terça-feira 15 2013

Ex de Steve Jobs conta detalhes de sua difícil relação com o fundador da Apple

Livro

Em autobiografia que será lançada dia 28 de outubro, Chris-Ann Brennan relembra os cinco anos que durou sua relação com o gênio fundador da Apple

Jobs e seu "uniforme", durante a apresentação do primeiro iPad em 2010 - Reuters

A artista plástica e designer Chris-Ann Brennan, ex-namorada de Steve Jobs, anunciou nesta terça-feira o lançamento de um livro em que conta detalhes de sua difícil relação com o gênio fundador da Apple, que morreu em outubro de 2011. Na autobiografia The Bite in the Apple: A Memoir of My Life With Steve Jobs, que será lançada em 28 de outubro pela editora St. Martin Press, Brennan relembra os cinco anos que durou a relação com Jobs, encerrada abruptamente em 1977 com uma gravidez inesperada.
O primeiro capítulo da obra, divulgada pelo jornal americano New York Post, conta os primeiros dias da companhia e a mudança na personalidade de seu criador. “Com o tempo, eu passei a entender que Steve estava aprendendo a ganhar poder de uma forma diferente: projetando uma imagem negativa das pessoas para subjugá-las. Ele estava começando a me definir por aquilo que não fazia parte do meu perfil. Ele criou uma nova categoria de indelicadeza, o que me deixou confusa. Era cruel e me fez sentir rejeitada”, afirma.
Os altos e baixos na relação persistiram até 1977, quando Brennan contou a Jobs que estava grávida. Nervoso com a situação, o executivo terminou o relacionamento e negou a paternidade, alegando ter problemas de fertilidade. Lisa Nicole-Jobs, que hoje atua como jornalista, nasceu no ano seguinte e foi sustentada pela mãe, que conseguiu um emprego de garçonete.
Em 1979, um exame de paternidade provou que Jobs era realmente o pai de Lisa, mas ele simplesmente ignorou o resultado. Mais tarde, em 1983, afirmou à revista Time que “28% da população dos Estados Unidos poderia ser pai da criança”. No final da década de 90, Jobs finalmente decidiu se aproximar da filha. Ele pagou pelos seus estudos na Universidade de Harvard, onde ela se formou jornalista.

Justiça bloqueia R$ 1,82 milhão da 'máfia do asfalto'

Política

Ministério Público Estadual move ação contra 18 empresários, lobistas e servidores públicos supostamente envolvidos com licitações marcadas

Maria Augusta e Olívio Scamatti
O empresário Olívio Scamatti (Reprodução)
A Justiça decretou o bloqueio de 1,82 milhão de reais em bens móveis e imóveis da "máfia do asfalto" - organização acusada de se infiltrar em prefeituras do interior de São Paulo para fraudar licitações. Em decisão de 25 páginas, acolhendo pedido do Ministério Público Estadual, o juiz da Comarca de Votuporanga (SP), Luiz Henrique Lorey, também proibiu empresas do Grupo Demop, apontado como carro-chefe das fraudes, de fecharem contratos com o poder público.
A ordem judicial acolhe ação civil por improbidade movida pelo Ministério Público Estadual contra 18 empresários, lobistas e servidores públicos supostamente envolvidos com licitações marcadas. Também são alvos da ação sete empresas ligadas ao empresário Olívio Scamatti, acusado de chefiar a organização.
A ação aponta especificamente contratos firmados pelo Grupo Demop com a Prefeitura de Parisi, pequeno município com menos de 3.000 habitantes na região de Votuporanga. O ex-prefeito de Parisi, Ivair Gonçalves dos Santos, é réu na ação.
A "máfia do asfalto" foi desmantelada em abril deste ano pela Operação Fratelli, força tarefa do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Polícia Federal.
A ação do Ministério Público Estadual afirma em 122 páginas que o grupo desviou recursos de emendas parlamentares, estadual e federal, destinadas a municípios para serviços de recapeamento asfáltico.
"O esquema desmantelado envolvia parlamentares estaduais, prefeitos, empresários, membros de comissão de licitação e servidores públicos", assinalam os promotores de Justiça André Luís de Souza, Cleber Rogério Masson e Ernani de Menezes Junior, que integram o Projeto Especial Tutela Coletiva, braço do Ministério Público Estadual.
Ao requererem liminarmente a proibição das empresas de firmarem novos contratos com a administração pública, os promotores invocaram as sanções previstas nos artigos 10 e 11 da Lei 8.429/92 (Lei da Improbidade).
Eles destacam que as empresas "constituem mera fachada para a prática de ilícitos". Alegam "fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação" em caso de as empresas Demop Participações, Scamatti & Seller Infraestrutura (antiga Scamvias Construções e Empreendimentos) e Mirapav Mirassol Pavimentação firmarem novos contratos com a administração pública.
"Poderia ocorrer a impossibilidade de cumprimento dos contratos, após a indisponibilidade liminar dos bens ou a condenação de todos, redundando em prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação para toda a sociedade."
"Além disso, seria um absurdo permitir que as empresas mencionadas, cujos bens estarão à disposição da Justiça, por motivos de envolvimento em atos de improbidade, continuem a operar através de novos contratos com a administração pública, seriamente lesada pela conduta inidônea daquelas requeridas em passado recente", alertam os promotores.
(Com Estadão Conteúdo)

