quinta-feira 23 2012

Sandra de sá - Retratos e canções

Sandra de Sá /QUEM É VOCÊ

Tem como voltar a virgindade do ânus?

Sandra de sá - bye bye tristeza

Sandra de Sá - Solidão / Bye Bye Tristeza - Tv Brasil

STF rejeita sessões extras durante julgamento do mensalão


O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF)
O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) - Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
OSupremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter as reuniões às segundas, quartas e quintas-feiras

Corte continuará analisando o caso às segundas, quartas e quintas-feiras; outros itens da pauta só serão retomados após a conclusão do processo

Gabriel Castro 

durante o julgamento do mensalão. Os integrantes da Corte rejeitaram, em reunião administrativa na noite desta quarta-feira, a realização de mais sessões extraordinárias para tratar de outros processos.
A proposta partiu do ministro Marco Aurélio Mello, preocupado com o baixo ritmo de trabalho do plenário neste ano - em média, foram realizados 10 julgamentos por mês: "A produção em plenário é decepcionante", afirmou.
A ideia, entretanto, não foi aceita pelos integrantes ad Corte. O ministro Luiz Fux chegou a afirmar que, se fossem convocadas sessões extraordinárias, elas deveriam ser usadas para a conclusão do processo do mensalão. No fim, os ministros decidiram que a possível alteração na agenda das reuniões só ocorrerá após o fim desse julgamento.
O mais provável é que as sessões às segundas-feiras, marcadas originalmente apenas para a discussão do mensalão, continuem ocorrendo até o fim do ano. Normalmente, o plenário do STF só se reúne às quartas e quintas-feiras.
Os ministros concordaram também que é preciso acelerar o rito das sessões para evitar o acúmulo de processos. O presidente do STF, Carlos Ayres Britto, ponderou que, à exceção do relator, os ministros não precisam ler seus votos por escrito. A sugestão foi bem aceita: "Se os advogados têm a capacidade de improvisar em 15 minutos na tribunal, nós, com a nossa experiência, também teremos", disse Luiz Fux.
Essa mudança no rito, entretanto, também só deve passar a valer após o julgamento do processo do mensalão. 
Peluso - Com a confirmação de que não haverá mais reuniões extraordinárias para analisar processo do mensalão, fica ainda mais imprevisível a participação de Cezar Peluso no julgamento. O ministro se aposenta em 3 de setembro e deve participar de sua última sessão em 30 de agosto. 
Nesta quarta-feira, à assessoria de imprensa do STF, ele manteve o mistério sobre sua decisão de antecipar o voto no processo: "Jamais revelei o que quer que seja, nem mesmo à minha mulher", declarou.

AGU entra na Justiça contra 210 candidatos(VEJA)


Política

AGU entra na Justiça contra 210 candidatos

Estão na mira "Jô Soares do INSS", "Marcos Valério da UnB", "Ivete da Funasa" e muitos outros identificados depois de um pente-fino em dados do TSE

Urna eletrônica
Urna eletrônica (Nelson Junior)
A Advocacia Geral da União vai entrar na Justiça contra 210 candidatos nas eleições deste ano que recorrem a uma antiga e marota estratégia para fisgar o eleitor: associar seus nomes aos de autarquias e fundações federais, em geral provedoras de benefícios ao cidadão comum. Estão na mira "Jô Soares do INSS", "Marcos Valério da UnB", "Ivete da Funasa", "Garrincha do Dnit", "Tequinha do Incra" e muitos outros identificados depois de um pente-fino em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas ações, que começam a ser ajuizadas nesta segunda-feira, a AGU pede que os registros sejam alterados e os casos comunicados ao Ministério Público para que avalie a possibilidade de haver crime eleitoral. A justificativa é que artigos da Constituição, do Código Civil e da Lei de Propriedade Industrial protegem nomes, siglas e marcas das pessoas jurídicas, inclusive órgãos do governo. Sendo assim, não podem ser apropriados para servir a interesses particulares.
Para a AGU, a situação cria distorções no processo eleitoral. É que, ao se vincular aos órgãos federais, o candidato venderia a falsa expectativa de que, eleito, poderá ajudar o cidadão na administração pública. Além disso, criaria desigualdade em relação aos concorrentes, ao sugerir, pelo nome, ter acesso mais fácil à estrutura do governo.
"É uma apropriação da força e do poder das marcas do estado. Gera a impressão de que o candidato pertence à máquina oficial. Parcela do eleitorado pode entender que, futuramente, ele poderá lhe trazer alguma vantagem", diz o procurador geral federal da AGU, Marcelo de Siqueira Freitas, dizendo que a situação é um resquício do clientelismo na política brasileira. 
(Com Agência Estado)

União recupera 468 milhões por desvios no TRT de São Paulo


Justiça

É a maior restituição de dinheiro público desviado; serão enviados ao governo federal 80 milhões à vista e outros 388 milhões em 96 parcelas

