terça-feira 15 2014

Deputados trabalham 2 dias na Copa. E entram em férias

Eleições 2014

De 18 a 31 de julho, deputados não serão obrigados a registrar presença em plenário. Depois disso, estarão em campanha nos seus Estados

Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
Plenário da Câmara Federal em Brasília
ÀS MOSCAS – Plenário da Câmara em Brasília: deputados decidiram entrar em férias após a Copa (Ed Ferreira/AE)
Dois dias de votações. Quatro projetos aprovados. Esse foi o saldo dos trabalhos da Câmara dos Deputados durante a Copa  do Mundo, segundo levantamento da Secretaria-Geral da Mesa Diretora. A partir desta segunda-feira, com o término do mundial de futebol, era esperado o retorno dos parlamentares a Brasília para a retomada dos trabalhos, mas os líderes dos partidos decidiram fechar um acordo para esticar a folga até agosto – de 18 a 31 de julho, não serão obrigados a registrar presença no plenário da Casa, instituindo o chamado "recesso branco". Em tempo: o salário, de 26.700 reais, além das verbas de gabinete serão pagas normalmente.
Oficialmente, o recesso parlamentar só pode ser autorizado depois que os congressistas aprovam a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), proposta que detalha as metas e prioridades do governo federal. Neste ano, assim como aconteceu em 2013, os deputados decidiram ignorar a regra e entrar de férias mesmo sem aprovar o texto.

Apenas algumas comissões, como as CPIs, e o Conselho e Ética, que têm prazo para conclusão de processos, deverão ter sessões regulares nos próximos meses.
Na última semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), chegou a fazer um apelo para que os parlamentares retornassem a Brasília para um "esforço concentrado". Ao final da sessão plenária desta segunda-feira, foi registrada a presença de apenas 136 dos 513 deputados – a Câmara diz que 197 informaram ter ido à Casa, embora alguns sequer marcaram presença no plenário. Sem muita convicção desde ontem, Alves já considerava improvável a presença de deputados para votações na Câmara. E o cenário é desalentador para o Legislativo já que o segundo semestre será tomado pelas campanhas eleitorais, quando a maioria dos parlamentares tentará renovar seus mandatos – a previsão é que os deputados tenham de trabalhar apenas quatro dias nesses dois meses.

Os despudorados: Dilma e 15 ministros convocam coletiva para demonizar a imprensa. E, para isso, usam a… imprensa! Ou: INCOMPETENTES, MAS MUITO ORGULHOSOS!


