segunda-feira 08 2013

O PROBLEMA DA MÁ DISTRIBUIÇÃO DOS MÉDICOS NO BRASIL

SISTEMA DE SAÚDE

http://drauziovarella.com.br/destaque2/o-problema-da-ma-distribuicao-dos-medicos-no-brasil/

Tainah Medeiros

Os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e de Cuba, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla, anunciaram negociações para a vinda de 6 mil médicos no início de maio. Foto: Wilson Dias/ABr
Os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e de Cuba, Bruno Eduardo Rodríguez Parrilla, anunciaram negociações para a vinda de 6 mil médicos no início de maio. Foto: Wilson Dias/ABr
“As pessoas não têm mais a quem pedir ajuda a não ser a mim. Se tiver mais de três casos urgentes para atender imediatamente, como eu faço?” Em tom de desabafo, o cardiologista Sérgio Perini conta que desde abril de 2012 é o único médico em atividade na cidade de Santa Maria das Barreiras, no interior do Pará. O único para atender uma população carente de 18 mil habitantes.
Essa situação não é exclusividade de Santa Maria das Barreiras. A cidade divide o problema com milhares de municípios que, como ela, são pequenos e afastados de grandes centros urbanos. Segundo o último levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina), feito em 2012, o Brasil abriga 388.015 médicos, cerca de 1,8 por mil habitantes. A Argentina tem 3,2, Espanha e Portugal têm 4 e Inglaterra, 2,7. Ainda assim, a quantidade de médicos brasileiros é considerada razoável, mas não resolve o problema de saúde do país porque apenas 8% dos profissionais estão em municípios de até 50 mil pessoas. E municípios desse porte representam quase 90% das cidades (veja tabelas no final desta matéria).
O restante dos profissionais está aglomerado em grandes regiões. Distrito Federal e os estados de Rio de Janeiro e São Paulo têm respectivamente taxas de 4,09, 3,62 e 2,64 médicos por mil habitantes, enquanto outros estados não somam nem um profissional por mil habitante, como é o caso do Amapá (0,95), Pará (0,84) e Maranhão (0,71). Ainda assim, a taxa maior em um estado não significa que cidades pequenas daquela região ofereçam atendimento adequado.
Para tentar resolver a questão, o governo federal criou em 2011 o Provab (Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica), uma iniciativa para levar médicos recém-formados a regiões carentes oferecendo uma bolsa de R$8 mil. O incentivo, porém, não foi suficiente. O último levantamento, feito com base nos dados de 2012, mostrou que 2.856 prefeituras solicitaram 13 mil médicos. Menos da metade, 1.291, foi atendida por pelo menos um profissional, já que apenas 4.392 médicos se inscreveram e 3.800 assinaram contrato. O número equivale a 29% das vagas abertas.
Nesse cenário, Santa Maria das Barreiras e tantas outras cidades brasileiras tentam lidar com a carência da maneira que podem. “Como faltam profissionais, as ocorrências mais graves não têm como ser atendidas aqui, então encaminhamos para a cidade de Redenção, que fica a 130 km. O trajeto de 2 horas é feito por estrada de terra”, relata o dr. Perini.
Em maio de 2013, o Ministério da Saúde anunciou que havia um ano vinha estudando uma política para trazer médicos estrangeiros até essas regiões a fim de minimizar o déficit de profissionais em áreas carentes. A princípio, a intenção era trazer 6 mil médicos cubanos, além de profissionais de Portugal e Espanha. A estratégia é vista pelo governo como uma alternativa de curto prazo, mas para entidades médicas como o CFM, que questiona a qualidade do atendimento que seria oferecido, trata-se de uma “pseudo-assistência”.
Revalida
O presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila, afirmou em nota que acredita que a população brasileira corre o risco de ser atendida por pessoas com formação médica insuficiente e incompleta. “Se essa intenção fosse séria, o governo traria médicos preparados para fazer cirurgias, trabalhar em UTIs e atender casos de alta complexidade. Não há médicos pela metade e é isso que está sendo proposto. Se o médico ‘importado’ sem revalidação receber um caso grave, cruzará os braços.”
O temor da entidade surgiu devido à possibilidade de que os médicos estrangeiros sejam dispensados de fazer o Revalida, exame nacional para revalidação de diplomas obtidos no exterior. O ministério cogita a alternativa porque quem é aprovado na avaliação recebe registro permanente e pode atuar dentro de sua especialidade em qualquer região do país, mas a ideia do novo programa é que os profissionais de fora tenham permissão temporária de três anos para trabalhar apenas nos campos considerados de prioridade, como o de atenção básica em saúde. Segundo a assessoria do ministério, portanto, a dispensa está sendo pensada justamente para limitar a área de atuação dos estrangeiros, evitando que migrem para postos mais atrativos e compitam com profissionais brasileiros.
