sexta-feira 03 2015

Exclusivo: as provas que Ricardo Pessoa entregou à Justiça


VEJA desta semana apresenta os documentos e planilhas em que o empreiteiro Ricardo Pessoa registrava as transações do petrolão – entre elas o dinheiro entregue à campanha de Dilma

O novo ministro da Comunicação Social do Brasil, Edinho Silva, durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília - 31/03/2015
O petista Edinho Silva: achaque muito educado, segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa(Ueslei Marcelino/Reuters)
O engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, é famoso por sua grande capacidade de organização - característica imprescindível para alguém que exercia uma função vital no chamado "clube do bilhão". Ele foi apontado pelos investigadores como o chefe do grupo que durante a última década operou o maior esquema de desvio de dinheiro público da história do país. O empreiteiro entregou à Justiça dezenas de planilhas com movimentações financeiras, manuscritos de reuniões e agendas que fazem do seu acordo de delação um dos mais contundentes e importantes da Operação Lava-Jato. O material constitui um verdadeiro inventário da corrupção. Em uma série de depoimentos aos investigadores do Ministério Público, Pessoa detalhou o que fez, viu e ouviu como personagem central do escândalo da Petrobras. Na sequência, apresentou os documentos que, segundo ele, provam tudo o que disse.
​​VEJA teve acesso ao arquivo do empreiteiro. Um dos alvos é a campanha de Dilma de 2014 e seu tesoureiro, Edinho Silva, o atual ministro da Comunicação Social. Segundo o delator, ele doou 7,5 milhões de reais à campanha depois de ser convencido por Edinho Silva. "O senhor tem obras no governo e na Petrobras, então o senhor tem que contribuir. O senhor quer continuar tendo?", disse o tesoureiro em uma reunião. O empreiteiro contou que não interpretou como ameaça, mas como uma "persuasão bastante elegante". Na dúvida, "para evitar entraves" nos seus negócios com a Petrobras, decidiu colaborar para que o "sistema vigente" continuasse funcionando - um achaque educado. Mas há outro complicador para Edinho: quem apareceu em nome dele para fechar os detalhes da "doação", segundo Pessoa, foi Manoel de Araujo Sobrinho, o atual chefe de gabinete do ministro. Em plena atividade eleitoral, Manoel se apresentava aos empresários como funcionário da Presidência da República. Era outro recado elegante para que o alvo da "persuasão" soubesse com quem realmente estava falando.

Moro: 'A Justiça, quando tarda muito, não é completa'


Juiz afirmou que é preciso reforma para que o sistema passe a funcionar de maneira eficaz. Ele defendeu a importância de tornar processos públicos

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento das ações em torno da Lava Jato, é um dos palestrantes desta sexta-feira do 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
Sérgio Moro: prisões na Lava Jato são exceção(Nelson Antoine/Frame/Folhapress)
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância, classificou nesta sexta-feira as prisões efetuadas no âmbito da operação como exceções - e defendeu a importância de tornar públicas as informações contidas nos processos, sobretudo nos casos que envolvem crimes contra a administração pública. Durante palestra no 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo, o magistrado também fez criticas à morosidade do Judiciário brasileiro, e afirmou: "A Justiça, quando tarda muito, não é uma completa Justiça".
Moro afirmou que casos como o da Lava Jato e o julgamento do mensalão não podem chamar a atenção como raros exemplos de bom funcionamento do Judiciário. "O sistema tem de funcionar como regra. Deve haver uma reforma para que esses casos não sejam exceções", afirmou. "Nossos sistema é muito lento,ineficiente e moroso", disse o juiz. "É ainda mais ineficiente em relação ao crime de colarinho branco", prosseguiu. "Precisamos mudar o sistema legal do país".
O juiz falou das críticas que recebe em relação a quantidade de prisões que decreta. Segundo ele, manter investigados na carceragem da PF em Curitiba não é um procedimento corriqueiro da investigação. Moro afirmou que analisa as prisões que ocorreram até aqui na Lava Jato como exceções neste processo. Ele disse ainda que as decisões são sempre fundamentadas e salientou que, como juiz de primeira instância, está "na base do sistema" - há possibilidade de recursos, lembrou. O juiz também falou dos ataques pessoais que sofre de setores insatisfeitos com os rumos da Lava Jato. "Não sou uma besta-fera", disse o magistrado. "Me assusta o baixo nível do debate".
O magistrado negou que haja "vazamento seletivo" de informações. Segundo ele, tornar os processos públicos é um dever constitucional. "Processos que envolvem crimes contra a administração pública devem ser mais públicos ainda, para que haja escrutínio da ação da Justiça", afirmou. Segundo o magistrado, informação é poder, e esse poder deve ser democratizado. O juiz também criticou a existência de foro privilegiado a políticos com mandato. "Os governantes têm mais responsabilidade que os governados", disse.
Questionado sobre o argumento de que os efeitos da Lava Jato estão comprometendo a saúde financeira das empreiteiras, o que pode ocasionar desemprego, o juiz recorreu a um ditado: "O policial que encontra o corpo não é culpado pelo homicídio". E prosseguiu: "O custo da solução é alto, mas qual seria o custo da continuidade dos atos criminosos?".

