domingo 30 2012

Aécio Neves diz que Lula age como chefe de facção


Oposição

Senador do PSDB rebateu as críticas feitas pelo ex-presidente a adversários políticos e disse que falta humildade e competência a Fernando Haddad

O senador eleito por Minas Gerais, Aécio Neves
O senador por Minas Gerais, Aécio Neves (Carlos Rhienck/Folhapress)
"Lula está abdicando da condição de ex-presidente de todos os brasileiros para ser um líder de facção", Aécio Neves, senador
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta sexta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva age "como líder de facção" e mancha a própria biografia ao defender os réus do mensalão. Para Aécio, Lula ataca a oposição "de forma extremamente agressiva" nos palanques eleitorais. "O lulismo, da forma que existia, quase messiânico, que apontava o dedo e tudo seguia na mesma direção, não existe mais", afirmou o senador.
Em entrevista concedida nesta sexta-feira em um hotel na orla de Maceió, Aécio respondeu às declarações de Lula contra os tucanos nos palanques eleitorais, principalmente em São Paulo. Segundo Aécio, os ataques mostram o desespero do ex-presidente. "O lulismo sempre terá avaliações positivas em algumas regiões de sua influência, mas, da forma como existia no passado, não existe mais", disse. "Lula está abdicando da condição de ex-presidente de todos os brasileiros para ser um líder de facção. Não é bom para ele, nem para sua história."
O senador afirmou que o julgamento do mensalão será como virar uma página na história do Brasil. "O julgamento fortalece a ética na política. Teremos um Brasil melhor."
Para Aécio, a tática virulenta de Lula tem surtido efeito inverso, como no caso de Belo Horizonte, onde o ex-presidente fez ataques a Fernando Henrique Cardoso. "Parece que o incomoda ainda bastante a figura de Fernando Henrique, mas sua ida a Minas não alterou em nada as pesquisas eleitorais", disse.
Aécio disparou também na direção do candidato petista à prefeitura de São Paulo. Fernando Haddad o chamou de despreparado para ser presidente da República e o aconselhou a ler mais - um livro por semana, ao menos. "Acho que ele passou ali um recado ao presidente Lula. Ele não me parece satisfeito com o apoio do ex-presidente", disse o tucano, lembrando que, apesar do "tsunami de recursos financeiros investidos", a campanha de Haddad não deslanchou.
O senador disse que preferia ser lembrado por Haddad com mais gentileza. "Achei que ele fosse me cumprimentar, por ter levado Minas Gerais a ser o estado que tem a melhor educação fundamental do Brasil", disse. "Se ele me perguntasse a receita, eu lhe diria: é humildade e competência, duas características que ele não demonstrou ter ao longo da sua vida pública. É uma oportunidade de ele perceber que, para avançar na vida pública, não basta apenas um padrinho político."
Eleições presidenciais - Questionado sobre as eleições presidenciais de 2014, o senador disse que não quer "colocar o carro na frente dos bois". "Agora nós vamos nos dedicar a sair bem das eleições municipais, principalmente no Nordeste e, em 2013, vamos discutir com a sociedade qual a nova agenda do país", disse. "A partir daí, vai surgir uma candidatura. Se recair sobre mim essa responsabilidade, obviamente eu estarei preparado."
De olho na eleição de 2014, Aécio realiza um périplo por cidades nordestinas, como Maceió, onde candidatos tucanos disputam a prefeitura. O objetivo tem mão dupla: de um lado, ele dá impulso nessas candidaturas na reta final e de outro, fortalece seus laços políticos com lideranças regionais para uma eventual candidatura presidencial. Na passagem por Alagoas, ele fez uma carreata pelas principais ruas de Maceió ao lado do candidato tucano Rui Palmeira, líder disparado nas pesquisas, e depois seguiu para Arapiraca, onde o candidato do partido, Rogério Teófilo, encontra dificuldades. De Alagoas, Aécio seguirá para a Bahia.
(Com Agência Estado)

Estudo com molusco sugere que chocolate melhora a memória


Biologia

Pesquisadores do Canadá submeteram caracóis a altos níveis de flavonoides, que é encontrado no cacau. Como resultado, os animais conseguiram armazenar estímulos respiratórios por três dias

caracol pneumostômio respiração chocolate
  O caracol respira pela pele mas, em baixos níveis de oxigênio, ele se utiliza de uma espécie de tubo respiratório (pneumostômio) que busca ar na superfície. (Ken Lukowiak)
Uma dieta rica em flavonoides, um componente encontrado no insumo básico para a fabricação de chocolates, o cacau, pode ajudar a melhorar a memória. Para chegar à conclusão, dois pesquisadores da universidade canadense de Calgary, Lee Fruson e Ken Lukowiak, deram a substância a uma espécie de caracol (Lymnaea stagnalis). O cacau é rico em epicatequina, um tipo específico de flavonoide. A substância também é encontrada no vinhos tinto e no chá verde. 
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A flavonol present in cocoa [(-)epicatechin] enhances snail memory