Tai Nalon
Luiz Estevão, político brasileiro, em sua casa, maio de 2002
Luiz Estevão, em maio de 2002 (Márcia Gouthier/Folha Imagem)
O ex-senador Luiz Estevão terá de devolver à União 468 milhões de reais, na maior recuperação de dinheiro público desviado já realizada. Dono de construtura suspeita de desviar verba pública para a construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, ele foi cassado em 2000 após auditorias do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União desvendarem o esquema.
Dos 468 milhões, 80 milhões serão pagos à vista, segundo acordo feito entre a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Grupo OK, do ex-senador. O restante do dinheiro será devolvido em 96 parcelas de 4 milhões corrigidos mensalmente.
A restituição é apenas parte da dívida de Estevão, que permanece contestada na Justiça de cerca de 542 milhões além da quantia acordada, segundo a AGU. Para assegurar o pagamento integral, o órgão manterá a penhora de 1.255 imóveis e de aluguéis de imóveis do Grupo OK, cujo valor chega a 2,5 milhões mensais. Isso corresponde a cerca de 150% do valor devido pelo ex-senador e demais acusados de desvios.
O acordo é assinado pelo advogado do Grupo OK, Marcelo Bessa, e representantes da Procuradoria-Geral da União, TCU, AGU e TRT-SP e ainda será enviado à Justiça Federal para ser homologado.
Em 14 de julho de 2011, a Justiça do Distrito Federal já havia determinado a devolução de 55 milhões de reais desviados dos cofres públicos durante o escândalo, mas a ação podia ser contestada na Justiça. O acordo desta quinta-feira fez com que esse montante deixasse de ser contestado.
Rede de Escândalos: Os milionários desvios no TRT - e a ação de Lalau e sua turmaAcervo Digital VEJA: Entenda o que foi o escândalo no TRT
Os desvios - Na construção da nova sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que teve início em 1992, desapareceram dos cofres públicos quase 170 milhões de reais. Os principais responsáveis pelo desvio milionário foram os empresários Fábio Monteiro de Barros Filho e José Eduardo Teixeira Ferraz , o senador cassado Luiz Estevão e o juiz Nicolau dos Santos Neto. O esquema veio à tona a partir da CPI instaurada no Senado para investigar o Poder Judiciário, em março de 1999. Na metade de 2004 foi concluída a obra do TRT, que consumiu do Erário mais 60 milhões de reais – além dos 169 milhões iniciais e do por fora do ex-juiz, chegando à soma de 295 milhões. 
O relatório final da CPI do Judiciário apontou Estevão como suspeito de enriquecimento ilícito, atos lesivos ao patrimônio público e falsidade ideológica. Conforme a apuração, ele ganhou dinheiro com os desvios do TRT por meio da conexão financeira entre a construtora Incal (depois rebatizada Ikal) e o Grupo OK - a Polícia Federal chegou a encontrar um contrato pelo qual o senador se tornava dono de 90% da Ikal, embora Luiz Estevão alegasse que o papel não tinha validade legal.
Em razão dos desvios no TRT, Luiz Estevão foi condenado em junho pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a 31 anos de prisão pelos crimes de peculato, estelionato, corrupção, uso de documento falso e formação de quadrilha. Antes disso, em 2000, tornou-se o primeiro senador da história do Brasil cassado por quebra de decoro parlamentar. Os empresários José Eduardo Correa Teixeira de Ferraz e Fábio Monteiro de Barros Filho, ex-sócios da construtora Incal, que teriam desviado verba pública destinada à obra, também foram julgados. José Eduardo Teixeira foi condenado a 27 anos e Fábio Monteiro, a 32 anos de prisão - todos em regime inicial fechado.

Autoconsciência em humanos é mais complexa e "espalhada" do que se pensava, afirma estudo


Neurologia

Cientistas que estudaram lesões de paciente afirmam que capacidade de autoconsciência não se limita a regiões especificas do cérebro

Cérebro de um paciente de 57 anos que foi estudado por pesquisadores. Cientistas concluíram que a autoconsciência não se limita a uma região do cérebro
Cérebro de um paciente de 57 anos que foi estudado por pesquisadores. Cientistas concluíram que a autoconsciência não se limita a uma região do cérebro  ((Departamento de neurologia da Universidade de Iowa) )
"Conhece-te a ti mesmo" dizia uma inscrição na entrada do templo de Apolo, em Delfos, na Grécia antiga. Os antigos filósofos gregos consideravam essa capacidade de "conhecer a si mesmo" como um dos ápices da humanidade. Agora, milhares de anos depois, neurocientistas apresentam novas explicações para a autoconsciência. 
Uma equipe de pesquisa da Universidade de Iowa (EUA) concluiu que a autoconsciência é produzida por uma colcha de retalhos difusa que não se limita a áreas específicas do cérebro.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Preserved self-awareness following extensive bilateral brain damage to the insula, anterior cingulate, and medial prefrontral cortices

Onde foi divulgada: periódico Plos One

Quem fez: Carissa Philippi, David Rudrauf, Daniel Tranel, Gregory Landini, Antonio Damasio, Sahub Khalsa e Williford Kenneth

Instituição: Universidade de Iowa, Universidade do Sul da Calfórnia, Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Universidade do Texas