Câmara corta supersalários, e Senado descontará extras


Congresso

Câmara anunciou o corte nos salários de mais de 1.300 servidores; no Senado, Renan recuou e disse que descontará o salário de quem recebe acima do teto

Marcela Mattos e Gabriel Castro, de Brasília
Congresso Nacional
Congresso: economia com cortes será de 3,3 bilhões de reais em cinco anos (Antonio Cruz/Agência Brasil)
A Câmara dos Deputados oficializou nesta terça-feira o corte nos salários de 1.371 servidores que recebiam acima do teto constitucional do funcionalismo federal – no valor de 28 059 reais por mês, o mesmo recebido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Diferentemente do Senado, que também passou por uma readequação salarial neste mês, os servidores da Câmara não terão de devolver o montante recebido acima do permitido. 
No total, o Congresso contabilizava 1.835 servidores com salários fora do estabelecido em lei. O corte atende a uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que veta remunerações acima do permitido. A expectativa do órgão é gerar uma economia de 3,3 bilhões de reais em cinco anos com os salários que deixarão de ser pagos. 
A decisão do TCU, no entanto, foi diferenciada para as duas Casas do Legislativo: determinou apenas ao Senado a devolução do salário extra. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que inicialmente havia informado que esperaria o julgamento do recurso apresentado pelo Ministério Público contra o ressarcimento, recuou nesta terça e disse que o Senado descontará imediatamente o salário dos servidores que recebiam acima do teto constitucional. "Enquanto não houver decisão contrária do Tribunal de Contas da União, nós vamos mandar implementar o desconto daquilo que foi pago a mais", disse Renan. 
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que essa hipótese “não está em análise”, já que não houve a recomendação do TCU. Segundo Alves, o corte dos salários deve representar uma economia de 70 milhões de reais por ano aos cofres da Casa. 
O primeiro-secretário da Mesa da Câmara, deputado Márcio Bittar (PSDB-AC), afirmou que a determinação do TCU cria uma nova situação na Casa: alguns funcionários exercem funções diferenciadas, mas ganham o mesmo salário. “Há servidores que não desligam o telefone no final de semana, que não têm hora para chegar e muito menos para sair. A partir de agora, esse servidor, por mais que ele assuma responsabilidades, vai receber o mesmo que um colega que tiver ao lado dele e que não tem essa carga de responsabilidade”, afirmou, ao defender que deve haver uma solução para essa questão. 
Aluguel de veículos – Também na mira do TCU, a Câmara anunciou nesta terça novas regras para a locação de veículos. Após as denúncias de irregularidades, a diretoria decidiu limitar a 10 000 reais por mês e a 5% do valor do preço do automóvel o valor dos alugueis. Antes, os parlamentares poderiam gastar quanto quisessem, desde que dentro do teto estabelecido para a verba indenizatória, para a locação. Ou seja, a Casa disponibilizava o total que poderia ser usado de verba indenizatória – cota que deputados e senadores têm direito para custear as despesas do mandato -, e os parlamentares usavam os valores conforme queriam - para alugar carros, combustível, escritório, consultoria, entre outros.

