sábado 18 2014

Dilma só é melhor do que Aécio quando fala sozinha. Ou: Não restou ao PT nada além do ódio, do rancor, do ressentimento e da pancadaria. Se vencer a eleição, como vai governar?

Eu realmente não havia me dado conta de como Dilma Rousseff tinha ido bem no debate Jovem Pan-UOL-SBT. Só percebi isso quando ela apareceu falando sozinha no horário eleitoral do PT. Dizendo de outro modo: Dilma é realmente a melhor opção que o Brasil tem para a Presidência, desde que se ignore a alternativa, que é Aécio Neves. Na propaganda do PT, nós a vemos como atua no Palácio: sem ninguém para contestá-la. É o melhor para ela. E o pior para o Brasil. Foi certamente assim que ela interveio no setor elétrico e provocou um dos maiores desastres da história na área.
É claro que a edição do debate que está no ar é uma peça publicitária destinada a fraudar os fatos. Os petistas, sem exceção, reconhecem que Dilma foi massacrada por Aécio e acham que, mais uma esfrega daquela, e a vaca vai para o brejo. É por isso que o partido, nas redes sociais e na imprensa, com a ajuda de Lula, passou a dizer que Aécio foi violento “com uma mulher”, que o agressivo foi ele, que o tucano deveria ser mais respeitoso… Ou por outra: como é homem, deveria receber calado as ofensas planejadas por João Santana, um homem.
No PT, há quem reconheça que a violência também embute um risco considerável: nunca se sabe quando se passa do ponto. Mas essa gente considera que não há outra saída. Isso, provavelmente, é conversa de quem gosta de ver correr sangue e prefere se eximir da responsabilidade moral da escolha que fez. O fato é que o PT está levando a retórica eleitoral para um ponto de exacerbação do qual é difícil voltar. Parece que Dilma não considera que, se reeleita, terá de governar depois. O ódio que está inoculando na política gera resíduos que ficarão aí por muito tempo, quem sabe para sempre.
Mesmo o PT fazendo a campanha mais odienta e mais odiosa de sua história, os bate-paus do partido, como o tal Guilherme Boulos — cuja máscara definitivamente caiu, revelando a sua condição de militante —, têm a cara de pau de acusar os adversários de promover a violência. Pior: num artigo na Folha, o coxinha radical sugere que, se Dilma vencer, haverá vingança. Boulos está se oferecendo para ser o “califa” Abu Bakr al-Bagdhadi do PT. A ignorância e o primitivismo desse rapaz, vertidos em sua logorreia aparentemente sábia, chegam a impressionar. Se, um dia, ele resolver cortar nossa cabeça em praça pública, saberá explicar que é ele a cortar, como a mão de Deus, mas que a culpa é nossa.
Dilma e o PT introduziram o vale-tudo nessa campanha. Eles não têm limites mesmo — nunca tiveram! Muito se fala da “baixaria” que Collor levou ao ar em 1989, ao apelar a Miriam Cordeiro, a mãe de Lurian, filha de Lula. Baixaria, sim, não tenhamos dúvida! Mas poucos se esquecem de que, já naquele ano, a rede de difamação petista, inclusive a da imprensa, espalhou pelos quatro ventos que o adversário era viciado em cocaína — sim, este mesmo Collor que, hoje, é aliado do PT. É que ainda não havia as redes sociais para multiplicar o boato.
Em 1994, o PT já tinha montado o seu primeiro grande “bunker” — podem pesquisar — para difamar adversários. Isso não é novo no partido. Grupos operaram nas sombras em todas as demais campanhas. Ou não surgiu, em 2010, dentro do comitê oficial de Dilma, uma súcia clandestina, encarregada de fabricar um dossiê contra Serra? E a operação de 2006, com os aloprados?
Essa gente nunca teve limites. E não terá, dentro ou fora do poder. Essa turma se julga acima da moralidade comum e acha que tudo lhe é permitido. Não sei até onde eles vão, mas uma coisa é certa: em outubro de 2014, Aécio é o Brasil que não tem medo do PT.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/dilma-so-e-melhor-do-que-aecio-quando-fala-sozinha-ou-nao-restou-ao-pt-nada-alem-do-odio-do-rancor-do-ressentimento-e-da-pancadaria-se-vencer-a-eleicao-como-vai-governar/

Dilma, só agora, admite: houve desvios na Petrobras

Eleições 2014

Desde que estourou o escândalo, a petista tentava desqualificar as informações fornecidas pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef

A presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada
A presidente Dilma Rousseff, durante entrevista coletiva no Palácio da Alvorada (Divulgação)
A presidente-candidata Dilma Rousseff (PT) admitiu neste sábado pela primeira vez que houve desvio de recursos públicos na Petrobras. Desde que estourou o escândalo envolvendo políticos e empresários que sangravam os cofres da estatal, a petista tentava desqualificar as informações fornecidas em acordo de delação premiada pelo ex-diretor de Refino e Abastecimento da empresa, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef. No dia em que reportagem de VEJA traz outra revelação de Youssef – o dinheiro do petrolão abasteceu a campanha da petista em 2010 –, Dilma confirmou que houve desvios e disse que “fará todo o possível” para ressarcir o país. Em discurso no Palácio da Alvorada, ela não tratou diretamente do dinheiro do petrolão para sua campanha.
“Eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público nós queremos ele de volta. Se houve, não, houve [desvio]”, afirmou. “Tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe hoje o que deve ser ressarcido porque a delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós”, disse ela. O Palácio do Planalto tentou ter acesso ao conteúdo da delação premiada de Paulo Roberto Costa, mas tanto o procurador-geral da República Rodrigo Janot, quanto o ministro Teori Zavascki, que conduz o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), negaram o pedido. Ambos alegaram que as informações são protegidas por sigilo.
Em suas principais revelações, Costa afirmou que PT, PMDB e PP participavam do esquema de desvios milionários da Petrobras tanto no governo Lula quanto no governo Dilma. De acordo com Paulo Roberto, também houve o pagamento de propina ao ex-presidente do PSDB Sergio Guerra para que o então parlamentar impedisse investigações de uma antiga CPI da Petrobras. Guerra morreu no início do ano.
De acordo com Dilma, mesmo que agora as revelações apontem para o nome de um tucano no escândalo, não há motivo para comemorações. Ela disse que todos os suspeitos devem ser investigados, mas ironizou a inclusão do PSDB no rol de possíveis envolvidos recorrendo a um ditado popular: “Pau que bate em Chico bate em Francisco”.
“Não acho que alguém no Brasil tem a primazia da bandeira da ética. Todos os integrantes de partido, qualquer um, que tenha cometido crime, delito, malfeito, tem de pagar por isso. Ninguém está acima de qualquer suspeita no Brasil. Todos aqueles que não cumpriram com os princípios éticos e de uso absolutamente limpo do dinheiro público devem pagar por isso”, declarou a presidente-candidata.
Eleições – Apontada como a responsável por iniciar uma campanha presidencial permeada por baixarias sem precedentes, Dilma também tentou neste sábado se eximir de responsabilidade sobre o baixo nível da disputa, mas se recusou a comentar as recentes manifestações do ex-presidente Lula, seu cabo eleitoral mais importante e personagem que tem proferido os discursos mais apelativos. A despeito de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter alterado sua jurisprudência para manter o debate mais propositivo, Dilma tentou desvencilhar sua campanha do alcance da decisão.
“Não concordo que o TSE teve qualquer intervenção na minha campanha. Acredito que o que é baixo nível na campanha é alvo que deve ser completamente superado. Acontece que nós temos propostas. Discuto indústria naval, Pronatec, Minha casa, Minha Vida e um conjunto de políticas. O que acontece com o candidato adversário? Quando é da área social, ele diz que foi o governo do Fernando Henrique [Cardoso] que fez – aí ele gosta de falar no governo Fernando Henrique e não prova que foi Fernando Henrique que fez”, criticou.
Em um raciocínio enviesado, a presidente ainda atacou o adversário Aécio Neves por ele ter chamado ela própria - uma mulher - de “leviana” em debates presidenciais. A equipe do tucano anunciou que, diante da baixaria, processará Dilma por calúnia e difamação. “Quando começa a discussão, o candidato adversário não gosta muito e ele parte para umas atitudes um tanto quanto desrespeitosas. Foram desrespeitosas comigo e foram desrespeitosas com a Luciana Genro. Ele pode inclusive querer processar, mas quem devia processá-lo somos nós porque a nós duas ele chamou de leviana, coisa que não se faz. Não é uma fala correta para mulheres”, disse.

