, “suas obras têm a mesma marca, uma força plástica e de expressão que ignora as necessidades dos demais seres vivos”. A ventilação ruim e a iluminação insuficiente são os problemas mais apontados. “O Museu Nacional em Brasília, por exemplo, é um pavor climático. É um prédio totalmente fechado e uma praça toda cimentada com cerca de seis hectares. Nos dias de hoje, isso chega ao limite da ignorância em relação ao clima e ao conforto.”
Dinossauro - A tenacidade com que Niemeyer  se aferrou aos seus cânones arquitetônicos só é comparável ao seu apego a uma ideologia inimiga dos homens. O arquiteto se tornou um dinossauro da esquerda, e morreu fiel ao comunismo e admirador de Josef Stálin, um dos maiores genocidas da história, que considerava “um estadista fantástico”. Em algumas ocasiões, levou ao desespero amigos conhecidos pelo radicalismo esquerdista, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano, que pretendia publicar em um jornal de seu país uma entrevista que Niemeyer dera ao Jornal do Brasil. Preocupado em preservar o arquiteto de críticas, Galeano sugeriu retirar do texto os elogios a Stálin. Ouviu um sonoro “não” e desistiu da ideia. “Ele disse que não pegaria bem para mim”, contou Niemeyer a Lauro Jardim, um dos redatores-chefes de VEJA, em 2001. “Mas eu digo o que penso, mesmo que possa estar errado. Não cobro posição ideológica de ninguém. Tenho até amigos reacionários. Eles sempre pensando que eu estou errado, e eu achando que quem está errado são eles.”
Pragmatismo – Na vida profissional, Niemeyer foi de um pragmatismo a toda prova. Entre seus 600 projetos, há templos católicos e evangélicos, mesquitas, cassino, universidades, terminal rodoviário, museus, estádio de rodeios, monumentos diversos feitos por encomenda de políticos tão distintos ideologicamente quanto Getúlio Vargas (Ministério da Educação e Saúde, em 1936), Juscelino Kubitschek (Conjunto da Pampulha e Brasília) e Leonel Brizola (as escolas batizadas de Cieps e o Sambódromo do Rio de Janeiro).
O arquiteto carioca, nascido em 15 de dezembro de 1907, entrou no curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, em 1929. A marca pessoal de seus projetos começou a ganhar formar em seu primeiro trabalho, na sede do Ministério de Educação e Saúde no Rio em 1936, em parceria com o arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965). O convite foi feito por Lúcio Costa (1902-1998), um dos maiores arquitetos brasileiros da época e com quem Niemeyer trabalhou durante sua formação acadêmica. A chegada de Corbusier ao Brasil transformou a forma com que Niemeyer enxergava a Arquitetura. O francês trouxe sua experiência na utilização das possibilidades plásticas do concreto e a simplicidade do desenho, que brasileiro utilizou até o fim da vida.

Durante a década de 1960, Niemeyer abriu um escritório na França e, depois do golpe militar, voltou seu trabalho para o exterior. Com seu autoexílio, ampliou o alcance de sua obra para outros países, como Israel, Argélia, Espanha e Itália. “Niemeyer deu ao Brasil projeção mundial que o país não tinha no campo da cultura”, diz Agnaldo Farias, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O arquiteto é autor de projetos como a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, a Universidade de Constantine, em Argel, e a sede da Editora Mondadori, em Milão.
Família - Niemeyer manteve-se lúcido e produtivo até pouco antes de se internar. Até perto de completar cem anos, em 2007, gozava de ótima saúde, desafiando as recomendações médicas clássicas sobre alimentação e hábitos de vida. Comia carne vermelha e ovos e fumava cigarrilhas Davidoff sem nenhuma culpa. Depois, a idade avançada começou a pesar. Em 2006, aos 98 anos, Niemeyer caiu em casa e fraturou o quadril. Mais adiante, foi internado com infecção urinária, teve arritmia cardíaca, retirou a vesícula, operou um câncer no intestino.
Deixa a sua segunda esposa, Vera Lúcia, com quem se casou em 2006, dois anos após ficar viúvo de Annita Baldo (1909-2004), e uma família de cinco netos, treze bisnetos e cinco trinetos. A única filha do arquiteto, Anna Maria, morreu em junho, aos 82 anos.
(Com reportagem de Raissa Pascoal e Léo Pinheiro)

