domingo 13 2013

Horta em casa: por que você deve ter uma?


MEILI JATENE: "Muita gente está aderindo ao movimento de cultivar temperos, ervas e até frutas em casa. Saiba como fazer e quais os benefícios desse hobby delicioso para as mulheres 5.zero".



Horta em casa: por que você deve ter uma? / Foto: Thinkstock
Horta em casa: por que você deve ter uma? / Foto: Thinkstock






























Por MEILI JATENE
O que há um tempo era uma coisa do campo, de casas grandes, de pessoas "sem tempo", atualmente está virando uma necessidade para quem gosta de ter mais contato com a natureza mesmo morando em cidades como São Paulo: ter uma horta urbana em casa. É absolutamente delicioso poder colher suas ervas na janela ou no quintal. Elas são a estrela principal de qualquer prato, do mais simples ao mais sofisticado. São elas que dão aroma e sabor.
Em pouco espaço e com alguns vasos, você pode construir uma horta e começar a utilizar sua produção em receitas, decorações, chás e até remédios caseiros! E começar é muito fácil: dá pra comprar as mudas, que são vendidas até em supermercados. Depois você vai precisar de terra e das sementes.
O começo da primavera é uma ótima época para começar as plantações. Escolha um lugar com bastante luminosidade na sua casa. O ideal é que bata de quatro a cinco horas de sol por dia. E, para te ajudar de vez, escolhemos as cinco melhores ervas para mulheres. Mãos à obra!

5 dicas de ervas para a mulher 5.zero - 1 (© 5 dicas de ervas para a mulher 5.zero Foto: Thinkstock)
Alecrim
Aroma intenso, marcante e delicioso. Ótimo estimulante mental e fortalecedor da memória. Chá de alecrim é ótimo no combate a gripes e resfriados. Por sua alta ação antioxidante, é excelente na prevenção de doenças relacionadas à idade (o que não é nosso caso, né?).

5 dicas de ervas para a mulher 5.zero - 1 (© 5 dicas de ervas para a mulher 5.zero Foto: Thinkstock)

Sálvia
A sálvia está entre as dez ervas com maior ação antioxidante e ajuda a neutralizar os radicais livres associados ao envelhecimento. Pequenas quantidades são suficientes para ajudar na memória de curto prazo. E o melhor: reduz as ondas de calor na menopausa. Dá-lhe sálvia!

5 dicas de ervas para a mulher 5.zero - 1 (© 5 dicas de ervas para a mulher 5.zero Foto: Thinkstock)
Tomilho
Sabor pra lá de aromático e marcante, adoro! Também está entre as dez ervas mais saudáveis. Fortalece a atividade do Ômega 3 no organismo. Ótimo para desempenho cerebral. Rico em flavonoides, antioxidantes, vitamina C e ferro.

5 dicas de ervas para a mulher 5.zero - 1 (© 5 dicas de ervas para a mulher 5.zero Foto: Thinkstock)

Orégano
Segundo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o orégano tem mais atividade antioxidante do que qualquer outra erva. Dá um baile em frutas como maçã, laranja e blueberries. É também excelente fonte de cálcio, potássio, ferro e magnésio. Ah, ela também pode ajudar a baixar o colesterol ruim. E o aroma? Simplesmente delicioso.

5 dicas de ervas para a mulher 5.zero - 1 (© 5 dicas de ervas para a mulher 5.zero Foto: Thinkstock)


Salsa
Já é conhecida como remédio por ser um antioxidante poderoso. Rico em vitamina C, ferro e potássio. Tem ainda ação anticoagulante. Ótimo para retenção de líquidos. É isso aí... use e abuse dessa e outras ervas!



