terça-feira 16 2015

Jarro de 3.000 anos com nome de personagem bíblico é encontrado


Artefato tem o nome 'Eshbaal Ben Shaul', rei bíblico contemporâneo do rei Davi. Descoberta mudou o entendimento dos pesquisadores sobre o antigo Reino da Judeia

Jarro com inscrições da era do rei David é encontrado em Israel(Tal Rogovsky/Divulgação)
Arqueólogos israelenses descobriram e recuperaram os pedaços de uma vasilha de 3.000 anos com uma inscrição da época do bíblico rei Davi em uma escavação no Vale do Elah, região central de Israel, informou a Autoridade de Antiguidades de Israel nesta terça-feira. Trata-se da quarta inscrição deste tipo descoberta até o momento, que data do século X a.C., no Reino da Judeia.
Os pedaços do recipiente de argila foram localizados em 2012 em escavações em Khirbet Qeiyafa, próximas à cidade israelense de Beit Shemesh e onde, segundo o relato bíblico, aconteceu a mítica batalha entre Davi e Golias. Nos fragmentos foram descobertas inscrições que despertaram a curiosidade dos pesquisadores Yosef Garfinkel, do Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, e Saar Ganor, da Autoridade de Antiguidades de Israel. Ao recuperar e juntar os pedaços - um verdadeiro quebra-cabeças -, os arqueólogos encontraram recentemente o nome "Eshbaal Ben Beda" em letras antigas.
"Trata-se da primeira vez que aparece o nome Eshbaal em uma inscrição antiga no país. Eshbaal Ben Shaul, que governou Israel na mesma época que Davi, é citado pela Bíblia", afirmou Garfinkel. Ele acrescentou que Eshbaal foi "assassinado e decapitado e sua cabeça levada a Davi em Hebron". "É interessante destacar que o nome Eshbaal aparece na Bíblia, e agora também em um documento arqueológico. Este nome só foi usado durante a era do rei Davi. O nome Beda é único e não aparece em inscrições antigas ou na tradição bíblica", reforçou.
Os pesquisadores salientaram que a descoberta de inscrições dos dias do mítico rei hebraico é um fenômeno muito recente. "Há uns cinco anos, não conhecíamos nenhuma inscrição datada no século X a.C. do Reino da Judeia. Isto muda totalmente nosso entendimento da expansão da escritura no reino e agora fica claro que estava muito mais estendida do que pensávamos ", justificaram. No lugar das escavações foram encontradas também uma fortificação, duas portas, um palácio e armazéns, além quartos e salas de culto, que faziam parte de um assentamento datado do final do século XI e princípios do X a.C.
(Com agência EFE)

O Itamaraty a serviço da Odebrecht


Documentos mostram empenho do governo Lula em obter negócios para a empreiteira no exterior – com atuação do próprio presidente

Odebrecht
Odebrecht(Rivaldo Gomes/Folhapress)
Documentos liberados nesta terça-feira pelo Ministério das Relações Exteriores revelam o empenho da diplomacia brasileira para prospectar negócios para as grandes construtoras no exterior - em especial, a Odebrecht. O material inclui comunicações internas durante os dois mandatos do governo Lula, período no qual a política externa brasileira intensificou o papel de intermediador de contratos para grandes empresas brasileiras, sobretudo em países africanos, árabes e sul-americanos.
Nos papéis, há centenas de menções à Odebrecht. Alguns são representativos da relação entre diplomatas e executivos das construtoras. O atual secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, era embaixador na Argélia quando foi procurado por uma delegação da Odebrecht, interessada em investir no país africano. Em um despacho enviado ao Itamaraty em abril de 2006, ele disse ter aconselhado os executivos e prometido fazer o governo argelino perceber as "vantagens políticas" de contratar a companhia.
"Tão logo identificados os projetos que poderiam vir a ser desenvolvidos pela Odebrecht, garanti a meus interlocutores que a embaixada, seguindo a linha de orientação dada pelo senhor presidente da República e por vossa excelência, estaria pronta a fazer ver às autoridades argelinas as vantagens políticas de contar com empresas brasileiras, da qualidade da Odebrecht, entre suas parceiras no projeto de desenvolvimento do país", disse ele, em comunicação endereçada ao então ministro Celso Amorim.
Mesmo antes disso, a empreiteira já havia sido beneficiada pelo auxílio providencial do governo brasileiro, quando se envolveu em um impasse com a IMPSA, uma empresa argentina. As duas companhias deveriam participar da obra de uma hidrelétrica no Equador. Eis o resumo do memorando dirigido pelo embaixador então brasileiro no Equador, Sérgio Abreu e Lima Sobinho, a Celso Amorim: "Intervenção de altas autoridades foi fundamental para retirar empresa argentina IMPSA de postura intransigente e contrária à proposta da Odebrecht e para possibilitar assinatura de 'Memorando de Intenção de Associação' sobre a construção da Hidrelétrica de Toachi-Pilatón. Odebrecht satisfeita com resultado das gestões"
Em outro trecho do mesmo documento, o embaixador celebra o empenho de Lula e da presidente argentina, Cristina Kirchner, no episódio: "Estou seguro de que a flexibilização na postura da IMPSA e a aceitação, por parte da empresa argentina, da proposta de texto elaborado pela Odebrecht não teriam sido possíveis sem a intervenção decidida de Vossa Excelência e dos Presidentes Lula e Kirchner".
Outro personagem citado nos documentos é José Dirceu, que foi ministro da Casa Civil entre 2003 e 2005. A embaixadora Vitoria Cleaver relata um encontro entre Luiz Dulci, então secretário-geral da Presidência, e o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega."O presidente Ortega (...) disse que representantes do Grupo Odebrecht tinham ontem encontro marcado com o novo ministro da Energia, Emilio Rapaccioli, para verificar a possibilidade de investimentos na área das pequenas hidrelétricas, como resultado da visita que fizeram à Manágua, no ano passado, a pedido do Ministro José Dirceu".
A Odebrecht também propôs ao governo de El Salvador modificações no projeto de uma hidrelétrica para posicioná-la sobre a fronteira com Honduras e construir uma usina binacional, nos moldes de Itaipu. O assunto surgiu em maio de 2009. O embaixador brasileiro Brian Nelle, sugeriu, em seguida, um encontro entre os chanceleres de Brasil, El Salvador e Honduras para tratar da proposta da empreiteira.
O material liberado pelo Itamaraty não é completo: parte dos documentos que citam a Odebrecht foram classificados como secretos e não estão disponíveis pela lei de acesso á informação. Mas as peças ajudam a compor um retrato da parceria, muitas vezes de caráter nebuloso, entre empreiteiras e a diplomacia brasileira.