Mario Sergio Cortella – Não se Desespere ! Provocações Filosóficas



‘A cultura de competição entre mães é tóxica’, diz Ayelet Waldman

A escritora Ayelet Waldman (Crédito: Jeff Vespa/WireImage)
A escritora Ayelet Waldman (Crédito: Jeff Vespa/WireImage)
Raquel Carneiro
Em 2005, a escritora israelense Ayelet Waldman se tornou alvo de uma controvérsia que repercutiu até em comentários raivosos, pedindo que ela perdesse a guarda de seus filhos. O drama foi motivado por um artigo seu publicado no jornal americano The New York Times, no qual ela fazia um relato honesto do nascimento de sua filha e do sentimento de culpa que sentia ao ver outras mães abandonando o romance e a vida sexual com os maridos após a maternidade. A escritora, na contramão, se dizia muito feliz com o parceiro, e que sua paixão por ele ainda era mais forte que o amor por suas crianças.

“O mundo inteiro caiu em cima de mim”, diz a autora ao blog VEJA Meus Livros. “O que eu apontei era que esse foco nos filhos atrapalha a saúde do relacionamento do casal e das crianças também. Os filhos precisam se sentir amados, mas também precisam sentir que seus pais amam um ao outro e que sua casa é segura.”
O tema família, recorrente na obra de Ayelet, ganhou novos contornos e a maternidade acabou de lado em seu último livro, Amor e Memória (Casa da Palavra), o qual ela divulga na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na mesa Amar, Verbo Transitivo, nesta sexta-feira, às 19h30. Na obra, suas raízes judaicas e o drama do holocausto são o foco no romance que acompanha diferentes histórias e relacionamentos ao longo de décadas, desde a Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Uma narrativa interessante, que mistura paixão e humor, em meio a um cenário de devastação e tristeza.
Nos seus livros, a família é o tema central do enredo. Por que você se interessou por esse assunto? Eu me tornei uma escritora depois que fui mãe. Antes de ter filhos eu era uma advogada criminal. Eu amava meu trabalho, nem me importava com a longa jornada — era muito ambiciosa. Foi então que nasceu meu primeiro filho e passei a me questionar se eu tinha feito as escolhas certas. Eu continuava ambiciosa e amando meu trabalho, mas ficar nele 12 horas por dia não parecia ser a coisa certa. Fiquei dividida. Abandonei meu emprego e tentei ser uma mãe que ficava em casa, mas isso não era sucesso pra mim. Decidi então escrever como um jeito de não ficar maluca trancada em casa com uma criança. Parecia lógico escrever sobre o que se passava na minha cabeça naquele tempo, foi por isso que foquei na minha vida como mãe.
Em algum momento pensou que seria simplório olhar o mundo apenas a partir de um ponto de vista? Sim, muitas vezes me perguntei se aquele não era um jeito míope de ver o mundo, mas eu me confortava pensando em muitos dos meus heróis literários. Philip Roth, um dos meus autores favoritos, por exemplo, tem escrito o mesmo livro repetidamente. Então percebi que a maternidade como um tópico não merecia menos atenção do que assuntos sexuais ou as angústias de homens judeus, por exemplo.
amor-e-memoriaSeu último livro, Amor e Memória, o foco familiar muda um pouco. Por que isso?Neste livro, a maternidade não é um assunto principal. Não tenho certeza o porquê disso. Meus filhos são mais velhos, é verdade. Talvez eu tenha desenhado esses abismos por tempo suficiente. O livro é sobre várias coisas, incluindo relações humanas e familiares. Eu não me imagino escrevendo uma história que não seja sobre pessoas e seus sentimentos e atitudes em relação às outras.
