domingo 29 2013

Roger Waters & Eddie Vedder - Comfortably Numb - 12-12-12




Pearl Jam - Yellow Ledbetter (live)



Pearl Jam - Come Back (live @ Arena di Verona 26th September 2006) (lyri...



O que querem os mensaleiros e o que diz a lei

Veja.Com

Estudos


A Lei de Execução Penal permite que condenados em regime fechado ou semiaberto possam ter parte da pena total descontada se estudarem durante o cumprimento da sentença. É abatido um dia da pena a cada 12 horas de frequência escolar, seja no ensino fundamental, médio, profissionalizante, superior ou em cursos de requalificação profissional. Os estudos podem ser presenciais ou à distância e precisam ser certificados pelas autoridades responsáveis pelos cursos.
 
No caso do mensalão, o ex-tesoureiro do extinto PL, Jacinto Lamas, pediu autorização para cursar graduação em fisioterapia, mas obteve parecer negativo da procuradoria-geral da República porque queria estudar à noite, período em que já teria de estar recolhido no presídio. 

Visitas

O preso tem direito a visitas de parentes, amigos e cônjuges em dias previamente determinados. Pelas regras da Papuda, complexo penitenciário onde está parte dos mensaleiros, as visitações são autorizadas às quartas e quintas-feiras. No caso dos mensaleiros, as visitas ocorriam às sextas-feiras, mas foram suspensas após o Ministério Público pedir o fim das regalias a esses condenados. A Secretaria de Segurança Pública do DF discute a adoção de um novo dia de visitação.
 
No caso de condenados em regime semiaberto, como o do ex-ministro José Dirceu, poderão ser permitidas visitas periódicas à família em datas ou ocasiões especiais. Com escolta, o preso também pode conseguir autorização para acompanhar velório de parentes.
 
São autorizadas visitas íntimas, sendo que cada presídio é responsável por suas próprias regras. Não é permitido excluir relacionamentos homoafetivos, exigir comprovações de vínculo, como certidões de casamento, ou obrigar o visitante a se submeter a exames de HIV. 

Trabalho interno e externo

O condenado pode trabalhar enquanto cumpre pena, inclusive no regime fechado, sendo remunerado a partir de três quartos de salário mínimo. A cada três dias de trabalho, o preso tem direito a redução de um dia da pena. Os condenados com pena em regime fechado, como o operador do mensalão Marcos Valério, podem conseguir o direito de trabalhar fora do presídio em obras públicas, por exemplo. Nos primeiros dias de cumprimento de pena, o ex-dirigente do Banco Rural, José Roberto Salgado, também condenado a regime fechado, começou a trabalhar na biblioteca da Papuda, em Brasília. 
 
Pela Lei de Execução Penal, a jornada de trabalho é de seis a oito horas diárias, com descanso aos domingos e feriados. Para os que cumprem pena em regime semiaberto, como José Dirceu e Delúbio Soares, o trabalho pode ser autorizado após inspeção da Vara de Execuções Penais e comprovação de que há finalidade educativa e produtiva. 
Depois de tentar ser gerente de um hotel e ganhar 20.000 reais mensais, Dirceu quer agora organizar a biblioteca do escritório do advogado José Gerardo Grossi. O salário combinado é de 2.100 reais.
 
A Lei de Execução Penal prevê que o trabalho externo dependerá do cumprimento mínimo de um sexto da pena, mas existem diversas decisões da Justiça liberando a observância desse prazo.

Prisão domiciliar e indulto

O benefício da prisão domiciliar permite que o condenado cumpra pena em sua casa, só podendo ausentar-se com autorização judicial. A pena domiciliar é permitida em casos específicos, como os de condenados idosos, portadores de doenças graves ou grávidas com gestações de risco.
 
No caso do mensalão, a domiciliar é pleiteada pelo deputado cassado Roberto Jefferson, e pelo ex-presidente do PT José Genoino. Ambos alegam que seus quadros clínicos os impedem de ser levados a um presídio. Sob a alegação de quem tem saúde frágil, os dois também cogitam entrar com pedidos de indulto.
 
De acordo com o Tribunal de Justiça do DF, responsável por detalhes da execução das penas dos condenados, o indulto significa o perdão ou o reajuste da pena e normalmente é concedido a detentos de bom comportamento, paraplégicos, tetraplégicos, portadores de cegueira completa, mães de filhos menores de 14 anos e àqueles que tenham cumprido pelo menos dois quintos da pena em regime fechado ou semiaberto. Cabe à presidente da República conceder ou não o perdão.

Recorrer à OEA

Assim que foram condenados, alguns mensaleiros alegaram que recorreriam à Organização dos Estados Americanos (OEA) alegando que o STF desrespeitou o Pacto de San José da Costa Rica por não ter cumprido o duplo grau de jurisdição, situação que permite que um condenado possa apelar a uma instância superior e, na prática, ser julgado no mínimo duas vezes.
 
De acordo com o presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Diego García-Sayán, o colegiado não substitui, não interfere e tampouco pode anular as condenações impostas pelo Supremo.
 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos não pode ser considerada um “tribunal de apelação” nem uma instância contra decisões do Executivo ou dos tribunais internos de cada país.

