sábado 25 2015

FHC: 'O momento não é para a busca de aproximações com o governo'


O ex-presidente usou as redes sociais para se manifestar sobre encontro com petistas

Fernando Henrique Cardoso, durante uma entrevista em São Paulo - 23/03/2015
Fernando Henrique Cardoso, durante uma entrevista em São Paulo - 23/03/2015(Paulo Whitaker/Reuters)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais neste sábado para negar o interesse em conversar com a gestão Dilma Rousseff e afirmou que encontros privados poderiam parecer conchavo para salvar o "o que não deve ser salvo". "O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo", escreveu o ex-presidente em sua página no Facebook.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria interessado em se reunir com seu antecessor pra uma conversa sobre as crises econômica e política que assolam o país. Entre os temas do encontro estaria também a discussão envolvendo um possível processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Representantes da direção nacional do PSDB e lideranças do partido no Congresso rechaçaram a possibilidade de uma aproximação entre a oposição e o PT. Xico Graziano, ex-chefe de gabinete de FHC e atualmente assessor do Instituto que leva o nome do ex-presidente, tem tratado o tema com ironia nas redes sociais. "Se eu fosse o FHC topava conversar com Lula. Primeiro mandava ele pedir desculpas pela mentirada. Depois perguntaria: tá dormindo em paz?", escreveu o assessor.
Do lado dos petistas, a reação tem sido diferente. Questionado sobre o encontro, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, disse na sexta-feira ser "plenamente favorável". "Acho que isso deveria acontecer mais no Brasil: ex-presidentes conversando. Nos Estados Unidos, é a coisa mais normal do mundo ex-presidentes se reunirem, inclusive a convite do presidente em exercício. Sempre que você estabelece diálogo entre lideranças nacionais, é bom para o País", disse Edinho.
Em uma agenda nesta semana no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, também se mostrou favorável ao encontro. "A gente está num momento difícil, porque o quadro da economia mundial é difícil. É preciso serenidade, bom senso e imagino que os dois ex-presidentes têm de sobra essas qualidades. Eu aplaudiria muito se houver esse encontro, (mas) não para tratar de impeachment. O encontro de dois presidentes teria uma agenda muito superior a essa", disse.
(Com Estadão Conteúdo)

Fernando Freire, ex-governador do Rio Grande do Norte, é preso


Foragido desde o ano passado, Freire foi encontrado em Copacabana na manhã deste sábado

Fernando Freire, ex-governador do Rio Grande do Norte
Fernando Freire, ex-governador do Rio Grande do Norte(VEJA.com/Folhapress)
Fernando Freire, ex-governador do Rio Grande do Norte, foi preso na manhã deste sábado por agentes da Subsecretaria de Inteligência do Rio de Janeiro, de acordo com informações da Secretaria de Segurança do Estado. Freire estava foragido desde 2014 e tinha quatro mandados de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Ele foi abordado na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, segundo a Globonews.
O ex-governador foi condenado a 13 anos e quatro meses de reclusão e 400 dias-multa por desvio de recursos públicos mediante o pagamento de 83 cheques-salários em favor de 14 parentes e correligionários do então vereador Pio Marinheiro.
Os beneficiários não eram servidores públicos e não tinham qualquer vínculo funcional com o Estado do Rio Grande do Norte. Além disso, os pagamentos foram feitos sem qualquer respaldo legal e realizados sempre sob a intermediação direta de Fernando Freire.
Os delitos de Freire foram praticados entre fevereiro e novembro de 2002, quando ele ainda era vice-governador e, posteriormente, depois de assumir o governo. O prejuízo, em valores da época, foi de 57.832 reais.

Pressão popular reduz salários de vereadores para R$ 970 em cidade do Paraná

(Crédito: Antônio de Picolli / Tá no Site)
(Crédito: Antônio de Picolli / Tá no Site)
Da Redação*
Os vereadores de Santo Antônio da Platina, no Paraná, aprovaram a redução dos próprios salários. A população da cidade lotou o plenário da Câmara, na quarta-feira (15), em sessão que votaria um aumento nos salários, de R$ 3,7 mil para R$ 7,5 mil. A decisão já havia sido aprovada em uma primeira votação. Porém, os parlamentares parecem ter mudado de ideia depois que uma empresária foi até a Câmara, gravou um vídeo e divulgou na internet. As imagens mobilizaram a população e os vereadores, pressionados, acabaram por aprovar uma emenda que, em vez de aumentar, reduziu seus vencimentos.  Caso seja sancionado pelo prefeito, o novo valor passa a ser de R$ 970, válido para vereadores, presidente da Câmara e vice-prefeito. Os novos salários entrarão em vigor na gestão de 2017. O novo salário é inferior ao mínimo regional pago no Paraná, de R$ 1.032 mil.
*Com informações da CGN