Corregedoria prende tenente suspeito de ajudar PCC

Segurança

Primeiro-tenente da PM Guilherme da Silva é suspeito de associação ao PCC, segundo investigações do Ministério Público Estadual

Viaturas da Polícia Militar de São Paulo
PM foi preso administrativamente e está detido na corregedoria (Divulgação)
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo prendeu administrativamente, nesta terça-feira, o primeiro-tenente Guilherme William Pacheco da Silva, de 36 anos, sob suspeita de associação ao crime organizado, após a divulgação de escutas telefônicas feitas para investigar o Primeiro Comando da Capital (PCC). O Ministério Público Estadual mapeou as atividades da facção dentro dos presídios paulistas do estado.
Silva está lotado no 16° Batalhão da PM, na Zona Oeste da capital paulista. De acordo com a PM, ele está recolhido na corregedoria. Em nota divulgada na manhã desta terça, a PM afirmou que "a instituição, alinhada com seus objetivos estratégicos de valorizar os bons policiais militares e de adotar instrumentos eficazes de depuração interna, está com a atenção redobrada quanto à proteção de seus policiais, bem como atenta, rigorosa e implacável contra eventuais desvios de conduta de seus integrantes".
Depois de três anos e meio de investigação, o MP denunciou 175 acusados e pediu à Justiça a internação de 32 presos no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) - entre eles, toda a cúpula da facção, hoje detida em Presidente Venceslau (SP). Em relação às denúncias de que policiais estariam envolvidos com criminosos e com corrupção, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que já foi designada uma equipe especial da corregedoria para acompanhar e investigar esses casos. "Se for comprovada a participação de qualquer servidor público [em esquemas de corrupção], ele será severamente punido."
De acordo com as últimas interceptações telefônicas, o PCC prepara novos ataques caso a cúpula seja transferida para a Penitenciária de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, considerado de segurança máxima. Diante das novas ameaças do bando, o comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, colocou a corporação em estado de alerta. As ameaças da facção se estendem a 2014, quando os bandidos prometem uma "Copa do Mundo do terror" e ataques nas eleições.
(Com Estadão Conteúdo)

Pacientes com HIV terão tratamento antecipado no Brasil

HIV

Ministério da Saúde pretende oferecer antirretrovirais a todos os adultos infectados, independentemente do estágio da doença. Com a mudança, prevista para ocorrer até o final deste ano, 100.000 novos pacientes deverão passar a tomar os medicamentos

Imagem do vírus HIV na corrente sanguínea: transplante de células-tronco pode ter curado dois pacientes infectados nos EUA, mas ainda não é possível confirmar que a cura realmente ocorreu
Imagem do HIV na corrente sanguínea: Estratégia de tratar todos os adultos infectados pelo vírus é adotada somente nos Estados Unidos e França (Thinkstock)
Pacientes adultos infectados pelo HIV terão o tratamento antecipado no Brasil. O Ministério da Saúde deve passar a oferecer a terapia com antirretrovirais assim que a infecção for identificada, qualquer que seja o estágio da doença. Hoje, essa estratégia é adotada somente pelos Estados Unidos e pela França. Com a mudança, prevista para acontecer até o final deste ano, a expectativa é a de que pelo menos 100.000 novos pacientes passem a fazer uso do remédio — atualmente, são 313.000.
Os antirretrovirais são o pilar do tratamento oferecido ao paciente com HIV. A terapia consiste na combinação de ao menos três medicamentos e, embora reduza drasticamente a presença do vírus no sangue, não consegue agir nos vírus que estão inativos no organismo e, portanto, não oferece a cura. Atualmente, no Brasil, o paciente infectado apenas recebe o tratamento quando a contagem de vírus e de células de defesa na corrente sanguínea chega a determinado ponto. 
O tratamento precoce tem dois objetivos. O primeiro deles é ampliar a proteção do paciente com HIV. Pesquisadores concluíram que a estratégia melhora de forma significativa a qualidade de vida do soropositivo, além do efeito protetor. A medida também tem um caráter de saúde pública: ao tomar o antirretroviral, os níveis de vírus no organismo são reduzidos de forma significativa, dificultando a contaminação do parceiro, no caso de relação sexual sem camisinha. "Ela (a camisinha) não impede, mas reduz a transmissão", diz o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Opções — Também está prevista para o final deste ano a incorporação no protocolo de uma nova droga produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O três em um combina os antirretrovirais tenofovir, lamivudina e efavirenz em apenas um comprimido. O remédio aguarda certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim que for liberado, o produto deverá ser indicado para pacientes no início de tratamento.
Padilha disse não haver, no momento, a estimativa de qual será o impacto no orçamento para ampliação da indicação do remédio. Atualmente, do 1,2 bilhão de reais reservado no orçamento para aids, 770 milhões são destinados para medicamentos. O ministério afirmou que, para o cálculo exato, é preciso saber qual será o preço da droga combinada, produzida pela Fiocruz.

