terça-feira 21 2014

Café de Ideias - Leandro Karnal - 06.12.2013





Papa a Davos: 'Dinheiro deve servir, não governar'

Europa

Em mensagem enviada a participantes do Fórum Econômico Mundial, pontífice cobra ações de combate à desigualdade

Músicos se apresentam em cerimônia no Fórum Econômico Mundial, em Davos
Músicos se apresentam em cerimônia no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Denis Balibouse/Reuters)
papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, defendendo o combate à desigualdade. Ele pediu aos líderes que adotem uma nova “mentalidade política e de negócios” e coloquem seus conhecimentos para trabalhar em benefício daqueles que vivem na “terrível pobreza”. “Eu peço a vocês que assegurem que a humanidade seja servida pelo dinheiro e não governada por ele”.
O principal evento econômico do mundo começou nesta terça-feira tendo a desigualdade como um dos temas que dominam a agenda de debates. O pontífice cobrou ações nesta área e disse que promover a igualdade exige “algo mais do que o crescimento econômico, apesar de pressupor isso”. “Exige decisões, mecanismos e processos direcionados a uma melhor distribuição de riqueza, criação de fontes de emprego e promoção integral dos pobres, o que vai além da simples mentalidade do bem-estar”.
Na mensagem, lida pelo cardeal Peter Turkson, o papa ressaltou que as áreas política e econômica têm mais responsabilidade em promover o bem comum. Esta preocupação deveria estar sempre presente nas decisões tomadas nas duas esferas, mas, às vezes, “parece ser pouco mais que uma reflexão deixada para depois”, pontuou. “Os que trabalham nesses setores têm uma responsabilidade específica em relação aos outros, particularmente em relação aos mais frágeis, fracos e vulneráveis”.
O papa considerou “intolerável” que milhares de pessoas ainda morram diariamente de fome, diante do fato de que quantidades substanciais de comida são desperdiçadas.
Francisco também defendeu os refugiados, lembrando que eles buscam “condições minimamente dignas de vida”, mas não encontram hospitalidade, e ainda “perecem ao ir de um lugar para outro”.
A menção aos refugiados ocorre em uma semana que tem o conflito na Síria como um dos grandes temas, com a expectativa da realização da conferência de paz em Montreux, na Suíça, a partir desta quarta-feira. A guerra civil no país já deixou milhares de refugiados no país. 
(Com Estadão Conteúdo)

França vai devolver três pinturas roubadas por nazistas

Artes Visuais

Obras estavam sob custódia do governo francês e expostas no Louvre e no museu de Dijon

Reprodução da obra do pintor Franz Marc, recuperada pela polícia alemã entre cerca de 1.400 quadros roubados durante a Segunda Guerra
Reprodução da obra do pintor Franz Marc, recuperada pela polícia alemã entre cerca de 1.400 quadros roubados durante a Segunda Guerra (Christof Stache/AFP)
A França vai devolver três pinturas roubadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, anunciou nesta terça-feira a ministra da Cultura francesa, Aurélie Filippetti. Segundo ela, as obras serão restituídas aos herdeiros de seu antigo proprietário, de quem foram levadas durante a guerra. 
Trata-se da tela Paisagem Montanhosa, do pintor flamengo Joos de Momper, de um retrato de uma mulher do século XVIII e de uma pintura a óleo sobre madeira representando a Madonna com a Criança. Dois quadros estavam expostos no Louvre e o terceiro, no museu de Dijon (centro-oeste da França).
Esses quadros fazem parte de um conjunto de cerca de 2.000 obras sem proprietário identificado. Elas são mantidas, sob custódia do Estado, em museus franceses, que devem exibi-las ao público enquanto uma reivindicação é aguardada. Em março de 2013, a ministra já havia restituído sete trabalhos aos descendentes dos legítimos proprietários.
Em vinte anos​​, o governo francês devolveu apenas cerca de 70 obras. Para agilizar o processo, a ministra pediu à sua equipe que procurasse os proprietários, mesmo sem pedido de restituição. No ano passado, foi criado um grupo de trabalho composto por curadores, arquivistas, historiadores, membros da Comissão de Indenização das Vítimas de Espoliação (CIVS) e da Fundação para a Memória da Shoah. "Os direitos sobre 28 obras, das 145 cuja espoliação é quase certa, estão prestes a serem identificados pelo grupo de trabalho", indicou a ministra.
(Com agência France-Presse)