O racismo e o antissemitismo


a discriminação racial e a intolerância aos semitas foram marcadas por uma série de elementos fundamentais concernentes à sua historicidade. suas raízes vêm de um período arcaico, onde os povos da grécia e da roma antigas qualificavam como “bárbaros” aqueles que diferiam completamente de suas culturas – entenda-se, como exemplo, os vikings -, tudo por conta das expansões territoriais. mas foi a partir da idade média, com o surgimento das grandes navegações, que os povos iniciaram contato em maiores proporções. tudo estava relacionado, intrinsecamente, à política, à cultura e à economia, que regiam as nações à época. outro fator crucial para a transfiguração do racismo foi a expansão colonial na europa, em fins do século XVIII, a quando da atribuição de termos específicos à raça feita pelo anatomista johann friedrich blumenbach (1752-1840), hierarquizando-as: caucasoide (europeus/brancos), etíopes (africanos/negros), mongoloides (asiáticos/amarelos), ameríndios (americanos) e malaios (polinésios). tais classificações culminaram com o fortalecimento do domínio colonial. a teoria da evolução, proposta por charles darwin (1809-1882), outorgou à raça uma gênese congênere, porém distribuída em escalas físicas e socioculturais, estabelecendo o povo europeu como superior em relação aos demais na equivalência da pirâmide. no início do século XX, ventilou-se a possibilidade de utilizar leis diferentes para cada raça – brancos e negros deveriam ter tratamento distinto -, o que, na teoria, não chegou a se concretizar. o desenvolvimento científico e tecnológico também contribuiu massiçamente para a cristalização do racismo, face argumentações contrárias às doutrinas bíblicas, fortalecendo ainda mais a austeridade e a segregação para com “pessoas de raças menos favorecidas”. também foi a gnose tecnológica que fez a conexão entre a cientificidade e a sociedade, corroborando para com clichês difamatórios. notadamente conhecido como o pai do racismo na modernidade, joseph arthur de gobineau (1816-1882), fervoroso seguidor das ideias do alemão johann friedrich blumenbach, estabeleceu três entidades raciais, a branca (caucasiana), negra (negroide) e amarela (mongoloide), concedendo características a cada uma delas. aos caucasianos, gobineau atribuiu princípios e juízo, ao passo que aos negroides, inabilidade e devassidão. as concepções de gobineau foram absorvidas por adolf hitler, que instituiu, por meio do partido nazista, o antissemitismo na alemanha, haja vista, o fato de os judeus terem sido culpados – e perseguidos – pela igreja católica pela morte de jesus cristo. além de gobineau e seu arianismo – preceito que eleva a raça branca à condição de superioridade –, outras doutrinas foram sendo originadas, como o darwinismo social, que consiste na sustentabilidade de dogmas referentes às ciências biológicas; o evolucionismo social, que apresenta a apreciação do progresso do indivíduo com base nas organizações sociais; a eugenia – derivada do grego bom e concepção –, evidenciada pelo antropólogo britânico francis galton (1822-1911), que ressaltava que o aperfeiçoamento humano se dava por meio de heranças genéticas, fazendo-se necessário classificar os indivíduos mais preparados a gerarem filhos com grandes qualidades. foi também a eugenia que estimulou o holocausto.  
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar." (Nelson Mandela)
http://badmasquerade.blogspot.com.br/2015/03/o-racismo-e-o-antissemitismo.html 