'Não se pode perder a dignidade na política', diz Aécio sobre baixarias petistas

Eleições 2014

Candidato tucano voltou neste sábado a convidar a presidente Dilma para um debate de ideias e propostas. Enquanto isso, Lula descia o nível dos ataques

Marcela Mattos, de Porto Alegre
O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, participa de ato de campanha na quadra da escola de samba Império da Zona Norte , em Porto Alegre, na manhã deste sábado (18)
O candidato do PSDB à presidência da República, Aécio Neves, participa de ato de campanha na quadra da escola de samba Império da Zona Norte , em Porto Alegre, na manhã deste sábado (18) ( Adriana Franciosi/Ag.RBS/Folhapress)
Alvo da campanha de baixarias petista, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, voltou neste sábado a convidar a presidente Dilma Rousseff para um debate de ideias e propostas. Em visita a Porto Alegre, o tucano adotou discurso na contramão das apelações protagonizadas pelos adversários e clamou pelo fim do “ringue” na disputa ao Planalto. “Na política, ganhar ou perder as eleições faz parte do jogo. O que não se pode perder na política é a dignidade e a compostura”, afirmou.
Enquanto Aécio fazia o pronunciamento, um comício do diretório mineiro do PT em Belo Horizonte desfilava um repertório de ataques ainda piores do que os de que o próprio Lula foi alvo em 1989. Petistas reduziram ainda mais o nível da campanha e ofenderam o candidato tucano – foram pronunciados xingamentos como "coisa ruim", "cafajeste", "playboy mimado", "moleque" e "desprezível". Ao discursar, Lula insinuou que o adversário agride mulheres costumeiramente e o comparou a Collor. Em meio ao desfile de ofensas, chegou a afirmar que é Aécio quem “parte para cima”. 
“Não adianta querer ganhar perdendo. O que os nossos adversários estão fazendo nessa campanha não os dignifica. Eu acho que essa postura já os faz derrotados antes sequer das urnas serem abertas”, afirmou Aécio. “As pessoas querem ouvir as soluções para a saúde, para a segurança pública e para fazermos um Brasil crescer, gerando melhores empregos. Mas eu vejo um governo à beira do desespero, uma candidata à beira de um ataque de nervos e, obviamente não tendo como apresentar ao Brasil uma proposta de futuro, prefere fazer uma campanha com os olhos no retrovisor”, disse. O candidato anunciou que vai ingressar com uma nova ação contra Dilma na Justiça Eleitoral - que tenta, ainda sem sucesso, conter o baixo nível da campanha.
Alianças - Com a bandeira da unificação, Aécio participou de ato multipartidário em Porto Alegre ao lado de representantes de siglas como o PMDB, o PP e o PSB. O tucano defendeu a tese de que não é mais um candidato do PSDB, mas sim representante daqueles que querem um novo governo, e sinalizou que, se eleito, pode convidar nomes dessas legendas para a formação de um “núcleo de governo”. “A minha proposta para o Brasil é absolutamente convergente com aquilo que Marina Silva propôs: no que depender de mim, a base do núcleo do futuro governo está aqui representada, com PSB, PP, PSDB e esse lado tão bom que o PMDB tem representado pelo Rio Grande do Sul.
Diferentemente da aliança nacional, o PMDB gaúcho é oposição a presidente Dilma Rousseff: começou as eleições apoiando Eduardo Campos e Marina Silva, candidatos pelo PSB, e no segundo turno se aliou a Aécio Neves. Na disputa local, o favorito para vencer as eleições contra Tarso Genro (PT) é o peemedebista Ivo Sartori, que tem espalhado pelas ruas fotos ao lado do tucano.  “Aqui nós temos um conjunto de forças políticas para dizer que basta de tanto desgoverno e que vamos fazer uma grande parceria para uma gestão da generosidade, da união nacional, do fortalecimento da nossa economia e da geração de empregos”, afirmou Aécio.
Durante ato que lotou o ginásio da Escola de Samba Império da Zona Norte, uma das mais tradicionais do Estado, Aécio foi ungido por diversos parlamentares gaúchos – e ganhou de presente um chimarrão, o qual prontamente tomou no palco. Primeiro a falar, o vice de Marina Silva, Beto Albuquerque (PSB), afirmou que o Brasil não quer mais ser representado por nomes como Fernando Collor (PTB-AL), José Sarney (PMDB-AP) e Jader Barbalho (PMDB-PA) – todos aliados a presidente Dilma – e pediu votos a Aécio. “Eu e Marina fomos ofendidos, vilipendiados por essa turma que não tem mais argumentos para explicar a corrupção no Brasil. Hoje o Aécio não é mais o candidato de um partido ou de uma aliança. É candidato da maioria que quer mudar”, afirmou.
Um dos maiores ícones do PMDB, Pedro Simon também discursou: “Votar na presidente Dilma é uma interrogação cruel. Como ela vai governar se todos os nomes do seu partido estão envolvidos em corrupção?”, questionou. “O Aécio representa a última esperança de paz neste país”, disse.

