segunda-feira 04 2013

Comédia MTV (11) | Indiretas Já (24/05/2012)

Chico Buarque - Geni e o Zepelim


Mulheres de Atenas, Chico Buarque

Dueto - Chco Buarque & Nara Leão


Projeto prevê rios Tietê e Pinheiros despoluídos em 30 anos

São Paulo

Plano do governo do estado de São Paulo prevê gastos de 12 a 20 bilhões de reais para limpar os rios e reurbanizar sua área circundante

Mariana Zylberkan
Como irá ficar as marginais segundo o Plano de Requalificação das Marginais do Governo do Estado de São Paulo
Como irá ficar as marginais segundo o Plano de Requalificação das Marginais do Governo do Estado de São Paulo(Ilustração/Superlúdico)
Já é antiga a história da preocupação de São Paulo com seus dois grandes rios, o Tietê e o Pinheiros. Em 1904, quatro décadas antes de o poeta Mario de Andrade, em sua Meditação Sobre o Tietê, acrescentar uma lágrima às "águas pesadas e oliosas" que corriam sob a Ponte das Bandeiras, a secretaria da Agricultura já se inquietava com os sinais da degradação do rio, numa cidade que experimentava seu primeiro surto de industrialização. A inquietação, no entanto, jamais se traduziu em ações efetivas. Ao longo das décadas, nada evitou que os rios morressem — e isso feriu não somente a natureza, mas também a relação dos paulistanos com sua cidade. Poucas missões urbanísticas, portanto, teriam maior impacto que a limpeza do Pinheiros e do Tietê. Todas as tentativas de tempos recentes ou fracassaram, ou tiveram resultados negligenciáveis, porque os desafios são de fato imensos, tanto políticos quanto tecnológicos. Mas um novo projeto do governo do estado acena com novidades e promete, em um prazo máximo de 30 anos, despoluir os rios. A diferença desta vez é o engajamento de empresários. Eles têm feito contribuições ao Plano de Requalificação das Marginais e Limpeza dos Rios Tietê e Pinheiros do Palácio dos Bandeirantes, como o investimento de 3 milhões de reais em um estudo elaborado por uma empresa chilena especializada em recursos hídricos, e desejam atrelar negócios à futura reurbanização proporcionada pela limpeza dos rios.
Ancorado na Casa Civil, o projeto tem sido desenvolvido por um grupo de trabalho tão grande quanto o escopo do projeto: representantes de oito órgãos estaduais e de 34 municípios por onde correm os rios e córregos que deságuam no Tietê e correm próximos a ele. A participação dos prefeitos do entorno da Grande São Paulo é outro detalhe que aumenta as chances de o projeto ser bem-sucedido. Isso porque é impossível despoluir apenas os dois rios: é preciso limpar toda a bacia hidrográfica, o que só poderá ser feito em conjunto com os municípios, responsáveis pelo uso e ocupação do solo segundo a Constituição. O orçamento estimado também é compatível com a dimensão e importância do projeto: de 12 a 20 bilhões de reais. O investimento é vultoso, mas São Paulo pode arcar com ele. Para efeito de comparação, o teto é equivalente ao gasto do governo federal no último ano com os 13,7 milhões de famílias do programa Bolsa Família.