Reprise: eleição no DF ressuscita Roriz, Arruda e Estevão

Política 

Figuras que pareciam ter ficado para trás, envolvidas em escândalos de corrupção, terão papel decisivo na disputa pelo governo local e se juntarão ao enrolado Agnelo Queiroz, que tentará a reeleição

Gabriel Castro, de Brasília
Montagem de Luiz Estevão, Joaquim Roriz, José Roberto Arruda
DE VOLTA - Luiz Estevão, Joaquim Roriz e José Roberto Arruda articulam as eleições no Distrito Federal (Ueslei Marcelino/Folha Press/Cristiano Mariz/Antonio Cunha/DApress)
Há mais de uma década, o eleitor do Distrito Federal acostumou-se a uma lamentável realidade: os políticos eleitos para representá-los acabaram envolvidos em escândalos de corrupção. A lista começa com Joaquim Roriz, passa pelo ex-senador Luiz Estevão, continua com José Roberto Arruda e atinge até o atual governador e candidato à reeleição, Agnelo Queiroz. Em 2014, a história não será diferente. Na semana passada, Roriz filiou-se ao nanico PRTB, seguindo os passos de Estevão. Arruda agora faz parte do PR.
Graças à Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que derrubou Arruda, e à Lei da Ficha Limpa, que tirou Roriz da disputa, o petista Agnelo venceu a eleição de 2010 com facilidade. Agora, ele luta contra a popularidade baixa e a perspectiva de uma disputa dura. A primeira conquista importante ele obteve: conseguiu do PMDB o compromisso de manutenção da aliança que o levou ao governo há três anos, embora uma ala do partido ainda ameace saltar do barco. Parte da dificuldade decorre da péssima gestão de Agnelo, somada ao histórico de escândalos mal - ou não - explicados. Por isso, nunca tantos nomes se animaram a disputar um lugar no Palácio do Buriti. Grupos políticos em decadência e antigos aliados do PT se entusiasmaram em entrara na briga. 
José Roberto Arruda, que ainda não escolheu qual cargo disputará, precisará convencer o eleitor, pela segunda vez, que merece perdão. Em 2001 ele participou da violação do painel eletrônico do Senado e renunciou ao mandato para fugir da cassação. Voltou ao poder em 2002, como deputado federal. Em 2006, elegeu-se governador do Distrito Federal. Três anos depois, quando o esquema de corrupção montado por ele veio à tona, Arruda sucumbiu novamente diante de algumas das mais deploráveis imagens de roubalheira explícita da política brasileira - Arruda, por exemplo, aparece recebendo dinheiro de corrupção em um pacote. Ele chegou a ser preso pela Polícia Federal por cooptação de testemunha e perdeu o mandato.
Naquela época, o então governador deu sinais de que pensava em se manter na política: antes de ser expulso do DEM, deixou o partido por conta própria. Acabou enquadrado na lei de fidelidade partidária, que tirou-lhe o mandato. Ele tinha direito de recorrer à decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas optou por não fazê-lo. Há uma razão: com essa punição, Arruda apenas ficava sem o cargo de governador, mas estava apto a disputar as próximas eleições. Caso permanecesse no posto, ele fatalmente seria cassado pela Câmara Legislativa do DF, o que lhe renderia um período de cinco anos de inelegibilidade.

Agora, o ex-governador chega ao PR com as bênçãos de Valdemar Costa Neto, mensaleiro e maior articulador do partido. Ele não hesitou em desalojar o comando do partido no Distrito Federal para emplacar um aliado de Arruda no posto.