Em vôo para Brasília, petista perde o controle e se enfurece com manifestantes contra Dilma



Nova regra de aposentadoria torna Previdência inviável, diz ministro


Em entrevista coletiva, ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, reforçou que presidente Dilma Rousseff ainda não decidiu se vetará a flexibilização do fator previdenciário

Carlos Gabas, novo ministro da Previdência Social
"Ela [Dilma] é muito cuidadosa, não só com o cenário político, mas com o cenário das contas da Previdência Social e com as contas da União", disse Gabas (Luiz Carlos Murauskas/Folhapress)
O ministro da Previdência, Carlos Gabas, afirmou nesta segunda-feira que a presidente Dilma Rousseff ainda não tomou uma decisão sobre um eventual veto à flexibilização do fator previdenciário, mas disse que a alteração na regra de aposentadoria aprovada no Congresso Nacional torna a Previdência "inviável" desde já.
Em entrevista coletiva após reunião com representantes das centrais sindicais, Gabas acrescentou que o governo quer manter o diálogo com os sindicalistas, mesmo que Dilma decida eventualmente vetar a flexibilização, decisão que desagradaria sindicalistas. "A regra que foi aprovada, com a emenda (do fator previdenciário) que foi incluída na MP 664, inviabiliza a Previdência Social em um curto espaço de tempo porque possibilita que as pessoas antecipem sua aposentadoria com o valor integral. Isso faz com que a Previdência seja, num curto espaço de tempo, inviabilizada", disse.
Segundo Gabas, o governo não tomará medidas que coloquem em risco o sistema previdenciário. "A presidente ainda não tomou decisão. Ela tem até quarta-feira para fazê-lo. Ela é muito cuidadosa, não só com o cenário político, mas com o cenário das contas da Previdência Social e com as contas da União", afirmou. A mudança foi incluída por deputados na medida provisória que modifica o acesso à pensão por morte, a MP 664.
Pelas regras atuais, o cálculo do fator previdenciário leva em conta a idade, o tempo de contribuição, a expectativa de sobrevida e a média dos 80% maiores salários de contribuição desde 1994. Na prática, ele reduz o valor do benefício de quem se aposenta por tempo de contribuição antes de atingir 65 anos, no caso de homens, ou 60, de mulheres. O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e de trinta para mulheres.
A alteração aprovada no mês passado propõe que, se o trabalhador atingir o chamado fator 85/95 (que é a soma da idade mais o tempo de contribuição para mulheres e homens, respectivamente), sua aposentadoria seja integral. Isso significa que um trabalhador de 60 anos e que já tenha contribuído 35 poderá requerer o benefício total, e não proporcional. Caso o trabalhador decida se aposentar antes de atingir essa proporção, a aposentadoria pode continuar sendo reduzida pelo fator previdenciário.
(Com agência Reuters)