terça-feira 10 2014

Problemas do Brasil são manchete no 'New York Times'

EUA

Jornal americano cita alto custo da Copa, economia com lento crescimento, insatisfação popular com o torneio e greve dos metroviários em reportagem

Brasil é manchete no site do New York Times
Brasil é manchete no site do New York Times (Reprodução)
O Brasil foi destaque nesta segunda-feira no site do jornal americano New York Times, que colocou em sua manchete uma reportagem em que citava o clima de insatisfação popular com a Copa do Mundo e outros tantos problemas que têm ocorrido no país a três dias do início do Mundial. O diário americano chama a atenção para a greve dos metroviários em São Paulo, cidade-sede da abertura entre Brasil e Croácia, no dia 12, e os confrontos com policiais em algumas estações.
A reportagem cita as manifestações de junho do ano passado como mostra do descontentamento com o governo e questiona o investimento em estádios em Brasília e Manaus, por exemplo, cidades sem grandes clubes no futebol e com média baixa de público nas partidas. Mesmo com as adversidades, o NYT cita os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a Jornada Mundial da Juventude como eventos que mostraram a tradição do país em receber bem os estrangeiros.
Segundo a reportagem, o desfecho da competição pode se tornar fator determinante na disputa das eleições em outubro. O alto custo do torneio, que pode chegar a 30 bilhões de reais e é motivo de diversas manifestações, também é citado como um problema que a presidente Dilma Rousseff terá de contornar na tentativa da reeleição. 

PMDB deve confirmar apoio a Dilma nesta terça – a fatura virá depois

Eleições 2014

Convenção Nacional do partido confirmará apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, com Michel Temer na vice

Marcela Mattos, de Brasília
 Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília
Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília(Reuters)
Pivô de uma série de rebeliões no Congresso Nacional, o PMDB caminha para confirmar, em Convenção Nacional nesta terça-feira, a reedição da aliança com a presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral deste ano. Mesmo rachado, o partido que comandou a criação de um grupo de dissidentes deve bater o martelo pelo apoio à reeleição de Dilma. Com a dobradinha, a petista terá o tempo de propaganda eleitoral ampliado em cerca de seis minutos. Mas o benefício não sairá de graça: em troca, os peemedebistas devem aumentar a pressão por – mais – cargos influentes no governo.
Nos últimos dias, o vice-presidente da República, Michel Temer, disparou telefonemas para fazer apelos pela manutenção da aliança com Dilma. Nesta segunda-feira, ele compareceu à Câmara dos Deputados para mais uma investida. “Quem for convencional, evidentemente eu peço voto. Quem não for, faça uma boca de urna”, clamou durante convenção do PMDB Afro.
Os mais próximos a Temer, entre eles o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), projetam que a coligação com a petista receberá o aval de 70% a 80% dos delegados. No entanto, cálculos feitos pela ala rebelde da sigla estimam que a briga deve ser acirrada: há a expectativa de 340, em um universo de 742, votos de dissidentes. “Deputado, quando é eleito, é até por diferença de dois votos. Para nós, basta a vitória”, rebateu Temer.
Em uma aliança marcada pelo fisiologismo e pela recorrente ameaça de rompimento, o preço pelo apoio dos peemedebistas já está posto. No comando de cinco ministérios, o partido pleiteia uma pasta mais robusta, como Saúde e Integração. Além disso, o PMDB busca maior visibilidade dentro do governo, participando de secretarias prioritárias e ingressando com maior representatividade na campanha eleitoral.
“O sentimento da base partidária não é o da cúpula. A cúpula se moldou ao modelo petista e tem participado do banquete, mas não pode sacrificar a base do partido. Isso vai potencializar ainda mais a dissidência interna. Mais quatro anos de Dilma é a transformação do Brasil em um país sem crédito. Ninguém pode deixar que a pecha do fisiológico e do patrimonialismo de novo venha a macular a imagem do PMDB”, afirmou o deputado Danilo Forte (CE), um dos que defendem o rompimento com o governo petista. Nos bastidores, nem mesmo a promessa de mais espaço no alto escalão tem convencido os parlamentares descontentes: “Por que agora as coisas seriam diferentes? A Dilma precisa da gente agora, mas mesmo assim não cumpre o que promete. Depois ela não vai poder se reeleger e nada vai mudar”, diz um deputado peemedebista.
A crise chegou ao auge neste ano. Com o líder na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), à frente, o partido articulou a união de parlamentares descontentes para pressionar o Planalto sob a ameaça de derrotar projetos prioritários. Mais: Cunha protagonizou um embate virtual com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, por meio do Twitter. O parlamentar carioca defendeu que a aliança com o partido deveria ser repensada, e foi chamado de “chantagista” pelo dirigente petista.
Alianças – Além das disputas internas, as alianças estaduais têm grande peso nos votos desta terça. O PMDB planeja consolidar até vinte candidaturas próprias nas eleições deste ano, e eleger pelo menos dez governadores, de acordo com Valdir Raupp. São justamente os votos oriundos de Estados onde o PT também está no páreo que tendem a questionar a aliança com Dilma. Entre eles está o Rio de Janeiro, que teve o apoio informal dos peemedebistas declarado na semana passada. O voto no Estado representa 10% do total na convenção de hoje. Os partidos também estão divididos em pelo menos outros treze Estados, como Bahia e Minas Gerais.
Mesmo gripada, a presidente decidiu fazer um afago nos peemdebistas e confirmou presença na convenção. No entanto, para fugir de possíveis constrangimentos de estar diante de discursos inflamados contra a aliança, Dilma só deve chegar no final do evento, quando o resultado já tiver sido anunciado.