Roriz – Já o ex-governador Joaquim Roriz, dono de um expressivo capital eleitoral, está firmemente disposto a se candidatar ao governo. Mas tem uma situação mais delicada: aos 77 anos, ele tem grandes chances de ser barrado pela Lei da Ficha Limpa. O governador renunciou ao mandato de senador, em 2007, para fugir da cassação, depois de ser flagrado negociando a partilha de 2,2 milhões de reais de origem escusa.
No fim de setembro, Roriz - que havia deixado o PSC após as eleições de 2010 - chegou a acertar seu ingresso no DEM. Mas a Executiva Nacional do partido decidiu rejeitar o registro. O ex-governador e sua filha, a deputada distrital Liliane Roriz, migraram para o PRTB. O partido, em Brasília, é comandado por ninguém menos do que o ex-senador Luiz Estevão. Jaqueline Roriz, outra filha do político e deputada distrital flagrada embolsando dinheiro desviado, é filiada ao PMN.
Estevão enfrenta o ostracismo há mais tempo que os colegas: cassado em 2000 por envolvimento em desvio de recursos públicos na obra do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, ele só poderá voltar a disputar eleições em 2022, devido à Lei da Ficha Limpa. Por isso, dedica-se à articulação política. Neste ano, o ex-senador se filiou ao PRTB e passou a comandar o partido na capital federal. “Eu vou me dedicar mais às chapas para deputados federais e distritais”, diz ele.
Se for barrado pela Justiça Eleitoral, Roriz deve abandonar os planos eleitorais. Quem diz é Luiz Estevão: “Ele não cogita disputar outro cargo que não seja o de governador”. Nesse caso, o plano já está traçado: quem irá para a disputa majoritária é Liliane Roriz. "A disposição dele em disputar o governo é real. Mas eu sou o plano B do meu pai", diz Liliane, que recentemente trocou o PSD pelo PRTB.
Em 2010, Roriz fez uma manobra desastrada e escolheu sua mulher, Weslian, para sucedê-lo e evitar o risco de impugnação da chapa por causa da Lei da Ficha Limpa. Inexperiente e despreparada, ela passou vexame nos debates e acabou derrotada por Agnelo. 
Nova ala – Depois de apoiar Agnelo em 2010, o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) aceitou participar da disputa pelo governo no ano que vem. Ele foi apontado pelo diretório regional de seu partido na semana passada e aceitou a indicação. Deputado federal com maior votação proporcional em 2010 (20% dos votos do Distrito Federal), Reguffe aposta suas fichas no discurso moralizador em um momento de descrédito generalizado.
Mas a falta de apoio de outras legendas pode prejudicá-lo. A decisão do PDT – partido que Reguffe quase deixou para se filiar à Rede Sustentabilidade – surpreendeu porque foi repentina e criou um problema: Rodrigo Rollemberg, do PSB de Marina Silva e Eduardo Campos, deve disputar o governo. O PDT não pretende recuar. “Imagine que o PDT decida apoiar Eduardo Campos no Brasil inteiro. Ele vai ter que fazer alguns gestos em alguns estados. E pode apoiar o Reguffe em Brasília”, diz o senador Cristovam Buarque, comandante do PDT do DF.

Cristovam diz que Rollemberg e Reguffe podem disputar simultaneamente, mas vê problemas na possibilidade de divisão: "Se nenhum dos dois conseguir atrair o PSOL, aí fica mais difícil. Eles vão ter que se juntar", avalia o senador, que governou o DF de 1994 a 1998. 
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB) não é propriamente uma novidade: em 2002, ele foi candidato a governador e não chegou ao segundo turno. Agora, entretanto, com a crise de Agnelo e o projeto presidencial do PSB, o nome do senador parlamentar pode ganhar força.

A lista de potenciais candidatos vai além: a deputada distrital Eliana Pedrosa também deve reforçar o time de oposição. A parlamentar, que já foi do DEM e do PSD, assumiu o comando do PPS na capital federal. O PSDB, por sua vez, pode lançar como candidatos dois ex-aliados de Agnelo: os deputados federais Izalci Lucas e Luiz Pitiman.
É possível que, até abril, quando as chapas serão montadas, o cenário sofra alterações. Mas alguns personagens que envergonharam a política do Distrito Federal dificilmente ficarão de fora.

As lições do set argentino, mais para Borges que Hollywood

Cinema

Em passagem pelo país para comandar um workshop de roteiro no Rio, o diretor Daniel Burman, um dos expoentes do chamado novo cinema argentino, fala ao site de VEJA sobre a influência da literatura em sua produção, dá dicas para escrever boas histórias e conta das parcerias que vem firmando com produtoras no Brasil – parcerias que podem ser interessantes para nós

