quarta-feira 15 2015

Delator, sobre propina para o PT: 'Aparecia o nome de todo mundo'


Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, citou nominalmente o ex-ministro José Dirceu como tema das conversas com o ex-tesoureiro Vaccari

Pedro Barusco durante a CPI da Petrobras
Pedro Barusco durante a CPI da Petrobras (Ueslei Marcelino/Reuters)
O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em depoimento ao juiz federal Sergio Moro, ter discutido com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto o pagamento de propina para o partido pelo menos "uma dezena de vezes" a partir de 2010. De acordo com o ex-dirigente, que se tornou um dos principais delatores da Lava Jato, entre os destinatários da propina recolhida em nome do partido "aparecia o nome de todo mundo". Apesar de afirmar que não cabia a ele intermediar o repasse do dinheiro sujo aos políticos escolhidos pelo PT, Pedro Barusco disse que um dos petistas citados como destinatário dos recursos era o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
"Na conversa, aparecia o nome de todo mundo. Eu não podia assim dizer que isso foi para fulano ou para outra pessoa. Se falava de uma forma geral. O nome dele [Dirceu] aparecia nas conversas. Se ele efetivamente recebeu, não era papel meu. Não me envolvia com esse negócio do partido", disse Barusco ao relatar, em detalhes, o esquema de pagamento de propina que sangrou os cofres da Petrobras. Sobre as conversas com Vaccari, resumiu: "Tinha uma agenda ligada aos contratos da companhia, os problemas, os recebimentos, as propinas, os andamentos, os novos projetos, novas licitações". Dirceu responde a um inquérito na Operação Lava Jato por suspeitas de lavagem de dinheiro. Nesta terça-feira, o executivo Julio Camargo já havia incriminado Dirceu ao afirmar que o petista recebeu 4 milhões de reais a pedido do ex-diretor da Petrobras Renato Duque.
Barusco foi interrogado no processo em que o ex-tesoureiro do PT é réu por crimes de lavagem de dinheiro. Ao juiz Sergio Moro, ele voltou a descrever como funcionava a partilha de propina na estatal petrolífera. Em contratos na diretoria de Serviços, de Gás e Energia, por exemplo, 1% do valor dos contratos pagos era para o PT e 1% para funcionários da "Casa", ou seja, da Petrobras. Quando a propina envolvia a atuação de um operador, o porcentual referente à "Casa" era dividido na seguinte proporção: 40% para o ex-diretor Renato Duque, 30% para Pedro Barusco e 30% para o operador.
Em um caso específico em que Barusco indicou dificuldades no recolhimento de vantagens indevidas, ele e o então tesoureiro do PT chegaram a fazer uma espécie de intercâmbio entre as empresas pagadoras MPE e Schahin para facilitar o depósito da propina. Ao longo de toda sua atuação, Pedro Barusco estimou que tenha recolhido cerca de 73 milhões de dólares em dinheiro sujo e lucrado aproximadamente 25 milhões de dólares em aplicações ou investimentos a partir da propina.
Apesar dos milhões de dólares desviados no petrolão e de ter revelado que repassou quinzenalmente uma média de 50.000 reais em propina ao ex-diretor de Serviços Renato Duque, o ex-gerente disse que, mesmo com a cobrança "institucionalizada", o índice de pagamento efetivo pelas empreiteiras era baixo, de cerca de 20%. "A Casa recebia muito menos do que o estava compromissado", declarou. "O índice de sucesso era baixo".
Ao juiz Sergio Moro, Pedro Barusco relatou a atuação dos operadores Mario Goes e Bernardo Freiburghaus, suspeitos de recolher propina de empreiteiras e distribuir a agentes públicos. Goes está preso por ordem do juiz Sergio Moro. Freiburghaus, citado como o operador de propinas em nome da Odebrecht, mora na Suíça e não é réu nos processos da Lava Jato. A Odebrecht, o PT e o ex-ministro José Dirceu negam participação nas irregularidades investigadas.