A senhora já falou sobre a extrema devoção das mães aos filhos. Acredita que uma geração mimada está sendo criada? Com certeza. Muitas das nossas crianças são hoje menos capazes de cuidar de si mesmas e menos resistentes às adversidades. Elas são tão exaltadas pelos pais que desenvolveram um medo exagerado do fracasso e ficam receosas em correr riscos. E, pelo menos nos Estados Unidos, protegemos tanto nossos filhos das classes médias e altas, que esquecemos que crianças pobres ainda são crianças. Nós os encarceramos como adultos, negamos a eles até a educação à qual têm direito. A dicotomia é de perder o fôlego.
A senhora tem quatro filhos. Acredita que está fazendo um bom trabalho na criação deles? A única coisa que posso dizer com segurança é que, como mãe, eu falho todo dia. Mas eu tento. Eu faço o meu melhor. Talvez eu não seja uma mãe excelente, mas eu acho que sou boa o bastante.
No Brasil, é possível ver uma pequena competição entre mães, cada uma tentando ser melhor que a outra. O que acha disso? Eu acho que essa cultura é tóxica. É a expressão das nossas inseguranças e do medo de que nossas crianças não vão ser bem-sucedidas em um mundo competitivo. Nos tornamos mães ansiosas e medrosas e, inevitavelmente, passamos isso para nossas crianças.
Também existe aqui, assim como em outros países, um alto índice de divórcios. O que pensa sobre isso? Nos EUA, as taxas de divórcio estão caindo nos estados politicamente liberais. Os estados “vermelhos”, caracterizados por intolerância e fundamentalismo religioso, possuem taxas mais altas. Sociólogos teorizam que a cultura evangélica seria a responsável pela alta taxa de divórcios. Isso parece uma contradição, já que a religião deveria ser o oposto do divórcio. Existem igrejas que proíbem o casal de morar junto antes de casar, isso encoraja as pessoas a se casarem cedo. Alguns também falham no ensino do controle de natalidade, focando na “abstinência como única educação”. São situações que levam as pessoas a se casarem mais cedo. Esses casamentos são insustentáveis. Não duram. Quando as pessoas esperam para se casar, elas fazem melhores escolhas.
Recentemente os Estados Unidos aprovaram o casamento gay em todos os estados. Qual sua opinião sobre o assunto? Apoio totalmente o casamento gay. O que é casamento, afinal? É o modo como duas pessoas afirmam para sua comunidade que elas se amam, que pretendem ser uma família. Como sociedade, temos travado essa decisão e nos achamos no direito de honrar e reconhecer esses compromissos. Isso não faz sentido se for limitado aos heterossexuais. Se compromisso é um beneficio, não deve ser um benefício para todos?
Em 2005, a senhora se tornou tema de uma controvérsia depois que o The New York Times publicou seu artigo, no qual dizia amar mais seu marido do que seus filhos. Como recebeu os comentários sobre isso naquela época? E agora? Acho que o mundo inteiro caiu em cima de mim. O que eu apontei era que esse foco nos filhos atrapalha a saúde do relacionamento do casal. Não apenas do casal, mas das crianças também. Os filhos precisam se sentir amados, mas também precisam sentir que seus pais amam um ao outro, que sua casa é estável e segura. E acho que meu ensaio provocou um curso de correção. Acredito que hoje as pessoas reconheceram que uma mãe não precisa se sacrificar pela felicidade de seus filhos, na verdade os filhos ficam melhores se elas não o fizerem.
Qual a opinião de seus filhos sobre o assunto atualmente? Hoje meus filhos têm 12, 14, 18 e 20 anos. É um alívio para eles que a mãe e o pai sejam felizes juntos. Apesar de que, desde que eles se tornaram adolescentes, ficaram muito ocupados apontando todos os nossos erros (risos).

Do You Wanna Dance Johnny Rivers (TRADUÇÃO)







Johnny Rivers - 20 Greatest Hits



MPF acusa Marcelo Odebrecht de pagar propina no exterior


Em pedido para manter prisões preventivas, procuradores da Lava Jato apontam uso de offshores por presidente da Odebrecht e ex-vice da Braskem

Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)
Marcelo Odebrecht é acusado pelos MPF de pagar propina no exterior(Rodolfo Burher/Reuters)
A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou à Justiça Federal nesta quinta-feira documentos que, segundo os procuradores da República que investigam o esquema de corrupção na Petrobras, reforçam a necessidade de manutenção da prisão preventiva do empresário Marcelo Odebrecht, presidente da maior empreiteira do país, e de Alexandrino Alencar, ex-vice-presidente institucional da Braskem - petroquímica controlada pela Odebrecht em sociedade com a estatal.
Segundo os procuradores, esses documentos indicam a existência de três empresas offshores que teriam sido usadas fora do Brasil para pagamentos de propina: Intercorp Logistic Ltda, Trident Intertrading LTD e Klienfeld Serviçes Ltda.
"[As offshores] eram empregadas por Alexandrino, este seguindo as determinações de Marcelo Odebrecht, para efetuar pagamentos nas contas indicadas por [Alberto] Youssef", registra a petição subscrita pelos procuradores da Lava Jato. "É inafastável a conclusão de que Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e Marcelo Bahia Odebrecht devem permanecer com a liberdade cerceada, seja porque possuem plenas condições de interferir na prova, seja pelo fato de se constituírem executores direto e mediato destas medidas, portanto possuem pleno conhecimento de todas as circunstâncias que as envolvem, bem como pelo fato de que possuem amplas condições materiais e financeiras para tanto."
Na petição ao juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, os procuradores citam, ainda, outros dois executivos da Odebrecht, Márcio Faria e Rogério Araújo. "Para alcançar seus objetivos criminosos, especialmente para realizar os pagamentos indevidos a agentes públicos corrompidos e, possivelmente, também para acobertar seus lucros, advindos ou não desses contratos obtidos de forma ilícita, resta claro, até o presente momento, que Marcelo Bahia Odebrecht, Alexandrino Alencar, Rogério Araújo e Márcio Faria valeram-se de empresas sediadas fora do território nacional, conhecidas como offshores, algumas delas em paraísos fiscais", sustenta o Ministério Público Federal.
Delator - Os dirigentes da Odebrecht foram presos na Erga Omnes - 14ª fase da Lava Jato -, deflagrada no dia 19 de junho. Uma delação premiada, de Rafael Ângulo Lopes, carregador de malas de dinheiro do doleiro Alberto Youssef, levou os investigadores a essas novas empresas supostamente usadas para pagamentos de propinas. O delator informou como o Youssef entregava dados de contas e recebia os comprovantes de depósitos no exterior feitos pela Odebrecht e pela Braskem, por meio de Alencar. "Em relação a estas transferências de valores no exterior, Youssef levava número de contas situadas no exterior para Alexandrino e este último providenciava o depósito dos valores nas contas indicadas. Com certeza, era um acerto de contrato de propina e de transferências de dinheiro no exterior", afirmou Lopes. Ele entregou documentos que seriam prova desses repasses.
Foi através desses documentos que a força-tarefa passou a trilhar um dos supostos caminhos do dinheiro. "[O delator] entregou pessoalmente tais números de contas para Alexandrino, na própria Braskem. Após a transferência dos valores no exterior também ia buscar os comprovantes das transferências internacionais (swifts)."
No pedido desta quinta-feira, o Ministério Público Federal informou: "Assim, os valores eram transferidos de contas mantidas em nome de empresas offshores para as contas mantidas pelos servidores da Petrobras, entre eles Renato Duque e os colaboradores Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco [ex-dirigentes]".
Segundo o delator, "era Alexandrino quem entregava pessoalmente estes swifts". "Em geral era a própria Braskem que fazia tais transferências internacionais, pois isto consta de alguns dos swifts", detalhou Lopes. O delator diz ter levado "pessoalmente" número de contas "no exterior para Alexandrino, que era conhecido entre eles como 'Barba'".
"Alexandrino enquanto diretor da Odebrecht, sob as ordens de seu presidente, Marcelo Odebrecht, reunia-se com Alberto Youssef e José Janene [ex-deputado mentor do esquema Lava Jato, morto em 2010] para negociar o pagamento de propina dirigida ao grupo político que se beneficiava dos contratos firmados com a Petrobras, sendo que efetuava depósitos nas contas indicadas por Youssef e informadas por Rafael Ângulo."
US$ 160 mil - Para a força-tarefa da Lava Jato, há elementos de que "as três offshores se constituem de um dos instrumentos utilizados pela Odebrecht, por meio de seus dirigentes, para fazer chegar a propina aos servidores corrompidos da Petrobras". Um dos exemplos citados no documento é o recebimento pelo ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, de transferência da offshoreKlienfeld no valor de 160.000 dólares.
Para o MPF, diante dos fatos "verifica-se que há prova robusta de que os investigados Marcelo Odebrecht, Alexandrino Alencar, Rogério Araújo e Márcio Faria, sobretudo os dois primeiros, efetivamente se utilizaram de contas bancárias sediadas no exterior para realizar pagamentos a ex-empregados na Petrobras, possivelmente em várias transações comerciais que realizaram com aquela estatal, o que não só reforça a conclusão a respeito de sua participação nos fatos, como justifica ainda mais a necessidade de que permaneçam segregados."
A Construtora Norberto Odebrecht nega as acusações. A Braskem disse que não tem conhecimento de reuniões em seu escritório para pagamentos desta natureza.
(Com Estadão Conteúdo)