O maior obstáculo para qualquer tentativa de despoluir os rios que cortam São Paulo é a sua pequena vazão media. A do Tietê é de 19,9 metros cúbicos por segundo. A do Pinheiros, de 10 metros cúbicos por segundo, cinco vezes mais fraca que a do rio Tâmisa, em Londres. Além de pouco caudalosos, eles pertencem a uma bacia hidrográfica pequena, que tem dificuldades para diluir a poluição a que é exposta. Com 5 milhões de km², a bacia hidrográfica paulista é minúscula se comparada à bacia do Sena, em Paris, exemplo de rio urbano recuperado, que tem 70 milhões de km².
“A região metropolitana de São Paulo está em um lugar infeliz do ponto de vista de acesso a recursos hídricos, na cabeceira dos rios, onde a capacidade dos sistemas naturais de assimilação de poluentes é baixa”, diz Monica Porto, professora titular de engenharia ambiental na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
A pouca água disponível ainda arca com as consequências de um sistema insuficiente de tratamento de esgoto e carga difusa (sujeira proveniente da varrição das ruas, carreamento de áreas agrícolas e efluentes industriais). Segundo Monica Porto, a Sabesp coleta atualmente 80% e trata 60% do esgoto produzido na capital. Os índices são altos, mas quatro milhões de habitantes não têm esgoto coletado e outros 6 milhões não o têm tratado.
As soluções -  Para despoluir os rios de São Paulo, é preciso enfrentar essas duas dificuldades. Surpreendentemente, lidar com a poluição já não é o bicho-papão que foi um dia. A Sabesp prevê para 2025 a universialização da coleta e tratamento de esgoto na Grande São Paulo. “Implantar uma rede de esgotos é um processo longo em qualquer parte do mundo, mas estamos no caminho certo”, diz Monica Porto.
 O desafio maior é mesmo ampliar a vazão do Tietê. Para isso o projeto estuda a instalação de um sistema de bombeamento que irá transportar água da represa Billings para encher o Tietê na sua junção com o rio Tamanduateí, na entrada da cidade, nos meses secos, e devolver o volume excedente ao corpo hídrico nas épocas de cheias. Mecanismo muito semelhante, que recorre a estações elevatórias, já é usado em momentos críticos de cheia, quando àgua é bombeada para a Billings. As novas elevatórias serão instaladas na entrada da capital (junção dos rios Tietê e Tamanduateí), no Complexo Administrativo da Sabesp Ponte Pequena, no bairro da Armênia, e no Parque Ecológico do Tietê, no bairro da Penha.
Para poder fazer o intercâmbio das águas entre os rios Pinheiros e Tietê com a Billings, no entanto, é preciso igualar a concentração de poluentes entre elas. Na escala de poluição dos recursos hídricos, a água dos rios Pinheiros e Tietê é avaliada como classe IV, índice máximo de contaminação, e a da Billings, como classe II. De acordo com o engenheiro ambiental Rodolfo Costa e Silva, coordenador-chefe do Plano de Requalificação das Marginais do Estado de São Paulo, a possiblidade que está sendo estudada é barrar a água do rio quando ela entra na cidade e desviá-la para a represa – antes de passar pela Grande São Paulo o Tietê é classificado como classe II.
Isso seria feito com a água excedente nos meses de cheia e compensaria o volume a ser desviado da Billings nos períodos de seca, quando a vazão do rio Pinheiros chega a 5 metros cúbicos por segundo. Como a lei proíbe que o nível da represa Billings seja alterado, o aumento da vazão dos rios ao longo do ano será providenciado com o uso de água a ser tratada na estação de esgoto de Barueri. Hoje, segundo Costa e Silva, as cabeceiras dos rios em São Paulo recebem 25 metros cúbicos por segundo de água tratada. A meta é ampliar esse número e lançar 40 metros cúbicos de água nos rios por segundo.
Uma vez mais caudaloso, o rio automaticamente eleva sua concentração de oxigênio e fica mais limpo. Atualmente, a concentração de moléculas de oxigênio no Tietê é perto de zero. A expectativa é que com mais água o índice passe de 2mg/litro.
Os limites impostos pela lei - Os planos de limpeza precisam levar em conta a legislação ambiental. Uma mudança na Constituição em 1992, por exemplo, limitou o uso do sistema de bombeamento de água do Tietê para a Billings de modo a evitar a poluição das águas da represa, usadas para abastecer 30% da Grande São Paulo. O promotor de Justiça do Meio Ambiente do Ministério Público de São Paulo José Eduardo Lutti já avisou que irá impetrar uma ação caso as águas da Billings sejam usadas para qualquer utilidade que não seja o abastecimento da capital.
O promotor chama a atenção para outro possível entrave de teor legislativo na execução do projeto. “É preciso criar juridicamente um único centro de decisões que suplante o poder dos municípios nos trechos que lhe cabem e evitar que cada administração interfira no projeto”, diz ele.
Segundo Lutti, os rios Tietê e Pinheiros ainda estão poluídos por causa da falha da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em cumprir as metas de coleta e  tratamento de esgoto. “Por meio desse projeto, o governo está tirando da Sabesp a responsabilidade pela despoluição dos rios”, diz ele. O MP cobra na Justiça desde o ano passado indenização de 11 bilhões de reais da Sabesp aos cofres públicos.
Ainda não está prevista uma articulação jurídica para garantir a execução do projeto ao longo dos anos e torna-lo imune às mudanças políticas. Isso terá de ser feito. Mas a coordenação do projeto também espera que a população se organize para protege-lo da descontinuação (assim como acontece com o Projeto Tietê, voltado há 21 anos ininterruptos a diminuir o descarte de esgoto nas águas do rio). Esse é um dos motivos por que a participação de empresários, interessados numa futura reurbanização das margens, é considerada importante.
O paulistano seus rios -  A primeira ação direcionada para reaproximar o paulistano dos rios será a construção de uma ciclopassarela para integrar a ciclovia do Rio Pinheiros ao Parque Villa-Lobos e à Cidade Universitária (USP). A inauguração está prevista para o fim de 2014 e, se a ideia vingar, irá contribuir para transformar a ciclovia em um meio de transporte capaz de atrair os cidadãos para a beira do rio. Sob essa mesma filosofia, estão previstas a construção de outra ciclopassarela, no Parque Vilas Boas, na Vila Leopoldina.
Segundo Costa e Silva, coordenador do projeto do governo estadual, aproximar a população dos rios, ainda poluídos e malcheirosos, é um passo fundamental para que qualquer iniciativa tenha sucesso. Diz ele: “O rio é dela, foi ela que o sujou e cabe a ela dizer o tipo de rio que deseja.”