Documentos apontam que ex-diretor da CPTM recebeu 800 mil euros na Suíça

Corrupção

Informações foram enviadas pelo governo suíço e anexadas ao inquérito do caso Alstom, que investiga denúncia de pagamento de propina

Trem da CPTM na estação Morumbi em São Paulo
MPE e MPF investigam pagamento de propina para obtenção de contratos milionários nas áreas de energia e transporte, nos anos 90 (Claudio Gatti)
Documentos enviados pela Suíça às autoridades brasileiras apontam que um ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) recebeu 800 000 euros em conta em um banco daquele país. 
O dinheiro foi depositado entre 1997 e 1998, segundo indicam os extratos bancários agora anexados ao inquérito do caso Alstom - multinacional francesa que teria integrado um cartel, na época, para obtenção de contratos milionários nas áreas de energia e transportes públicos do estado.
Parte dos arquivos encaminhados às autoridades brasileiras está em posse de procuradores e promotores do Ministério Público, que investigam a denúncia feita pela Siemens, de formação de cartel para vencer licitações em obras do Metrô e da CPTM. A suspeita é que o esquema funcionou entre 1998 e 2008.
Os documentos foram obtidos por integrantes do Ministério Público Estadual e do Ministério Público Federal a partir do Acordo de Cooperação Mútua Internacional (MLAT), que dispensa a expedição de carta rogatória entre os países. O tratado é responsável por agilizar a comunicação entre o Brasil e países que tenham informações sobre cidadãos brasileiros, que movimentam recursos ilícitos em paraísos fiscais.
Promotores e procuradores também procuraram o Ministério Público da Alemanha, onde a Siemens é investigada por formação de cartel. Além de Suíça e Alemanha, os integrantes do MPE e do MPF querem estender a investigação para outros países, onde teria transitado dinheiro de corrupção.  
A CPTM informou que o governo do estado "é o maior interessado em esclarecer denúncias de formação de cartel por parte de empresas contra a população de São Paulo".


(Com Estadão Conteúdo)

Para autor, Nobel reconhece feitos e fraquezas de um mesmo gênio

Entrevista: Justin Fox

Justin Fox, que escreveu 'O Mito dos Mercados Racionais', tenta explicar a razão de o maior prêmio de economia em 2013 ser atribuído a dois economistas que defendem teorias opostas — Robert Shiller e Eugene Fama