Onde foi divulgada: periódico The Journal of Experimental Biology

Quem fez: Ken Lokowiak e Lee Fruson

Instituição: Universidade de Calgary, no Canadá

Resultado: Os dois pesquisadores mostraram que caracóis treinados em água com alta concentração de um componente chamado epicatequina, presente no cacau, armazenam mais memória e por mais tempo. De acordo com Ken Lokowiak, as informações coletadas pelo estudo sugerem que um processo similar ocorre em humanos.
Ver os efeitos que apenas um flavonoide tem sobre a cognição em humanos é quase impossível, de acordo com Lukowiak, já que diversos fatores externos influenciam a formação de memória nas pessoas. Por isso eles escolheram realizar os experimentos no molusco, que é encontrado em lagoas, para medir a ação do flavonoide na memória.
Lokowiak explicou que as informações coletadas pelo estudo levam a crer que o flavonoide tenha desempenho semelhante em humanos. "Até o momento, todos os dados de caracóis, vermes e moscas mostraram que os mecanismos que agem neste animais são similares aos que atuam nos neurônios humanos", disse o cientista ao site de VEJA.
Graças à substância, a dupla de estudiosos conseguiu treinar e ampliar a memória respiratória do caracol. Normalmente, esse minúsculo animal respira pela pele. Em baixos níveis de oxigênio, como quando submerso em água desoxigenada, ele se utiliza de uma espécie de tubo respiratório (pneumostômio) que busca ar na superfície. Um simples toque no pneumostômio, no entanto, é o suficiente para fazer com que ele recolha o tubo respiratório. Com treinamento de 30 minutos, o molusco pode armazenar a memória desse estímulo por apenas três horas. 
O experimento - Primeiro, o animal ficou em contato com uma água com alta concentração de epicatequina. Um dia depois, ele foi colocado em água desoxigenada com o objetivo de constatar se, após exposto à epicatequina, o caracol se lembraria de manter o tubo fechado. Surpreendentemente, os moluscos não abriram o pneumostômio na ocasião. Além do mais, quando os cientistas realizaram duas sessões de treinamento com níveis elevados do flavonoide, o caracol lembrou-se de manter o tubo contraído nos três dias seguintes.
Com pouco oxigênio na água, e sem a ajuda do pneumostômio, o caracol pode sobreviver por até 36 horas, diz Lokowiak.
As evidências da ação do flavonoide ganharam ainda mais força quando Fruson e Lukowiak, posteriormente, fizeram o caminho contrário e tentaram apagar as memórias adquiridas sob o efeito da substância. Eles realizaram estímulos inversos, que induziriam os caracóis a abrirem os tubos respiratórios. Só que os animais não responderam. Isso leva a crer, segundo os pesquisadores, que a memória adquirida sob o efeito da epicatequina foi mais forte do que o novo estímulo para ser suplantada. A explicação para isso é que o componente epicatequina age diretamente sobre os neurônios que armazenam memória.   

Rodrigo Santoro encarna líder anarquista em épico de Roland Joffé


Festival do Rio

Ator compara a atual superprodução épica com sua experiência ao filmar '300'

Fabíola Ortiz, do Rio de Janeiro
Rodrigo Santoro está no elenco de 'Encontrarás Dragões: Segredos da Paixão'
Rodrigo Santoro está no elenco de 'Encontrarás Dragões: Segredos da Paixão' (Divulgação)
Recém chegado ao Brasil após as filmagens de 300: Rise of an empire, na Bulgária, Rodrigo Santoro conversou com a imprensa neste sábado, no Armazém Utopia, no Cais do Porto. A visita à cidade é para apresentar, no Festival do Rio, que exibe Encontrarás Dragões: Segredos da Paixão (There Be Dragons, 120 min), longa de Roland Joffé que terá pré-estreia neste domingo, na sessão de gala no Cine Odeon, às 19h30.
A super produção de 36 milhões de dólares foi gravada durante 15 semanas, na Argentina, em 2010 sob a direção do britânico que já realizou A Missão (1986), O Início do Fim (1989), A Letra Escarlate (1995) , Vatel - Um Banquete Para o Rei (1999), Misteriosa Paixão (1998) eCativeiro (2007). Joffé se apoia no pano de fundo da guerra civil espanhola para contar uma história de amizade, amor e fé.
“Eu faço Oriol, um anarquista muito diferente do personagem que fiz em Che, que estava na revolução cubana. Oriol fica completamente apaixonado pela primeira vez na sua vida, mas não podia, porque estava lutando numa guerra, e isso era contra os códigos. Fiquei tocado por essa história. Havia socialistas, comunistas e republicanos lutando na guerra civil espanhola”, disse o ator.
Santoro, aos 37 anos, coleciona atuações em produções hollywoodianas, como no filme As Panteras Detonando (2003), e em I Love You Phillip Morris, ao lado de Jim Carrey. Passou também por produções estrangeiras como no seriado americano Lost (2006), e fez um vilão no filme 300, além de Che – O Argentino (2008), do diretor Steven Soderbergh, ao lado de Benício del Toro.
“Não sabia muito sobre a guerra civil, apenas o que tinha aprendido na escola. Tive ajuda do Instituto Cervantes no Rio que me forneceu material de arquivo, imagens, filmes e livros para pesquisar sobre o tema. O tema me fascinou, é uma história comovente”, contou.
Produção - Perguntado sobre como foi fazer parte do elenco de um grande épico, Santoro comparou com a experiência que teve em fazer 300. Em Encontrarás Dragões, muitas das cenas de batalha foram filmadas em praças na cidade de Buenos Aires, para ambientar a Madri da década de 30.

“Fizemos um processo de preparação com Roland e com os atores por duas semanas antes de começarmos a rodar na Argentina. Sempre admirei Rolland como diretor, seus filmes eram uma referência para mim. Mas 300, também considerado um épico, foi todo filmado no estúdio. Neste caso, nós filmamos em Buenos Aires e fechamos uma praça para filmar as cenas de batalha. Pude sentir o tamanho e a dimensão de uma grande produção”.
No elenco, Robert é interpretado por Dougray Scott. O presonagem é um jornalista que chega a Madri para pesquisar a vida do padre Josemaría Escrivã (na pele de Charlie Cox), fundador da Opus Dei. Ele acredita que conseguirá informações com seu distante pai, Manolo, que foi amigo de infância e colega de seminário de Josemaría. No entanto, Manolo se recusa a falar do passado e não parece disposto a se reaproximar do filho. Robert continua sua pesquisa, descobrindo os segredos do pai, enquanto ele relembra o passado, quando ele e Josemaría seguiram caminhos diversos em meio aos violentos acontecimentos da guerra.
“As pessoas dizem que a história se repete para que não cometamos os mesmos erros. Para mim, a história é uma espiral, não acontece igual, mas tem semelhanças. Muitos dos temas deste filme podem ocorrer daqui a 20 anos, pois tem a ver como os seres humanos convivem. A guerra civil na Espanha acabou, mas não quer dizer que deve ser esquecida. Um tio avô meu lutou na guerra e contou o sofrimento que viu”, disse Joffé.
Apesar da temática espanhola, o longa foi todo rodado em inglês. “Esta é uma questão financeira. Para arrecadarmos recursos tínhamos que ter um filme em inglês. É assim como funciona para se conseguir a distribuição”, justificou Joffé.