Mensaleiros e a lei: regalias e pedidos improváveis

Mensalão

Encarcerados na Papuda, mensaleiros tentam atenuar suas penas com benefícios não aplicados a tantos outros presos 'comuns' no país

Laryssa Borges, de Brasília
Marcos Valério, condenado no esquema do mensalão, embarca no avião da Polícia Federal no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), com destino a Brasília
Oito anos depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que se sentia “traído” por “práticas inaceitáveis” trazidas à tona pelo escândalo do mensalão, os principais condenados tentam a todo custo desqualificar o julgamento que levou a antiga cúpula do PT ao banco dos réus. Na nova fase de execução das sentenças pelo Supremo Tribunal Federal (STF), petistas reclamam até do juiz que analisa questões acessórias do processo, como autorizações para trabalho externo e transferência de condenados.
Do Complexo Penitenciário da Papuda, onde cumprem pena, os petistas José Dirceu e Delúbio Soares tentam assumir o papel de vítima de uma suposta "perseguição das elites". O ex-presidente do PT José Genoino, que de punho erguido se apresentou à Polícia Federal em São Paulo, agora suplica pelo benefício da prisão domiciliar. Em todos os casos alegam ser presos políticos condenados em um julgamento de exceção.
Para o jurista Guilherme de Souza Nucci, citado pelo ministro Ricardo Lewandowski para absolver os réus, e pelo ministro Joaquim Barbosa para condenar outros tantos, “não houve injustiça nenhuma” na pena imposta aos mensaleiros.
“Li o acórdão do STF inteiro, mais de 8.000 páginas. Há provas mais que suficientes para condenar todo mundo. Não houve injustiça nenhuma. São provas de todos os tipos, mas principalmente provas indiciárias. Ao contrário do que muitos dizem, a prova indiciária presta, sim, para condenação. Ela é absolutamente válida”, disse ao site de VEJA. “No dia a dia, réus sem nome nem sobrenome são condenados aos montes por indícios porque prova direta está cada vez mais difícil. Quem vai cometer corrupção documentada? Vai ter recibo de propina? Só se for doente mental.”
Sem chances de reverter a maior parte das condenações – que se tornou definitiva com o fim de parte do processo – os mensaleiros, sob custódia do Estado desde o dia 15 de novembro, tentam agora se valer de benefícios previstos em lei para tornar o cumprimento da pena mais leve, e com privilégios não aplicados a tantos outros presos "comuns". Os mensaleiros apresentaram pedidos de autorização para trabalhar e estudar fora do presídio, querem ser abrigados em instituições perto de familiares e, em casos específicos, ser agraciados com prisão domiciliar – ou até com o perdão presidencial. 
Paralelamente, insistem na tese de que têm direito a um novo julgamento porque foram condenados diretamente na mais alta Corte do país, em suposta violação ao princípio do duplo grau de jurisdição. 
O julgamento ocorreu no Supremo porque três réus tinham direito a foro privilegiado por serem parlamentares á época dos crimes. São eles: Valdemar Costa Neto, Pedro Henry e João Paulo Cunha. Agora, parte dos 25 condenados falam até em apelar à Organização dos Estados Americanos (OEA).
“Os congressistas se deram, em 1988, o foro privilegiado na mais alta Corte do Brasil. Eles se julgam tão especiais que querem ser julgados pelo pleno do Supremo, no qual onze ministros, cuja tarefa primordial é cuidar de temas constitucionais, são levados a julgar crimes comuns. Ainda querem direito a outra instância? Duplo grau é recorrer para um órgão superior. Eles já estão no ápice, já se deram o privilégio que outros mortais não têm”, diz Nucci.
Trabalho - De acordo com Lei de Execução Penal, o trabalho externo só é autorizado quando o condenado tiver cumprido, no mínimo, um sexto da pena. Desde 2002, porém, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem autorizado em sucessivos processos o trabalho independentemente deste tempo transcorrido. O Supremo, por sua vez, tem decisões em sentido contrário, exigindo a comprovação de cumprimento prévio de parte da sentença. No caso do mensalão, a possibilidade de trabalho externo para condenados em regime semiaberto, como Dirceu e Delúbio, está sob responsabilidade da Vara de Execuções Penais do DF.
Saudáveis - Especialista em direito processual penal e juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo, Nucci também questiona a alegação de que mensaleiros com problemas de saúde, como Genoino e Roberto Jefferson, teriam direito a prisão domiciliar. “Se um preso no semiaberto tem problemas cardíacos, como José Genoino, não encontra nenhum mecanismo na lei que lhe permita cumprir automaticamente a pena em casa”, afirma. “Quantos réus não perecem nas cadeias por uma série de problemas de saúde e ninguém fala nada? Por que os militantes que se indignam com a prisão dos mensaleiros não falam dos pobres sem nome e sem sobrenome, os que estão abandonados em cárceres superlotados?”, diz.

Diana Ross - Do You Know Where You're Going To (Tradução)



Diana Ross - Do You Know Where You're Going To (Tradução)



Aretha Franklin - I say a little prayer ( Official song ) HQ version , P...



Aretha Franklin - I say a little prayer ( Official song ) HQ version , P...