15/07/2014
 às 7:25


Leiam isto. Volto em seguida.
 Mercadante - desonestidade intelectual
Trata-se de trecho de uma reportagem da revista VEJA de maio de 2011 — há mais de três anos, portanto. Já volto ao ponto.
Não adianta! Eles não aprendem nada nem esquecem nada. Se faltava alguma evidência de que o Planalto havia montado um gigantesco esquema de marketing para tentar usar a Copa do Mundo para esmagar a oposição nas urnas — caso o Brasil vencesse a disputa, é claro! —, agora não há mais. Mesmo com a derrota humilhante, Dilma Rousseff passou o ridículo, nesta segunda, de convocar uma entrevista coletiva, acompanhada de 15 ministros, com um propósito: cantar as glórias do seu governo e demonizar a imprensa brasileira. Boa, claro!, é a Al Jazeera, a emissora do tirano do Catar. Afinal, para essa turma, a presidente diz o que bem entender. E ninguém contesta. Se bem que não foi muito contestada por aqui também, mesmo sem tiranos… Sigamos. O governo queria demonstrar que “o Brasil perdeu a taça, mas ganhou a Copa”, como resumiu Aloizio Mercadante, ministro-chefe da Casa Civil.
Afirmou a presidente: “Os vaticínios, os prognósticos que se faziam sobre a Copa eram dos mais terríveis possíveis. Começava com o ‘não vai ter Copa’ até ‘nós teremos a Copa do caos’. O estádio do Maracanã, que ontem foi palco de um evento belíssimo, ia ficar pronto só em 2038, ou 2024. Enfim, não ficaria pronto nunca”. Vamos ver.
Quem, com um mínimo de seriedade, afirmava o “Não vai ter Copa”? A imprensa? Não! A oposição? Não! Isso era coisa de grupelhos radicalizados de extrema esquerda com os quais, diga-se, Gilberto Carvalho estava negociando, conforme confessou em entrevista.
Mercadante resolveu fazer graça: “A revista de maior tiragem do Brasil fez uma manchete: ’2038: por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo’. Tinha uma foto do Maracanã, que vocês viram na final da Copa, a beleza não só daquela arena, mas também de todas as outras arenas que foram apresentadas. O jornal de maior tiragem do país, no dia de abertura da Copa, tinha a seguinte manchete: ‘Copa começa hoje com seleção em alta e organização em xeque.
É evidente que o ministro está se referindo à VEJA e à Folha, que apenas cumpriram a sua função. Mercadante cita uma reportagem de capa da revista de maio de 2011. Ora, as obras estavam atrasadas mesmo. Lá está escrito: “Por critérios matemáticos, as obras não ficarão prontas a tempo”. E mais: “No ritmo atual, o Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso”. E é mais do que legítimo — na verdade, é uma obrigação — fazer a advertência. Por que o ministro não bate boca também com a Fifa, que, mais de uma vez, demonstrou irritação com o ritmo das obras? Chamava-se a atenção do governo e dos brasileiros para um fato. Se a imprensa ajudou a corrigir o ritmo das obras, ótimo!
Voltem ao trecho da reportagem que vai lá no alto. A reportagem de VEJA não antevê — quem costuma fazer previsões e ter antevisões no Brasil são Guido Mantega e Dilma Rousseff… — que não haverá Copa: chama a atenção para o atraso. Os números, de resto, são da Controladoria Geral da União.
Mercadante estudou economia, não é isso? Deve ter passado por rudimentos de matemática, ao menos. Considerando as obras de mobilidade que não foram e não serão feitas, o prazo para a realização das obras se multiplicou ao infinito, senhor ministro! Deu pra entender ou quer que eu desenhe?
A conversa mole do governo na coletiva engana os trouxas sem memória. A situação era de tal sorte calamitosa que, em agosto de 2011, três meses depois da reportagem a VEJA, o governo instituiu o chamado RDC — Regime Diferenciado de Contratações Públicas — que praticamente jogou no lixo a Lei de Licitações para poder acelerar as obras. Dilma escamoteia na entrevista, ademias, que as obras em oito aeroportos ainda não foram concluídas: São José dos Pinhais (que atende Curitiba), Confinas (Minas), Cuiabá, Fortaleza, Galeão (Campinas), Manaus, Porto Alegre e Salvador.
A desonestidade intelectual não para por aí. VEJA listou os cinco fatores de atraso, todos eles escandalosamente verdadeiros, a saber:
Mercadante - desonestidade intelectual 2mercadante - desonestidade intelectual 3
Clique nas imagens para ampliá-las e facilitar a leitura. A imprensa que chamou a atenção para os descalabros então em curso cumpriu a sua tarefa. Na verdade, colaborou para a realização do evento, isto sim.  Mas sabem como é… Essa gente gosta de áulicos e de puxa-sacos.
No dia 19 de maio de 2011, a Arena Amazônia estava assim: a imprensa deveria ter ficado calada?
No dia 19 de maio de 2011, a Arena Amazônia estava assim: a imprensa deveria ter ficado calada?
Eis aí a Arena Pernambuco no dia 17 de maio de 2011. O que lhes parecia?
Eis aí a Arena Pernambuco no dia 17 de maio de 2011. O que lhes parecia?
Talvez devêssemos ter nos animado com a Arena Pantanal, no dia 19 de maio de 2011...
Talvez devêssemos ter nos animado com a Arena Pantanal, no dia 19 de maio de 2011…
Felizmente, isto sim, o Brasil tem uma imprensa vigilante — parte dela ao menos —, que chamou a atenção para os desastres que estavam em curso. Não custa lembrar, ademais, que naquele mesmo 2011, cinco meses depois da reportagem de VEJA, Dilma demitiu Orlando Silva, ministro do Esporte, e nomeou em seu lugar Aldo Rebelo.
CardozoA mais indigna das falas na coletiva, e isso não me surpreende, ficou com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. Referindo-se sabe-se lá a quais governadores, afirmou:“Há ainda hoje quem acredite que o governo federal deve passar recursos para os Estados fazerem a política da segurança pública”. Por que ele não diz quem pediu — e, pelo visto, não recebeu — recursos? Falo do que vi de perto: em São Paulo, enquanto a polícia se organizava para combater a baderna nas ruas, Gilberto Carvalho negociava, conforme confessou, com criminosos.
Eis aí. Provado está. Com a derrota acachapante, Dilma convoca uma entrevista coletiva com 15 ministros. Imaginem se o Brasil vence a Copa… A presidente tentaria mandar para o degredo os “inimigos da pátria”…
Post publicado originalmente às 19h55 desta segunda e atualizado às 7h25 desta terça
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