“O CFM não abre mão do Revalida. Ele apoia a entrada de médicos, desde que sejam submetidos a esse exame e sejam qualificados para trabalhar no Brasil, independentemente de sua nacionalidade”, afirma o vice-presidente da entidade, Carlos Vital. O Ministério da Saúde enfatiza que a dispensa não significa que os estrangeiros estarão isentos de avaliação. “Ainda não está definido de que maneira eles vão ser avaliados, mas já é sabido que eles vão precisar falar português, serão provenientes de faculdades reconhecidas pelos países de origem e obrigatoriamente haverá triagem, que poderá ser feita por meio de exame prático ou análise curricular.”
O ministério afirmou ainda que confia na qualidade das universidades do exterior e acredita que o governo de cada país tem discernimento para reconhecer como legítimas suas instituições de ensino da mesma maneira que o governo brasileiro tem.  O CFM, porém, firma seu argumento nos dados oficiais da subcomissão que acompanha a aplicação do Revalida. No ano de 2011, 536 médicos graduados no exterior se submeteram ao exame, e somente 65 (12%) foram aprovados. Em 2012, o resultado foi pior: de 884 médicos avaliados, 77 (8,7%) foram aprovados.
Na lista de 200 cursos de medicina da QS Top University, organização de referência para rankings de universidades, a Universidade de Barcelona, na Espanha (um dos países cogitados a enviar profissionais), e a Universidade de São Paulo ocupam posição entre a 51a e 100a melhores (o ranking não especifica a posição a partir da 51a colocada). Cuba e Portugal não têm universidades na relação.
Concentração nos grandes centros
O único médico de Santa Maria das Barreiras é graduado pelo ISCM-VC (Instituto Superior de Ciências Médicas de Villa Clara), em Cuba, com o qual a Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu-SP mantém convênio desde 2002. Dr. Perini ressalta que o conceito de priorizar o atendimento às regiões carentes foi uma das coisas que aprendeu no curso. O viés ideológico de sua formação o incentivou a trocar a cidade de São Simão, em Goiás, que tinha cerca de 15 médicos para seus 17 mil habitantes, para viver com a família no interior do Pará, mesmo por um salário menor. “Quando escuto o CFM falando que os médicos estrangeiros podem não ter formação suficiente, fico indignado. Me dá a impressão de que eles não fazem ideia do que aprendemos por lá”, afirma.
No Brasil, existem apenas 2 mil médicos especializados em medicina da família cadastrados na SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), entidade que congrega médicos atuantes em postos e outros serviços de Atenção Primária em Saúde. Para o presidente da Sociedade, Nulvio Lermen Junior, o Brasil enfrenta dificuldades para formar especialistas na área. “Há mais médicos interessados em especialidades como dermatologia e endocrinologia do que em medicina de família e comunidade ou terapia intensiva, por exemplo. Essas últimas especialidades são menos valorizadas no mercado privado”, explica.
Para Paulo Henrique Gomes, que assumiu a Secretaria de Saúde de Santa Maria das Barreiras no final de 2012, a medida serve como um alívio. “Eu preciso urgentemente de mais médicos na minha cidade, imagino que outros municípios também devam precisar. Eu só tenho um médico no hospital. Os profissionais do Pará não querem o salário que Santa Maria das Barreiras pode pagar, que é de R$ 16 mil. Eles querem R$ 20 mil, R$ 25 mil. Acredito que os profissionais que vão chegar estarão mais dispostos a receber o que temos a oferecer.”
Em nota, a SBMFC afirma acreditar que os sistemas nacionais de saúde possam necessitar do aporte de médicos estrangeiros, mas reforçou que tal política deve fazer parte de estratégias maiores de reestruturação do sistema de saúde.
Para Carlos Vital, vice-presidente do CFM, a má distribuição de profissionais brasileiros não é reflexo do desinteresse dos médicos, e sim um problema muito mais grave. “Os médicos brasileiros até migram para essas regiões, mas se deparam com uma cidade sem infraestrutura. Não há hospitais, não há UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) nem UBSs (Unidade Básica de Saúde). Não há transporte, ou seja, não há o mínimo de condições para atender a população. O médico se sente impotente diante de uma situação como essa. Ele vai fazer o quê, sem um local para atender? Só prescrever medicamento? O problema tem uma base complexa que não pode ser resolvida simplesmente com a vinda de médicos estrangeiros. O Brasil precisa, primeiro, melhorar as condições de infraestrutura de saúde.”
Santa Maria das Barreiras conta com apenas uma Unidade Mista de Atendimento (local para atendimento básico com pequeno centro cirúrgico). É lá que o dr. Perini recebe diariamente de 40 a 50 pacientes. Desde janeiro de 2013, o Secretário de Saúde Paulo Henrique conseguiu ampliar de 17 para 22 o número de leitos e comprar mais uma ambulância para o município, totalizando duas, mas o problema com que o município lida há anos permanece: “temos uma unidade para atender, mas não temos médicos”.
Modelo a ser seguido
