segunda-feira 10 2014

Morteiros e coquetéis molotov contra a democracia

VejaCom

Cravei aqui ainda na noite de quinta que o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, não tinha sido ferido pela polícia. Sou adivinho? Acontece, meus caros, que enfrentei bombas de gás e de efeito moral quando lutava contra a ditadura. Conheço as duas e sei que não soltam fogo vermelho. Bastou-me ver as fotos. Mas noto que ninguém tinha o direito de se enganar ainda que jamais tivesse topado com uma coisa ou com outra: bastaria ter pedido a um policial que analisasse as imagens.
E aqui vai uma diferença importante: uma coisa é ir às ruas lutar contra uma ditadura. Eu fui e me orgulho. Outra coisa é fazer o que fazem esses arruaceiros: estão lutando contra a democracia. Quem leva coquetéis molotov, morteiros, bombas caseiras e chaves de grifo para um protesto, numa sociedade democrática, está querendo é ditadura. E tem de ser severamente reprimido, punido, de acordo com a lei. E boa parte dos jornalistas precisa parar com essa mania de que a polícia é sempre culpada e está sempre errada.
Infelizmente, se aquele morteiro que atingiu Santiago tivesse atingido um policial, ferindo-o com a mesma gravidade, não haveria metade dos protestos a que estamos assistindo. E protestos que, deixo claro, são justos.
Fábio Raposo Barbosa, o rapaz que aparece passando a um outro o morteiro que feriu o cinegrafista, teve a prisão temporária decretada. Ele estaria disposto a negociar uma espécie de delação premiada, a colaborar com a polícia. Ele já tinha concedido uma entrevista à GloboNews em que contou uma história da carochinha: teria encontrado o artefato no chão e passado a um desconhecido. Não cola! Se, agora, afirma que quer colaborar, é sinal de que sabe mais do que disse.
O rapaz foi indiciado por tentativa de homicídio. A polícia apura ainda se ele pertence ao grupo dos black blocs e se atua em conjunto com outros, o que pode render também a acusação de “associação criminosa”. Nesse domingo, três ditos “manifestantes” foram acompanhar o depoimento de Fábio Raposo. Um deles, acreditem, se desentendeu com um cinegrafista da Band e não teve dúvida. Apontou o dedo para o profissional e disse: “Você será o próximo”. O cinegrafista bateu, então, com a câmera em sua cabeça, fazendo um pequeno ferimento. Os dois acabaram depondo na delegacia.
Alguém precisa deter esses vândalos, esses criminosos. Santiago segue em coma no hospital Souza Aguiar. Outra arruaça está marcada para hoje na Central do Brasil contra o reajuste da tarifa de ônibus. Está posta uma questão para a democracia brasileira: qual deve ser o limite de tolerância com o banditismo? Eu tenho uma resposta que me parece simples, eficiente: a lei.
Basta! Essa gente já foi longe demais! São inimigos da imprensa, da liberdade de expressão, das garantias democráticas, do estado de direito. E setores da imprensa não podem se acovardar, com medo do que esses milicianos fazem nas redes sociais.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/morteiros-e-coqueteis-molotov-contra-a-democracia/

Cinegrafista ferido em protesto tem morte cerebral

Protestos

Equipe de neurocirurgia do Hospital Municipal Souza Aguiar diagnosticou morte encefálica na manhã desta segunda-feira

Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
Cinegrafista é ferido em protesto contra aumento de ônibus no Rio
Bomba atinge a cabeça de cinegrafista da TV Bandeirantes que gravava cenas do protesto no Rio de Janeiro - Agência O Globo
O cinegrafista Santiago Ilídio Andrade, ferido por um rojão em uma manifestação no centro do Rio, teve morte cerebral na manhã desta segunda-feira. A Secretaria Municipal de Saúde informou que a equipe de neurocirurgia do Hospital Municipal Souza Aguiar diagnosticou a “morte encefálica” do paciente. A divulgação foi feita a pedido da família.
Andrade foi ferido quando estava na Central do Brasil cobrindo o protesto contra o aumento da passagem na cidade do Rio. Ele passou por uma neurocirurgia na madrugada de sexta-feira. Ainda não se tem certeza sobre a origem do artefato que feriu o cinegrafista. Especialistas que analisam as imagens do momento da explosão, no entanto, não enxergam sinais de bombas de efeito moral, usadas pela polícia.
Até o momento, uma pessoa foi presa por participação na explosão que matou Andrade: o tatuador Fábio Raposo, que confessou ter encontrado o rojão no chão e passado para um homem de camisa cinza e calças jeans. O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende o tatuador, afirmou esta manhã que identificou o homem que disparou o rojão Nunes disse à Rádio Band News que levará a identificação à 17ª DP (São Cristóvão), que investiga o caso. O advogado afirma que a ligação entre Raposo e o responsável pela explosão é “indireta”, e que conseguiu a identificação conversando com conhecidos de seu cliente.
Ameaças - Um cinegrafista da Bandeirantes agrediu um manifestante neste domingo, no Rio de Janeiro, após ter sido ameaçado pelo rapaz de "ser o próximo", em uma referência ao profissional da emissora ferido gravemente na última quinta-feira. A confusão aconteceu durante a visita de um grupo de jovens à delegacia de São Cristovão onde está detido o tatuador Fábio Raposo, que admitiu ter passado o rojão que feriu o cinegrafista para outro manifestante.
Ao chegarem ao local para prestar solidariedade a Raposo, os manifestantes pediram para não serem filmados, mas não foram atendidos pelos cinegrafistas. Irritados, os jovens passaram a xingar os profissionais. A militante Elisa Quadros, conhecida como Sininho, chamou os jornalistas de "carniceiros", enquanto um rapaz identificado apenas como Yan afirmou: "Os próximos serão vocês". Diante da ameça, o cinegrafista Leandro Luna, que estava a serviço da Bandeirantes, reagiu e agrediu o manifestante com sua câmera, deixando Yan com um ferimento na cabeça.
A polícia teve de intervir e levou o grupo para a delegacia para prestar depoimento. Segundo a Polícia Civil, foram registrados dois boletins de ocorrência: um em que Luna acusa Yan de ameaça e outro que apura a lesão corporal de Luna contra o manifestante. O caso será encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
(Com Estadão Conteúdo)