James Deen estrela primeiro 'pornô' com Google Glass

Tecnologia

O ator mais pop do pornô hoje, que já gravou com Lindsay Lohan e é cotado para '50 Tons de Cinza', protagoniza uma paródia erótica feita com o gadget

O ator pornô James Deen em foto de divulgação
O ator pornô James Deen em foto de divulgação - Divulgação

O ator pornô James Deen em foto de divulgação

James Deen no Xbiz Awards 2012, onde venceu o prêmio de melhor ator pornô do ano
James Deen no Xbiz Awards 2012, onde venceu o prêmio de melhor ator pornô do ano - Divulgação

O ator pornô James Deen em foto de divulgação

O ator pornô James Deen zomba de sua religião, o judaísmo, em foto de divulgação

James Deen e a atriz pornô Ashlynn Brooke em foto de divulgação do filme 'Scrubs XXX', paródia pornô do seriado médico
James Deen e a atriz pornô Ashlynn Brooke em foto de divulgação do filme 'Scrubs XXX', paródia pornô do seriado médico - Divulgação

O ator pornô James Deen em foto de divulgação

James Deen em cena de The Canyons
James Deen em cena de <em>The Canyons</em> - Divulgação

Desde o lançamento do Google Glass, muito se especulava a respeito do que o aparelho poderia fazer pelos filmes pornôs POV (ponto de vista, na sigla em inglês), filmados pelo próprio personagem durante o... bem, durante o ato. Pois desde esta quarta-feira está disponível no YouTube uma paródia que sugere como seria um pornô gravado com o gadget. Bem humorado, o vídeo é estrelado por ninguém menos que James Deen, o astro pornô queridinho em Hollywood que filmou com Lindsay Lohan no ano passado e é um dos nomes cotados para viver Christian Grey na adaptação de Cinquenta Tons de Cinza para o cinema.
curta foi produzido pela Mikandi, especializada em aplicativos eróticos, e brinca com as funcionalidades do Google Glass. Durante o "ato", que na verdade é pura paródia, Deen registra fotos da moça, descobre o preço dos sapatos que ela está usando e até pede comida para matar a fome mais tarde. A brincadeira exagera, mas a ideia é justamente mostrar tudo o que o aparelho pode fazer.

App promete transformar Google Glass em acessório sexual

Tendência

Usuário assiste, na projeção feita na lente dos óculos conectados, à imagem captada pelo Glass de seu parceiro — e vice-versa

(Thinkstock)
Em julho de 2013, um vídeo publicado no YouTube tentava prever de que forma o Google Glass, óculos conectados do Google, poderia ser usado em filmes adultos. A estrela do vídeo futurista era James Deen, astro pornô queridinho em Hollywood que filmou com Lindsay Lohan. A realidade foi mais criativa. Sherif Maktabi, estudante de design de Londres, desenvolveu durante um hackathon (maratona de programadores) o app Sex with Glass, que permite aos usuários fazer a transmissão em tempo real das imagens captadas pelos óculos do Google durante suas atividades — sim, o foco são as relações sexuais.
O objetivo do app, assim, é permitir que o usuário veja o que seu parceiro vê. Ou seja, uma pessoa assiste, na projeção feita na lente dos óculos conectados, ao vídeo captado pelo Glass de seu parceiro — e vice-versa. É uma opção ainda para pessoas que estão distantes.
Para iniciar o app, basta dar o comando de voz: "OK glass, it’s time". A transmissão começa. Um "OK glass, pull out" encerra o streaming de vídeo. "Algumas pessoas acharam a ideia repulsiva, mas muitos outros usuários demonstraram interesse no aplicativo. E falo isso com base nos e-mails que recebemos", disse Maktabi em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
O aplicativo, que será disponibilizado no lançamento comercial do Google Glass, previsto para este ano, oferece recurso para gravar um vídeo com o conteúdo transmitido durante o "evento". Para assegurar a privacidade dos usuários e dificultar o compartilhamento não autorizado do material, os vídeos se autodestroem no prazo de cinco horas.
O Google já bloqueou outros aplicativos eróticos e proibiu por meio das políticas de uso do Glass a disponibilização de conteúdos envolvendo sexo explícito. O estudante britânico, contudo, não parece estar preocupado com as restrições da empresa. "Pessoas no Google sabem do Sex with Glass e realmente gostaram da ideia. Não sei ainda qual será a posição da empresa em relação ao nosso projeto."
Para quem vive em uma casa conectada à internet, com interruptores automatizados, por exemplo, o aplicativo vai trazer recursos para o controle das luzes. Ele também oferecerá uma ferramenta para a reprodução de músicas e uma seção de dicas inspiradas no Kama Sutra.
Desde o hackathon, quando o programa começou a ganhar forma, a equipe por trás do app cresceu. Sabba Keynejad e Satara Achilles, alunos do curso de design gráfico da mesma universidade, se juntaram a Maktabi para trabalhar em uma versão do programa para iPhone. O objetivo dos garotos é disponibilizar o aplicativo na App Store em fevereiro.