Repensando as raízes do vício



Há um debate antigo sobre o alcoolismo: é problema na cabeça do sofredor – algo que pode superar a terapia da força de vontade, espiritualidade e diálogo, talvez – ou é uma doença física, que precisa de tratamento médico contínuo da mesma forma que exigem diabetes ou epilepsia? Cada vez mais o estabelecimento médico está se sobrepondo ao último diagnóstico. Nas evidências mais recentes, dez faculdades de medicina nos Estados Unidos apresentaram os primeiros programas de residência credenciados sobre a medicina do vício, nos quais médicos que concluíram a faculdade de medicina e a residência primária poderão passar um ano estudando a relação entre o vício e a química do cérebro.
“Este é o primeiro passo rumo ao reconhecimento, respeito e rigor à medicina do vício”, disse David Withers, que supervisiona o novo programa de residência no Centro de Tratamento de Dependência de Álcool e Entorpecentes Marworth, em Waverly, Pensilvânia.
O objetivo dos programas de residência, que começaram no dia 1º de julho com 20 alunos de várias faculdades, é estabelecer a medicina do vício como padrão especialmente com as linhas de pediatria, oncologia e dermatologia.
Os residentes tratarão os pacientes com uma série de vícios: álcool, drogas, remédios controlados, nicotina e muito mais – e o estudo da química do cérebro envolvida e o papel da hereditariedade.
“Antigamente, a especialidade estava muito mais voltada para os psiquiatras”, disse Nora D. Volkow, neurocientista encarregada do Instituto Nacional de Abuso de Drogas. “É uma falha do nosso programa de treinamento”.
Ela considera a falta de educação sobre o abuso de substâncias entre os médicos em geral “um problema muito sério”.
As faculdades que oferecem a residência de um ano são: St. Luke’s-Roosevelt Hospital em Nova York, Sistema Médico da Universidade de Maryland, Faculdade de Medicina da Universidade de Búfalo, Faculdade de Medicina da Universidade de Cincinnati, Faculdade de Medicina da Universidade de Minnesota, Faculdade de Medicina da Universidade da Flórida, Faculdade de Medicina John A. Burns da Universidade do Havaí, Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, Marworth e o Centro Médico da Universidade de Boston. Algumas, como a Marworth, oferecem programas de medicina do vício há anos, simplesmente sem credenciamento.
O novo credenciamento é cortesia do Conselho Americano de Medicina do Vício, ou ABAM, fundado em 2007 para promover o tratamento médico do problema. O grupo tem o objetivo de obter o credenciamento do Conselho de Credenciamento do Ensino Médico Graduado, passo que requer, entre outras coisas, o estabelecimento do programa em no mínimo 20 faculdades. Mas isso significaria que a especialidade em vícios iria se qualificar como residência 'primária’, que qualquer médico recém-formado poderia adquirir fora da faculdade.
Richard Blondell, presidente do comitê de treinamento do ABAM, disse que o grupo espera credenciar mais dez a 15 faculdades neste ano.

A reconsideração do vício como patologia em vez de uma doença estritamente psicológica começou há cerca de 15 anos, quando pesquisadores descobriram via exames de alta ressonância que o vício das drogas resultou em alterações físicas do cérebro.
Munidos dessa informação, “o tratamento dos pacientes com vício torna-se bem mais parecido com o tratamento de outras doenças crônicas, como asma, hipertensão ou diabetes”, disse Dr. Daniel Alford, que supervisiona o programa no Centro Médico da Universidade de Boston. “É difícil curar necessariamente as pessoas, mas certamente você pode controlar o problema ao ponto de elas poderem viver bem com uma combinação de remédios e terapia”.
A essência do entendimento do vício como doença física é a crença de que o tratamento deve ser contínuo para evitar a recaída. Assim como ninguém espera que um paciente seja curado após seis semanas de dieta e administração de insulina, disse Alford, não faz sentido esperar que a maioria dos viciados em drogas seja curada depois de 28 dias em uma clínica de desintoxicação.
“Não é surpresa para nós agora que quando você interrompe o tratamento, as pessoas têm recaída”, disse ele. “Isso não significa que o tratamento não funciona, apenas significa que é preciso continuar o tratamento”. Essas alterações físicas no cérebro também poderiam explicar por que alguns fumantes ainda desejam o cigarro depois de 30 anos sem fumar, disse Alford.
Se a ideia do vício como doença crônica demorou em entrar no círculo da medicina, deve ser porque os médicos às vezes relutem em entender o funcionamento do cérebro, disse Volkow. “Embora seja muito simples entender uma doença do coração (o coração é muito simples, é apenas um músculo), é muito mais complexo entender o cérebro”, disse ela.
O aumento do interesse na medicina do vício é uma série de novos medicamentos promissores, mais notavelmente a buprenorfina (vendida sob nomes como Suboxone), que provou amenizar os sintomas da abstinência em viciados em heroína e subsequentemente bloquear o desejo do consumo, embora cause efeitos colaterais. Outros medicamentos para o tratamento da dependência do ópio e do álcool também se mostraram promissores.
Poucos especialistas em medicina do vício defendem um caminho para recuperação que dependa exclusivamente de remédios, porém. “Quanto mais aprendemos sobre o tratamento do vício, mais percebemos que uma regra não vale para todos”, disse Petros Levounis, encarregado da residência no Instituto do Vício de Nova York no St. Luke’s-Roosevelt Hospital.