Aretha Franklin - 'Respect'



Aretha Franklin - 'Respect'



Dionne Warwick with Roberta Flack - Killing Me Softly



Amy Winehouse - Our Day Will Come




Muito pode ser dito sobre o final de Amy Winehouse, uma das vocalistas mais emblemáticos do Reino Unido durante os anos 2000. A imprensa e os tablóides britânicos parecia concentrar-se em seu comportamento desordeiro , o consumo pesado de álcool , e trágico fim , mas os fãs e críticos abraçou charme robusto , o senso de humor ousado , e vocais soulful e jazzy distintamente . Seu álbum de platina avanço, Frank (2003) , provocou comparações que vão de Billie Holiday e Sarah Vaughan para Macy Gray e Lauryn Hill. Curiosamente, apesar de seu forte sotaque e vernáculo , pode-se ouvir muitas vezes aspectos de cada um repertório vocal desses cantores na própria voz de Winehouse. No entanto , seu fascínio sempre foi sua composição - quase sempre profundamente pessoal, mas mais conhecida por sua irreverência e sinceridade brutal.
Nascido de um pai - de condução de táxi e uma farmacêutica , Winehouse cresceu na área de Southgate , no norte de Londres. Sua educação foi cercado por jazz. Muitos dos tios do lado de sua mãe eram músicos de jazz profissionais, e até mesmo sua avó paterna estava envolvido romanticamente com a lenda do jazz britânico Ronnie Scott ao mesmo tempo. Enquanto em casa , ela ouviu e absorveu seleção de grandes nomes de seus pais : Dinah Washington , Ella Fitzgerald e Frank Sinatra , entre outros. No entanto, em sua adolescência, ela foi atraída para o espírito rebelde de TLC , Salt -N- Pepa , e outros R & B e hip-hop atos americanos da época . Na idade de 16 anos, depois de ter sido expulso da Sylvia Young Theatre School , em Londres , ela pegou seu primeiro intervalo, quando a cantora pop Tyler James , um colega de escola e amigo próximo , passou em sua fita demo para o seu A & R representante, que estava à procura de um vocalista de jazz . Essa oportunidade levou a seu contrato de gravação com a Island Records. Até o final de 2003, quando ela tinha 20 anos , Ilha tinha lançado seu álbum de estreia , Frank. Com contribuições do produtor de hip- hop / tecladista Salaam Remi , amálgama de jazz, pop, soul e hip-hop de Winehouse recebeu elogios . O álbum foi indicado para o Prêmio de Música 2004 Mercury , bem como dois Brit Awards , e seu primeiro single , "Stronger Than Me ", ganhou um Ivor Novello Award de Melhor Canção Contemporânea.
Após estreia de Winehouse, os elogios e as entrevistas perguntando apareceu simultaneamente na imprensa com sua vida pública tempestuoso. Várias vezes ela apareceu para seu clube ou performances de TV bêbado demais para cantar todo um conjunto . Em 2006 , sua empresa de gestão de finalmente sugeriu que ela entrar em reabilitação por abuso de álcool, mas em vez disso , ela largou a empresa e transcritas a provação no UK Top Ten hit " Rehab", o primeiro single de seu segundo , álbum aclamado pela crítica , Back to preto . Contendo produções evocativas de Salaam Remi e britânica DJ / multi -instrumentista Mark Ronson , o álbum um pouco abandonado jazz , investigando os sons dos anos 50 / 60 harmonias da era do grupo menina, rock & roll , e alma. A fanfarra sobre o lançamento foi tão grande que ela começou a se espalhar na costa dos EUA , vários rappers e DJs fizeram os seus próprios remixes de várias canções , para não mencionar as tampas pelo príncipe e os Arctic Monkeys .
Um mês depois de Winehouse ganhou Melhor Artista Feminina no Brit Awards em fevereiro de 2007, a Universal lançou Back to Black em os EUA O LP traçado mais alto do que qualquer outra estréia americana por uma artista feminina britânica , antes disso, e manteve-se no Top Ten para vários meses , vendendo um milhão de cópias até o final daquele verão . Assim como no Reino Unido, ela se tornou a falar da cidade , aterrissando nas capas das revistas Rolling Stone e girar. Não muito tempo depois , no entanto, Winehouse cancelou sua turnê norte-americana . Os primeiros relatos revelou que ela estava entrando em reabilitação para álcool e drogas , mas sua nova gestão negou as alegações , afirmando que era devido à exaustão severa. Seu comportamento errático manteve ela e seu novo marido, Blake Fielder- Civil, nos tablóides constantemente , dentro e fora estágios em ambos os lados do Atlântico , mas no final de 2007 , os fãs norte-americanos foram finalmente dada a oportunidade de ouvir os primeiros trabalhos de Winehouse, com um pouco abreviado ( duas canções retiradas e envio ) versão de Frank .
Infelizmente, nos próximos quatro anos estavam cheios de drama, decepção, e muito pouco de música. Até 2009 , seu casamento havia terminado em divórcio , ela havia sido repetidamente preso sob a acusação de assalto e / ou ofensas à ordem pública , suas lutas com o abuso de substâncias e problemas de saúde mental, tragicamente jogados fora na imprensa. Apresentações públicas transformaram em desastres incoerentes , o pior deles publicado em sites de compartilhamento de vídeo para que todos possam ver . A faixa do Quincy Jones tributo Q : Soul Bossa Nostra apareceu em 2010, enquanto um dueto com Tony Bennett foi anunciado no início de 2011 , mas um acompanhamento planejado para Back to Black nunca iria fazê-lo após a fase de demonstração. Winehouse foi encontrada morta em seu apartamento de Camden , em Londres em 23 de julho de 2011. O relatório do médico legista , entregue três meses depois, revelou que seu conteúdo de álcool no sangue tinham alcançado um nível potencialmente fatal.
Quase dois meses depois de sua morte, a primeira aparição póstuma de Winehouse foi lançado em Tony Bennett Duets II , onde ela fez um dueto com Bennett em " Body and Soul ". Perto do final de 2011, a fundação de sua família anunciou o lançamento de Lioness : Hidden Treasures , uma compilação póstuma com gravações de toda a sua carreira (embora alguns dos arranjos foram gravados depois de sua morte ) . Um ano depois de Lioness veio na BBC, um conjunto de CD / DVD deluxe - disponível tanto como uma caixa de quatro discos e um menor de compilação de dois discos - o arredondamento para cima todas as suas apresentações ao vivo para a British Broadcasting Company. ~ Cyril Cordor