Dose tripla - Na edição de 2012 do Festival do Rio, Santoro vem em dose tripla. Além deEncontrarás Dragões: Segredos da Paixão; ele também poderá ser visto contracenando com Nicole Kidman e Clive Owen em Hemingway & Gellhorn, dirigido por Philip Kaufman e produzido pela HBO; e sua voz dará vida a diferentes personagens da animação brasileira Uma história de amor e fúria, de Luiz Bolognesi, primeira animação a concorrer ao troféu Redentor na Première Brasil.
“Me sinto feliz em estar de volta a casa e em participar destes três filmes que estão neste festival. A minha vida está em constante movimento e me sinto bem, mesmo viajando e trabalhando muito o que me deixa cansado”, admitiu.
Após finalizar as gravações na Bulgária há cerca de um mês, Santoro viajou pela Europa e Estados Unidos. No momento, ele já trabalha na próxima animação, a parte dois de Rio, de Carlos Saldanha.

sábado 29 2012

"Hebe vai deixar muita saudade no coração de todos", diz Roberto Carlos



Amigos destacaram generosidade e alegria da apresentadora


Roberto Carlos na chegada ao velório da apresentadora Hebe Camargo no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo
Roberto Carlos na chegada ao velório da apresentadora Hebe Camargo no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo - AgNews

O cantor Roberto Carlos compareceu neste sábado ao velório da apresentadora Hebe Camargo, que morreu nesta madrugada, aos 83 anos, após longa luta contra o câncer. Abalado, vestindo sua característica camisa azul, não falou quando chegou ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo, onde está sendo realizado o velório, mas depois mudou de ideia e conversou com a imprensa. "É uma mulher maravilhosa, que vai deixar muita saudade no coração de todos os brasileiros."
Ajuda — O comediante Tom Cavalcante também foi ao velório da apresentadora e disse que recebeu apoio dela quando veio trabalhar em São Paulo. "Quando cheguei do Ceará, procurei a Hebe porque ela tinha fama de ser simples. Logo no primeiro encontro ela me chamou de gracinha e me abençoou", afirmou. "Pessoas como a Hebe são insubstituíveis, como o Chacrinha e o Chico Anísio."
Cavalcante destacou as posições políticas da apresentadora. “É uma mulher corajosa, que deu a cara para bater em temas delicados.”
O apresentador Otávio Mesquita também falou sobre a generosidade de Hebe. “Ela me ajudou, foi minha amiga. Tomara que nós artistas possamos passar um pouco do amor dela para os espectadores.”
Sorriso — Carlos Alberto de Nóbrega, que foi colega de trabalho de Hebe no SBT, disse que deseja se lembrar do sorriso da apresentadora. "Não consigo falar dela no passado. Para mim ela sempre vai estar presente." 
A jornalista Silvia Poppovic afirmou que é preciso aprender a "fazer TV" com a apresentadora. "Ela ensinou a nossa geração a fazer uma TV mais humana. Agora a gente precisa aprender com ela a fazer uma TV mais alegre."
Batalha contra a doença — A dermatologista Ligia Kogos disse que Hebe soube que a doença que tinha (um câncer no peritônio, membrana que recobre as paredes abdominais) era grave. "Mesmo assim, ela nunca se queixou."
Inspiração — A apresentadora Ana Hickmann saiu chorando e bastante abalada do velório. "A Hebe é minha maior referência e sempre vai me inspirar. Ela vai se uma estrela que vai ser uma estrela 'gracinha' no céu. Não existe um brasileiro que não goste dela." 
Íris Stefanelli, ex-BBB e apresentadora da Rede TV!, também afirmou que sempre se inspirou na Hebe. "Fica um vazio. Existem muitas pessoas boas no mundo, mas ela era única."
Pioneirismo — Um dos ídolos da Jovem Guarda, o apresentador Ronnie Von, ressaltou o pioneirismo de Hebe Camargo. "Somente duas pessoas que participaram da inauguração da TV brasileira estavam na ativa, ela e o Lima Duarte. Agora só resta uma." Ronnie Von se disse ainda chocado com a morte. "Sabia que a doença era grave, mas ainda não caiu a ficha."
Entrevista no céu — Amiga há 68 anos de Hebe Camargo, a atriz Lolita Rodrigues disse que só tinha boas lembranças da apresentadora. "Sofri muito com morte da Nair Bello e agora da Hebe. Ser velho é muito triste porque a gente só tem perdas." Apesar da tristeza, Lolita disse que "Hebe chegou no céu, arrumou toda a produção, encontrou o sofá mais bonito e a primeira pessoa que entrevistou foi a Elis Regina."

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Japoneses encontram o elemento 113 da tabela periódica


uímica

Caso os organismos internacionais reconheçam a conclusão dos experimentos com acelerador de particulas, japoneses serão os primeiros asiáticos com direito a nomear elemento atômico

Ricardo Carvalho
tabela periódica japão
Novo elemento foi produzido a partir da fusão de partículas de zinco com bismuta, numa colisão que aconteceu a 10% da velocidade da luz (Jason Reed/Photodisc)
Cientistas do Japão afirmam ter encontrado o elemento 113 da tabela periódica. Caso a descoberta seja ratificada pela Iupac e pela Iupap, as uniões internacionais de química e física aplicada, respectivamente, os japoneses serão os primeiros asiáticos a terem direito de batizar um novo integrante da tabela periódica, que ainda carrega o provisório nome de unúntrio. Dessa forma, eles passarão a integrar o seleto grupo que conta com Estados Unidos, Rússia e Alemanha, únicas nações que conseguiram feitos semelhantes.
O recém-criado elemento é um átomo com 113 prótons no seu núcleo. Com uma quantidade tão grande de cargas positivas, e consequentemente um alto nível de radioatividade, ocorre, em questão de segundos, a desintegração do elemento em partículas menores. "O núcleo simplesmente não dá conta de tantos prótons", explica Regina Frem, doutora em química e professora do Instituto de Química da Unesp, em Araraquara.  O 113, uma vez sintetizado, se transformou – ou decaiu – seis vezes (no 111, depois no 109, 107, 105, 103 e, por fim, no Mendelévio, de número atômico 101). A cada decaimento, ocorria a emissão de uma partícula alfa, composta por dois prótons e dois nêutrons. É a partir dessa partícula alfa que os cientistas conseguem detectar o elemento, que "vive" por apenas alguns segundos em laboratório. Em outras palavras, os dados dos elementos 111, 109, etc., coletados após anos de estudos, permitiram a caracterização do átomo agora reivindicado pelos japoneses.  
Entre 2004 e 2005, o Centro Riken Nishina, responsável pelo estudo publicado nesta quarta-feira no Journal of Physical Society of Japan, chegou a detectar o novo elemento, mas só conseguiu produzir quatro decaimentos, razão pela qual a Iupac e a Iupap não chancelaram o achado.    
Na marra — Para fabricar o elemento 113, a equipe coordenada pelo cientista Kosuke Morita usou um acelerador de partículas. Milhões de partículas do elemento zinco, que tem 30 prótons no seu núcleo, foram arremessadas contra uma chapa metálica contendo bismuto (83 prótons). O acelerador fez com que o zinco viajasse a 10% da velocidade da luz, único jeito de vencer a rejeição que dois núcleos repletos de cargas positivas têm um sobre o outro. "O choque precisa gerar mais energia do que eles gastam tentando se repelir", diz a professora da Unesp. Como resultado, alguns núcleos de zinco e de bismuto se uniram, dando origem ao efêmero elemento de número atômico 113. O procedimento foi realizado no dia 12 de agosto.
Para receber o carimbo da comissão conjunta da Iupac e da Iupap, o mesmo experimento terá de ser repetido por outros laboratórios. Se o resultado for semelhante ao obtido pelo instituto japonês, o país ganha o direito de batizar o novo elemento. Neste ano, por exemplo, as entidades aprovaram os testes realizados por um grupo de pesquisa formado por americanos e russos, que nomearam de fleróvio e livermório os números 114 e 116 da tabela periódica, achados um ano antes. 
Todos os componentes da tabela periódica que têm núcleos superpesados não existem na natureza. Desde a década de 1940 são realizados procedimentos com reatores nucleares e com aceleradores de partículas para gerar novos elementos. 
Kosuke Morita, do Centro Riken Nishina, já adiantou que quer agora tentar chegar ao elemento 119. O entusiasmo de Morita não é reflexo apenas de uma competição entre países para ver quem tem mais nomes na tabela periódica. Sintetizar novos elementos, diz Romeu Rocha Filho, professor da pós-graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), ajuda a tentar entender como os constituintes da matéria se relacionam. Além do mais, ele explica que existe uma teoria, conhecida por ilha de estabilidade nuclear, segundo a qual o núcleo tenderia a se estabilizar por volta de 120 prótons. Caso se confirme, um elemento criado em laboratório poderia durar um pouco mais do que alguns segundos. "Isso permitira que os cientistas estudassem com mais detalhes as propriedades do elemento", diz Rocha Filho. 