O Ministério da Saúde ainda não sabe exatamente qual modelo de captação de médicos estrangeiros irá seguir, mas acredita que o brasileiro deva tratar o assunto de maneira positiva. “Eu quero repetir que esse assunto não pode ser um tabu por aqui. O Ministério da Saúde brasileiro estuda uma politica de atração de profissionais estrangeiros baseada na de outros países que fazem isso. No Canadá e Austrália, por exemplo, existe um exame de validação do diploma igual o Revalida, mas também há programas específicos que dão autorização especial para o médico atuar na áreas de maior carência de médicos. Nós estamos estudando como esses países fazem para dar visto de trabalho e registro profissional restrito para atuar naquela área de carência. Descartamos validação automática do diploma e uma política que busque atrair médicos de países que tenham menos profissionais por mil habitantes que o Brasil. Caso da Bolívia e do Paraguai, que têm menos que 1,8 médicos por mil habitantes”, explica o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Padilha ressalta que cerca de 37% dos médicos da Inglaterra são formados fora do país, assim como 25% dos médicos que atuam nos EUA, 22% dos médicos do Canadá e 17% dos médicos da Austrália. Mas Carlos Vital, do CFM, reforça que esses dados não podem ser comparados com o Brasil, já que o sistema de saúde daqui é completamente diferente dos países tomados como base. “É diferente você levar um médico estrangeiro para atuar em um hospital da Inglaterra e outro para atuar aqui. Eles têm uma infraestrutura muito melhor que a do Brasil, muito mais equipamento, mais plano de carreira. Simplesmente, não dá.”
O ministro afirmou que apenas os municípios que participarem do Programa de Requalificação da UBS (Unidade Básica de Saúde) vão receber médicos do exterior. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 2.810 municípios devem apresentar propostas de construção de centros médicos em 2013. O Governo Federal dá incentivo financeiro para a construção de postos que variam de acordo com o porte de cada unidade, oscilando entre R$ 408 mil (construção de UBS porte 1 — capacitada para atender até 50 mil habitantes) a R$ 773 mil (construção de UBS porte 4 — capacitada para atender mais de 500 mil). Para reforma, são destinados de R$ 30 mil a R$ 150 mil (porte 1) e de R$30 a R$ 350 mil (porte 2).
Medidas de longo prazo
Diante da polêmica, a OMS (Organização Mundial da Saúde) se pronunciou. Em entrevista concedida à BBC Brasil, Hans Kluge, diretor da Divisão dos Sistemas de Saúde e Saúde Pública da OMS, afirmou que o assunto não deve ser visto como “panaceia” e que a contratação de médicos estrangeiros pelo Brasil é uma solução de curto prazo. A organização defendeu ainda que o país fortaleça seu próprio sistema de saúde para suprir a demanda interna.
O CFM defende que seja programada uma carreira federal dentro do SUS, nos moldes do que já existe para os cargos de juiz e promotor no âmbito do Poder Judiciário. Na carreira proposta, o acesso se daria por concurso público, realizado pelo Ministério da Saúde. Entre as características da proposta consta jornada de trabalho de 40 horas semanais no atendimento exclusivo ao SUS, com plano de cargos, carreira e salários.
A entidade não descarta com isso a necessidade de criar um outro programa para interiorização do médico brasileiro. Sem uma carreira, os jovens médicos, ‘importados’ ou brasileiros, podem até aceitar o desafio de ir para zonas distantes, mas diante da falta de perspectiva irão abandonar os postos e buscar abrigo nas grandes cidades, acirrando o cenário de desigualdade na distribuição dos profissionais”, afirmou em nota o presidente D’Ávila.
Já a SBMFC acredita que é preciso, também, investir de forma semelhante na área de medicina da família. “Implantar uma carreira e valorizar a contratação de especialistas em medicina de família no setor público, em especial na estratégia de Saúde da Família; regular a formação de especialistas por meio da criação de vagas de residência médica, priorizar o investimento e oferecer condições de trabalho adequadas. Essa estratégia bem estruturada pode resolver de forma mais econômica e eficiente cerca de 90% dos problemas da população”, afirma o presidente Nulvio Lermen Junior.
O governo garante que tem propostas para melhorar as condições de saúde no longo prazo. Independentemente de quais sejam os posicionamentos políticos, a discussão envolve, principalmente, uma população que necessita de atendimento médico imediatamente e que não pode esperar o sistema de saúde se re-estruturar por inteiro para ser atendida. “Como médico, posso afirmar que a vinda de profissionais estrangeiros pode ‘ameaçar’ meu cargo, mas presenciando o dia a dia das pessoas que vivem em Santa Maria das Barreiras e não têm ninguém além de mim para socorrê-las, é um deslize se posicionar contra a vinda desses médicos. Erro é não ter ninguém para atender essa população”, afirma o dr. Perini.
Veja a tabela de distribuição de médicos por cada Estado do País:
tabela medicos estado
Veja a distribuição de serviços de saúde segundo população dos municípios:
tabela medicos municipios