Legião Urbana ao Vivo (94) Rio - Faroeste Caboclo



Legião Urbana - Pais E Filhos (ao vivo)



Legiao Urbana, Ainda é Cedo



LEGIAO URBANA - HOJE A NOITE NAO TEM LUAR



OMS: Mortes por câncer de mama no mundo cresceram 14% em quatro anos

Mortalidade

Segundo novo relatório, doença foi a principal responsável pelo aumento do número de mortes por todos os tipos de câncer de 2008 a 2012

Câncer de mama: doença causou 522 000 mortes no mundo no ano passado, diz OMS
Câncer de mama: doença causou 522 000 mortes no mundo no ano passado, diz OMS (Thinkstock)
A mortalidade por câncer no mundo cresceu 8% entre 2008 e 2012, passando de 7,6 milhões para 8,2 milhões de óbitos anuais. O aumento mais acentuado aconteceu no número de mortes causadas pelo câncer de mama, que foi 14% maior no ano passado. Esses dados foram divulgados nesta quinta-feira pela Agência Internacional para a Pesquisa em Câncer (Iarc, sigla em inglês), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS). 
A agência estima que 14,1 milhões de pessoas no mundo tenham desenvolvido câncer em 2012, 11% a mais do que em 2008. Além disso, houve 1,7 milhão de diagnósticos de câncer de mama no ano passado, um número 20% maior do que o registrado quatro anos antes. Essa doença causou 522 000 mortes de mulheres no ano passado.
Segundo a Iarc, embora o crescimento da mortalidade por câncer no mundo reflita principalmente a expansão da doença nos países em desenvolvimento, os tumores na mama também são uma importante causa de morte em regiões mais pobres. Para David Forman, diretor do Departamento de Informação sobre o Câncer do órgão, tal aumento se deve em parte a uma mudança no estilo de vida da população desses países, e em parte porque os avanços para o combate à doença não estão chegando às mulheres dessas nações.
Tipos comuns — O relatório da Iarc, chamado Globocan 2012, oferece estimativas sobre 28 tipos de câncer em 184 países. Os tipos da doença mais comuns entre a população são os de pulmão, mama e colorretal. Já os mais letais são os de pulmão, fígado e estômago. A agência prevê um "aumento substancial" nos casos mundiais de câncer, que podem chegar a 19,3 milhões em 2025, acompanhando a expansão e envelhecimento da população.
(Com Reuters)

SP oferece mamografia sem agendamento a mulheres com mais de 50 anos de idade

São Paulo

Exame poderá ser feito em 300 ambulatórios médicos de especialidades (Ames) e em quatro unidades itinerantes, que percorrerão a capital e o interior

Câncer de mama: Secretaria do Estado da Saúde de SP prevê a necessidade de 50 biópsias para cada 1 000 mamografias
Câncer de mama: Secretaria do Estado da Saúde de SP prevê a necessidade de 50 biópsias para cada 1 000 mamografias (Thinkstock)
As moradoras do Estado de São Paulo com mais de 50 anos de idade poderão fazer mamografia no mês de aniversário, sem necessidade de agendamento, em mais de 300 ambulatórios médicos de especialidades (Ames) e em quatro unidades itinerantes, que percorrerão a capital e o interior. O primeiro veículo de exames será inaugurado nesta quinta-feira em Santo Amaro, na Zona Sul da capital, pela Secretaria de Estado de Saúde. O atendimento nas Ames e nas outras unidades começará em janeiro.
A expectativa é de que cada ponto itinerante do projeto, batizado de "Mulheres de Peito", faça 1.000 atendimentos por mês. As carretas de exames terão estrutura para realizar mamografias, biópsias, exames histológicos (para detecção de câncer) e marcação de consultas, em caso de resultado positivo. Para cada 1.000 mamografias, é prevista a necessidade de cerca de 50 biópsias (retirada de amostras de tecido para análise).
"Queremos que todas as mulheres do Estado de São Paulo se previnam contra a principal causa de morte por câncer entre elas", diz o secretário estadual de Saúde, David Uip. O programa não tem prazo para terminar, e a pasta ainda definirá os trajetos das unidades móveis de exame. Serão privilegiados os pontos de maior vulnerabilidade no acesso às unidades médicas onde há aparelhos de mamografia. A ideia é que elas fiquem entre 15 e 20 dias em um local e depois migrem para atendimento em outra região.
Cuidados — O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), José Luiz Pedrini, alerta para a importância do diagnóstico rápido. "A identificação precoce da doença evita cerca de 30% das mortes", afirma. Embora a recomendação do governo brasileiro seja a de que a mamografia seja realizada a cada dois anos em pacientes com mais de 50 anos, a SBM recomenda que os primeiros exames de mama sejam feitos em faixa etária ainda mais jovem, a partir dos 40 anos. "A idade mínima ainda é motivo de debates acadêmicos no Brasil e no exterior", diz Pedrini.
Pedrini alerta, no entanto, para o índice de exames que não conseguem identificar a doença. Em cerca de 20% dos casos, de acordo com ele, a mamografia não detecta o câncer. "É necessário que os programas de governo prevejam ainda mais consultas e acompanhamento das pacientes", diz.
Para ele, unidades itinerantes de consulta servem como incentivo, mas é fundamental conscientizar as mulheres sobre a prevenção. "É mais barato convencer as pessoas a irem aos locais de exame do que levar toda a tecnologia de diagnóstico para vários lugares.” 
(Com Estadão Conteúdo)