Principais projetos para despoluir os rios de SP

Projeto Tietê

Lançado em 1992, durante o governo de Luiz Antônio Fleury Filho, o Projeto Tietê está na terceira fase e atingirá, no final de 2016, investimentos de 5,6 bilhões de dólares – o equivalente a 12,5 bilhões de reais. Sob responsabilidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o Projeto Tietê tem o objetivo de elevar os índices de coleta e tratamento de esgoto na Grande São Paulo. Para 2016, a meta é passar dos atuais 84% na coleta para 87%, e o tratamento de 70% para 84%. Há 21 anos, o Projeto Tietê nasceu depois de um abaixo-assinado com 1,2 milhão de nomes. Paralelamente, uma movimentação política entre Fleury e o ex-presidente Fernando Collor de Mello conseguiu derrubar o projeto para controle de enchentes proposto pela prefeita Luiza Erundina ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). De olho na Eco 92, realizada em junho do mesmo ano, Fleury conseguiu aprovar os investimentos para o Projeto Tietê.  

Programa de Tratamento de Esgotos para a Grande São Paulo (Sanegran)

Em 1978, o governo do estado de São Paulo anunciou a captação de 17 bilhões de cruzeiros do governo federal para ampliar o sistema de tratamento do esgoto da capital e combater a poluição nos rios Tietê e Pinheiros. A meta era que, em 1983, 55% dos moradores da região metropolitana de São Paulo teriam coleta de esgoto. De acordo com Aristides de Almeida Rocha, professor titular aposentado da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, na época, 60% dos habitantes da Grande São Paulo não tinha acesso a serviços de rede coletora de esgotos; cerca de 6 milhões de pessoas ainda utilizavam fossas. A principal meta do projeto – a construção de Estações de Tratamento de Esgoto – foi concluída apenas no final da década de 1990. 