Ana Clara Costa
Vencedores do Prêmio Nobel de Economia 2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller
Vencedores do Prêmio Nobel de Economia 2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (AFP)
Três economistas americanos foram laureados, na segunda-feira, com o Prêmio Nobel. Eugene Fama, por sua Hipótese do Mercado Eficiente, que defende que a precificação das ações pelos próprios movimentos racionais de mercado é correta. Robert Shiller, da Universidade de Yale, foi premiado pela teoria que contradiz, em quase todos os sentidos, a ideia defendida por Fama;  e Lars Hensen, mais adepto da estatística, desenvolveu um modelo sobre como os agendes econômicos se adaptam às mudanças de mercado na hora de tomar decisões financeiras. O fato de seus estudos não estarem correlacionados e, mais curioso ainda, se contradizerem em muitos aspectos, criou certo burburinho na academia. Em vez de premiar, como de praxe, apenas um autor ou um grupo de autores que desenvolveram juntos uma mesma tese, o Comitê Nobel resolveu surpreender. 
Justin Fox: 'Hansen é a síntese de Robert Shiller e Eugene Fama'
​Na avaliação de Justin Fox, autor do livro O Mito dos Mercados Racionais (Editora Best Business; 2011), que confronta justamente as teorias de Fama e Shiller, a decisão foi, no mínimo, estranha. "Fama é o autor da Hipótese do Mercado Eficiente. Shiller já afirmou que essa hipótese é 'um dos maiores erros da história do pensamento econômico'. Não é possível ser mais diametralmente oposto que isso", afirmou Fox ao site de VEJA. Segundo o autor, que edita a Harvard Business Review nos Estados Unidos, a decisão do Comitê de incluí-los num mesmo 'pacote' de premiação pode ter sido uma forma de laurear Eugene Fama, e, ao mesmo tempo, reconhecer suas limitações. Confira trechos da entrevista:
Premiar três economistas que defendem teorias tão diferentes sobre o mercado financeiro foi uma atitude pouco usual do Comitê. O senhor tem alguma ideia de por que ela foi tomada agora?
Eu não tenho conhecimento suficiente sobre como o Comitê age para dizer a razão dessa escolha. O que posso dizer é que, já há algum tempo, tem se espalhado um sentimento entre os economistas de que o trabalho de Fama foi tão importante e tão influente que merecia um Nobel. E o fato de ter havido tantos trabalhos feitos para contradizer a teoria dos mercados eficientes mostra que seria estranho não se dar conta dessa importância. Então, premiar Fama e Shiller foi uma forma de não só reconhecer o trabalho de Fama, mas também suas limitações.
A decisão de dar o prêmio a três estudos sobre o mercado financeiro foi uma forma de o Comitê reconhecer sua importância num momento em que ele continua sendo considerado culpado pela crise?
Na verdade, parece-me que esse prêmio de 2013 é algo que o Comitê esperou que anos se passassem após a crise para laurear. O fato de Fama não ter levado o prêmio enquanto seus contemporâneos das finanças, como o trio Miller, Markowitz e Sharpe, ou Merton e Scholes levaram era algo que o Comitê teria de lidar cedo ou tarde. Mas fazer isso logo após ou durante a crise teria soado como 'fechar os olhos'.
Os estudos de Fama e Shiller, especificamente, são opostos. Qual fator correlacionou suas teorias?
Fama é o autor da Hipótese do Mercado Eficiente. Shiller já afirmou que essa hipótese foi "um dos maiores erros da história do pensamento econômico". Não é possível ser mais diametricamente oposto que isso. Com o passar do tempo, as discussões ganharam outras nuances. Fama aceitou o argumento de Shiller de que os movimentos de mercado eram mais voláteis que a realidade econômica, mas ele não 'comprou' a teoria de que alguém poderia precisar, com certeza, o momento em que mercado está fora de ordem. E Shiller continuou a acreditar no valor do mercado financeiro. Ele claramente pensa que o mercado acerta em algumas coisas. Mas eles ainda são dois estudiosos brigando sobre o que a precificação de ações no mercado representa, o que faz com que a decisão de dividirem o prêmio seja muito estranha.
Será que, de alguma forma, Lars Hansen é a conexão entre ambos?
O trabalho de Hansen é uma maneira de enxergar algum tipo de síntese entre Shiller e Fama. Ele não é 'a' conexão entre eles, mas 'uma' conexão. E acredito que ao incluí-lo na premiação, o Comitê torna possível para a nova geração de economistas acreditar que está construindo algo, e não escolhendo de qual lado ficar. 
Prever a oscilação de uma ação é o foco das três teorias. E a complexidade dos instrumentos financeiros criados nos últimos anos, sobretudo os derivativos, torna essa tarefa cada vez mais difícil. É possível, portanto, que a racionalidade comece a desaparecer em meio ao caos dos mercados?
Há muitas questões envolvendo isso. Uma é se prever o comportamento do mercado é, de fato, um objetivo realista para a maior parte dos investidores. Fama diria que não — e Shiller concordaria com ele, em grande parte. Outro ponto é o que faz com que os preços no mercado financeiro estejam próximos do que é certo para um determinado ativo. Na opinião de Fama, os que fazem esse trabalho são os custos de transação e a falta de transparência. Já Shiller colocou muito mais peso na emoção humana e no erro. Se Fama estivesse certo, os cortes nos custos de transação e o aumento da transparência nas informações teriam tornado o mercado mais eficiente. E eu não creio que exista alguma evidência de que os mercados estão mais eficientes hoje do que estavam vinte ou trinta anos atrás. E se alguém perguntar a Shiller como ele poderia melhorar o mercado, a maior parte de suas sugestões teria de estar relacionada ao aumento do fluxo de informações e à criação de mecanismos mais baratos de controle de riscos. Ou seja, ambos dividem o mesmo paradigma.