Obra completa de Alfred Wallace, cientista que desenvolveu a mesma teoria de Darwin, é publicada na internet


História

Apesar de ter apresentado ideias similares às da seleção natural, legado do naturalista vive à sombra do conterrâneo mais ilustre

Ricardo Carvalho
Wallace biologia inglaterra seleção natural
Alfred Wallace chegou, de forma independente, a conclusões bastante parecidas com a teoria da seleção natural que Darwin vinha elaborando havia 20 anos (© Wallace Online)
O nome Alfred Russel Wallace (1823-1913) vive longe dos holofotes. Nos livros didáticos das escolas no Brasil, por exemplo, ele se acostumou a ser mencionado como aquele naturalista que, após um surto de febre tropical, enviou a Charles Darwin (1809-1882) a cópia de um ensaio contendo princípios e conclusões bastante similares às que o próprio Darwin vinha elaborando. Temendo deixar escapar a paternidade da teoria da seleção natural, Darwin teria antecipado a publicação das suas ideias. De acordo com os mesmo livros didáticos, aí terminaria — tão repentina e intensa quanto a febre contraída na Malásia — a relevância de Wallace para a ciência.  
Mas não falta quem diga que o cientista mereça mais reconhecimento pela sua colaboração à história da biologia. "As contribuições originais de Wallace para a evolução e outros assuntos biológicos são geralmente negligenciadas”, afirma Viviane Arruda do Carmo, autora de uma tese de doutorado sobre o naturalista inglês apresentada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) no ano passado. Ela lembra que Wallace, para além do episódio com seu bem mais famoso conterrâneo, tem uma extensa lista de obras sobre outros campos do conhecimento. Ele foi um dos pioneiros da biogeografia (ciência que busca explicar as variações encontradas em animais e plantas de acordo com a distribuição geográfica), estudou o uso das cores no reino animal e vegetal que catalogou em suas viagens dezenas de espécies não conhecidas à época, além de ter produzido material significativo para a geografia e geologia.
Na rede — Quem quiser saber mais sobre a vida e obra desse pesquisador inglês tem à sua disposição, desde a última quinta-feira, o domínio Wallace-online.org. A Universidade Nacional de Cingapura digitalizou toda a sua produção científica, num acervo online com 28.000 páginas de documentos históricos e 22.000 imagens, incluindo ensaios, ilustrações, mapas e relatos de viagens.
É possível ter acesso, por exemplo, aos escritos que Wallace redigiu sobre a sua viagem à região da floresta amazônica, entre 1848 e 1852. "Wallace Iniciou sua carreira como naturalista aqui no Brasil", explica Viviane Arruda do Carmo. Na ocasião, a primeira grande viagem de exploração do naturalista, ele catalogou 110 gêneros de peixes na bacia amazônica, sendo que 35 não eram conhecidos. Além do mais, continua Viviane, Wallace foi o primeiro europeu a subir todo o Rio Negro e a realizar medições de latitude e longitude ao longo do curso d’água. 
O Wallace Online é um projeto inspirado no Darwin Online, website da Universidade de Cambridge, na Inglaterra (por sinal, a instituição na qual Darwin realizou seus estudos no século 19). Por trás das duas iniciativas está o doutor John van Wyhe, especialista em história da ciência na Universidade Nacional de Cingapura. "Wallace sempre estará ligado a Darwin porque ele elaborou as mesmas respostas para a maior pergunta na natureza: de onde vêm as espécies? Elas descendem de formas mais antigas e diferentes", diz van Wyhe ao site de VEJA. A compilação e digitalização da produção de Wallace foram custeadas por uma doação anônima proveniente dos Estados Unidos e chegam a tempo para as celebrações do centenário de morte do naturalista inglês, no ano que vem.
Darwin e Wallace – Alfred Wallace desenvolveu uma explicação para a evolução das espécies quando viveu no arquipélago malaio, viagem que durou oito anos. Em 1858, enquanto sofria de uma febre tropical, ele escreveu o ensaio On the tendency of varieties to depart indefinitely from the original type ("Sobre a tendência das variedades de se afastarem indefinidamente do tipo original", em tradução livre). O texto continha um princípio geral da natureza, bastante similar ao que Charles Darwin vinha concebendo, segundo o qual apenas uma minoria melhor adaptada das espécies sobrevivera à luta por recursos. O novo site sobre o pesquisador exemplifica: "Por que, por exemplo, um inseto tem a mesma cor que as folhas onde costuma habitar? Porque muitos insetos com cores diferentes nasceram, mas aqueles que podiam ser facilmente identificados foram destruídos por seus predadores." 
Embora semelhante à ideia chamada por Darwin de “seleção natural”, as conclusões dos dois naturalistas foram alcançadas de forma independente, explica Viviane Arruda do Carmo. Wallace sabia que Darwin, na época um cientista mais velho e bastante respeitado, estava preparando um grande trabalho sobre evolução. Da Malásia, ele enviou uma cópia do seu ensaio pedindo que Darwin o analisasse. Este decidiu encaminhá-lo, junto com um resumo do que viria a ser A origem das espécies (publicado um ano depois), a uma prestigiosa academia de ciências de Londres. Os dois textos foram impressos como uma contribuição conjunta de Darwin e Wallace.
Isso não quer dizer, pondera Viviane, que se deveria reconhecer Wallace como coautor da teoria de seleção natural. "Não foi coautoria e não se pode dizer que Wallace tenha apresentado uma teoria sistematizada da evolução, como fez Darwin. Ele propôs, num ensaio, o mecanismo que foi batizado por Darwin de seleção natural." 
"Wallace sempre deixou claro que Darwin incluiu aspectos nos seus textos que ele não havia pensado." Em 1889, alguns anos após a morte Darwin, Arthur Wallace publicou um livro intitulado Darwinismo. Nele, o autor organiza as ideias darwinianas -- com algumas alterações e atualizações — três décadas após da publicação de A Origem das Espécies.     
John van Wyhe