Hillary diz que sua família saiu 'falida' da Casa Branca

EUA

Em entrevista para divulgar livro, principal nome democrata à sucessão de Obama comentou o caso Monica Lewinsky e o ataque terrorista em Bengasi

Hillary Clinton durante entrevista à rede americana ABC
Hillary Clinton durante entrevista à rede americana ABC (Reprodução/ABC)
Ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton disse em uma entrevista transmitida nesta segunda-feira pela rede americana ABC que sua família estava "completamente falida" e com várias dívidas quando deixou a Casa Branca, mais de 12 anos atrás.
"Deixamos a Casa Branca não só falidos, mas com muitas dívidas. Não tínhamos dinheiro quando chegamos lá e custamos para reunir os recursos para as hipotecas, as casas, a educação de Chelsea (sua filha única). Não foi fácil", afirmou Hillary na véspera do lançamento de seu novo livro, Hard Choices (Decisões Difíceis), relato de seus anos à frente do Departamento de Estado ainda sem previsão de lançamento no Brasil.
A ex-primeira-dama justificou que, por causa das dívidas, tanto ela quanto seu marido Bill Clinton cobraram para dar palestras desde que deixaram a Casa Branca – Hillary chega a cobrar 200.000 dólares em algumas conferências, enquanto o ex-presidente já ganhou 750.000 dólares por uma única palestra. 
Segundo estimativa da emissora CNN, no final do ano 2000, perto de Bill Clinton concluir seu segundo mandato, a família devia entre 2,28 milhões e 10,6 milhões de dólares. Com os ganhos das palestras, o casal saldou todos os seus débitos em 2004 e, desde então, viu seu patrimônio se agigantar. As conferências já teriam rendido 106 milhões de dólares a Bill Clinton desde que ele deixou a Presidência.   
No caso de Hillary, após sua saída do Departamento de Estado em 2013, ela teria acumulado até 5 milhões de dólares com as palestras, segundo dados da revista Mother Jones. Nem sempre, no entanto, o casal cobra pelo trabalho.
Perguntada na entrevista se considerava que os americanos poderiam entender como um valor "cinco vezes maior que salário médio nacional" pudesse ser cobrado por um único discurso, Hillary Clinton rebateu: "Acho que cobrar por palestras é muito melhor do que se juntar a um grupo ou empresa como fizeram tantos outros que deixaram a vida pública".
Traição – Hillary também afirmou diante das câmeras que "virou a página" sobre a aventura extraconjugal de seu marido com a ex-estagiária Monica Lewinsky, que no mês passado,  após dez anos longe dos holofotes, reapareceu em uma entrevista para a revista Vanity Fair, na qual voltou a falar sobre seu "affair" presidencial. 
'(Ela) é perfeitamente livre para fazê-lo (falar sobre o escândalo). A vejo como uma americana que se expressa como bem entende. Mas não é algo sobre o qual eu pense demais", disse Hillary. "Eu virei a página e é assim que vejo minha vida e meu futuro".
Ao ser perguntada se, em alguma ocasião e conforme foi divulgado pela mídia, chamou Lewinsky de "lunática narcisista", a ex-secretária de Estado se limitou a dizer: "Não vou comentar o que disse ou deixei de dizer nos anos 1990".
Líbia – Outro assunto abordado durante a entrevista foram as críticas à gestão de Hillary Clinton à frente do Departamento de Estado durante os atentados terroristas de Bengasi, na Líbia, em 2012. Questionada se o episódio em que quatro americanos morreram, entre eles o embaixador nesse país, eram um obstáculo à sua candidatura à presidência, ela declarou que são mais "uma razão para concorrer" à Casa Branca "do que o contrário".
"Realmente é mais uma razão para eu concorrer do que o contrário, pois não acredito que nosso grande país deva disputar campeonatos de segunda categoria. Devemos estar nos principais", afirmou Hillary. Para os críticos e a oposição republicana, ela não tomou todas as providências para evitar o ataque, cujas circunstâncias teriam sido escondidas do público pelo Departamento de Estado.  
Hillary comentou a recente criação de uma comissão parlamentar para investigar o assunto. "Acho que isso realmente é uma distração do trabalho duro que o Congresso deveria estar fazendo sobre os problemas do nosso país e do mundo", opinou. Ela também defendeu que não havia nada em suas mãos para que pudesse ter atuado de forma diferente para evitar a tragédia em Bengasi.
"Assumo a responsabilidade, mas eu não tomava as decisões de segurança", afirmou, para explicar depois que ela confiou no posicionamento dos especialistas sobre a manutenção da segurança no consulado americano, alvo dos torroristas. "Teria dado o possível para que isso não tivesse ocorrido", acrescentou Hillary.
(Com agência EFE)