Igualmente maligna é a ideia de que a psiquiatria ou o programa de 12 passos sejam adequados para curar uma doença com raízes físicas no cérebro. Muitas pessoas que abusam de substâncias não têm problemas psiquiátricos, observou Alford, que acrescenta: “Acho que há absolutamente uma função para os psiquiatras do vício”.
Embora cada faculdade tenha desenvolvido sua própria grade curricular, as competências básicas que cada uma procura transmitir são as mesmas. Os residentes aprenderão a reconhecer e diagnosticar abuso de substâncias em pacientes, conduzir breves intervenções que apresentam as opções de tratamento e prescrever os medicamentos adequados. Espera-se também que os médicos entendam as implicações legais e práticas do abuso de substâncias.
Christine Pace, de 31 anos, formada pela Faculdade de Medicina de Harvard, é a primeira residente da medicina do vício no Centro Médico da Universidade de Boston. Ela se interessou pelo assunto na adolescência, quando trabalhou como voluntária em uma organização de tratamento da Aids e ouvia viciados em heroína reclamarem dos médicos que não podiam ou não queriam ajudá-los.
Neste ano, quando se tornou médica interna de uma clínica de metadona em Boston, ela ficou consternada ao descobrir que as reclamações não mudaram.
“Vi médicos repetidas vezes deixando isso de lado, apenas chamando um assistente social para lidar com pacientes que lutam contra o vício”, disse Pace.
Um de seus pacientes é Derek Anderson, 53 anos, que credita ao Suboxone – e também a um clínico geral que reconheceu há seis anos seus sinais de vício – a ajuda a largar seu vício em heroína que tem há 35 anos.
“Eu costumava ir a clínicas de desintoxicação repetidas vezes”, disse ele.
Mas o Suboxone “faz com que eu não tenha a dependência diária, que te consome e te engole como um peixe na água. Agora eu consigo trabalhar, cuidar da minha filha, pagar meu aluguel, tudo que eu não conseguia fazer quando usava a droga”.
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Documentos da Suíça indicam pagamentos da Odebrecht a ex-diretores da Petrobras


Descoberta levou juiz federal Sérgio Moro a decretar nova prisão preventiva do presidente e executivos da empreiteira