‘A Grande Maranha’, um artigo de Antônio Machado de Carvalho

Veja.Com

Publicado no jornal O Tempo
ANTÔNIO MACHADO DE CARVALHO
Dicionários definem maranha como “negócio complicado, intrincado, intriga, enredo e mexerico”. Se a singela maranha tem tal alcance de entendimento, imagine-se a que alturas não chegaria uma maranha de bom tamanho, uma grande maranha: um maranhão! Seria uma tragédia (se não fosse cômico), observar, então, a cegante e luminosa realidade dos acontecimentos terríveis que a imprensa vem divulgando: imolação de crianças pelo fogo, decapitações ao estilo dos caçadores de cabeças, estupros e outras vilanias, dentro e fora de presídios, da província mais implausível de tantas que compõem o país.
Até o estranho privilégio de abrigar os índios mais atrasados do Brasil ─ os Guajas, como referido por Darcy Ribeiro ─ faz parte da moldura civilizatória que configura o Maranhão contemporâneo. Algum cacique de outrora destes selvagens primitivos estaria, sem dúvida, na raiz da linhagem dos mandarins que controlam hoje aquela vasta extensão de terras e homens. Ler e ouvir governantes incapazes de contar até três é um exercício de irrealidade. Quem duvidar recupere no Google os registros a respeito de Pedrinhas. Incrível: há uma secretaria estadual dos direitos humanos no Maranhão, e ela já recebeu prêmios nacionais e internacionais.
Talvez o Maranhão e a Bulgária sejam apenas alucinações; nenhum dos dois existe de fato! Caberia uma excursão para comprová-lo (seguindo o roteiro de Campos de Carvalho em O Púcaro Búlgaro). Quem sabe, tudo não decorreria do consumo desbragado da famosa jamba local de altos teores? É a única explicação possível. Se o Maranhão é uma ilusão, Pedrinhas é uma fantasia. E mais, se o Maranhão não existe, os Sarneys são somente uma quimera, ou um pesadelo do qual ainda iremos acordar. Oxalá assim fosse!
Há quem garanta ser o Maranhão a mais antiga capitania hereditária do Brasil. Pertenceria a uma família de aventureiros originada, oficialmente, de patriarca famoso pelos cavalos amarelos que vendia, e que, segundo Millor, logo voltavam à cor natural após as primeiras chuvas. Dessa matriz sem jaça surgiu o presente donatário, um tal José de Ribamar (nome comum naquelas plagas), o qual, consoante tradição arraigada nos meios populares, ficou mais conhecido pelo vulgo de Sarney. Este curioso pseudônimo, virado patronímico, se enraizou e frutificou prodigiosamente naqueles rincões, em fenômeno similar, aliás, ao que acontece às ervas daninhas e parasitas de toda ordem, humanos ou não. Sarney pai, Sarney filho, Sarney filha, Sarney tia, Sarney neto, Sarney pra lá e pra cá até os limites do inimaginável.
Mas os ventos costumam mudar, ó céus! Às vezes ficam contra. Sagaz, porém, como todo velho rapinante, Sarney pai se precaveu: amancebou-se com os saqueadores mais novos que, famélicos, invadiam a praça. Dividiu, então, o butim com o PT. Deu-lhes o vice-governador (agora conselheiro do Tribunal de Contas, imagine), secretarias e outras boquinhas. Jogada de mestre. Sarney, enfim, conhece, e bem, a natureza humana. Tal qual um crocodilo do Nilo, recolhe-se silenciosamente à espera do próximo incauto que busque atravessar a vereda. O velho malandro persistirá bradando o dístico que o consagrou: Tudo pelo social!