JORNAL DO SBT - Advogado proibido de usar a internet

Ministério Público abre investigação sobre viagens de Cabral de helicóptero

Rio de Janeiro

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro

Procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, decidiu abrir uma apuração sobre abuso no uso de aeronaves. Deputados querem que governador seja investigado por crime de peculato


Desde sempre os políticos fazem o que querem com o dinheiro público. Só não usam para o que é de máxima importância, como SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA...
No Estado do Rio de Janeiro temos hospitais caindo aos pedaços, sem equipamentos de suma importância para doenças sérias, de risco. Muitas das vezes, a população é atendida precariamente nos corredores já super lotados... Sinceramente, acho que as autoridades competentes, demoram muito para comprovar o que já foi comprovado por todos nós, o povo. Acho que só vão atrás, quando não tem mais como fazer de conta que não está acontecendo, quando o povo toma conhecimento.


O Ministério Público do estado do Rio de Janeiro vai abrir investigação para apurar o uso que o governador Sérgio Cabral, do PMDB, tem feito dos helicópteros oficiais para se deslocar até o Palácio Guanabara, nos dias de semana, e até sua casa em Mangaratiba, na Costa Verde. O procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira, conversou, na manhã desta segunda-feira, com o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, do PSDB. No telefonema, o deputado perguntou se havia necessidade de o MP ser acionado por escrito. A resposta de Marfan a Corrêa da Rocha, por volta das 10h30, foi de que o Ministério Público faria uma apuração por ofício, a partir das informações reveladas por VEJA desta semana. A reportagem mostrou que, diariamente, Cabral usa helicópteros para ir do Leblon ao Guanabara, num percurso de 10 quilômetros. As viagens, por ano, custam 3,8 milhões de reais aos cofres públicos.
Os deputados Corrêa da Rocha, Marcelo Freixo, do PSOL, e Paulo Ramos, do PDT, combinaram algumas medidas para que sejam feitas investigações sobre as viagens de helicóptero de Cabral e família. Os deputados protocolam, nesta segunda, denúncia por crime de responsabilidade e por quebra de decoro na presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A outra denúncia será para que o MP investigue o governador por improbidade administrativa.
A terceira iniciativa do trio de deputados é entregar ao Ministério Público Federal uma representação contra o governador por crime de peculato. Como o governador tem foro privilegiado, responde no Superior Tribunal de Justiça. Neste caso, quem denuncia é o procurador da República via MPF. “Entendo claramente que há três dispositivos constitucionais duramente contrariados: o princípio da moralidade, da razoabilidade e da eficiência”, diz o deputado tucano.
Freixo também fez um requerimento de informações para o governo do estado sobre o uso de aeronaves: quantas são, para que são usadas, quem as usa. “Para que haja investigação, será necessário o apoio das ruas, a pressão popular. Tanto a Alerj como o Ministério Público vão agir impactados pela reação da população. A derrota da PEC 37 aconteceu porque a sociedade ouviu o MP e pediu que o órgão continuasse a ter poder de investigação. Hoje, o MP é quem tem que ouvir as ruas”, afirmou Freixo.
A reportagem de VEJA mostrou ainda que um dos sete helicópteros do estado – um Agusta AW 109, comprado em 2011 por 9.732.934 dólares (o equivalente a 15.233.015 reais, à época) – é usado todo fim de semana pela família do governador. Toda sexta-feira, o luxuoso helicóptero - considerado uma limusine do ar - leva a mulher do governador, Adriana Ancelmo, os filhos, as babás e o cachorro da família para Mangaratiba, onde Cabral tem uma mansão. Sábado, a aeronave leva o governador. Domingo, o “helicóptero da alegria”, como chamam os pilotos, faz duas viagens, uma delas apelidada de “voo das babás”.