Dados de amostragem: Um paciente de 57 anos que sofreu lesões no cérebro

Resultado: A autoconsciência corresponde a um processo que não se limita a apenas uma região do cérebro.
Os neurocientistas acreditavam que apenas três regiões do cérebro eram fundamentais para a autoconsciência: o córtex insular, o córtex cingulado anterior e o córtex pré-frontal medial. Agora, os autores do estudo acreditam que o tronco cerebral, tálamo e o córtex póstero-medial também desempenham papéis no processo.
Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após estudarem um paciente com graves lesões nas regiões do cérebro que os cientistas acreditavam monopolizar a autoconsciência (o córtex insular, córtex cingulado anterior e córtex pré-frontal medial), uma oportunidade que foi considerada rara pelos cientistas. 
Mesmo com essas lesões, o paciente, com 57 anos de idade, um homem com formação universitária que foi chamado de “Paciente R", passou em todos os testes padrão de autoconsciência. 
Ele também reconheceu a si mesmo em duas oportunidades – quando se olhou no espelho e ao observar fotografias suas que foram tiradas durante todos os períodos de sua vida.
"O que esta pesquisa mostra claramente é que a autoconsciência corresponde a um processo cerebral que não pode ser localizada em uma única região do cérebro", disse David Rudrauf, coautor do artigo, que foi publicado no dia 22 de agosto no periódico Plos One. "É mais provável que a autoconsciência surja de interações muito mais distribuídas entre redes de regiões do cérebro”. 
Zumbi — Os pesquisadores observaram que os comportamentos do paciente R muitas vezes refletiam profundidade e discernimento, além de uma profunda capacidade de introspecção, uma das características mais evoluídas de autoconsciência.
"De acordo com pesquisas anteriores, esse homem devia ser um zumbi", disse. "Mas, como temos mostrado, ele certamente não é um deles. Uma vez que você teve a oportunidade de conhecê-lo, você vai imediatamente reconhecer que ele é autoconsciente”, disse David Rudrauf.
"Durante a entrevista, perguntei a ele como ele descreveria a si mesmo para alguém", disse Carissa Philippi, outra autora do estudo.
"Ele disse, 'eu sou apenas uma pessoa normal, com uma memória ruim'. Claramente a neurociência está apenas começando a entender como o cérebro humano pode gerar um fenômeno tão complexo como a autoconsciência."

MPF denuncia 17 por fraudes no Panamericano



Na VEJA.com:O Ministério Público Federal protocolou na última quarta-feira, na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, em São Paulo, denúncia contra 14 ex-diretores e três ex-funcionários do Banco Panamericano, por crimes contra o sistema financeiro nacional. A denúncia foi feita com base na lei 7.492/86, que trata dos crimes financeiros.
Além das provas apontadas no relatório da Polícia Federal, encerrado em fevereiro deste ano, o MPF identificou outras possíveis irregularidades na gestão do Panamericano, como o pagamento de propina a agentes públicos, pagamento de doações a partidos políticos com ocultação do real doador, pagamento a escritório de advocacia em valores aparentemente incompatíveis com os serviços prestados e fornecimento de informações falsas ao Banco Central.
Entre os denunciados estão o ex-presidente do Conselho de Administração do banco e do Grupo Silvio Santos, Luiz Sebastião Sandoval e o ex-diretor superintendente, Rafael Palladino. Sandoval foi funcionário e ‘braço direito’ do apresentador por mais de 30 anos. 
A denúncia não engloba, contudo, a fraude na venda de participação do banco Panamericano para a Caixa. Mas, segundo o procurador da República Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo, autor da denúncia, “há indícios fortes no sentido de que os “vendedores” agiram com dolo, ocultando fraudulenta e conscientemente os problemas da instituição financeira durante a negociação da participação acionária”.
Segundo o procurador, não há dúvidas de que Sandoval e Palladino eram os mentores das fraudes, já que tinham conhecimento de que o resultado real do banco começou a se deteriorar a partir de 2007 e buscavam soluções “heterodoxas” para melhorar o resultado – ainda que de forma fraudulenta e artificial.
Segundo a denúncia, fraudes na contabilização das carteiras cedidas eram realizadas para cobrir “rombos” decorrentes de anteriores fraudes nas liquidações antecipadas e vice-versa. “As fraudes estavam interligadas e o conhecimento de uma implicava o de outra”, afirma Fraga.
(…) 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Ministro revisor ignora contratação de instituto de pesquisa



Que coisa!
Até agora, e não creio que o fará mais, Lewandowski nem tocou na contratação do Instituto Vox Populi, pela agência SMP&B, para fazer duas pesquisas para a Câmara. Isto mesmo: quem contratou o instituto foi a agência de Valério…
Entre outras coisas, o instituto queria saber o que a população pensava de João Paulo e se José Dirceu estava ou não envolvido numa tramoia. Como se vê, questões da maior relevância pública, não é mesmo?
Para arrematar, Lewandowski inocenta João Paulo do crime de lavagem de dinheiro. E oferece como justificativa o fato de que o deputado mandou a própria mulher sacar dinheiro no banco.
Lewandowski já deixou claro o que pensa e qual é o seu voto. Mas não para nunca… O ministro diz agora que João Paulo ignorava que os R$ 50 mil que sua mulher sacou podiam ter origem criminosa. E citou como referência até o advogado de um dos mensaleiros.
Hoje, a partir das 19h, debate na VEJA.com.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