Após décadas de descrédito, imunoterapia contra o câncer é o 'Avanço do Ano'

Veja.Com

O estímulo do sistema imunológico dos doentes teimava em não ser alternativa à altura para a radioterapia e a quimioterapia. Agora, ele se impõe com os extraordinários resultados práticos de tratamento de tumores malignos

Raquel Beer
ESPERANÇA: Emma, aos 6 (à esquerda) e aos 7 anos: a imunoterapia lhe deu chance contra a leucemia
ESPERANÇA: Emma, aos 6 (à esquerda) e aos 7 anos: a imunoterapia lhe deu chance contra a leucemia (Jeff Swensen/The New York Times)
A revista americana Science, a mais prestigiada publicação científica do mundo, surpreendeu a comunidade de pesquisadores ao dar o prêmio de Avanço do Ano à imunoterapia contra o câncer. Há mais de cinquenta anos surgiu como uma solução mágica a ideia de curar o câncer pela estimulação do sistema imunológico dos doentes. Gradativamente, porém, essa frente de luta ficou em segundo plano, por falta de resultados satisfatórios. Cada descoberta teórica, cada novo estimulante do sistema imunológico sintetizado, produzia enorme esperança, que logo era frustrada pela realidade da prática médica. Foi assim com a vacina anticâncer produzida nos anos 80, a vacina da tuberculose, adaptada por uma série de médicos para se tornar também anticâncer. A terapia é um fracasso na grande maioria dos casos. Mais tarde o mesmo padrão de euforia seguido de decepção se deu com o interferon sintético, que se mostrou capaz de melhorar a resposta imunológica dos pacientes, mas só fez o tumor regredir em poucos casos. Nunca totalmente abandonada, a imunoterapia teimava em não ser alternativa à altura para a radioterapia e a quimioterapia.
Os editores da revista justificaram a escolha da imunoterapia exatamente pelos extraordinários resultados práticos de tratamento de tumores malignos pela estimulação do sistema imunológico. “O que era apenas um conjunto de relatos esparsos foi se encorpando e tomando a forma de evidência científica”, escreveu a Science sobre a cena científica em 2013, ano em que ficou célebre o caso da americana Emily “Emma” Whitehead, que em maio comemorou doze meses de remissão de uma leucemia tratada por imunoterapia. Desde a aprovação do primeiro tratamento imunoterápico, em 1997, nada de animador acontecera. Tudo mudou com o aumento do conhecimento. Descobriu-se que certos componentes do sistema, paradoxalmente, precisam ser inibidos. É o caso da CTLA-4, substância que impede o sistema imunológico de trabalhar sempre com carga máxima. Os melhores resultados vieram de terapias em que essa substância foi inibida, permitindo assim que o corpo se mantivesse em guerra total e permanente contra os tumores. Avalia o oncologista Bernardo Garicochea, do Hospital Sírio-Libanês: “Espero que a imunoterapia ganhe mais espaço e substitua progressivamente outras formas de tratamento mais tóxicas e invasivas”.


Simone de Beauvoir e… Jorge Amado

Quando Simone de Beauvoir esteve no Brasil, em 1960, cultivou uma profunda amizade com Jorge Amado e Zélia Gattai. O texto abaixo – que escrevi originalmente para o Umbigo das Coisas - é uma homenagem a essa amizade. Com o texto, inicio uma nova série de posts sobre as relações duradouras ou efêmeras que Simone de Beauvoir estabeleceu ao longo da vida. E aproveito para lembrar Jorge Amado, cujo centenário se comemora neste ano. Jorge nasceu em 10 de agosto.