Córrego Limpo

O projeto feito em parceria com a prefeitura de São Paulo e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) teve início em 2007 e consumiu até o momento 440 milhões de reais. Complementar ao Projeto Tietê, o Córrego Limpo tem o objetivo de viabilizar ações de saneamento para despoluir 300 cursos d’água da região metropolitana em dez anos. Para garantir a recuperação a longo prazo, o governador Geraldo Alckmin assinou decreto no fim de 2012 em que oferece gratuitamente a famílias com rendimentos mensais de até três salários mínimos a ligação de suas residências com a rede coletora de esgoto. O gasto previsto é de 349,5 milhões de reais em oito anos.

Desassoreamento do Rio Tietê

O projeto para retirar milhões de toneladas de lixo e sedimentos acumulados no leito do rio Tietê teve início após contrato firmado entre quatro empresas e o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), em 2008. O projeto foi orçado em 27,2 milhões de reais. 

País faz menos mamografias e Papanicolau em 2013

Geral

Houve queda no número de mamografias e do exame para diagnóstico de câncer de colo de útero. Nenhum estado atingiu até agora a meta de realizar exames em 65% da população feminina na faixa etária entre 50 e 69 anos

Sistema reprodutor feminino
Sistema reprodutor feminino (Thinkstock)
O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou queda no número de mamografias e do exame para diagnóstico de câncer de colo de útero, o Papanicolau, no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2012. O resultado, considerado negativo por especialistas, vai na contramão do plano apresentado há mais de dois anos pela presidente Dilma Rousseff para prevenção, diagnóstico e tratamento dessas duas doenças. Por esse plano, os estados teriam até 2014 para atingir a meta de realizar exames em 65% da população feminina na faixa etária entre 50 e 69 anos, considerada de maior risco. Nenhum estado alcançou a marca. Diante do cenário atual, o Ministério da Saúde refaz os cálculos e admite que o objetivo será atingido somente em 2015.
"Eticamente, o correto seria ofertar mamografia para 100% das mulheres com idade considerada de risco", criticou o secretário de Gestão Participativa da Saúde do Ministério da Saúde, Luiz Odorico Monteiro de Andrade, em uma reunião onde os números foram discutidos. "É preciso deixar esses dados sempre à mostra, para ficarmos indignados", completou.

De janeiro a julho, 1,89 milhão de mamografias foram feitas no país, ante 1,94 milhão em 2012. Quando se analisa a faixa etária considerada de maior risco, os números praticamente não mudam: 433 exames a mais do que no ano passado. Mas durante a divulgação da campanha Outubro Rosa, que alerta sobre a necessidade do diagnóstico do câncer de mama, a pasta omitiu a tendência de queda. Preferiu comemorar ao fazer uma comparação dos dados de 2010 a 2012, que indicavam um aumento de 37% nos exames. "Somente diante da realidade é possível identificar erros, corrigir caminhos", alertou o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Evânio Garcia Wiernann.

Patrícia Chueri, da Coordenação Geral de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas do Ministério da Saúde, garante que os indicadores não preocupam. "Tradicionalmente, o primeiro semestre apresenta uma produção menor", diz. Há semanas, no entanto, quando apresentou as estatísticas a gestores, Patrícia criticou os resultados alcançados e afirmou ser necessário melhor desempenho.

Entre 2011 e 2012, o número de exames para diagnóstico de câncer de colo de útero caiu 4,6%: passou de 11,4 milhões para 10,9 milhões. Questionada pela reportagem, Patrícia afirmou que a redução não é significativa. A coordenadora argumentou que, graças ao melhor desempenho de áreas com maior concentração populacional, o Brasil vai atingir até 2014 a meta de realizar o Papanicolau em 75% das mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos.

Uma das principais críticas feitas por Patrícia na reunião foi direcionada à baixa produção do Papanicolau. Foram coletadas 8,8 milhões de amostras para exame. Deste total, no entanto, apenas 4,7 milhões foram efetivamente analisadas, o equivalente a 53% do total de amostras. Ao ser questionada, no entanto, ela ponderou que o dado de 8,8 milhões pode estar superestimado. O pagamento é calculado a partir da realização do exame.

(Com Estadão Conteúdo)