Maria Carolina Maia
"Acredito que não haja outro tema no cinema que não seja a família. Todos, sejam elas marcadas pela ausência ou pela presença, tivemos relações com um pai e com uma mãe, que nos definiram e definiram também como somos com os outros."
Na segunda metade dos anos 1990, Brasil e Argentina entraram, ambos, em uma nova fase de suas produções cinematográficas. Aqui, após anos de dominação das pornochanchadas, estreou em 1995 Carlota Joaquina, de Carla Camurati, longa tomado como marco do que se rotulou de “retomada”, período em que o cinema nacional voltou a dar bons frutos. Três anos depois, estreava na Argentina Pizza, Cerveja, Cigarro, de Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, filme considerado a faísca do chamado “novo cinema argentino”, que, embora com um toque mais pessoal de seus diretores, não chegava a representar uma virada radical em termos de temática -- longas como A História Oficial (1985), de Luis Puenzo, sobre o sequestro de filhos de presos políticos durante a ditadura, já tocavam em delicadas questões nacionais, por exemplo. O maior diferencial dessa produção em relação à que se fazia antes, nos anos 1980, está na sua circulação internacional. O cinema argentino passou a frequentar festivais e sair deles munido de elogios e troféus. Um dos mais premiados diretores dessa geração, o portenho Daniel Burman, que esteve no Brasil esta semana para dar aulas de roteiro em um evento de audiovisual no Rio de Janeiro, levou mais de vinte.
Burman, de filmes como O Abraço Partido (2004) e Ninho Vazio (2008), faz parte de um grupo de bons contadores de história, que se destacam por ter, muitas vezes, mais influência da literatura do que do cinemão de indústria que se faz em Hollywood – embora a ele ninguém fuja. “Gosto muito de ler e de reler Borges, é um autor que descobrimos mais à medida que retornamos a seus textos ao longo dos anos”, diz. “Penso que sou mais influenciado pela literatura e pela vida cotidiana do que pelo cinema em si.”

Nas aulas de roteiro que dá, ele procura fazer os alunos enxergarem seus personagens da forma mais humana – mais aproximada – possível. E buscar o que faz parte do inconsciente coletivo, conceito trabalhado pelo psicanalista suíço Carl Gustav Jung. “A ideia não é ter uma fórmula para copiar os filmes americanos, mas uma forma para ver nossas histórias em um amplo painel e entender por que algumas delas continuam a nos fascinar depois de cem, duzentos anos, e outras, pelo contrário, não interessam a ninguém.”

Além de ensinar roteiro, Daniel Burman aproveitou a passagem pelo Rio para avançar em suas parcerias com a produtora carioca Total Filmes, com que acabou de rodar, sem setembro, O Mistério da Felicidade, com Claudia Ohana no elenco, e tem outros dois projetos para 2014. Confira abaixo a conversa de Burman com o site de VEJA:


A Argentina tem criado nos últimos anos um cinema considerado de grande qualidade. E é também um país de tradição literária forte. Na sua opinião, o pendor argentino para a literatura favorece o surgimento desse cinema de arte? Sem dúvida, a literatura tem influído muito na formação dos diretores argentinos. Meu filme Dois Irmãos é uma adaptação do romance de Sergio Dubcovsky. Eu leio bastante, mas agora tenho três filhos que preciso colocar para dormir e fazer escovarem os dentes, meu tempo é um pouco menor (risos). Gosto muito de ler e de reler Borges, é um autor que descobrimos mais à medida que retornamos a seus textos ao longo dos anos. Gosto também muito de Cortázar e do brasileiro Moacyr Scliar, ele é extraordinário, O Centauro no Jardim é uma das melhores obras da literatura latino-americana. Mas também sou atraído pelos Irmãos Grimm, dos clássicos de infância e da mitologia, de Joseph Campbell, um grande mitólogo americano, o livro de poemas de Leonard Cohen. Tenho um gosto absolutamente eclético. Creio que essas várias influências ajudam a criação de mundos diferentes. Penso que sou mais influenciado pela literatura e pela vida cotidiana do que pelo cinema em si.

Você escreveu todos os filmes que dirigiu, e suas histórias parecem literárias. Acho que é muito importante para um diretor não refletir sobre as suas influências. Ter consciência de todos os mecanismos que envolvem a criação pode fazer com que o processo se transforme em algo instrumental. Prefiro uma amnésia, é preciso manter uma zona de mistério tanto no casamento como na amizade e na criação.

Você está no Brasil para comandar um workshop de roteiro. Quais as suas lições principais? Eu trabalho muito com as estruturas psicopatológicas dos personagens. Procuro dotá-los de um perfil psicológico que nos ajude a entender que posição assumem diante dos outros e diante de si mesmos, como sujeitos que são. Assim como há pessoas com posição melancólica ou narcisista frente à vida, também há personagens assim, que podem sofrer mudanças, dentro de um filme, a partir dessa postura inicial. É preciso entender nossos personagens através de sua estrutura psicopatológica e também fazê-los viajar na história e transformá-los da maneira adequada. É preciso entender também o inconsciente coletivo que habita nossos sonhos há mais de 2.000 anos – ou mais de 5.000, no caso dos judeus. A ideia não é ter uma fórmula para copiar os filmes americanos, mas uma forma para ver nossas histórias em um amplo painel e entender por que algumas delas continuam a nos fascinar depois de cem, duzentos anos, e outras, pelo contrário, não interessam a ninguém. Não é apenas uma questão do marketing usado para vender essas histórias, mas de que elas habitam o inconsciente coletivo e despertam identificação por parte do público.