Quando o existencialismo descobriu a saudade

“Sartre era Oxalá, e eu, Oxum”. É assim, direta e curta, a revelação que Simone de Beauvoir faz, no terceiro volume de suas memórias, A força das coisas, sobre o momento em que foi acolhida pelo candomblé. Ateus convictos, ele judeu e ela católica por filiação, Simone e Sartre viram-se, em agosto de 1960, no terreiro de Mãe Senhora, em Salvador, numa consulta espiritual. O encontro dos filósofos com a mãe de santo foi promovido pelo então Obá de Xangô do Ilê Apó Afonjá. Ou, para os leigos na religião, o escritor – cujo centenário se comemora neste ano – Jorge Amado.
A cena do comunista brasileiro recepcionando os existencialistas franceses – na época não exatamente em paz com o comunismo – em um terreiro na Bahia é emblemática de uma relação que foi capaz de transpor todas as diferenças culturais e ideológicas para se transformar em uma profunda amizade. Uma amizade daquelas que nos revelam novidades, que nos protegem e nos lançam em aventuras ao mesmo tempo. Amizade temperada com risos e conversas sérias, boas bebedeiras, reflexões filosóficas e políticas, discordâncias e diversão.
Simone e Sartre conheciam Amado de sua temporada de exílio em Paris, entre 1948 e 1950. Foram por ele convidados a conhecer o Brasil em 1960 e, após uma viagem fracionada em várias conexões aéreas complicadas, chegaram a Recife num avião cujo trem de pouso insistia em não funcionar. O pouso foi quase um milagre e o alívio do desembarque foi aumentado quando eles avistaram, no meio da multidão que os esperava no aeroporto, o rosto conhecido de Jorge Amado. “Compreendemos com satisfação que Amado, que viera especialmente para nos receber, iria servir-nos de guia pelo menos durante um mês”, relata Simone em suas memórias.
Começava ali, no aeroporto de Recife, uma relação afetiva e peculiar. Sartre e Simone de Beauvoir vieram ao Brasil com propósitos políticos: falar sobre as realizações da Revolução em Cuba, que eles haviam acabado de testemunhar. Também queriam falar sobre os crimes que a França cometia para reprimir as forças que lutavam pela independência da Argélia.
Com Jorge Amado como cicerone, podiam esquecer um pouco a política. Ele, segundo Simone, tinha gosto pelas “coisinhas boas da vida”: as comidas, as paisagens, as conversas e o riso. Orgulhoso de seu país e seu povo e de seu título honorífico no candomblé, disposto a acolher os amigos, Jorge Amado programou com Zélia Gattai uma agenda de viagem em que a cultura brasileira ficava em primeiro plano e a política, sempre que possível, em segundo. Levar os filósofos ateus ao terreiro de Mãe Senhora era prova disso. Foi um dos momentos mais impressionantes da viagem, para Simone: depois de testemunhar os rituais da religião e consultar-se com Mãe Senhora, ela fez uma bela reflexão sobre o poder dos rituais nas vidas das pessoas. Para ela, o candomblé, com seus êxtases e transes, era uma religião que permitia aos indivíduos a libertação da dominação da vida cotidiana e um encontro com a própria verdade.
Candomblé ao mar de Itapuã. As praias de Copacabana e Ipanema. Belo Horizonte. São Paulo – que “não era bonita, mas transbordava de vida”, como Simone definiu. A confusão dos mercados populares que exalavam o perfume da mistura de mercadorias e figuras humanas e cintilavam com as cores de adornos típicos e figuras de exus – esses “espíritos mais maliciosos do que malignos”. Disso tudo era feita a visita que tornou Jorge e Zélia, Sartre e Simone inseparáveis. Juntos, foram à igreja de São Francisco, a fazendas nordestinas, a plantações de café e de cacau, a Brasília, ao encontro com Oscar Niemeyer e do presidente Juscelino Kubitschek, ao Rio, ao Pelourinho e só não chegaram juntos numa tribo indígena do Mato Grosso porque Jorge Amado não era fã de aviões. Preferiu ficar em Brasília enquanto os amigos e a esposa embarcavam num suspeito teco-teco.
Amado logo conquistou a simpatia de Simone de Beauvoir por querer apresentar a ela e Sartre todos os sabores do Brasil: suco de caju, cacau, maracujá, feijoada, feijão mulatinho, mandioca, batata-doce, carne seca, rapadura, caipirinha e batidas variadas… Tanto Simone quanto Amado acreditavam que um país se conhece por seus sabores. Sartre, adoentado e sensível a sabores fortes, ressentia-se dessa convicção do amigo e evitava, sempre que possível, a diversidade de sabores do Brasil.
Mesmo deixando a política em segundo plano, Jorge fez questão de colocar os amigos a par da campanha eleitoral para presidente que se desenrolava no País. Explicou que o MarechalLott receberia o voto dos comunistas e da esquerda, mas o fato de ouvirem insistentemente, por onde andavam, o “Varre Vassourinha” de Jânio Quadros era emblemático. Sim, eles podiam ter certeza, Jânio ganharia as eleições.
Zélia era a motorista oficial dos passeios, impressionava Simone com sua agilidade ao volante pelas ruas tortuosas e montanhas e morros de Salvador e do Rio. E também por trazer sempre um amuleto contra acidentes, no qual Simone, se não confiava cegamente, encontrava algum conforto.
Em Araraquara, impressionada com o sucesso de Sartre entre os estudantes, Simone comentou com Amado, durante um passeio numa tarde de domingo: “– Dir-se-ia que são todos revolucionários!” “– Quando eles se tornarem médicos e advogados isso passará. (…) Não irão reivindicar mais nada além de um capitalismo nacional, independente dos EUA…”, foi a resposta sincera que ouviu do amigo.
Simone retribuía a atenção dos amigos com um interesse redobrado: lera Roger Bastide e Gilberto Freyre para compreender a cultura brasileira, e dedicava-se também à leitura dos livros de Jorge Amado: Gabriela Cravo e CanelaCacau e Terras do Sem-Fim.
Os casais se separaram depois de visitarem Brasília. Dali, Sartre e Simone partiriam para Belém e Amazônia – recomendações de viagem de Claude Lévi-Strauss – e, então, para uma segunda visita a Havana. Os Amado rumariam para o Rio. Simone comovia-se ao deixá-los. “Depois de seis semanas de tão bom relacionamento, era difícil imaginar que só os reveríamos muitos anos depois, ou talvez nunca mais”, relatou ela. Depois de tantos dias com os amigos, vendo e experimentando tudo o que o Brasil tem, a separação mostrava a ela um aspecto da cultura brasileira que ainda desconhecia: a saudade.
Em Belém e Manaus, Sartre e Simone não podiam retornar imediatamente à França e a viagem para Havana esbarrava em problemas burocráticos. Ressentiam-se da solidão, do clima, da falta de companhia para os passeios e as conversas. Tentaram contato com os amigos por telegramas, que nunca chegaram. Algumas semanas depois, na viagem rumo a Havana, desembarcaram novamente no Rio exaustos, tristes, preocupados. Ali reencontraram o escritor, político, amante das “coisinhas boas da vida” e Obá de Xangô Jorge Amado. Ou, para Simone de Beauvoir, apenas o amigo embaixador da saudade.