Cassação de Jackson Lago é lembrada como "golpe judicial"

Em: 4 de dezembro de 2013



 



Jackson Lago


Com informações da Agência Senado

Dois maranhenses foram homenageados na manhã desta terça (03) com a comenda Dom Helder Câmara, concedida pelo Senado Federal. Jackson Lago (in memorian) e o juiz Marlon Reis (autor da Lei Ficha Limpa) foram homenageados por ações em prol dos Direitos Humanos no Brasil.

Um grande destaque da presença maranhense foi o que senadores, deputados e ex-deputados presentes no evento definiram como “injustiça cometida pela Justiça”, em referência ao processo que culminou na cassação do ex-governador Jackson Lago. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) ironizou os motivos que levaram à deposição de Lago do Palácio dos Leões.

“Até hoje eu não entendi (cassação de Jackson Lago). Cassaram o mandato de Jackson Lago por exagero do poder econômico. É uma piada. Falar em abuso do poder da mídia quando rádios, jornais e televisões estão todos do lado de lá,” disse Simon, que também elogiou a postura que Jackson Lago manteve mesmo diante do “golpe judicial”.

O que mais se destaca na homenagem concedida a Jackson Lago é que ela acontece em um ambiente em que José Sarney possui muito poder e influência. A homenagem a dois desafetos políticos do senador Sarney (Jackson Lago e a deputada Janete Capiberibe, do Amapá) naquela Casa Legislativa, onde a oposição luta por um espaço, foi carregada de simbolismo diante do desagravo feito ao ex-governador Jackson Lago.

Os participantes da sessão foram unânimes em considerar injusto processo de cassação sofrido por Jackson Lago quando era governador do Maranhão, em 2009, e perdeu o mandato por crime eleitoral, sendo que outros candidatos sofriam processo semelhante no Tribunal Regional Eleitoral. O irmão de Jackson, ex-deputado Wagner Lago, classificou o processo de "golpe judicial", que marcou não só o estado, mas o país.

“Essa comenda é como se fosse uma restauração da democracia e da representatividade e, mais do que isso, da soberania conspurcada do povo do Maranhão. Essa comenda é dada sobretudo ao povo do Maranhão, que teve sua soberania desrespeitada pelo golpe que destituiu Jackson de forma brutal, ditatorial e, sobretudo, injusta,” avaliou.

O deputado Domingos Dutra (SDD-MA) afirmou que um dia será escrita a história do Poder Judiciário do país e ficará comprovado que foi cometida "a maior injustiça" contra o ex-governador.

“Jackson foi cassado por um recurso chamado 'recurso contra expedição de diploma'. Pois não é que, agora, o mesmo TSE que cassou o Jackson diz que esse recurso é inconstitucional, e devolveu o processo de cassação da atual governadora, que patrocinou, com sua família, a cassação de Jackson! O processo foi devolvido. Como maranhense, digo que essa cassação do Jackson tirou o Maranhão do mapa do Brasil”, afirmou Dutra, que salientou os péssimos índices sociais do estado, "onde uma família trata o estado como uma fazenda, os cidadãos como se fossem gado".

O momento foi de muita emoção para a família de Jackson Lago. Clay Lago (viúva do ex-governador) se emocionou durante a homenagem e em diversos momentos chorou.


http://vermelho.org.br/ma/noticia.php?id_noticia=230757&id_secao=73

O tumor descoberto nas cadeias é só mais um na capitania castigada há quase 50 anos pela institucionalização do absurdo