É por isso que seus filmes todos falam de relações familiares? Acredito que não haja outro tema no cinema que não seja a família. Todos os filmes são filmes de família porque todos os personagens são consequência da estrutura das relações que marcaram a sua infância. Não podemos ignorar a nossa infância, não há como. Todos, sejam elas marcadas pela ausência ou pela presença, tivemos relações com um pai e com uma mãe, que nos definiram e definiram também como somos com os outros.

Você escreveu todos os filmes que dirigiu. Você busca sempre um cinema de autor?Eu busco contar uma história que tenho na cabeça e quero desesperadamente compartilhar, como um garoto que tira nota boa na escola e corre para casa para contar à mãe. Quero contar histórias a todos, mas a primeira pessoa que as lê é a minha mulher. Se o roteiro prende a atenção dela, eu sigo em frente.

Você nunca pensou em atuar? Não, tenho muito respeito pela profissão de ator, muitíssimo, mas já tenho bastante trabalho como autor, produtor e diretor.

A Sorte em Suas Mãos, seu último filme lançado, é uma comédia romântica. Ele sinaliza uma mudança na sua produção? Bom, há um certo pudor em se expressar os sentimentos e em falar de amor. Eu fiz 40 anos em agosto e nessa idade a perspectiva que temos da vida muda um pouco. Percebemos que, diante das perdas que sofremos ao longo da vida, cada vez mais próxima da morte, não há nada mais atrativo que o amor. Com o tempo, as contradições, ambiguidades e dúvidas que nos atravessam, me torno menos resistente aos sentimentos.

Você está rodando um filme agora, O Mistério da Felicidade, em parceria com a produtora carioca Total Filmes. Ele é sobre sentimentos? Sim. É a minha primeira parceria com a produtora brasileira Total – A Sorte em Suas Mãos foi feito com a Gullane Filmes. O Mistério da Felicidade é um filme sobre pactos que perdem a validade, mas aos quais continuamos fiéis, pelo compromisso com os sentimentos que os originaram. Não é um longa sobre o fim de um casamento, mas sobre a rachadura na relação de dois amigos de longa data que são sócios e têm um acordo muito particular, posto em xeque, em um certo momento, pela mulher de um deles. A partir daí, o longa vive uma tensão entre lealdade e fidelidade – a lealdade a um pacto antigo e a fidelidade a certos sentimentos. O filme fala sobre esses pactos que continuam em vigor, mas no fundo estão vazios, porque já não há as emoções que os originaram. Muitas crises em casamentos funcionam dessa maneira. O longa foi filmado no Rio de Janeiro, para onde esses dois amigos argentinos viajam por causa de uma aposta que fizeram quando jovens, e tem a atriz Claudia Ohana no elenco. Deve estrear no primeiro semestre de 2014.

Esta é a sua segunda coprodução com o Brasil. Há outras parcerias em vista? Sim. Dois outros projetos em desenvolvimento com a Total Filmes, Love.com, sobre a influência da vida virtual sobre a vida real e por que nos entregamos tanto à vida virtual com tantos prazeres que há na vida real, e outra que de alguma maneira, mais pela temática, é uma continuação de O Abraço Partido (2009). Estou achando ótimo. Filmar em outro país, e com o apoio criativo de outras pessoas, é como desfrutar de uma festa na casa dos outros. Eu não preciso organizar a festa, comprar a comida, arrumar a casa.

Por que fazer uma comédia romântica? Há um desejo de ser mais comercial e atrair mais público? Não penso em termos de marketing. Eu queria de fato fazer uma comédia romântica, é um gênero em que os personagens parecem reais, são bastante verossímeis. No cinema, podemos mostrar o cinema de modo diferente da TV ou da publicidade. O amor assume formas diferentes de acordo com a idade e o tempo, e cada um ama como pode. O imperfeito não pode querer algo perfeito.