Simone de Beauvoir Nasceu em Uma Família Pequeno-Burguesa Parisiense em 9 de Janeiro de 1908.


Simone de Beauvoir nasceu em uma família pequeno-burguesa parisiense em 9 de janeiro de 1908. Sua mãe, muito católica, garantiu que ela e sua irmã mais nova, Hélène (apelidada Poupette), tivessem uma educação conservadora no tradicional Institut Adeline Désir, o Cours Désir, onde meninas eram formadas para serem esposas dedicadas, mães de família e donas de casa. Foi na escola, aos dez anos, que Simone de Beauvoir conheceu sua melhor amiga da infância e juventude: Elisabeth Mabille, mais conhecida por seu apelido, Zaza. A morte de Zaza, quando ambas tinham por volta de 20 anos, foi uma das mais doloridas perdas da vida de Simone.
Apesar de ser sempre a melhor – ou segunda melhor – aluna da classe, a formação conservadora não conseguiu aplacar os desejos de liberdade da jovem Simone. Aos 13 anos, ela estava decidida a se tornar escritora. Simone, adolescente, começou a escrever diários e tentativas de romances. Aos 14 anos, deixou de acreditar em Deus, embora fizesse dessa descrença um segredo para a família e as colegas do Cours Désir. Aos 15, Simone tem sua primeira paixão: seu primo Jacques. A família desejava o casamento, mas aos poucos ela percebe que a relação – que nunca chegou a se configurar como um namoro – não teria futuro.
Em 1926, entrou para a Universidade de Paris – Sorbonne, no curso de Filosofia. Eram seus colegas de faculdade futuros intelectuais como Simone Weil (com quem se revezava no lugar de primeira aluna), Claude Lévi-Strauss, Maurice Merleau-Ponty. Em 1929, quando preparava seu exame de agrégation, Simone de Beauvoir conheceu o também aluno da Sorbonne Jean-Paul Sartre. Pouco mais velho que Simone, Sartre era polêmico na universidade, considerado um jovem gênio, mas havia sido reprovado no exame de agrégation em 1928 e refazia, então, sua preparação. Ambos foram aprovados no exame, Sartre em primeiro lugar; Simone, em segundo, como a pessoa mais jovem e a nona mulher a obter o título, que permitia ensinar Filosofia nas escolas francesas.
A morte de Zaza, que Simone atribui a condições ligadas ao conservadorismo da família, o inconformismo com o tratamento diferenciado para homens e mulheres, os conflitos com as restrições impostas por sua própria família levam Simone a romper com os padrões de comportamento considerados aceitáveis para uma mulher na época. Ela se recusa a se casar, a permanecer na casa dos pais, a sacrificar sua liberdade por qualquer convenção.
A partir de 1931, Simone se tornou professora de Filosofia, primeiro em Marseille, depois em Rouen, e começou a escrever romances em seu tempo livre. Sua vida passou a ser dedicada à escrita, ao amor e à cumplicidade afetiva e intelectual com Sartre, à rede de amigos que eles começam a construir, ao prazer dos livros, das discussões filosóficas, da descoberta do mundo e das viagens. Sem grandes pretensões, Sartre começava a pensar sobre o mundo e a esboçar as primeiras teses do que depois iria embasar o Existencialismo. Tinha em Simone sua principal questionadora e colaboradora. Juntos, criavam uma doutrina filosófica.
Em 1943, a escritora Simone estava pronta para o mundo. Publicou então seu primeiro romance, A Convidada. Em 1944, O Sangue dos Outros. Além dos romances, ela se dedicava também aos ensaios filosóficos e, alguns anos mais tarde, às memórias. Simone é hoje considerada uma das mais importantes memorialistas do século 20. Em 1945, Sartre e Simone fundaram a revista Les Temps Modernes, que atualmente é publicada pelas Éditions Gallimard. Em 1947, ela foi convidada para uma série de conferências nos Estados Unidos, e lá conheceu o escritor Nelson Algren, com quem viveu um romance à distância, marcado por muitas cartas e muitas viagens.
Em 1949, após longa pesquisa, ela publicou: O Segundo Sexo, primeiro grande e detalhado ensaio sobre a condição da mulher. Apesar de Simone não ser feminista à época, o livro se tornou o mais importante trabalho de reflexão filosófica e sociológica sobre a mulher e ajudou a traçar os caminhos do feminismo a partir de então. O livro é uma análise sobre a hierarquia dos sexos e a opressão da mulher em termos biológicos, históricos, sociais e políticos.
Para a sociedade da década de 1950, o livro foi um escândalo. As reações contra a obra foram violentas. Direita e esquerda passaram a ter algo em comum: reprovavam veementemente as ideias de Simone de Beauvoir, sobretudo aquelas expostas no capítulo sobre a maternidade, em que ela falava sobre o direito ao aborto. A Igreja Católica incluiu o livro no Index, a lista de obras proibidas. Com a repercussão do livro, a permanêcia de Simone em Paris se tornou insustentável e ela partiu em viagem com Algren pela Europa e norte da África.
Entre os anos 1950 e 1960, a ação política de Sartre colocou o casal em evidência no mundo. Eles viajaram à então União Soviética, à China, à Suécia, ao Brasil. Ambos eram definitivamente reconhecidos por unir sua força intelectual ao engajamento político. Em 1954, Simone publica Os Mandarins, por muitos considerado seu melhor romance. O livro lhe rendeu o Prêmio Goncourt daquele ano. Todas as atenções se voltavam, então, para a vida intelectual, mas também sexual e amorosa de Simone. Depois de Os Mandarins, Simone começou a trabalhar em seus livros de memórias: Memórias de uma Moça Bem-Comportada (1958), A Força da Idade(1960) e A Força das Coisas (1963). Publicou também vários ensaios, relatos de viagens, a obra em que fala sobre a morte de sua mãe, Uma Morte Muito Suave(1964), e a novela A Mulher Desiludida (1967).
Nos anos 1970, Simone de Beauvoir publicou o quarto volume de suas memórias, Balanço Final (1972) e passou a apoiar oficialmente as ações do movimento feminista. Em 1974, criou a Ligue du Droit des Femmes. Ao final da década, Sartre estava seriamente debilitado, sua saúde frágil não permitiu que ele se recuperasse de uma pneumonia. Ele faleceu em 15 de abril de 1980. Pouco mais de um ano depois, em maio de 1981, morreu Nelson Algren. Simone enfrentou as perdas com lucidez e refletiu sobre a morte em seus últimos escritos. A Cerimônia do Adeus (1981) foi o último livro publicado em vida pela escritora, filósofa e memorialista. Sua saúde começou, então, a se debilitar.
Simone morreu em 14 de abril de 1986, um dia antes do aniversário da morte de Sartre, tendo realizado seus dois sonhos de infância: o de se tornar escritora e o de ser uma mulher independente. Mas também sem realizar um de seus maiores desejos desde que conheceu Sartre: o de que seu companheiro de toda a vida não morresse antes dela.