TRE-RJ nega registro de candidatura de Rosinha Garotinho


Rio de Janeiro

Enquadrada na Lei da Ficha Limpa, ex-governadora não poderá tentar reeleição à prefeitura de Campos dos Goytacazes

TSE mantém Rosinha inelegível
Ex-governadores do Rio: Rosinha e o marido Anthony Garotinho (AE)
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) negou o registro de candidatura da prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho, que tenta a reeleição pelo PR. A decisão foi baseada na Lei da Ficha Limpa e deixa a ex-governadora inelegível para as eleições deste ano.
A candidatura de Rosinha havia sido aprovada em primeira instância, mas o Ministério Público Eleitoral recorreu. Agora, é ela quem pretende entrar com recurso, informa sua defesa.
Resposta - Logo após o anúncio do TRE-RJ, o marido de Rosinha, o deputado Anthony Garotinho, publicou em seu blog pessoal um post em que define a decisão como "absurda". "Já conversei com meus advogados em Brasília que vão recorrer ao TSE e não têm dúvidas de que a decisão será revogada", escreveu.

A absolvição absurda foi antecipada pelo sotaque do afilhado de Marisa Letícia


O palavrório é suficiente para transferir Lewandowski da cadeira de ministro para a bancada dos bacharéis do mensalão. Em 2005, quando se descobriu que Márcia Cunha havia retirado R$ 50 mil de uma conta de Marcos Valério no Banco Rural de Brasília, João Paulo saiu-se com uma desculpa que figura na antologia dos álibis imbecis. Ela usara o dinheiro para lpagar uma conta de TV a cabo, balbuciou.
Demorou alguns dias para trocar a mentira bisonha por outra inventada por embusteiros menos idiotizados: torrara a bolada em “despesas de campanha”, descobriu. O problema é que o saque foi feito em setembro de 2003, ano em que não houve eleição nenhuma. A menos que João Paulo tenha sido candidato a síndico e usado os R$ 50 mil para conseguir o apoio dos moradores do prédio.
A decisão absurda foi antecipada pela voz. Nesta quinta-feira, desde o começo da sessão do Supremo Tribunal Federal, o afilhado de Marisa Letícia está falando com sotaque de Márcio Thomaz Bastos.

Acertei na mosca! Lewandowski foi rigoroso com Pizzolato ontem, um peixe pequeno, para livrar a cara de João Paulo hoje, um bagrão do PT! O ministro nomeado por Marisa Letícia é bem mais transparente do que parece



No debate havido ontem na VEJA.com, Augusto Nunes nos perguntou se o voto severo de Ricardo Lewandowski no caso Henrique Pizzolato havia surpreendido. Afirmei, vejam o filme, que não havia ficado surpreso porque Lewandowski não é burro. E expus lá os motivos.
Levantei aqui no blog e no programa a possibilidade de que o rigor de Lewandowski com Henrique Pizzolato — um bagrinho do PT — poderia ser prenúncio de, como direi?, generosidade com os peixes graúdos do PT. E João Paulo Cunha é um deles.
Destaque-se que o ministro, em seu voto, está indo bem além de apontar a suposta falta de provas contra João Paulo no caso de corrupção passiva. Ele falou claramente a linguagem da defesa, com mais precisão até do que o advogado Alberto Zacharias Toron, um nomão da advocacia que defende o “humilde” João Paulo. Toron, diga-se, é o candidato de Márcio Thomaz Bastos e de setores do PT à presidência da OAB-SP. Tanto é assim que Bastos está cabalando votos pra ele em nome dos companheiros.
Descaracterizado o crime de corrupção passiva no caso do recebimento dos R$ 50 mil, dificilmente — vamos ver —, Lewandowski condenará João Paulo por peculato e lavagem de dinheiro. Acho que não! Por que o faria?
Porque, ao DEFENDER JOÃO PAULO, Lewandowski enfatizou que aquele dinheiro era do PT e estava disponível no banco. Se era do PT, então não era público. Logo, está descaracterizado o peculato. Se não houve o peculato, o crime antecedente, então não há lavagem de dinheiro.
Dirceu é o ponto de chegadaAo inocentar João Paulo, é claro que o ponto de chegada é José Dirceu. Neste momento, Lewandowski avança em detalhes e minudências demonstrando que os R$ 50 mil recebidos por João Paulo buscavam apenas financiar pesquisas. E ponto final.
Quando Lewandowski pediu para inverter os itens do voto de Joaquim Barbosa, achei a coisa estranha. Intui que estava tentando passar um pouco de mel nos beiços da imprensa — “Vejam que ministro independente; está surpreendendo” — para dar a grande guinada depois e voltar ao lugar de onde nunca saiu.
Bingo! O ministro nomeado por Marisa Letícia está cada vez mais transparente.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/acertei-na-mosca-lewandowski-foi-rigoroso-com-pizzolato-ontem-um-peixe-pequeno-para-livrar-a-cara-de-joao-paulo-hoje-um-bagrao-do-pt-o-ministro-nomeado-por-marisa-leticia-e-bem-mais-transparente/