“Usar um helicóptero oficial, pago com dinheiro público para levar a mulher, filho, babá e cachorro para mansão, em Mangaratiba, é inadmissível. Isso faz mal à democracia. Ele tem a certeza da impunidade”, afirma Freixo, que verificará se os abusos com viaturas oficiais são qualificados como improbidade ou peculato. “Não tenho dúvidas que se trata de crime. Ele é o nome mais criticado nas passeatas que têm mobilizado o Rio, mas se recusa a ouvir a voz das ruas.”
A deputada Janira Rocha (PSOL) pedirá à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a relação de todos os passageiros que utilizam os helicópteros do governo do estado do Rio.

Protestos querem mostrar 'protagonismo', diz Marina

 Por LUCAS HIRATA, estadao.com.br
A ex-senadora Marina Silva disse no programa "É Notícia", da RedeTV, que o fator agregador das diferentes bandeiras...



A ex-senadora Marina Silva disse no programa "É Notícia", da RedeTV, que o fator agregador das diferentes bandeiras e pessoas nas manifestações ocorridos recentemente pelo Brasil é a necessidade de interromper o processo de separação entre sociedade e sistema político.
As pessoas já não encontram nenhum tipo de elo ou de eco nas suas representações", afirmou. Segundo Marina Silva, a sociedade foi colocada em uma posição de "meros espectadores" e quer mostrar através das manifestações que é "protagonista". "Esse protagonismo vem na forma de um novo sujeito político".
Para a ex-senadora, este novo sujeito político tem uma característica um "ativismo autoral". "Com o advento dos meios modernos de comunicação, as pessoas têm a possibilidade de interação entre elas, quebrando a intermediação da comunicação". E a ruptura dessa intermediação faz com que as pessoas se transformem, diretamente, em mobilizadores e protagonistas das bandeiras em que acreditam.
O ativismo autoral, descrito por Marina Silva como global, faz frente ao "ativismo dirigido", anterior a posição presentes nas atuais manifestações, em que era preciso sempre ter uma instituição que representasse o povo. Segundo a ex-senadora, o novo ativismo mostra uma nova maneira de buscar a democracia.
"A internet está ajudando a transforma a ciência, a tecnologia, os negócios, a cultura, a espiritualidade, por que só a política deveria ficar imune a essas transformações?", questionou.
Questionada sobre as razões que levaram as manifestações no País, ela disse que uma série de fatores resultaram em um "mosaico" de motivos, inclusive a indignação contra corrupção, inflação e repressão policial. "Isso tudo já estava em estado de latência".
Para ela, era uma questão de tempo até que as petições online, referentes a vários assuntos, transbordassem do virtual para o presencial. Uma característica ressaltada por Marina Silva foi o prazer e a alegria da experiência vivencial de estar se movendo por uma causa. "Essas pessoas não são dirigidas por partidos, sindicatos, ou por líderes carismáticos, elas são autoras e mobilizadoras de suas bandeiras". Segundo ela, este fenômeno vai ganhar cada vez mais força.
A solução para a crise economia, social, ambiental, política, de valores e, consequentemente, civilizatória que, segundo a ex-senadora, o mundo vive, não deve ser encontrada em partidos, instituições. "Devemos nos transformar em militantes da civilização".

Plano para saúde tenta impor agenda positiva pós-protestos

 Por estadao.com.br
Em mais uma tentativa de criar uma agenda positiva, a presidente Dilma Rousseff lança hoje o Plano Nacional pela...



Em mais uma tentativa de criar uma agenda positiva, a presidente Dilma Rousseff lança hoje o Plano Nacional pela Saúde - Mais Hospitais, Mais Médicos, Mais Formação. Apesar da resistência dos médicos brasileiros, a ideia é que o recrutamento de profissionais estrangeiros seja trunfo eleitoral para Dilma, candidata à reeleição, e para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que quer concorrer ao governo de São Paulo, em 2014.
A medida atende a reivindicação da Frente Nacional dos Prefeitos. Não por acaso, será lançada justamente na semana da Marcha dos Prefeitos. Para os municípios, será uma mão na roda: é uma tentativa de cobrir, sem custos, um buraco assistencial.
A mão de obra será toda financiada pelo governo federal. A expectativa é de que sejam 10 mil médicos. Quando o programa estiver em vigor, as prefeituras vão economizar R$ 1,2 bi por ano, segundo estimativas.
Apesar da empolgação do governo, a proposta de convocar médicos estrangeiros provocou a ira das entidades médicas, que acham a medida inócua, oportunista e eleitoreira. Argumenta-se que o problema no País não é a falta de médicos, mas sua distribuição inadequada. Segundo o Conselho Federal de Medicina, a estratégia trará uma medicina de segunda para os cidadãos mais pobres. / LÍGIA FORMENTI