O cinema que se faz em Pernambuco tem semelhança com o cinema argentino, por ter como foco principal contar boas histórias, muitas delas bastante simples. Você acompanha o cinema que se faz no Brasil? Muita gente já me disse isso, preciso ver esses filmes. Esta é uma pendência que temos na Argentina. Temos pouco acesso a filmes brasileiros e acabamos conhecendo os diretores brasileiros mais internacionais e perdendo de acompanhar os que estão surgindo. Dos que vi, gostei muito de O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, do Cao Hamburger.  
 

"Sirens" Pearl Jam (Eddie Vedder)



Lançamento14ou 29 outubro
PJ_cover_web(Universal) A banda que fez história no cenário grunge dos anos 1990 prova com Lightning Bolt, 10º disco de estúdio, que o tempo tem sido generoso com o vocalista Eddie Vedder e companhia. Sem nostalgias, as novas canções mostram que o Pearl Jam escolheu claramente amadurecer junto com seu público, desde o primeiro trabalho, Ten, lançado em 1991. As quatro primeiras faixas já conquistam com facilidade o ouvinte. A primeira, Getaway, tem toda a animação do rock ‘n’ roll e uma letra que é reflexo da atual fase da banda, com reflexões sobre escolhas, caminhos e fé. Em seguida,Mind Your Manners, single divulgado em agosto, e My Father’s Son, mantêm o ritmo e exploram com precisão os inconfundíveis vocais de Vedder. Para fechar o quarteto fantástico inicial,Sirens parte para uma pegada mais melancólica, com instrumental forte. O disco segue sem perder a força inicial e finaliza com duas pérolas: a épica e lenta Yellow Moon e Futures Days, faixa final que se distingue das demais por combinar guitarra acústica, piano e violino. A receita da qualidade reside em uma adequada mistura de letras que têm algo a dizer e músicos que sabem muito bem quem são e onde estão. Lightning Bolt pode ser comprado pelo iTunes a partir do dia 14 de outubro. As cópias físicas estão previstas para o dia 29 no Brasil.

Polícia Federal investiga os tentáculos do mensalão no exterior

Mensalão

Justiça quebra o sigilo de contas e a polícia pede ajuda internacional para rastrear doação clandestina ao PT na campanha de 2002. O ex-presidente Lula será intimado a depor

Rodrigo Rangel e Hugo Marques
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Lula e Valério: as revelações seriam uma tentativa de “golpe das elites” com a participação dos ministros do Supremo
(Juliana Knobbel/Frame/Folhapress e Cristiano Mariz)
Em setembro do ano passado, o empresário Marcos Valério, o operador do mensalão, apresentou-se voluntariamente à Procuradoria-Geral da República em Brasília e prestou um longo depoimento em que formalizava algumas revelações acachapantes sobre o maior escândalo de corrupção da história do país. O julgamento do processo contra os mensaleiros, entre eles o próprio Valério, estava em pleno curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O empresário queria proteção e um acordo de delação premiada. Entre as novidades, Valério contou que o ex-presidente Lula não só tinha conhecimento do mensalão como avalizou as operações financeiras clandestinas. Disse ainda que o dinheiro usado para subornar parlamentares também pagou despesas pessoais de Lula, inclusive quando ele já ocupava a cadeira de presidente da República. O depoimento deu origem a várias investigações. Uma delas, envolvendo uma suposta doação ilegal de dinheiro ao PT, agora vai ganhar reforço internacional.
A Polícia Federal pediu ajuda para rastrear a movimentação de contas bancárias no exterior que, segundo o publicitário Marcos Valério, foram utilizadas pelo PT para receber doações ilegais que bancaram despesas da campanha presidencial de 2002. Em seu depoimento, o operador do mensalão forneceu aos procuradores os números de três contas usadas para receber 7 milhões de dólares da Portugal Telecom, gigante do setor de telefonia que tinha negócios no Brasil e interesse em se aproximar do governo recém-empossado. Valério disse que a doação foi acertada por Lula, José Dirceu e o ex-ministro Antonio Palocci, e que ele cuidou pessoalmente da operação em Lisboa. Para despistar eventuais curiosos, os depósitos teriam sido feitos por fornecedores da Portugal Telecom em Macau, um pedaço minúsculo de terra no sul da China colonizado pelos portugueses onde a influência de Lisboa se faz presente até hoje.