Paula Toller - As Curvas da Estrada de Santos (DVD "Elas Cantam Roberto")

Gal Costa - O Amor Em Paz

João Paulo, o homem sem mácula



Acho tão bonitinho, encantador mesmo!, quando Ricardo Lewandowski recorre à primeira pessoa para demonstrar que é aplicado: “Pesquisei, verifiquei, li…” Volta e meia, ele também pede a atenção da plateia — no caso, os demais ministros. Faz sempre um grande esforço para demonstrar que é mais aplicado do que os outros.
Lewandowski ainda tem de enfrentar outras imputações, mas tudo já parece devidamente desenhado. O João Paulo que sai do voto do ministro é, até agora, um homem sem mácula.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/joao-paulo-o-homem-sem-macula/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReinaldoAzevedo+%28Reinaldo+Azevedo%29

A corrupção passiva, a conversa mole sobre ato de ofício e João Paulo



Vou voltar a uma questão que eu sei polêmica. Advogados de defesa, inclusive amigos meus, repudiam o meu entendimento, mas não posso fazer nada. Se as palavras fazem sentido, acho que estou certo.
O que diz o Artigo 317 do Código Penal, que trata de corrupção passiva? Isto:
Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763 , de 12.11.2003)
§ 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.
Voltei
De novo: as palavras fazem sentido? Se fazem, NÃO É PRECISO ato de ofício coisa nenhuma para definir a corrupção passiva. Basta que haja a perspectiva de um benefício indevido.
A lei trata, sim, do ato de ofício, mas lá Capítulo 1º, como elemento agravante.  Pergunto e a resposta é óbvia: não houvesse o parágrafo 1º na lei, o caput perderia sentido? Ora…  Caso se entenda o ato de ofício como a assinatura de um documento, por exemplo, aí estamos no pior dos mundos. Então a lei serve como estímulo aos larápios: “Não assinem nada; resolvam tudo no boteco da esquina”.
Mas atenção! No caso em questão, o que não falta são atos de ofício. Leiam, reitero, o voto de Joaquim Barbosa para constatar quantas foram as vezes em que João Paulo autorizou operações que eram do interessa da agência de propaganda de cuja conta sua mulher sacou R$ 50 mil.
Neste momento, 17h19, Lewandowski está rejeitando a segunda acusação de peculato contra João Paulo, no caso da contratação da empresa de assessoria IFT. O voto de Lewandowski é escandaloso quando cotejado com os fatos. 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-corrupcao-passiva-a-conversa-mole-sobre-ato-de-oficio-e-joao-paulo/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReinaldoAzevedo+%28Reinaldo+Azevedo%29

Pelo voto de Lewandowski, Valério e Pizzolato vão para a cadeia, mas o núcleo político do mensalão fica solto…



Marcos Valério, seus sócios e Henrique Pizzolato que tomem cuidado, hein… Podem pegar uns bons anos de cadeia. A depender do andar da carruagem, só eles pagarão pela lambança a que se chamou “mensalão”. Fico imaginando os petistas acusados se refestelando no poder, e eles lá, esperando o banho de sol… Ficarão em cana e de bico fechado? Não sei! Depende do acordo.
É impressionante! Reitero: os mesmos motivos que levaram Lewandowski a condenar Pizzolato, demonstrei aqui num post desta manhã, deveriam levá-lo a condenar João Paulo. Mas não…
O ex-presidente da Câmara tem tanta certeza de que o seu caso terminará em pizza que, com ousadia, candidatou-se à Prefeitura de Osasco. Pronto! Lewandowski acaba de inocentar João Paulo do crime de peculato. E, conforme deixei claro em post anterior, vai inocentá-lo também de lavagem de dinheiro.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pelo-voto-de-lewandowski-valerio-e-pizzolato-vao-para-a-cadeia-mas-o-nucleo-politico-do-mensalao-fica-solto/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+ReinaldoAzevedo+%28Reinaldo+Azevedo%29

Se Lewandowski condenou Pizzolato, não há como livrar a cara de João Paulo Cunha. É uma questão de lógica elementar