No início da semana pós-Copa, deputados não aparecem para trabalhar

Política

Nesta segunda-feira, quando estava previsto o início de um esforço para votar projetos prioritários, apenas 136 dos 513 deputados compareceram

Marcela Mattos, de Brasília
O plenário da Câmara dos Deputados: sem quórum para votações
O plenário da Câmara dos Deputados: sem quórum para votações (FolhaPress)
Mesmo com uma extensa pauta de votações, a Câmara dos Deputados segue em ritmo de Copa do Mundo: nesta segunda-feira, quando estava previsto o início de um esforço para votar projetos prioritários, apenas 136 dos 513 deputados compareceram ao trabalho. Sem atingir o mínimo de 257 congressistas para viabilizar alguma votação, a sessão foi encerrada por falta de quórum. Depois de um mês de folga improvisada por causa da Copa, os parlamentares entram em recesso na próxima sexta-feira – e pretendem estender a folga para se dedicarem às eleições.  
A baixa adesão impediu a votação prevista para esta segunda-feira do caráter de urgência do projeto que susta os efeitos do decreto bolivariano, assinado sem alarde pela presidente Dilma Rousseff. Se aprovada a urgência, a matéria iria direto para votação no plenário. A medida institui, numa canetada, a participação de “integrantes da sociedade civil” (como integrantes de movimentos sociais) em todos os órgãos da administração pública, num ataque à democracia representativa. Entre outros projetos, também aguarda votação a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015 e a regulamentação dos direitos do trabalho doméstico.
"A Copa acabou. Essa é a última semana antes do recesso legislativo, que permitirá que os deputados entrem em campanha nos Estados", disse Alves. "Uma segunda-feira já não é fácil. Com um processo eleitoral que se inicia e o fim Copa a situação complica mais ainda. Mas eu espero um bom quórum amanhã." 
Desde 12 de junho, quando o mundial teve início, foram apenas dois dias de votações em plenário e quatro projetos aprovados, entre eles o que concede pensão vitalícia para a esquiadora Laís Souza, que ficou tetraplégica durante um treino no final de janeiro, e o que prevê a obrigatoriedade de farmacêuticos em drogarias. Ainda assim, os deputados continuaram recebendo na íntegra o salário de 26.700 reais.
Embora normalmente não haja votações às segundas-feiras, havia a expectativa de que hoje os deputados comparecessem para o chamado esforço concentrado, convocado para esta semana para esvaziar a pauta antes do recesso parlamentar. Faltando menos de três meses para as eleições, os parlamentares devem trabalhar apenas quando a força-tarefa for convocada. De acordo com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a intenção é chamar as sessões a cada duas semanas.