Dilma banca articulação política e refuta entregar ministérios de 'porteira fechada'

 Por estadao.com.br
Contra crise que abala a coalizão, petistas e peemedebistas propõem que presidente deixe nas mãos dos partidos aliados as nomeações de todos os cargos nas pastas que comandam, mas ouvem: 'Se forem essas as concessões, não vou fazer'



Dilma banca articulação política e refuta entregar ministérios de 'porteira fechada'
"Aliados já não garantem apoio à reeleição em 2014"
BRASÍLIA - Pressionada a fazer uma reforma na equipe para garantir a governabilidade, a presidente Dilma Rousseff avisou ao PT e ao PMDB que não entregará ministérios com "porteira fechada" a nenhum partido da base aliada e disse não ter pressa para mudanças na equipe. A fórmula que permite a ocupação linear de todos os cargos de um ministério pela mesma legenda foi sugerida a Dilma como forma de compensar eventual corte de pastas, em resposta aos protestos de rua, mas ela não deu chance para a cobrança.

"Se forem essas as concessões, não vou fazer. Podem tirar o cavalinho da chuva", disse Dilma durante reunião com 22 deputados que compõem a coordenação da bancada do PT na Câmara, na sexta-feira.
Inconformada com as críticas à articulação política do governo, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, fez um desabafo a um colega, logo após a reunião. "Esse pessoal critica a articulação política do governo, mas vive deixando um currículo e um pedido de cargo na minha mesa. Eu não faço esse tipo de articulação política."
A redução do número de ministérios - hoje em 39 - foi proposta a Dilma por congressistas e dirigentes do PT e do PMDB, nos últimos dias, por ser considerada uma medida de marketing para adoçar a opinião pública. O PMDB do vice Michel Temer reclama de estar sub-representado na Esplanada, com seis ministérios - Minas e Energia, Agricultura, Previdência, Turismo, Aviação Civil e Defesa - enquanto o PT controla 18.
Mesmo assim, em conversas reservadas, peemedebistas dizem que aceitam trocar ministérios menos robustos por diretorias da Petrobrás, de Furnas e da Eletrobrás. Querem, ainda, autonomia para nomear seus indicados "de cima até embaixo" nas pastas que comandam.
Dilma, porém, se recusa tanto a cortar ministérios, nesse momento, como a conceder o que no jargão político se chama de "porteira fechada", incluindo as diretorias de estatais. Até agora, ela prefere insistir no plebiscito sobre a reforma política para reverter o desgaste a investir na redução do tamanho da máquina pública.
Mesmo com a ameaça de partidos aliados, como o PSB, o PDT e o PRB, de não apoiarem o projeto de reeleição presidencial, em 2014, Dilma vem dizendo que não se "intimidará" com pressões por estar em queda nas pesquisas. "Não pensem que estou acuada", afirmou ela na reunião com os petistas, conforme revelou o Estado na semana passada. Até governadores do PSB que rejeitavam a candidatura do colega de Pernambuco, Eduardo Campos, agora dizem ser preciso examinar melhor o quadro político antes de fechar com o PT.
Dilma não confia em que os partidos queiram mesmo cortar na própria carne com a redução de ministérios. Na avaliação da presidente, esse é apenas um discurso para a plateia, nesse momento de crise, tanto que a proposta de "porteira fechada" já ressurge como uma espécie de "contrapartida".
Desastre. Escaldada por sofrer desgaste após chamar de volta para a Esplanada representantes de partidos alvejados pela faxina ética de 2011 - que abateu seis ministros -, Dilma diz ter feito as mudanças justamente para agregar adesões à campanha do segundo mandato. Diante desse quadro, afirmam assessores, não será agora que fará fusões de ministérios.
"Os problemas do governo não são os políticos, mas os tecnocratas, que não têm compromisso com o projeto", afirmou o deputado André Vargas (PT-SP). "Não estamos pedindo cargos nem andamos com currículo na mão para entregar em gabinetes, mas achamos que a articulação política do governo e a comunicação são um desastre."
Para o senador Jorge Viana (AC), o PT precisa arquivar o coro do "Volta Lula" e se unir no apoio a Dilma, que, no seu diagnóstico, deve melhorar urgentemente a relação com o Congresso. "Antecipar a campanha de 2014 já foi um erro. Agora, esse discurso do "Volta Lula" não cabe aqui, porque isso prejudica o governo que está em curso", insistiu Viana, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A cobrança por cargos e emendas ao Orçamento voltará a ser apresentada nesta semana, quando entra em votação no Congresso a derrubada dos vetos presidenciais a projetos que causam forte impacto nas contas públicas, como o do fim do fator previdenciário.
O tema foi discutido ontem em duas reuniões de Dilma com ministros, no Palácio da Alvorada. O titular da Fazenda, Guido Mantega, disse não haver mais espaço para desonerações do setor produtivo e defendeu um bloqueio na casa dos R$ 15 bilhões em gastos do Orçamento.
Da primeira reunião com Dilma, ontem, participaram os ministros Gleisi, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Aloizio Mercadante (Educação), Paulo Bernardo (Comunicações) e José Eduardo Cardozo (Justiça).Na segunda estavam Mantega, Gleisi, Miriam Belchior (Planejamento) e Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), além do senador José Sarney (PMDB).
Gleisi é uma das que vão deixar a equipe de Dilma para ser candidata do PT ao governo do Paraná. Embora a presidente negue mudanças no primeiro escalão, é provável que ela promova uma reforma até dezembro, antes do prazo estabelecido por lei para que candidatos com cargos no Executivo deixem as pastas, em abril de 2014.
No Palácio do Planalto, auxiliares de Dilma calculam que dez dos 39 ministros podem sair no fim do ano. Na lista dos pré-candidatos do PT, dois são dados como praticamente certos na disputa dos maiores colégios eleitorais: Alexandre Padilha (Saúde), em São Paulo, e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), em Belo Horizonte.
A maior preocupação de Dilma ao negar a reforma imediata foi abafar rumores sobre a troca de Mantega num momento de alta da inflação, expectativa de novo aumento dos juros e desconfiança do mercado sobre o compromisso do governo com o ajuste fiscal.