Fotos inéditas do cérebro de Einstein podem explicar sua inteligência fora de série

Genialidade

Córtex cerebral do físico alemão apresenta complexidade e padrões de concavidades e saliências diferentes dos cérebros normais

O físico Albert Einstein
Divulgação de 14 imagens inéditas do cérebro de Albert Einstein ajudam a entender habilidades cognitivas do físico alemão (Arthur Sasse/AFP)
Fotografias tiradas do cérebro de Albert Einstein logo após sua morte mostram características incomuns. As imagens, nunca divulgadas e analisadas antes, apontam para uma maior complexidade do córtex cerebral do físico alemão. Essa região do cérebro, rica em neurônios, é responsável pelo processamento neural mais sofisticado. O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico médico Brain.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The cerebral cortex of Albert Einstein: a description and preliminary analysis of unpublished photographs

Onde foi divulgada: periódico Brain

Quem fez: Dean Falk, Frederick E. Lepore e Adrianne Noe

Instituição: Universidade do Estado da Flórida e Museu Nacional de Saúde e Medicina dos EUA

Dados de amostragem: 14 imagens inéditas do cérebro de Albert Einstein

Resultado: O cérebro de Einstein tem um córtex pré-frontal extraordinário, o que pode ter contribuído para os substratos neurológicos que lhe deram suas conhecidas habilidades cognitivas.
O antropólogo Dean Falk, da Universidade do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, teve acesso às 14 fotos recentemente descobertas do córtex cerebral inteiro de Einstein. As imagens foram comparadas com fotos de 85 cérebros humanos considerados normais. A maioria das imagens descobertas foi tirada de ângulos incomuns e mostram estruturas que não eram visíveis nas imagens que já haviam sido divulgadas.
Diferenças — De acordo com Falk, o achado mais surpreendente diz respeito à complexidade e ao padrão de concavidades e saliências do córtex cerebral de Einstein. De acordo com os pesquisadores, esses complexos padrões podem ter sido responsáveis por dar à área cerebral uma grande superfície — o que pode ter contribuído para o desenvolvimento das habilidades cognitivas de Einstein.
Uma particularidade do cérebro do físico está na região somatossensorial, responsável por receber informações sensoriais do corpo. Nela, o lado correspondente à mão esquerda é mais expandido. 


Os pesquisadores acreditam que isso pode ter contribuído para suas realizações ao tocar o violino, por exemplo. Os lóbulos parietais (parte superior do cérebro) de Einstein também são incomuns e podem ter fornecido algumas das bases neurológicas para suas habilidades visuais, espaciais e matemáticas.
Cérebro — Após a morte de Einstein em 1955, seu cérebro foi removido e fotografado de diversos ângulos, com a permissão de sua família. O órgão foi seccionado em 240 blocos, a partir dos quais foram preparadas lâminas histológicas – mas a maioria das fotografias, blocos e lâminas ficou perdida por mais de 55 anos. As 14 fotografias usadas pelos pesquisadores estão agora em poder do Museu Nacional de Saúde e Medicina dos Estados Unidos.
Reprodução
cérebro Albert Einstein
Uma das imagens do cérebro do físico alemão Albert Einstein divulgadas pela revista Brain: anatomia diferente dos cérebros considerados normais pode explicar inteligência fora do comum