Renan diz que vai procurar Lewandowski contra PF (QUEM NÃO DEVE, NÃO TEME JAMAIS)


Presidente do Senado lidera uma ofensiva do Congresso contra operações da Polícia Federal que vasculharam casas e empresas de políticos

Renan Calheiros no plenário do Senado, durante sessão que aprovou o texto da MP 672/2015, que prorroga a política de valorização do salário mínimo - 08/07/2015
Renan Calheiros: irritado com a PF(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Depois de liderar uma ofensiva no plenário do Senado contra "abusos" da Polícia Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL) vai procurar nos próximos dias o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para apresentar uma lista de reclamações sobre a Operação Lava Jato.
"Eu vou procurar o ministro Lewandowski, vou fazer uma visita a ele, conversar um pouco sobre essa conjuntura. Acho que os Poderes, mais do que nunca, precisam estar voltados para as garantias individuais e coletivas", disse.
A primeira queixa é sobre o sigilo das delações premiadas que motivaram o Ministério Público a pedir a abertura de inquérito contra 13 senadores e 22 deputados e a devassa feita pela Polícia Federal nesta terça-feira nas casas dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE). Para Renan, a depender da reação do Supremo, é possível que o Senado recorra formalmente à Corte com contstações sobre as investigações.
Depois de ser surpreendido com os mandados de busca e apreensão na Operação Politeia nesta terça, Renan reuniu aliados em uma reunião de emergência e costurou uma estratégia de contra-ataque ao que classifica como uma "intimidação" dos policiais contra os congressistas. O Senado acusa a PF de adotar medidas desnecessárias para constranger os parlamentares e até de não apresentar os mandados que justificassem a apreensão de documentos.
"Buscas e apreensões sem a exibição da ordem judicial e sem os limites das autoridades que as estão cumprindo não é busca e apreensão. É invasão, é uma violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado democrático de Direito", disse Renan Calheiros.
Apesar de os mandados de busca e apreensão contra os senadores terem sido expedidos pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e pelo próprio Ricardo Lewandowski, o Senado alega que a PF promoveu "abuso de autoridade" por não ter avisado previamente a Polícia Legislativa sobre o recolhimento de dados nos apartamentos dos parlamentares. Tanto a PF quanto a Procuradoria Geral da República negam excessos no cumprimento dos mandados da Operação Politeia.
Entre os políticos, a avaliação é a de que novas buscas e apreensões contra parlamentares citados na Lava Jato devem ocorrer nos próximos dias. O senador Renan Calheiros, porta-voz das reclamações dos congressistas, é investigado no STF pelos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Tendências Identitárias no Brasil - Leandro Karnal



Laboratório Megatendências Globais e Desafios à Democracia.
O Desafio do Nacionalismo Identitário. 
Como as grandes tendências mundiais podem impactar a democracia no mundo e no Brasil? A expansão da democracia é hoje mais difícil? Será que as democracias enfrentam novas democracias e esse processo leva à entrada num período de involução política?
Com o objetivo responder essas questões e discutir de que forma as grandes tendências mundiais impactam no futuro da democracia em geral, e do Brasil em particular, o Instituto de Estudos Avançados, em colaboração com o Instituto de Relações Internacionais e sob a coordenação de Álvaro Vasconcelos, organiza o laboratório Megatendências Globais e Desafios à Democracia, que prevê a realização de três encontros com especialistas de várias áreas. No primeiro debate, o tema explorado será O desafio do nacionalismo identitário.

Laboratório Megatendências Globais e Desafios à Democracia
Instituto de Estudos Avançados - 24/06/2015
Temas:
Tendências Mundiais e Desafios à Democracia - Álvaro Vasconcelos
O Desafio do Nacionalismo Identitário na Europa - Álvaro Vasconcelos
O Nacionalismo Identitário no Oriente Médio - Arlene Clemesha
Tendências Identitárias no Brasil - Leandro Karnal