Oportunista, governo omite erros para propagandear Copa

Brasil

Aldo Rebelo lista investimentos bilionários para retratar o evento como motor do desenvolvimento. Até agora, porém, só os gastos nos estádios decolaram

Giancarlo Lepiani, de Belo Horizonte
Manifestações da torcida brasileira no Estádio do Maracanã durante a partida entre Espanha e Taiti
Dentro dos orçamento de 28 bilhões de reais da Copa, 18 bilhões estão previstos para mobilidade urbana, aeroportos e segurança pública. Até agora, porém, só 12,7% desses recursos foram executados. No caso dos estádios, 60% dos investimentos estão executados e 96% contratados
O governo federal ocultou dados importantes e omitiu seus próprios fracassos ao tentar reverter as críticas da população contra os gastos excessivos com a Copa do Mundo de 2014. Em evento oficial da Fifa, na manhã de segunda-feira, o ministro Aldo Rebelo e seu principal auxiliar, Luís Fernandes, fizeram uma longa apresentação em defesa dos investimentos ligados ao evento. Tentaram retratá-lo como um acelerador do crescimento econômico, garantindo que as despesas públicas com a Copa vão muito além das obras nos estádios e se estendem a áreas como mobilidade urbana, aviação civil e segurança - não por coincidência, alguns dos setores da administração pública que são mais criticados pelas centenas de milhares de manifestantes que foram às ruas neste mês. As cifras envolvidas na organização do Mundial, no entanto, indicam que o governo age de forma oportunista quando tenta defender o evento e seu legado. Afinal, por mais que diga que as melhorias não se limitam às novíssimas arenas das cidades-sede, uma fatia muito pequena do que foi prometido para as outras áreas - justamente os setores que mais motivam reivindicações nas ruas - já foi efetivamente investida. A única parte em que os gastos deslancharam conforme o previsto foi a conta de 7,1 bilhões de reais com a reforma ou construção dos doze palcos do torneio.
De acordo com levantamento da ONG Contas Abertas, os investimentos com estádios já têm 60% de execução e 96% de contratação - uma eficácia exemplar. No caso das áreas que poderiam beneficiar a maior parte dos brasileiros, o gasto real é muito inferior. De acordo com números da Controladoria-Geral da União (CGU), os 28 bilhões de reais reservados para a Copa incluem 8,9 bilhões para projetos de mobilidade urbana, 7 bilhões para os aeroportos e 2,2 bilhões para a segurança pública. Aldo e Fernandes fizeram questão de desfilar esses investimentos diante da imprensa internacional na segunda. Nessas três áreas, porém, apenas 12,7% dos recursos foram realmente executados. Menos da metade do investimento total está contratado. Ou seja: por mais que insista em dizer que o Mundial traz benefícios diretos à população inteira, o governo é incapaz de colocar em prática os projetos prometidos, limitando dramaticamente os efeitos positivos da realização do evento. Em Brasília, palco da abertura da Copa das Confederações - e também do primeiro grande protesto contra os gastos com a competição -, o Estádio Nacional custou pelo menos 1,2 bilhão de reais, 79% acima da previsão inicial. O Tribunal de Contas do Distrito Federal calcula que a obra acabará consumindo um total de 1,7 bilhão de reais, fazendo do estádio da capital uma das arenas mais caras do planeta. Também em Brasília, o VLT prometido para melhorar o transporte urbano foi abandonado. Essa foi a primeira obra de mobilidade retirada da lista de projetos ligados à Copa no país. Outras cinco foram canceladas desde então.
'Sem dinheiro público' - O ministro do Esporte e seu secretário-executivo pareciam já prever que sua tentativa de convencer a opinião pública sobre os efeitos benéficos da Copa não colaria - tanto que o primeiro criticou o "olhar crítico" da imprensa sobre o assunto e o segundo pediu ajuda dos meios de comunicação "para divulgar as informações positivas". Aldo também parece ter subestimado a inteligência do contribuinte ao dizer que a Copa brasileira é um projeto pensado para desenvolver o país mais rapidamente. Segundo o ministro, assim como a Alemanha recebeu o Mundial em 2006 para curar as feridas de seu passado beligerante e a África do Sul sediou o evento em 2010 para espantar o fantasma do apartheid, o Brasil candidatou-se a sede pensando principalmente em viabilizar grandes obras públicas de infraestrutura. Não era esse o discurso, porém, há seis anos, quando uma comitiva formada por Lula, Ricardo Teixeira, Orlando Silva, Romário e Dunga comemorava, na sede da Fifa, a confirmação do Brasil como anfitrião do torneio. Falava-se apenas num salto de qualidade nos estádios - e sem verbas públicas. “As arenas serão construídas com dinheiro privado. Não haverá um centavo de dinheiro público para estádios”, garantia Orlando, ministro do Esporte do governo Lula (e antecessor e colega de partido de Aldo Rebelo) na ocasião. Tivesse cumprido essa promessa, o governo teria argumentos de sobra para convencer os manifestantes de que vale a pena, sim, investir na realização de uma Copa. Por culpa da inépcia da administração federal (e não da Fifa, vale lembrar), ainda não há como saber se a empreitada vai valer a pena - e essa dúvida deverá se estender até depois do Mundial, já que seus eventuais benefícios não serão tão óbvios quanto o governo quer fazer parecer. 