"Darwin e Wallace elaboraram as mesmas respostas para a maior pergunta da natureza" 

John van WyheHistoriador e professor do departamento de Ciências Biológicas & História na Universidade Nacional de Cingapura. Fundador e diretor dos projetos Darwin online e Wallace online. 

Qual a ligação das ideias de Alfred Wallace com as teorias de Charles Darwin?
Wallace sempre estará ligado a Darwin porque eles elaboraram as mesmas respostas para a maior pergunta na natureza: de onde vêm as espécies? Elas descendem de formas mais antigas e que eram diferentes. Darwin é mais conhecido porque foi o seu livro que convenceu a comunidade científica internacional que a evolução das espécies era um fato.
Qual foi o trabalho desenvolvido por Wallace no Brasil (1848-52)?
Wallace descobriu novas espécies na Amazônia e percebeu que, algumas vezes, rios muito grandes serviam de barreiras naturais para diferentes espécies.
Como você definiria a importância que Wallace teve para a história da ciência?
Wallace é um exemplo inspirador de como uma pessoa comum, sem vantagens de riqueza e privilégio, pode alcançar descobertas inovadoras por meio do trabalho duro e de um pensamento independente.

Morre Hebe Camargo, madrinha da TV brasileira(VEJA)

Memória

Apresentadora sofreu parada cardíaca em sua casa, em São Paulo. Ícone da TV brasileira nas últimas décadas, ela se tornou patrimônio da cultura nacional


A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado (29), de parada cardíaca, em São Paulo
A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado (29), de parada cardíaca, em São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress
A apresentadora Hebe Camargo, uma das pioneiras da televisão brasileira, morreu aos 83 anos neste sábado, de parada cardíaca, em sua casa no bairro do Morumbi, em São Paulo. Uma história que se mistura com a da própria televisão. Assim pode ser definida a trajetória de Hebe Camargo. Ícone da televisão brasileira nas últimas seis décadas, ela se tornou um patrimônio da cultura nacional. Desde que estreou na telinha, marcando presença na primeira transmissão televisiva do país, em 1950, o período máximo que passou afastada da TV foi de dois anos, logo após dar à luz seu filho único, Marcello, em 1965. Marcello é filho de seu primeiro marido, Décio Capuano. Nos outros 60 anos, Hebe brilhou e criou um estilo único de apresentar que é copiado até hoje por discípulas como Adriane Galisteu e Luciana Gimenez.
Sua carreira, iniciada no rádio como cantora e atriz, se cruzaria com a da televisão desde a chegada dos primeiros equipamentos de transmissão ao país. Convidada, junto com outros artistas, pelo então todo-poderoso Assis Chateaubriand, ela esteve no porto de Santos em 25 de março de 1950 para recepcionar os caixotes com câmeras, antenas e transmissores da futura TV Tupi, onde começou como cantora.

Oito anos depois, na TV Paulista -- a antecessora da Globo em São Paulo -- Hebe daria os primeiros passos como apresentadora, já fazendo história. De 1958 a 1964, ela comandaria o primeiro programa feminino da TV, O Mundo É das Mulheres. Fora das telas por quase dois anos – sua única ausência prolongada –, retornaria em 1967 com o dominical Hebe Camargo, na Record, e entraria definitivamente para o panteão histórico da TV brasileira, consolidando um bordão, "Ai, que gracinha!", e criando um formato copiado até hoje, o das entrevistas informais em um sofá. 
Depois da Record, a apresentadora ficou seis anos na Bandeirantes. E em 1986, foi para o SBT, onde permaneceu até 2010, após ter seu salário reduzido de 1,5 milhão para 500.000 reais por Sílvio Santos. No ano seguinte, foi contratada pela Rede TV!, onde continuava apesar de paralisações na exibição de seu programa devido às complicações de saúde. Nesse meio tempo, se separou do primeiro marido, Décio Capuano, e se casou com Lélio Rvagnani em 1973, com quem esteve até ele morrer, em 2000. 
Madrinha -- Apesar de ter lançado uma fórmula até hoje usada na TV, a das entrevistas informais em cima de um sofá, Hebe não é um modelo que outras apresentadoras tentam seguir à risca. Isso porque, apesar da admiração que sentem por ela, todas sabem que Hebe é inimitável. "Ninguém pode copiá-la, ela é muito autêntica", considera a amiga Adriane Galisteu, apontada pela própria Hebe como sua substituta. A opinião da apresentadora do Muito+, da Band, é compartilhada por pessoas como a colega Astrid Fontenelle e o diretor televisivo Nilton Travesso. E revela o que a língua sem travas e os brilhos das joias já sugeriam: Hebe Camargo foi e será única. 
Como Adriane, Astrid prefere louvar Hebe a copiá-la, mas admite um pendor pelo tom pessoal que a apresentadora imprimia em seu trabalho. "Admiro o trato dela com as pessoas. Televisão é olho no olho, e gente que tem carisma e sabe rir de si mesma faz diferença", diz Astrid. "Diferentemente de muitos na televisão, a Hebe não criou um personagem. Ela era o que a gente via no palco. Ela não se produzia interiormente, só por fora", pensa Travesso, lembrando o visual marcante da apresentadora. O diretor trabalhou com ela ainda nos anos 1960, na TV Record. "O sofá sempre foi uma arma. A Hebe investiu na intimidade e na aproximação das pessoas". Mas a apresentadora não hesitava também quando precisava abrir a sua própria intimidade em prol de uma boa causa. Em 1997, por exemplo, ela teve uma atitude corajosa ao expor, numa reportagem de capa de VEJA, que fizera um aborto na juventude.