Cérebro de Einstein apresentava conectividade acima do normal, aponta estudo

Cérebro

Fotografias do cérebro do físico alemão foram estudadas em busca de explicação para seu desempenho excepcional

Físico alemão, Albert Einstein
Albert Einstein: novo estudo indica conexão incomum entre os dois hemisférios de seu cérebro (Getty Images)
Mais de meio século após sua morte, a ciência ainda procura explicações para a genialidade de Albert Einstein – e muitos acreditam que a resposta pode estar na estrutura de seu cérebro. A realização de novos estudos sobre o assunto continua sendo possível pois, ao morrer, o cientista teve seu cérebro removido do corpo, dissecado e fotografado por Thomas Harvey, o médico que realizou sua autópsia. O novo estudo, feito com imagens descobertas recentemente, indica que a explicação para a genialidade do físico pode estar no fato de que os dois lados de seu cérebro estavam muito melhor conectados do que o de pessoas "normais".
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The corpus callosum of Albert Einstein‘s brain: another clue to his high intelligence?

Onde foi divulgada: periódico Brain

Quem fez: Weiwei Men, Dean Falk, Tao Sun, Weibo Chen, Jianqi Li, Dazhi Yin, Lili Zan e Mingxia Fan

Instituição: Universidade Estadual da Flórida, EUA, e outras

Dados de amostragem: Fotografias do cérebro de Einstein e imagens de ressonância magnética de 15 homens entre 70 e 80 anos de idade e 52 homens entre 24 e 30 anos

Resultado: A análise do corpo caloso de Einstein indica que a explicação para sua inteligência pode estar no fato de que os hemisférios de seu cérebro estavam muito melhor conectados do que o de pessoas "normais"
A pesquisa foi a primeira a detalhar o corpo caloso de Einstein, estrutura de fibras nervosas que liga os hemisférios cerebrais. Essa região é responsável pela comunicação entre os dois lados do cérebro, incluindo a transmissão de informação motora, sensorial e cognitiva. Os autores do novo estudo, pesquisadores da China e dos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica para comparar a espessura de diversas subsdivisões do corpo caloso. A espessura está relacionada ao número de nervos que cruzam essa região, indicando o quão bem conectado está o cérebro.
O cálculo de Einstein foi feito com base em 14 fotografias recém-descobertas de seu cérebro, que foram comparadas com imagens de ressonância magnética de 15 homens entre 70 e 80 anos de idade —  todos destros, como ele. O cientista faleceu em 1955, aos 76 anos.
Foi feita também uma comparação com imagens do cérebro de 52 homens entre 24 e 30 anos, pois, aos 26 anos, Einstein teve o seu chamado “ano milagroso”, quando publicou quatro artigos que revolucionaram a física e os conceitos de espaço, tempo, massa e energia.
Conectividade — Os resultados mostraram que o corpo caloso de Einstein era mais grosso do que o das outras pessoas em diversas sub-regiões, o que indica que ele poderia ter uma melhor conectividade cerebral. No entanto, a conectividade pode não ser o único fator no cérebro do cientista que explique seu desempenho. Estudos anteriores sugeriram que a grande capacidade do físico alemão seria resultado de um número incomumente elevado de células de glia, que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios.
Uma limitação do estudo é o fato dele ter estabelecido uma comparação entre imagens obtidas de indivíduos vivos e as fotografias do cérebro de Einstein. Porém, os pesquisadores afirmam que a ressonância magnética pode fazer com que o corpo caloso dos participantes pareça um pouco mais grosso do que na vida real, e o cérebro de Einstein pode ter encolhido durante a preservação, de forma que é possível que a diferença de espessura seja ainda maior do que a relatada no estudo.
Cérebro — Após a morte de Einstein em 1955, seu cérebro foi removido e fotografado de diversos ângulos. O órgão foi seccionado em 240 blocos, a partir dos quais foram preparadas lâminas histológicas — mas a maioria das fotografias, blocos e lâminas ficou perdida por mais de 55 anos. As 14 fotografias usadas pelos pesquisadores estão agora em poder do Museu Nacional de Saúde e Medicina dos Estados Unidos.