Veja.Com

sarney
JÚLIA RODRIGUES
Em meio à entrevista coletiva concedida em 9 de janeiro pela governadora do Maranhão e pelo ministro da Justiça, uma jornalista quis saber de José Eduardo Cardozo as razões do silêncio do governo federal sobre a mais recente epidemia de horror que assola a capitania hereditária dos Sarney. O visitante ainda caçava explicações quando Roseana Sarney confiscou a palavra: “Quem manda aqui não é a família, sou eu”, interveio. “Se querem penalizar alguém por isso, penalizem a mim, não a família. Eu que sou a governadora”.
É uma meia-verdade (ou uma meia-mentira). Ela acertou ao reconhecer que é responsável pelos massacres ocorridos no presídio de Pedrinhas. Mas até os azulejos coloniais dos casarões de São Luís sabem que o Maranhão se transformou em 1965 num feudo dominado por um clã que soma aos integrantes da família uma extensa lista de aliados políticos, parceiros eleitorais, empresários bem sucedidos e amigos espalhados pelos três Poderes. Juntos, eles formam a Famiglia Sarney.
Dos 13 governadores que ocuparam o Palácio dos Leões nos últimos 48 anos, só Jackson Lago, filiado ao PDT, sempre fez oposição ao clã. A exceção não completou o mandato. Acusado da prática de crimes eleitorais na campanha de 2006, Lago foi afastado em 2009 pelo Tribunal Superior Eleitoral, que o substituiu pela adversária que derrotara nas urnas: Roseana Sarney. “Como se sabe há muito tempo, os juízes do Sarney estão por toda parte”, fustigou Jackson, morto em abril de 2011.
A fidelidade à Famiglia é uma garantia de cargos públicos, bons empregos e bons negócios. O empresário Luís Cantanhede Fernandes, por exemplo, socorreu Roseana Sarney em 2002, quando a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo no escritório que dividia com o marido, Jorge Murad. Para livrar-se das complicações produzidas pelo Caso Lunus, o casal alegou que a bolada fora emprestada por Fernandes. Não por coincidência, o empresário generoso, dono da Atlântica Segurança Técnica, foi recompensado com a administração de parte das cadeias estaduais, terceirizada em 2009. Só no ano passado recebeu R$ 7,6 milhões da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap).
Previsivelmente, Fernandes figurou na relação dos convivas da festa de réveillon que animou há poucas semanas a residência de veraneio do governo maranhense. O cardápio escolhido pela anfitriã não tem parentesco com o que é servido aos presos. Os 2.186 condenados que se amontoam nas celas com 1.170 vagas do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, por exemplo, são frequentemente castigados com a mistura de arroz aguado e galinha crua.
Para cuidar da segurança dos festeiros, não faltaram os policiais militares que sumiram das cadeias terceirizadas. O controle da população carcerária do Maranhão, composta por 6.145 detentos, foi transferido para 382 agentes de segurança remunerados com salários inferiores a mil reais. O descaso do governo é tamanho que o telefone divulgado no site oficial da Sejap está errado. “Não aguento mais receber ligações”, diz o dono da casa atormentado por ligações de quem tenta conseguir algum tipo de ajuda do órgão estadual.
O assombroso tumor escancarado por dezenas de decapitações é só mais um na capitania devastada pela rotina do absurdo. Em 1966, quando José Sarney assumiu o comando da capitania, a situação era ruim. Passado meio século, é péssima. O IDH maranhense só supera o de Alagoas. Segundo o Censo 2010, o estado abriga 32 dos 50 municípios mais miseráveis do país. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou em 2011 que 14% da população viviam em situação de pobreza extrema.
Em 82 cidades, a renda média mensal é inferior ao recebido pelos beneficiários do Bolsa Família. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2013, o Maranhão é o segundo do país com maior número de casas sem banheiro. Só perde para o Piauí. Em contrapartida, a vida da Famiglia não para de melhorar. O patrimônio declarado inclui um jornal, uma ilha particular, quatro emissoras de TV, 17 emissoras de rádio e propriedades em São Luís, Brasília e Rio de Janeiro. Tudo somado, a fortuna dos Sarney já ultrapassou a faixa dos R$130 milhões.
Com o aparte em que tentou livrar de culpas o clã a que pertence, Roseana apenas confirmou o apreço dos Sarney por versões falsificadas. Depois da explosão de violência em Pedrinhas, ficou mais difícil reincidir no assassinato da verdade.

A procissão de imagens perturbadoras mostra ao mundo a cara do Brasil real





Narrado em inglês por uma suave voz feminina, o vídeo de Carlinhos Troll poderia até dispensar as legendas em português. A perturbadora procissão de imagens é suficiente para escancarar aos olhos do mundo a realidade camuflada pelos organizadores da Copa da Roubalheira. E reduzir a escombros, em menos de três minutos, o Brasil Maravilha que Lula pariu e Dilma amamenta.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/historia-em-imagens/