quarta-feira 26 2012

Telescópio mostra detalhes da Nebulosa da Gaivota


Astronomia

Imagens obtidas pela ESO mostram nuvem de gás a 3.700 anos-luz da Terra

gaivota
Telescópio pertencente ao ESO conseguiu capturar detalhes da Nebulosa da Gaivota. Na imagem, a região que formaria da cabeça da ave (ESO)
Uma nova imagem obtida pelo Observatório de La Silla, instalado no Chile, mostra detalhes da Nebulosa da Gaivota. Desta vez, os astrônomos conseguiram fotografar uma região conhecida como Sharpless 2-292, que corresponde à cabeça da ave (veja imagem acima). Ao centro – o olho da gaivota, para os astrônomos -  brilha uma estrela jovem muito quente conhecida como HD 53367. A imagem foi captada pelo instrumento Wide Field Imager, montado no telescópio MPG/ESO, instalado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO).
Nebulosas são nuvens de poeira e gases onde novas estrelas se formam. Essa nuvens intelestares costumam apresentar diferentes cores e formatos, o que dispara a imaginação dos astrônomos. No caso da Nebulosa da Gaivota, os cientistas enxergaram uma ave de asas abertas em meio à poeira e às estrelas em formação (veja imagem abaixo). Conhecida formalmente como IC 2177, essa nebulosa tem extensão de mais de 100 anos-luz e está localizada a cerca de 3.700 anos-luz da Terra, na fronteira entre as constelações do Unicórnio e do Cão Maior.
ESO/Digitized Sky Survey 2. Acknowledgement: Davide De Martin
Gaivota
A imagem completa da Nebulosa da Gaivota. Ela ganhou esse nome pela semelhança com a ave, que estaria de asas abertas na imagem.
Por dentro da gaivota - O complexo de gás e poeira que forma a cabeça da gaivota brilha intensamente por causa da radiação ultravioleta emitida pela estrela HD 53367 – de massa vinte vezes maior que a do Sol. Ela tem uma estrela companheira um pouco menor, de massa "apenas" cinco vezes maior que a do Sol, com uma órbita extremamente elíptica.
Segundo os pesquisadores, a radiação emitida pelas estrelas jovens faz com que o hidrogênio gasoso da nebulosa brilhe em um vermelho vivo. Já a radiação emitida por outras estrelas azuis-esbranquiçadas é dispersada pelas pequenas partículas de poeira presentes na nebulosa, criando um nevoeiro azul contrastante em algumas partes da imagem.

Ambiente pode atuar na mudança de comportamento e expressão dos genes



Thinkstock
Pelo menos em abelhas. Observar o comportamento de abelhas, o modo como elas se organizam em castas, com funções e responsabilidades bem definidas, sem questionamentos, é fascinante. A grande questão, que tem intrigado os cientistas há muito tempo, é como essas tarefas, que elas exercem com perfeição, são determinadas. Como todas as abelhas de uma colmeia possuem os mesmos genes, a explicação não está neles. Sugere outros mecanismos, entre eles os epigenéticos, isso é, alterações não nos genes, mas no modo como eles se expressam. Falamos disso nas últimas colunas  com a divulgação do projeto ENCODE.
Um grupo de cientistas americanos resolveu testar essa hipótese de modo muito engenhoso. Os resultados dessa pesquisa em abelhas acaba de ser publicada na revista Nature Neuroscience. Os resultados são surpreendentes. Os cientistas descobriram que o comportamento das sub-castas de abelhas é controlado pela ativação ou silenciamento de genes e o mais interessante é que esse comportamento é reversível.
Recordando: como se organizam as abelhas nas colmeias?
Nas colmeias, existem as rainhas que são alimentadas com geleia real e passam a vida colocando ovos e as sub-castas das operárias que são estéreis. Entre as  operárias as funções e responsabilidades são também bem definidas e organizadas. Quando jovens, elas exercem a função de cuidadoras (nursing em inglês) e são responsáveis por cuidar da rainha e das larvas dentro da colmeia. Mais tarde, elas se tornam “provedoras” ou abelhas campeiras (forager em inglês), isto é, saem da colmeia para buscar alimentos (pólen, néctar e água).
O que determina essas diferenças de comportamento?
Essa era a grande questão a ser pesquisada. Para verificar se o comportamento e as responsabilidades entre os diferentes grupos eram controlados por uma expressão (ativação ou silenciamento) diferente (ou específica) dos genes, os pesquisadores compararam quatro grupos de abelhas:
a) rainhas versus operárias
b) cuidadoras versus provedoras
Usaram uma técnica chamada CHARM ( do inglês comprehensive high-throughput array-based relative methylation) que identifica no DNA as regiões que estão ativas ou silenciadas.
Quais  foram os resultados?
Os pesquisadores não conseguiram detectar diferenças na expressão dos genes entre rainhas e operárias. Essa questão ainda é uma incógnita. Mas, surpreendentemente, encontraram diferenças significativas no padrão de expressão dos genes quando compararam as “abelhas cuidadoras” e as “abelhas provedoras”.  Regiões do genoma que estavam ativas nas cuidadoras, apareciam silenciadas nas provedoras e vice-versa. Seria isso regulado pela idade, já que as provedoras são mais velhas? Ou poderia ser um processo reversível? Algo como dizer que a perda de pigmentação dos nossos cabelos está relacionada com a idade e sabemos que, infelizmente, nesse caso é um processo não reversível.
Qual foi o próximo passo?
Para tirar isso a limpo, os pesquisadores então fizeram o seguinte experimento. Colocaram abelhas mais velhas, que já tinha assumido a função de provedoras em uma colmeia onde só havia rainhas e larvas, sem operárias cuidadoras. O que aconteceu? Um grupo de provedoras permaneceu como estava, enquanto em outro grupo houve uma reversão e as abelhas reassumiram a função de cuidadoras. Essa alteração de comportamento foi acompanhada pela mudança na expressão dos genes. Estava provado que as funções eram realmente controladas pela expressão dos genes, em resposta a uma sinalização ambiental, e mais ainda, que esse controle é reversível.
As próximas questões
Pela primeira vez foi demonstrado que a variação na expressão dos genes em resposta ao ambiente induz  uma mudança comportamental. Os pesquisadores esperam que essas observações possam  nos ajudar a entender melhor como são controlados comportamentos complexos em seres humanos como apendizado, stress, doenças de humor que involvem interações entre o ambiente e a expressão dos genes. Demonstrar – por enquanto em abelhas –  que é possível atuar em padrões comportamentais e alterar a expressão dos genes deve soar como uma música para meus colegas psicanalistas.
Por Mayana Zatz
http://veja.abril.com.br/blog/genetica/sem-categoria/ambiente-pode-atuar-na-mudanca-de-comportamento-e-expressao-dos-genes/