Joaquim Barbosa começou a ler o seu voto pelo Item III e seguiu esta ordem: o caso João Paulo, o caso das bonificações de volume e o caso Visanet. Ricardo Lewandowski votou o mesmo Item 3, mas em ordem inversa. No primeiro subitem, condenou todo mundo; no segundo, chegou perto de absolver, mas o navio descreveu um arco, como diria Chico Jabuti, e ele aportou na condenação. Seguindo essa gradação, teria deixado a absolvição para o deputado João Paulo Cunha? Vamos ver.
O voto de Joaquim Barbosa está aqui. A diferença entre o que fez o deputado na presidência da Câmara e o que fez, por exemplo, Henrique Pizzolato na diretoria de marketing no Banco do Brasil é só de quantidade de dinheiro. O mecanismo é rigorosamente o mesmo.
João Paulo repassou à agência de Valério mais de R$ 10 milhões para prestar serviços à Câmara. O Instituto de Criminalística constatou que a empresa fez subcontratações. Até duas pesquisas encomendadas ao Instituto Vox Populi se fizeram por meio da agência. Pesquisas de interesse público ou da Câmara??? Uma questão indagava se um determinado escândalo atingia Dirceu; outra procurava saber o que os brasileiros pensavam de… João Paulo!!! A mulher do deputado, como se sabe, sacou R$ 50 mil da conta de Valério no Banco Rural. O mesmo Valério cuja empresa tinha sido contratada por decisão de João Paulo. Para quem gosta de “atos de ofício”, há uma pletora deles.
Pois bem! Barbosa condenou o deputado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro — os mesmos crimes atribuídos ao ex-diretor do BB. E o papel desempenhado por ambos, reitero, é igual. A exemplo de Pizzolato, João Paulo concedeu facilidades à empresa de Valério — e não se conhecem os serviços prestados. Taí o peculato. A exemplo de Pizzolato, João Paulo recebeu dinheiro do esquema (o ex-diretor de marketing do BB diz ter entregado a grana a um representante do PT, mas não sabe quem…) no curso dos favores prestados a Valério: taí a corrupção passiva. Ele diz que era para saldar compromissos de campanha; ainda que fosse para comprar leite para as criancinhas, pergunto: a destinação do dinheiro muda a sua eventual origem criminosa? A exemplo de Pizzolato, grana oriunda então de um crime foi posta em circulação e foi usada como se limpa fosse: taí a lavagem de dinheiro. E notem, hein: Pizzolato, à diferença de João Paulo, não admitiu que o dinheiro era para atender a demandas suas (afinal, não tinha a desculpa de que pagava dívidas de campanha).
Não há mágica retórica neste mundo que possa asseverar a culpa de um e a inocência do outro. Vamos ver o que diz Lewandowski.
Texto publicado originalmente às 4h49
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/se-lewandowski-condenou-pizzolato-nao-ha-como-livrar-a-cara-de-joao-paulo-cunha-e-uma-questao-de-logica-elementar/

Nelson Rodrigues, aos 100, ainda é a cara do Brasil real


Cultura

Nelson Rodrigues inventou o teatro brasileiro. Retratou a “nova classe média” antes até de ela existir oficialmente e criou tipos que continuarão por aí. Eternamente moderno, será lembrado por muitos séculos



O dramaturgo Nelson Rodrigues inventou o teatro brasileiro em 1943, com a peça Vestido de Noiva. O romancista, com o pseudônimo Suzana Flag ou sem camuflagens, devassou e simultaneamente seduziu o universo habitado por aquela que muitos anos depois seria batizada de “nova classe média”. O cronista do Brasil real - enquanto colecionava achados metafóricos que o transformariam num frasista incomparável e concebia imagens magnificamente exatas - pariu criaturas que, conjugadas, mostram não o que os nativos da terra gostariam de ser, mas o que efetivamente são. O torcedor apaixonado do Fluminense descobriu que “a mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana” e foi o primeiro a coroar Pelé. Ele foi e fez tudo isso - e muito mais - em apenas 68 anos de vida. É compreensível que o dia da morte física de Nelson Rodrigues tenha sido também o primeiro dia do resto de sua eternidade.
A imortalidade de Nelson Falcão Rodrigues, nascido no Recife em 23 de agosto de 1912, é reafirmada pelo centenário do gênio. Diferentemente das efemérides do gênero, desta vez não foi preciso reapresentar o país a outra vítima da amnésia endêmica que chegou com as primeiras caravelas. Desde a década de 70, quando começou a transformar-se numa prova contundente de que nem toda unanimidade é burra, Nelson está livre da temporada no limbo a que são condenados os grandes mortos. De lá para cá, não se passou um só dia sem que estivessem em cartaz peças teatrais ou filmes baseados em sua obra, ou sem que fossem vendidos exemplares dos livros que continuaram a multiplicar-se em edições sucessivas. Também é certo que neste momento, em alguma esquina ou mesa de botequim, alguém está animando a roda de conversa com a evocação de uma frase ou criatura de Nelson Rodrigues. Ou apenas Nelson, porque basta o prenome para a identificação de um velho conhecido.
A admiração por Nelson hoje é compartilhada por todos os brasileiros com mais de dez neurônios - sejam quais forem a idade, a filiação política, a tendência ideológica, o signo, o peso e a estatura. E assim sempre será, porque os muitos grandes momentos de Nelson Rodrigues nunca ficarão grisalhos. A crítica de teatro Barbara Heliodora prevê que, como ocorre com a obra de William Shakespeare, pelo menos quatro peças de Nelson - Vestido de Noiva, Boca de Ouro, A Falecida e O Beijo no Asfalto - continuarão encantando plateias daqui a 500 anos. Os descendentes dos nossos tetranetos reconhecerão uma similar de Engraçadinha na garota ao lado, ou dormirão imaginando que espécie de veículo estará transportando Solange, a dama que, no Brasil do século XX, caçava aventuras no lotação.
“Ele será sempre um grande autor”, afirma Barbara Heliodora, que atribui a Nelson Rodrigues a subida aos palcos dos diálogos que reproduzem a língua falada pelas plateias. “Nelson era um repórter extraordinário, e foi muito influenciado pela experiência como jornalista”, diz. “Tinha um ouvido tão maravilhoso que conseguiu captar o brasileiro falando. Nós aprendíamos na escola que poderíamos falar errado, mas deveríamos escrever corretamente. Os autores escreviam certo, esquecidos de que aquilo era para ser falado.” Só depois de Vestido de Noiva os atores começaram a falar o português das ruas. A descoberta do diálogo em brasileiro fez de Nelson Rodrigues, segundo o crítico Sábato Magaldi, “um autor seminal, que fecundou a nossa dramaturgia”.
Amiccuci Gallo
IMPÉRIO DA FANTASIA - O pernambucano Nelson em seu habitat, as ruas do Rio de Janeiro, nos anos 70, e contracenando com a atriz Léa Garcia na peça Perdoa-me por Me Traíres, de sua autoria: um autor fiel apenas à própria imaginação e sem grande apreço pela fronteira que separa o real do inventado
IMPÉRIO DA FANTASIA - O pernambucano Nelson em seu habitat, as ruas do Rio de Janeiro, nos anos 70, e contracenando com a atriz Léa Garcia na peça Perdoa-me por Me Traíres, de sua autoria: um autor fiel apenas à própria imaginação e sem grande apreço pela fronteira que separa o real do inventado