O Rio de Janeiro em technicolor






PUBLICADO EM 4 DE AGOSTO
SYLVIO ROCHA
No princípio Deus criou o céu e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz. E houve luz. (Genesis)
Fiat Lux. Numa explicação simples podemos dizer que o que enxergamos não são os objetos, mas a luz – ou melhor, o seu reflexo nos objetos. É essa luz, matéria prima da formação da imagem no cérebro, que nos dá a noção de textura, de profundidade, de cor.
O filme mais antigo colorido no mesmo processo da captação da imagem data de 1902 – antes os fotogramas eram pintados a mão um a um. Foi um inglês, Edward Turner, que desenvolveu um complexo processo em que o filme em preto e branco era fotografado diversas vezes e submetido a filtros nas cores verde, vermelho e azul. Exibidos em um projetor especial que combinava os fotogramas, via-se as imagens coloridas (assista aqui a um pequeno documentário de 2012 da BBC sobre a descoberta destes filmes, que passaram 110 anos no anonimato). É incrível perceber que o cinema nasceu em 1895 e, em 1902, já existia a tecnologia para se filmar em cores.
Mas é a partir de 1922 que se populariza o processo de colorização mais conhecido da história do cinema: o technicolor (patenteado pela Technicolor Motion Picture Corporation). A técnica se aprimorou com o passar do tempo. Num primeiro momento, era parecida com a de Edward Turner, mas só usava dois filtros (vermelho e verde). A mais difundida, de 1929, utilizava uma câmera em que três rolos de filmes preto e branco rodavam simultaneamente, cada um com um filtro diferente. No fim do processo de revelação obtinha-se uma só película e não havia mais a necessidade de um projetor especial. Essa técnica perdeu a hegemonia na década de 1950 para outras mais modernas, como a da Kodak Ektachrome, que eram capazes de capturar as três cores no mesmo fotograma.
O filme abaixo é um dos 274 traveltalks feitos pelo produtor James A. Fitspatrick, que é também o narrador. Fitspatrick percorreu o globo para fazer esses curtas sobre as cidades que visitava. A ideia era levar aos espectadores a possibilidade de descobrir lugares desconhecidos. Para a nossa sorte ele veio ao Brasil em 1936 e filmou o Rio de Janeiro. Apesar de ser falado em inglês e não ter legendas, vale a pena ver a beleza da Cidade Maravilhosa na década de 30, antes da verticalização – e em technicolor.

Os três companheiros se merecem - Lula, Collor e Sarney

PUBLICADO EM 10 DE AGOSTO DE 2009
“Gostaria de tratar o senhor José Sarney com elegância e respeito, mas não posso, porque estou falando com um irresponsável, um omisso, um desastrado, um fraco. Sempre foi um político de segunda classe, nunca teve uma atitude de coragem. (Fernando Collor, na campanha de 1989, sobre o então presidente da República).
“Sei que o presidente Lula e o presidente Sarney apoiaram o meu impeachment, mas mesmo assim não desejo que sofram o mesmo. Não desejo que sejam alcançados por injúrias, calúnias, mentiras”. (Collor, hoje, em discurso no Senado).
“O Brasil é testemunha da brutalidade, da violência, do desatino com que fui agredido por um candidato profundamente transtornado”. (José Sarney sobre Collor, na campanha de 1989).
“Sou profundamente grato ao senador Collor. Ele tem sido bastante leal a mim”. (Sarney, hoje, no Senado).
“O outro candidato defende abertamente a luta armada, a invasão de casas e apartamentos. Lula é um cambalacheiro”.(Collor, 1989).
“Nenhum ataque ao presidente Sarney e ao presidente Lula ficará sem resposta”. (Collor, na semana passada).
“Pena que esse moço seja tão corrupto”.  (Lula sobre Collor, 1993).
“O senador Fernando Collor tem tudo para fazer um grande mandato”. (Lula, 2007).
“Não sou eu quem diz que Lula quis forçar o aborto. Quem diz é Miriam Cordeiro, mãe da Lurian”. (Collor, 1989).
“Tive de suportar denúncias terrivelmente levianas. Sofri e muito, arrancaram-me o mandato, levaram-me a mãe, dispersaram minha família“. (Collor, hoje).
“Nós sabemos que antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Poderiam ser ladrões, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República”. (Lula sobre Sarney, em 1987, num discurso em Aracaju).
“O presidente Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum. Ele tem biografia”. (Lula, no mês passado).
“A multidão e a sua vontade nem sempre ou quase nunca tem razão”. (Collor, hoje).
O resgate desse punhado de frases ensina que não se deve comprar uma bicicleta usada de nenhum deles, mesmo por R$ 1,99. Mas comparar o que disseram outro dia ao que dizem agora também ajuda a seguir resistindo. Um país que sobreviveu a uma trinca dessas sobrevive a tudo.