Arqueólogos encontram a mais antiga oficina para trabalhos em marfim


Arqueologia

Foram encontradas, no estado da Alta Saxônia, na Alemanha, peças de material entalhado em marfim de mamute em sítio que data de 35.000 anos

arqueologia marfim mamute
É a primeira vez que surgem indícios de uma oficina primitiva para trabalhar o marfim, segundo a equipe do Landesamt für Denkmalpflege und Archäologie (Cornelia MOORS)
As últimas escavações no sítio arqueológico de Breitenbach, no estado alemão da Alta Saxônia, encontraram o que pode ser a mais antiga oficina para trabalhos em marfim. Uma equipe de arqueólogos identificou peças entalhadas de marfim de mamute, como uma lança. O grupo encontrou também algumas peças inacabadas, como uma vara decorada e um objeto que, pelo entalhe, teria finalidades artísticas. O sítio tem 35.000 anos.  

Saiba mais

PALEOLÍTICO SUPERIORO Paleolítico Superior começou há cerca de 40.000 anos na Europa. Datam do período instrumentos rudimentares, como anzóis e machados de mão. Os materiais mais utilizados para confeccionar objetos eram ossos, pedras e madeira. Aparecem também os primeiros animais domesticados.
Os arqueólogos concluíram que o material achado mostra a existência de locais específicos para a confeccção de objetos, no caso com marfim.
Participam da escavação, que começou nos primeiros dias de agosto e segue até 30 de setembro, especialistas de duas instituições alemãs: do Römisch-Germanisches Zentralmuseum (RGZM) (Museu Central Romano-germânico) e do Landesamt für Denkmalpflege and Archäologie (Escritório Estatal para Proteção do Patrimônio e Arqueologia). Os coordenadores do trabalho, Olaf Jöris e Tim Matthis, afirmaram em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira que o marfim provavelmente era obtido de carcaças de animais que tinham morrido no local ou por causas naturais ou caçados por neandertais (Homo neanderthalensis). Os neandertais foram extintos apenas alguns milhares de anos antes de a localidade ser ocupada por humanos modernos, disseram Jöris e Matthis. É bom lembrar, no entanto, que o os materiais foram confeccionados por humanos 'modernos' (Homo sapiens).
Oficina primitiva — Embora outras expedições já tenham recuperado, na Rússia e na própria Alemanha, objetos pré-históricos feitos de marfim, é a primeira vez que arqueólogos se deparam com indícios de uma oficina primitiva para trabalhar o material, de acordo com a equipe do Landesamt für Denkmalpflege und Archäologie.
A distância entre os objetos encontrados permite estudar como os assentamentos humanos se organizavam e ocupavam um determinado espaço.  Os trabalhos, de acordo com as instituições, trazem indícios sobre como era a atividade das pessoas no início do Paleolítico Superior, especialmente em relação a organização espacial e, consequentemente, a vida cotidiana entre 34.000 e 40.000 anos atrás. Tal comportamento constituiu a base do modo como nos organizamos hoje.
Sítio antigo — O sítio de Breitencach foi explorado pela primeira vez na década de 1920 e possui um dos mais ricos conjuntos arqueológicos da Europa. Uma das características do local é que as escavações ocorrem a céu aberto, e não em cavernas. O uso de um mesmo espaço por repetidas vezes, como era comum entre as populações humanas que habitavam as cavernas, tende a apagar vestígios deixados pelos habitantes anteriores.
A área do assentamento que ali existiu pode variar de 6.000 a 20.000 metros quadrados, sendo que as campanhas mais recentes vasculham um espaço de apenas 70 metros quadrados. A grande extensão de Breitenbach é uma das razões pelas quais os arqueólogos acreditam que ainda há outros objetos que remetam à atividade humana no Paleolítico Superior que podem vir a ser encontrados no futuro. 

Vitamina B pode melhorar stress relacionado ao trabalho


Alimentação

Segundo estudo, ingerir maior quantidade da vitamina reduz o problema em até 20%

O fato de que o estresse pode exacerbar o eczema atópico é muito bem aceito
Estresse no trabalho: segundo estudo, consumir mais viamina B pode ajudar a diminuir o problema (ThinkStock)
Consumir mais vitamina B pode reduzir em até 20% os níveis de stress relacionado ao trabalho, de acordo com um estudo feito na Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália, e publicado na última edição do periódico Human Psychopharmacology. A pesquisa avaliou 60 voluntários em relação a fatores como personalidade, demanda de trabalho, estado de espírito, ansiedade e tensão. Para um grupo, foram dadas altas doses de vitamina B, enquanto um outro recebeu placebo. Os participantes voltaram ser avaliados após 30 e 90 dias.  “Ao fim desse período de três meses, aqueles que receberam vitamina B demonstraram níveis de stress relacionados ao trabalho 20% menores do que apresentaram no início da pesquisa”, diz o professor e coordenador do estudo, Con Stough. “Por outro lado, aqueles que receberam placebo não evidenciaram mudanças significantivas”.

Saiba mais

VITAMINA B
É um complexo que abrange várias vitaminas, entre elas a B1, B2 e B12. De uma maneira geral, essas vitaminas ajudam a evitar anemia e também na manutenção do sistema nervoso. Podem ser encontradas principalmente em gordura animal, no leite e em alguns grãos. Por isso, é comum que vegetarianos tenham deficiência em relação a esse nutriente. A recomendação diária da vitamina B12, por exemplo, é de 2,4 miligramas, que pode ser encontrada em 150 gramas de carne vermelha ou em dois ovos.
Segundo Stough, essa foi a primeira vez que um estudo do tipo foi feito. Os resultados, para o professor, não foram tão surpreendentes pelo fato de que já era conhecida a importância geral da vitamina B na função cognitiva do homem. “A vitamina B, que é encontrada em todos os alimentos não processados, como carne, feijão e cereais integrais, é essencial para a síntese de neurotransmissores responsáveis pelo bem estar psicológico”, explica Stough. “Qualquer coisa que pudermos fazer para reduzir o stress de trabalho é uma boa coisa, pois isso pode significar a diminuição de problemas cardiovasculares, depressão e ansiedade”.
Embora o estudo tenha apresentado resultados animadores, os pesquisadores acreditam que mais pesquisas são necessárias para comprovar os benefícios da vitamina B. “O ideal é que fizéssemos um estudo com um maior número de participantes e por um tempo maior, durante dois ou três anos”, diz Stough.