Dilma com Nojo do negão





A presidente que foi candidata em tempo integral

Eleições 2014

Depois das agendas disfarçadas de presidente e candidata, Dilma Rousseff mergulhou de cabeça na campanha e quase não pisou no Palácio do Planalto

Gabriel Castro, de Brasília
Dilma Rousseff visita as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte em Altamira (PA)
PRESIDENTE-CANDIDATA - Dilma Rousseff visita as obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Agendas de candidata disfarçada de presidente (Ichiro Guerra/Divulgação/VEJA)
Quando a campanha eleitoral teve início, em 7 de julho, a presidente Dilma Rousseff parecia pouco se importar: nos primeiros dias, enquanto os adversários começavam a rodar o país o país para pedir votos, ela manteve uma rotina de reuniões, despachos e viagens oficiais.

Aos poucos, entretanto, a petista passou a vestir o figurino de candidata. No início de agosto, surgiram as primeiras agendas eleitorais disfarçadas – ou "mistas", segundo a definição da própria campanha. A propaganda na televisão começaria em breve e era preciso gravar imagens de Dilma Brasil afora.

Um passeio pela Ferrovia Norte-Sul, uma inspeção na hidrelétrica de Jirau, uma visita à casa da Dona Nalvinha, na comunidade rural de Batatinha, na Bahia, um encontro com alunos do Pronatec em Belo Horizonte Todos esses eventos (e muitos outros) foram incluídos na agenda presidencial, mas só aconteceram para que Dilma pudesse ser filmada em imagens que depois seriam exibidas em seu programa de TV. Ainda assim, havia a justificativa de que ela estava vistoriando – na condição de presidente – o trabalho que realizou nos anos anteriores. O fotógrafo presidencial e o fotógrafo da campanha nunca atuavam juntos, embora frequentemente estivessem presentes no mesmo evento. Os ministros em exercício só lidavam com a Dilma-presidente, nunca com a Dilma-candidata.

Os atos explicitamente eleitorais, como comícios, eram agendados preferencialmente para o início da noite. Mas não demorou muito para que ela passasse a relaxar as regras: os eventos de campanha invadiram o horário de expediente, os ministros mais próximos passaram a ficar à disposição da Dilma-candidata e o gabinete presidencial no Palácio do Planalto foi deixado às moscas.
Desde 1º de agosto, a presidente compareceu ao seu local oficial de trabalho apenas cinco vezes A última delas foi em 25 de agosto, em um encontro com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno. Eles discutiram a reforma política e, minutos depois, a Dilma-candidata já estava no Palácio da Alvorada dando uma entrevista sobre o encontro.

Apesar da ausência prolongada, nem mesmo a oposição gasta energia apontando a ausência dela na cadeira de presidente. O caso de Dilma mostra que a reeleição abre portas para um desequilíbrio evidente: Dilma usa o avião presidencial para se deslocar – embora o comitê de campanha pague o combustível da aeronave –, e, a cada lugar que visita, a estrutura de segurança da Presidência a acompanha.

Viagens não têm faltado: na semana passada, por exemplo, ela esteve em cinco estados do Nordeste num período de dois dias: Piauí, Paraíba, Bahia, Sergipe e Alagoas. Depois, seguiu para compromissos eleitorais em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Mas, como a legislação permite que candidatos à reeleição permaneçam no cargo, e como Dilma Rousseff não tem folha de ponto para assinar, não há ilegalidade na jornada eleitoral da petista.
Sempre que é indagada sobre o assunto, Dilma afirma que graças à tecnologia consegue governar longe do palácio e que mantém contato frequente com seus ministros. O principal deles, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, também está licenciado do cargo para atuar na campanha. Também se afastaram do governo para atuar na campanha os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institutcionais) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), e outros, como Miriam Belchior (Planejamento), têm andado a tiracolo com a presidente pelo país. Como disse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Dias Toffoli, crítico do longo e exaustivo processo eleitoral brasileiro, "o país não deveria ficar parado durante seis meses a cada quatro anos".