Se Barbara Heliodora consegue distinguir o jornalista do dramaturgo, os amigos do singularíssimo pernambucano criado no Rio de Janeiro sempre enxergaram um Nelson só, que parecia vários por ser, na definição do jornalista e escritor Otto Lara Resende, um feixe de paradoxos. “É um profundo individualista e vive da emoção coletiva”, disse Otto. “Foi um conservador e tem uma obra revolucionária. Orgulha-se de ser um reacionário e foi um dos autores mais censurados do Brasil.” O psicanalista e escritor Hélio Pellegrino achava que todas as versões do amigo viviam sob “o império da fantasia, em que realidade e invenção sempre se misturam”. Se a opção se impunha, a realidade sofria outra derrota: “Nelson é fiel à sua imaginação”.
Nelson Rodrigues era perigosamente imaginoso tanto com desafetos quanto com os mais íntimos amigos. Um deles só descobriu que fora transformado no nome alternativo da peça que entraria em cartaz naquela noite ao ler o enorme letreiro em neon: “Bonitinha mas Ordinária ouOtto Lara Resende”. A brincadeira que ultrapassara os limites do sarcasmo suspendeu por algumas semanas as conversas diárias entre o autor da homenagem e o integrante do grupo que reunia o que a usina de superlativos qualificava de “amigos além da vida e além da morte”. Anistias concedidas por Nelson Rodrigues eram amplas e irrestritas, mas tinham prazo de validade. Consertado o estrago, o parceiro ofendido não demorava a pousar em alguma história contada por quem sempre desprezou a fronteira que separa o real do imaginado.
“A crônica policial piorou porque os repórteres de hoje não mentem”, lastimava o homem que ainda menino enfeitava com detalhes fantasiosos histórias de casais que se matavam por amor. Nas crônicas ou nos romances de Nelson, o verdadeiro tirava o irreal para dançar o tempo todo. Com um sotaque lisboeta que nunca existiu, Otto Lara Resende era repatriado de Portugal para contracenar com a cabra vadia, única espectadora de entrevistas imaginárias conduzidas em um suposto terreno baldio - ou, ainda, para testemunhar mais um assombro provocado pelo Sobrenatural de Almeida, que alterava bruscamente uma situação ou o resultado de um jogo do Botafogo. Passados mais de trinta anos, está claro que histórias e personagens jamais ficarão datados. As criaturas que se tornaram inverossímeis num Brasil menos primitivo viraram documentos de época.
Tem lugar assegurado no Museu Nacional do Maniqueísmo, por exemplo, o padre de passeata, religioso que comparecia em trajes civis às manifestações de rua contra a ditadura militar. Estará ao lado de sua versão feminina, a freira de minissaia, e a poucos metros da estudante de psicologia da PUC, que queria saber o que o cronista achava da morte de Deus, e da estagiária de calcanhar sujo, que se formara em jornalismo para esbanjar autossuficiência e mau humor nas redações. Todos nascidos em 1968, são filhotes do direitista atormentado pelas atividades clandestinas do primogênito, engajado na luta armada. Em alguns episódios, Nelson foi longe demais na louvação de uma ditadura que torturava e matava inimigos. Mas o conjunto da obra é tão luminoso que revoga as manchas escuras.
Outras invenções do ficcionista delirante são atemporais e continuarão por aí durante séculos. O idiota da objetividade, por exemplo. A vizinha gorda e patusca. Palhares, tão definitivamente canalha que, na casa do irmão, beija à força o pescoço da cunhada que passa pelo corredor. Esses seguirão contracenando com personagens que iluminam a face do Brasil que tenta, inutilmente, esconder as taras, as vergonhas familiares, a guerra conjugal, o adultério, os preconceitos, a sexualidade reprimida, a mesquinhez patológica. “Se todo mundo conhecesse a vida íntima de todo mundo, ninguém cumprimentaria ninguém”, resumiu Nelson Rodrigues.
Antonio Andrade / Arquivo / Agência O Globo
REPÓRTER SEM FOLGA NEM PAUSA - Nelson diverte crianças de colégio com uma encarnação da “cabra vadia”, personagem que testemunhava entrevistas imaginárias que ele conduzia num terreno baldio: o olhar do jornalista alimentava o talento do escritor
REPÓRTER SEM FOLGA NEM PAUSA - Nelson diverte crianças de colégio com uma encarnação da “cabra vadia”, personagem que testemunhava entrevistas imaginárias que ele conduzia num terreno baldio: o olhar do jornalista alimentava o talento do escritor
Os habitantes desse universo fantástico têm o olho rútilo e o lábio trêmulo, reagem à adversidade com arrancos de cachorro atropelado, seu pensamento é tão raso que uma formiguinha poderia atravessá-lo com água pelas canelas. Grã-finas com narinas de cadáver suportam maridos com três papadas e três bochechas em cada lado do rosto. A cabeça dos intelectuais tem a aridez de três desertos, os especialmente infelizes se sentam no meio-fio para chorar lágrimas de esguicho, caem tempestades de quinto ato do Rigoletto, há homens bonitos como havaiano de cinema, faz um calor de rachar catedrais e existe gente varada de luz como santo de vitral. Um mundo assim, espalhado por dezessete peças, nove romances, sete livros de contos e crônicas e milhares de artigos em jornais, merece mais que uma única vez sobre a face da Terra. O mundo maravilhoso que Nelson Rodrigues criou merece existir para sempre.
Obsessivo confesso e sem cura, obcecado especialmente pela morte, Nelson jurava que, durante a infância, fugia da escola para assistir a velórios. Aos 13 anos, estreou como repórter de polícia no jornal do pai, cobrindo um caso de suicídio passional. Adolescente, ouviu o som do tiro de revólver disparado por uma mulher que, inconformada com o noticiário que lhe devassara a vida íntima, resolveu vingar-se com o assassinato do dono do jornal, Mário Rodrigues, ou de algum de seus filhos. À morte do irmão, o ilustrador Roberto Rodrigues, seguiu-se a do pai. Depois vieram os anos de pobreza, a tuberculose que lhe impôs duas internações em Campos do Jordão, as chuvas do trágico verão carioca de 1966 que mataram o irmão Paulo e toda a família, o fim angustiante do primeiro casamento, as turbulências do segundo, o nascimento da filha cega, as torturas infligidas ao seu filho Nelsinho no cárcere. Em 21 de dezembro de 1980, o homem que passou a vida inteira pensando na morte se foi. Nunca se saberá se já tinha descoberto que era imortal.