MP investiga repasse a empresas de dirigentes da entidade

Por Fabio Leite, estadao.com.br
Relatório enviado pelo TCM ao Ministério Público mostra que Via Pública pagou R$ 1,2 milhão a diretores em 2010



Além dos supostos desvios de recursos apontados pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), o Instituto Via Pública é alvo de um inquérito civil do Ministério Público Estadual que investiga os repasses de dinheiro da parceria milionária com a Secretaria Municipal da Saúde às empresas de oito dirigentes, funcionários e associados da própria entidade.
Dados do relatório de inspeção do TCM encaminhados ao promotor Marcelo Milani, do Patrimônio Público e Social, mostram que, somente em 2010, o Via Pública pagou R$ 1,2 milhão a pessoas jurídicas pertencentes a seus diretores e associados. A Promotoria ainda aguarda os valores repassados nos outros seis anos da parceria, assinada em 2006 na gestão do então prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Só o diretor executivo do Via Pública, Pedro Paulo Martoni Branco, recebeu R$ 311 mil por meio da empresa PPG Planejamento, Projetos e Gestão S/C Ltda. a título de coordenador-geral da parceria. Já Luiz Henrique Proença Soares, que também faz parte da diretoria executiva, recebeu R$ 227,3 mil por meio da empresa Arapuá Participações Ltda. O instituto afirma que as contratações estão dentro da lei e seguiram preços de mercado.
O TCM entende que a legislação federal permite tal remuneração desde que sejam observados os valores praticados pelo mercado. A medida também está prevista no estatuto do Instituto Via Pública.
"Constatamos, porém, que não houve pesquisa, à época, para demonstrar que os valores referentes às contratações de empresas pertencentes a diretores, sócios e membro da equipe técnica eram compatíveis com aqueles praticados pelo mercado, contrariando o disposto no artigo 4.º da Lei n.º 9.790/99 e no artigo 16 do próprio Estatuto Social da Oscip", aponta o relatório.
Outros dois diretores, Annez Andraus Troyano e Ernesto Veja Sanise, também receberam, apenas em 2010, R$ 202,7 mil e R$ 89,1 mil, respectivamente, para atuarem na parceria com a secretaria municipal. A lista traz ainda três funcionários da equipe técnica do instituto e o escritório de advocacia de Rubens Naves, membro do conselho deliberativo do instituto.
"Estamos aguardando os dados do Tribunal de Contas sobre todas as contratações de pessoas jurídicas por este instituto para dar prosseguimento ao inquérito. O que nós precisamos saber é se esses serviços foram realmente prestados porque o relatório do tribunal indica que há uma série de inconsistências no que foi executado e no que pago pelo poder público", afirma o promotor Marcelo Milani.

'Estado' recebe prêmio por reportagem sobre família imperial

 Por estadao.com.br
Especial, publicado em fevereiro, foi realizado com base em exames de restos mortais de Dom Pedro I, primeiro imperador do País, e suas duas esposas, imperatrizes Leopoldina e Amélia



'Estado' recebe prêmio por reportagem sobre família imperial
"Pesquisadores exumaram corpos de D.Pedro I e suas esposas para montar retrato sobre família imperial"
A reportagem especial "Família Imperial - Uma nova história", dos jornalistas Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise, divulgada em primeira mão pelo Portal Estadão ganhou o Prêmio Petrobrás de Jornalismo na categoria Reportagem Cultural (Portal de Notícias).
A premiação teve sua primeira edição neste ano e recebeu 1.179 trabalhos entre os dias 10 de maio e 31 de julho, de todas as regiões do Brasil.
Jornalistas e repórteres fotográficos de revistas, jornais, rádios, emissoras de televisão e portais de notícias concorreram aos prêmios no total de R$ 444 mil, para as melhores reportagens relacionadas a esporte, cultura, responsabilidade socioambiental, petróleo/gás e energia e fotojornalismo.
A reportagem do Estado, publicada no impresso em 19 de fevereiro, traz revelações sobre a família imperial, com base nos exames dos restos mortais de d. Pedro I e de suas duas mulheres, as imperatrizes Leopoldina e Amélia.