Stress no trabalho aumenta em até 70% risco de problemas cardiovasculares em mulheres


Saúde cardiovascular

Pesquisa feita em Harvard mostrou que empregos que exigem muitas tarefas em pouco tempo elevam chances de mortes por doenças do coração

O fato de que o estresse pode exacerbar o eczema atópico é muito bem aceito
Stress no trabalho é risco a longo prazo para saúde cardíaca da mulher, diz estudo (ThinkStock)
Mulheres que trabalham em ambientes muito estressantes, em comparação com quem sofre menos stress no emprego, têm um risco maior de passarem por uma cirurgia cardíaca, de sofrerem algum evento cardiovascular, como um infarto ou um derrame cerebral, ou então de morrerem em decorrência de um problema como esse. Essa é a conclusão de um estudo feito no Hospital Brigham and Women, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, publicada nesta quarta-feira no periódico PLoS One, porém, a insegurança em relação ao emprego não afeta essas chances.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Job Strain, Job Insecurity, and Incident Cardiovascular Disease in the Women’s Health Study: Results from a 10-Year Prospective Study

Onde foi divulgada: revista PLoS One

Quem fez: Natalie Slopen, Robert Glynn, Julie Buring, Tené T. Lewis, David Williams e Michelle Albert

Instituição: Hospital Brigham and Women da Universidade de Harvard, Estados Unidos

Dados de amostragem: 22.086 mulheres com idade média de 57 anos

Resultado: Trabalhos estressantes e altamente tensos aumentam em 40% chances de evento cardiovascular, morte por um problema desses e cirurgia cardíaca e em 70% risco de infarto não fatal
Os pesquisadores consideraram um trabalho muito estressante como aquele cujas tarefas demandam muito das mulheres — ou seja, as fazem produzir o tempo todo com prazos difíceis de serem cumpridos e as deixam sempre em estado de tensão. Segundo os resultados, em relação a mulheres cujo emprego era menos estressante, aquelas que sofriam mais stress no trabalho tiveram um risco 40% maior de terem qualquer problema decorrente de uma doença cardiovascular (ataque cardíaco, AVC, cirurgia ou morte) e aproximadamente 70% mais chances de sofrerem um infarto não fatal.
Essas conclusões foram baseadas em 10 anos de pesquisa feita com 22.086 mulheres que tinham, em média, 57 anos quando o estudo começou. Durante esse período, foram registrados 170 ataques cardíacos, 163 casos de acidente vascular cerebral (AVC) e 52 mortes por doença cardiovascular. Ao calcularem a relação entre stress no trabalho e esses eventos cardíacos, os pesquisadores também levaram em consideração outros fatores de risco, como idade, estilo de vida e hábitos alimentares.



“Empregos altamente estressantes e que provocam tensão entre os trabalhadores são uma forma de stress psicológico e surtem efeitos adversos à saúde cardiovascular a mulher a longo prazo. Nossos resultados sugerem a necessidade de cuidados especiais de saúde a pessoas que sofrem maior tensão no trabalho e que, portanto, podem ter um maior risco de eventos cardiovasculares”, diz a coordenadora da pesquisa, Michelle Albert.

Stress no trabalho dobra o risco de diabetes em mulheres


Saúde da mulher

Ocupar cargos de baixa hierarquia também está associado à doença, que se favorece com mudanças na alimentação e distúrbios hormonais e imunológicos

Insônia afeta produtividade do trabalhador americano e custa 252,7 dias de trabalho ao país
Trabalho: ambientes estressantes elevam risco de diabetes (ThinkStock)
Mulheres que sofrem stress em seu local de trabalho e que ocupam cargos de baixa hierarquia correm um risco duas vezes maior de desenvolver diabetes do que as que não sofrem pressão profissional, segundo um estudo publicado esta semana no periódico Occupational Medicine. De acordo com Peter Smith, um dos autores do da pesquisa, as mulheres, diferente dos homens, costumam reagir ao stress comendo mais produtos com açúcar e gordura, o que eleva o risco da doença.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The psychosocial work environment and incident diabetes in Ontario, Canada

Onde foi divulgada: periódico Occupational Medicine

Quem fez: Peter Smith e Richard Glaizer

Instituição: Instituto de Pesquisas sobre Trabalho e Saúde e Instituto de Ciência Clínica Avaliativa, Canadá

Dados de amostragem: 7.443 pessoas em atividade

Resultado: Mulheres que sofrem stress no trabalho têm o dobro de chances de terem diabetes do que as outras. Isso se deve a mudanças na alimentação (elas comem mais gorduras e açúcar), no estilo de vida (mais sedentário) e em mudanças hormonais e imunológicas 
O estudo, feito no Instituto de Pesquisas sobre Trabalho e Saúde (IWH, na sigla em inglês) e no Instituto de Ciência Clínica Avaliativa (ICES, na sigla em inglês), ambos no Canadá, mostrou uma relação entre o grau de autonomia no trabalho e a incidência de diabetes na população feminina, como destacaram os autores no artigo. Ao todo, foram acompanhadas 7.443 pessoas em atividade durante nove anos. Os cientistas descobriram que a proporção de casos de diabetes devido ao stress profissional entre as mulheres foi de 19%. Esta cifra é superior às relacionadas com o tabagismo, a bebida, a atividade física ou o nível de consumo de frutas e verduras, mas menor que o risco representado pela obesidade.
Segundo os pesquisadores, outros motivos além da alimentação inadequada e do pouco gasto calórico explicam essa relação entre stress no trabalho e diabetes. 







Eles explicam que a doença se favorece por perturbações geradas no sistema neuroendocrinológico e no sistema imunológico, que provocam maior produção de hormônios como o cortisol e a adrenalina. A pesquisa não identificou, no entanto, a mesma relação entre os homens. De acordo com Smith, eles reagem de forma diferente ao stresse tanto no plano hormonal quanto nos hábitos de consumo.