O provocador vocacional


“A companhia de um paulista é a pior forma de solidão”
“Só os profetas enxergam o óbvio”
“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”
“Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo”
“Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma”
“Nada nos humilha mais do que a coragem alheia”
“Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”
“O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro”
“Acho a liberdade mais importante que o pão”
“No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte”
“A fome é mansa e casta. Quem não come não ama, nem odeia”
“Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância”
“Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais contínuo do que o ex-ministro”
“Jovens: envelheçam rapidamente!”
“Falta ao virtuoso a feérica, a irisada, a multicolorida variedade do vigarista”

O apaixonado cínico

“Amar é ser fiel a quem nos trai”
“Quem nunca desejou morrer com o ser amado nunca amou, nem sabe o que é amar”
“Ou a mulher é fria ou morde. Sem dentada não há amor possível”
“Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante”
“Todo tímido é candidato a um crime sexual”

Barbosa e o MP(VEJA)


Voto consistente
Autor da primeira denuncia do mensalão, Antonio Fernando de Souza tem elogiado o voto de Joaquim Barbosa no julgamento.
Para ele, Barbosa apresentou até agora um voto consistente “e muito bem feito”.
Souza acredita ainda que Barbosa conseguiu ir além da apuração do Ministério Público (MP) em alguns aspectos do processo. “O MP apurou muita coisa, mas em seu exame dos autos ele pegou ainda mais, reforçou muito mais”.
Com viagem marcada para o Oriente Médio nos próximos dias, Souza deve perder o desenrolar do julgamento, mas deve estar de volta ao Brasil quando o STF estiver dando sua palavra final sobre o caso.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/judiciario/barbosa-reforcou-em-muito-a-apuracao-do-mp-diz-antonio-fernando-de-souza/