Lula fica irritado com pergunta sobre Sarney e manda repórter "se tratar...





Em 30 de novembro de 2010, o repórter do Estadão que acompanhava Lula na visita à usina hidrelétrica de Estreito quis saber se a última viagem ao Maranhão como presidente “era uma forma de agradecer o apoio recebido durante oito anos da oligarquia Sarney”. Talvez por ignorar que oligarquia (do grego oligarkhía, cujo significado literal é “governo de poucos”) é a palavra que costuma designar um sistema político que concentra o poder nas mãos de um pequeno grupo pertencente à mesma família ou ao mesmo partido, Lula decidiu que a pergunta fora insultuosa. Ao lado da governadora Roseana Sarney, virou-se para o jornalista e desandou no palavrório eternizado no vídeo de 1:37:
“Agradeço, agradeço. A pergunta preconceituosa tua é grave pra quem tá  oito anos cobrindo cobrindo Brasília. Significa que você não evoluiu nada do ponto de vista do preconceito, que é uma doença. Sabe… O presidente Sarney é presidente do Senado… O Senado é uma instituição com autonomia diante do Poder Executivo, da mesma forma que o Poder Judiciário. E o Sarney colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida.(Ouve-se em off a voz de Roseana: ‘Eu fui eleita pelo voto popular’.E demais é o seguinte: o Sarney foi eleito pelo povo do Amapá. Eu não sei por que esse preconceito contra o Sarney. Você tem de se tratar, fazer um curso. Quem sabe fazer psicanálise para diminuir um pouco o seu preconceito. (“Preconceito contra a mulher também, contra a mulher”, aparteia Roseana. “Eu fui eleita governadora do Maranhão no primeiro turno. Voto direto do povo”). Percebe, eu sinceramente acho gravíssimo esse preconceito. Eu lamento que não tenha havido nenhuma evolução com tudo o que aconteceu neste país. O Sarney não é o meu presidente. Ele é o seu presidente do Senado, ele é o presidente do Senado deste País. Então, se você você tiver que fazer algum protesto você vai pro povo do Amapá e protesta porque elegeu o Sarney. Vá pro povo de São Paulo e protesta porque elegeu… sabe… o  Tiririca. Vá protestá contra as pessoas que foram votadas no Rio e que você não gostou. Mas na medida que a pessoa é eleita e toma posse, ela passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada por ser essa pessoa da instituição”.
Quer dizer que Lula virou amigo de infância do inimigo que considerava “o maior ladrão do Brasil” por ter-se livrado, com a ajuda de algum psicanalista, da doença que impede tanta gente de reconhecer que o Maranhão é uma Califórnia nordestina? Quer dizer que só na imaginação de quem não respeita um homem-instituição existem os presos decapitados de Pedrinhas, a imensidão de analfabetos, as multidões de miseráveis e outros tumores que que infestam a capitania hereditária?
Haja cinismo. O vídeo em que Lula garante que criticar Sarney é um preconceito que tem cura só reafirma que não há remédio para a pouca vergonha.

Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite

Por Robert Sorokanich, Gizmodo

Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite


Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite - 1 (© Reprodução Flickr hala065 Colossal)

O fotógrafo taiwanês Will Ho nos traz estas imagens sobrenaturais de uma praia nas ilhas Maldivas, próximas à Índia, que brilha com milhões de pontos azuis. A luz destes fitoplânctons bioluminescentes parece um céu estrelado em algum lugar nas profundezas do universo. É hipnotizante.
As fotografias acima mostram como o fitoplâncton ilumina toda a praia: as ondas batem na areia e agitam as pequenas criaturas. Elas também acendem sob pressão, como quando as pessoas caminham pela areia.
Em geral, estes plânctons não fazem mal à pele, então você pode nadar e até surfar nessa água. Eles brilham no escuro para afugentar seus predadores, ou para atrair a atenção de bichos que ataquem esses predadores.
Imagine como seria fascinante e de tirar o fôlego visitar uma praia dessas você mesmo.

Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite - 1 (© Reprodução Flickr hala065 Colossal)

Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite - 1 (© Reprodução Flickr hala065 Colossal)

Praia se transforma em oceano de estrelas com plâncton que brilha à noite - 1 (© Reprodução Flickr hala065 Colossal)