A felicidade Segundo Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir não era uma mulher. Era várias. Um exemplo: ao mesmo tempo em que era conhecida como uma filósofa de comportamento escandaloso para sua época, de vida desregrada e boêmia, era controlada e organizada em tudo o que fazia.
Durante suas pesquisas para o livro O Segundo Sexo, ela acordava cedo quase todos os dias e enfrentava a fila diante da Bibliothèque nationale de France (BnF), em Paris. Ali, uma legião de pesquisadores e estudantes esperava por um lugar em uma das mesas do prédio e pelo acesso a seus milhares de livros. Simone, então já reconhecida como intelectual, era apenas mais uma dessas pessoas. Simone fazia isso por disciplina e por acreditar que não deveria ter privilégios em relação aos outros usuários da instituição pública.
Simone mantinha uma rotina diária em seus encontros pessoais e em seus trabalhos. Organizava seus dias, semanas e meses para dar conta de tudo a ser feito. (Ela contou um pouco dessa rotina à Paris Review, o trecho em inglês você pode ler aqui: 
Também era controlada com dinheiro. E não porque não ligasse para gastar. Ela chegou a dizer que comprar é um prazer profundo. Mas, ao contrário de Sartre, ela sabia investir e guardar dinheiro, o que permitiu a ela comprar um carro, viajar para vários lugares (sem Sartre) e viver uma boa vida burguesa sem sobressaltos.
Tudo isso pode parecer de extrema banalidade quando se fala sobre uma filósofa e ficcionista que foi das maiores do século XX. Mas não é. Simone vivia assim porque assim traduzia em comportamento e ação sua compreensão de felicidade. Para Simone, ser feliz é praticamente uma missão. E uma missão se cumpre como uma luta, com esforço, dedicação, sentido de dever. Ser feliz, assim como ser infeliz, é uma escolha. E a felicidade se constrói. Como? Como um escultor que molda cada detalhe de sua obra em uma pedra. As ferramentas de Simone para talhar a felicidade na matéria bruta que é a vida: os livros, o conhecimento, as pessoas, os amores e, é claro, a escrita.