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão durante operação no escritório da Construtora Odebrecht, na Zona Oeste de São Paulo, nesta sexta-feira (19)
Sede da Odebrecht em São Paulo(Rodrigo Paiva/Reuters)
novo decreto de prisão preventiva do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, decorre da descoberta de oito novas contas ligadas ao grupo abertas em nome de empresas offshores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional. Documentos enviados pela Suíça ao Ministério Público Federal brasileiro apontam pagamentos de 10.924.390,04 dólares aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços), Pedro Barusco (gerência de Engenharia), Jorge Zelada (Internacional) e Nestor Cerveró (Internacional) por meio dessas contas.
A decisão de Moro, tomada diante de novas provas que se acumularam desde a prisão do empresário e dos outros executivos ligados ao grupo, abrange, além do presidente da empreiteira, os executivos Márcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar - afastados após as prisões, em 19 de junho. "Na data de ontem, o MPF apresentou a este Juízo documentação bancária recebida, em cooperação jurídica internacional, da Suíça relativamente às contas e transações da Odebrecht com as contas controladas por dirigentes da Petrobras", registrou o juiz federal Sérgio Moro, no novo decreto de prisão dos executivos da empreiteira.
Os documentos apresentados e os resumos das autoridades suíças feitos à força-tarefa da Lava Jato indicam que a Odebrecht teria realizado depósitos via 10 empresas offshores nas contas dos dirigentes da Petrobras de duas formas. Duas delas já eram conhecidas, a Constructora Del Dur e a Klienfeld. "Diretamente, pela utilização de contas em nome das off-shores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, das quais é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, com transferências diretas dessas contas para contas controladas por dirigentes da Petrobras."
A outra forma de pagamentos seria feita de maneira indireta. "Pela realização de depósitos por meio das contas acima e igualmente das contas em nome das off-shore Golac Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional, das quais também é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, em contas em nome de outras off-shores controladas por terceiros", acrescenta o juiz, em sua decisão.
São elas as offshores Constructora International Del Sur, Klienfeld Services e Innovation Research. "Tendo os valores em seguida sido transferidos para contas controladas por dirigentes da Petrobras." Duas dessas empresas já eram alvo das investigações, com base nos depoimentos dos delatores e nos primeiros documentos fornecidos por autoridades da Suíça.
Beneficiários - Os documentos suíços revelaram, segundo sustenta o MPF, que a "conta em nome da off-shore Smith & Nash Engeinnering Company, que tem por beneficiário econômico a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Sagar Holdings controlada por Paulo Roberto Costa". Primeiro delator da Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras confessou ter recebido 23 milhões de dólares da Odebrecht, mantidos em contas secretas na Suíça. A partir dos dados de suas contas e de outros delatores, como Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Petrobras) e o lobista Julio Gerin Camargo foram possíveis o cruzamento de dados das autoridades brasileiras e suíças.
Costa era braço do PP, no esquema de controle políticos de diretorias da Petrobras para desvios de 1% a 3% em contratos. No caso do PT e do PMDB, outros dois partidos que controlavam o esquema, foram identificados os caminhos dos recursos que pagaram propina para os ex-diretores de Serviços Renato Duque (braço do PT) e Internacional Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos do PMDB). "A conta em nome da off-shore Arcadex Corporation, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por Renato Duque e na conta Tudor Advisory controlada por Jorge Luiz Zelada", informa Moro.
"A conta em nome da off-shore Havinsur S/A, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por Renato Duque", acrescentou o juiz. Os documentos da Suíça teriam comprovado que as contas da Smith & Nash, Arcadex, Havinsur e Golac "têm como fonte de recursos depósitos que lhe foram repassados por contas no exterior de empresas do Grupo Odebrecht, como a Construtora Norberto Odebrecht, Osel Odebrecht, Osela Angola Odebrecht e CO Construtora Norberto Odebrecht".
Para o juiz da Lava Jato, "pelo relato das autoridades suíças e documentos apresentados, há prova, em cognição sumária, de fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht e contas secretas mantidas no exterior por dirigentes da Petrobras". "Trata-se de prova material e documental do pagamento efetivo de vantagem indevida pela Odebrecht para os dirigentes da Petrobras, especificamente Paulo Costa, Pedro Barusco, Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada."
Dinheiro - Pela Smith & Nash, apurou-se as entradas e de saídas de recursos da conta, entre 2006 e 2011. Em dólar, houve entrada de 45.404.373,84 e saída de 15.234.200,00. Houve saída também de recursos em francos suíços no total de 1.925.100,00 para Sagar Holding S.A. "Em relação às saídas de recursos da conta Smith & Nash identificadas na documentação, ressalta-se como beneficiários as contas das offshores Constructora Internacional Del Sur SA, Klienfeld Services INC e Sagar Holding S.A. (de Paulo Roberto Costa)", aponta o MPF. Na conta Havinsur S.A., segundo a Procuradoria, há demonstrativo de operação de débito, realizada em 25/3/2010 no valor de 565.000 dólares para a Milzart Overseas Holdings INC, de Renato Duque. Foram levantados também os valores de entradas e de saídas de recursos, em 2009, da conta Arcadex Corp. Chegou-se ao montante de 25.251.444,42 dólares (entrada) e 2.053.672,68 dólares (saída). Ocorreu, ainda, saída de recursos em euro no total de 63.684,09 para Tudor Advisory INC, ligada a Jorge Zelada.
De acordo com o documento, a offshore Klienfeld Services recebeu 3.403.000,00 dólares da Smith & Nash, entre 2008 e 2010, 82.696.500,00 dólares, da Sjerkson Internacional, entre 2012 e 2014, e 31.200.000,00 dólares da Golac Projects, entre 2008 e 2009. Todas vinculadas à Odebrecht. "A Klienfeld Services também é identificada como repassadora de 2.618.171,87, entre 2007 e 2010, para as offshores vinculadas aos ex-diretores e gerente da Petrobras, Milzart Overseas (Renato Duque), Quinus Services (Paulo Roberto Costa) e Pexo Corporation (Pedro Barusco)", aponta o documento.
A offshore Arcadex Corp, da Suíça, repassou 2.053.672,68 dólares para conta homônima para uma conta na Áustria. 'Coincidentemente', afirma o MPF, uma conta Arcadex Corporation, existente na Áustria, remeteu 434.980,00 dólares para a conta Milzart Overseas de Renato Duque. A offshore Innovation Research Engineering And Development recebeu 3.398.100,00 dólares, em Antígua e Barbuda, da Golac Projects, vinculada à Odebrecht, em 2010. "Essa mesma offshore Innovation, repassou 286.311,17 dólares para a Pexo Corporation (de Pedro Barusco), em 2009, e 4.005.800,00 dólares para a Sygnus Assets (de Paulo Roberto Costa), em 2011."
(Com Estadão Conteúdo)