Velório de Niemeyer será em Brasília. O enterro, no Rio


Memória

Arquiteto morreu na noite desta quarta, aos 104 anos. Ele estava internado desde 2 de novembro no Rio. A causa da morte foi insuficiência respiratória

O arquiteto Oscar Niemeyer
O arquiteto Oscar Niemeyer - Felipe Dana/AP
O velório do arquiteto Oscar Niemeyer começará na tarde desta quinta-feira em Brasília, cidade que ajudou a projetar. Niemeyer morreu na noite desta quarta no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, aos 104 anos. O corpo do arquiteto foi embalsamado nesta manhã no laboratório da Santa de Casa de Misericórdia, em Inhaúma. Por volta das 10 horas, será transportado à capital federal. O velório ocorrerá no Palácio do Planalto. Na sexta-feira, o corpo volta ao Rio para ser velado no Palácio da Cidade. O enterro será à tarde, no cemitério São João Batista.
De acordo com informações da assessoria da Presidência da República, a presidente Dilma Rousseff sugeriu que a cerimônia fosse realizada em Brasília por todo o vínculo que a figura de Oscar Niemeyer tem com a capital federal, e a família aceitou. 
Oscar Niemeyer morreu nesta quarta, às 21h55. Segundo os médicos, o arquiteto morreu de insuficiência respiratória, rodeado pela mulher, Vera, e por outros familiares. Ele estava internado no Hospital Samaritano, localizado em Botafogo, desde 2 de novembro, quando foi diagnosticado com desidratação.
O mesmo motivo o levara, no início de outubro, a passar duas semanas no mesmo hospital. Neste período, ele teve duas hemorragias digestivas e apresentou quadro de insuficiência renal, motivo que o levou a fazer hemodiálise. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15.
Em entrevista coletiva após a confirmação da morte, o médico de Niemeyer, Fernando Gjroup, detalhou que o arquiteto vinha apresentando piora em seu estado de saúde desde terça-feira. Na manhã de quarta, Niemeyer havia apresentado insuficiência respiratória e precisou ser entubado. Gjroup contou que, durante a internação, o arquiteto teve momentos de lucidez e evitava falar sobre morte. "Ele chegou a trabalhar no hospital e conversar com a equipe dele sobre projetos. Ele nunca perguntava muito sobre seu estado de saúde. E falava só em viver."
A razão do sucesso de Niemeyer está em sua ligação com um certo momento histórico do Brasil. “Sua carreira coincide com a modernização do Brasil. Ele foi um gênio no momento que a arquitetura queria se reinventar radicalmente”, diz Frederico Flósculo, professor de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB).  Ao mesmo tempo, na definição de Flósculo, “suas obras têm a mesma marca, uma força plástica e de expressão que ignora as necessidades dos demais seres vivos”. A ventilação ruim e a iluminação insuficiente são os problemas mais apontados. “O Museu Nacional em Brasília, por exemplo, é um pavor climático. É um prédio totalmente fechado e uma praça toda cimentada com cerca de seis hectares. Nos dias de hoje, isso chega ao limite da ignorância em relação ao clima e ao conforto.”
Dinossauro - A tenacidade com que Niemeyer se aferrou aos seus cânones arquitetônicos só é comparável ao seu apego a uma ideologia inimiga dos homens. O arquiteto se tornou um dinossauro da esquerda, e morreu fiel ao comunismo e admirador de Josef Stálin, um dos maiores genocidas da história, que considerava “um estadista fantástico”. Em algumas ocasiões, levou ao desespero amigos conhecidos pelo radicalismo esquerdista, como o escritor uruguaio Eduardo Galeano, que pretendia publicar em um jornal de seu país uma entrevista que Niemeyer dera ao Jornal do Brasil. Preocupado em preservar o arquiteto de críticas, Galeano sugeriu retirar do texto os elogios a Stálin. Ouviu um sonoro “não” e desistiu da ideia. “Ele disse que não pegaria bem para mim”, contou Niemeyer a Lauro Jardim, um dos redatores-chefes de VEJA, em 2001. “Mas eu digo o que penso, mesmo que possa estar errado. Não cobro posição ideológica de ninguém. Tenho até amigos reacionários. Eles sempre pensando que eu estou errado, e eu achando que quem está errado são eles.”