À Justiça Eleitoral, Youssef lança suspeita sobre campanha de Dilma


Delator do petrolão afirmou que foi procurado por emissário que lhe pediu que repatriasse 20 milhões de reais no pleito do ano passado, segundo jornal

O doleiro Alberto Youssef depõe na CPI da Petrobras na sede da Justiça Federal em Curitiba (PR) - 11/05/2015
O doleiro Alberto Youssef: procurado por emissário do PT(Rodolfo Buhrer/Reuters)
O doleiro Alberto Youssef voltou a lançar suspeitas sobre o dinheiro que abasteceu a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição no ano passado. Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral, um dos principais delatores do esquema do petrolão afirmou que foi procurado por um homem, identificado por ele apenas como "Felipe", integrante da cúpula de campanha do PT. Como revelou VEJA em outubro do ano passado, o emissário queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. O depoimento do doleiro à Justiça Eleitoral foi prestado em 9 de junho e tornado público em reportagem desta sexta-feira do jornal Folha de S. Paulo.
A ação de investigação eleitoral foi proposta pela coligação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), derrotado nas eleições presidenciais, e pelo diretório do PSDB no final do ano passado, antes da diplomação da presidente. Os tucanos cobram a investigação do que consideram abuso de poder econômico e político por parte da presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer na campanha do ano passado, com cassação do registro dos candidatos.
O PSDB alega que o TSE deve examinar a possível captação de recursos de forma ilícita de empresas com contratos firmados com a Petrobras, repassados posteriormente aos partidos que formaram a coligação de Dilma Rousseff, a Com a Força do Povo, formada por PT, PMDB, PDT, PCdoB, PSD, PP, PR, PROS e PRB.
À Justiça Eleitoral, Youssef não identificou com precisão quem seria o emissário que o procurou. "Uma pessoa de nome Felipe me procurou para trazer um dinheiro de fora e depois não me procurou mais. Aí aconteceu a questão da prisão, e eu nunca mais o vi'', afirmou o doleiro, segundo o jornal. Ainda de acordo com a reportagem, Youssef disse que conheceu Felipe por intermédio de um amigo chamado Charles, dono de uma rede de restaurantes em São Paulo. E afirmou que não se lembrava do sobrenome do emissário. "Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira", disse.
O doleiro teria dito a Felipe que poderia realizar a operação sem problemas. Mas não o fez porque se tornou hóspede da carceragem da PF em Curitiba dois meses depois. Questionado se o dinheiro era para a campanha de Dilma, o delator respondeu: "Sim, mas não aconteceu".
Procurado pelo jornal, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, afirmou que desconhece os fatos mencionados. "A campanha arrecadou recursos apenas dentro da legalidade e, portanto, no país". Edinho foi tesoureiro da campanha de Dilma e é um dos citados por outro delator do escândalo, o empreiteiro Ricardo Pessoa, conforme revelou VEJA. Segundo Pessoa, Edinho o pressionou a fazer doações à campanha da petista.

Nos EUA, brasileiro se infiltra em comitiva e xinga Dilma


Dilma é ofendida por brasileiro na Califórnia (EUA)
Dilma é ofendida por brasileiro na Califórnia (EUA)(Reprodução/VEJA)
Uma falha de segurança permitiu que o brasileiro Igor Gilly se infiltrasse nesta quinta-feira na comitiva da presidente Dilma Rousseff, nos corredores da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA). Dilma estava ao lado de Condoleezza Rice, ex-secretária de Estado dos EUA, quando foi abordada de forma grosseira por Gilly. O brasileiro ofendeu a petista com gritos de "assassina", "ladra" e "terrorista". Ele disparou palavrões e chegou ao extremo de dizer que a presidente merecia morrer. "Terrorista que rouba a população tem mais que ser morto", gritou. Gilly publicou o vídeo em sua página no Facebook, que contém fotos dele com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) e outras nas quais exibe cartazes em a favor da intervenção militar no Brasil. Durante a manifestação agressiva, ele foi interpelado pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), que provocou: "Está com muito dinheiro do papai no bolso?". O brasileiro foi retirado do local pela segurança. Outra brasileira também publicou um vídeo no qual bate panela contra Dilma na porta do Hotel Fairmont, em São Francisco. (Da redação)