Rumo a 2014: após a festa, é hora de trabalhar ainda mais

Brasil

Copa das Confederações indica o caminho do que é necessário fazer nos onze meses que faltam para o Mundial. Aeroportos, hotelaria e serviços preocupam

Giancarlo Lepiani, com reportagem de Celso de Campos Jr.

Cerimônia de encerramento antes da final da Copa das Confederações da partida de futebol entre Brasil e Espanha, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro
Apesar das deficiências reveladas pelo ensaio geral para 2014, o governo manteve o discurso otimista, apostando que a Copa está nos trilhos e será um retumbante sucesso. Mas admite que ainda há muito trabalho pela frente
Antes do início da Copa das Confederações, o torneio era visto como um teste importante tanto para o país-sede como para a seleção brasileira - a um ano do Mundial, nenhum dos dois estava pronto para o desafio monumental de 2014. Há uma semana, a competição terminava com o Brasil levantando a taça e empolgando o torcedor, dando pistas de que o time comandado por Luiz Felipe Scolari enfim encontrou seu caminho para disputar o título no ano que vem. Se a seleção passou no teste com uma convincente prova de força, o país atravessou as duas semanas do evento de maneira bem mais atribulada, em meio à maior onda de manifestações populares em décadas. Os estádios, que antes eram uma grande preocupação, ficaram prontos a tempo e foram aprovados, ainda que com pequenas ressalvas. Restou a impressão de que ainda falta muito a fazer fora de campo, longe das arenas. O fluxo de visitantes estrangeiros recebidos durante o torneio foi extremamente pequeno - entre os torcedores, cerca de 3% do contingente total, uma fatia minúscula do público que lotou os estádios boa parte das partidas. Somados aos turistas do próprio país, que saíram de suas cidades para acompanhar os jogos de perto, não correspondem nem sequer a um quarto do público total da competição. Daqui a um ano, será bem diferente. Pouco antes da Copa das Confederações, o governo brasileiro disse esperar pelo menos 600.000 visitantes no Mundial de 2014. E eles devem se preparar: ao longo do torneio do mês passado, alguns dos principais temores em torno da Copa se confirmaram, em maior ou menor escala, mostrando que o país ainda tem muito trabalho no prazo de pouco menos de um ano até o pontapé inicial, em 12 de junho de 2014, no Itaquerão, em São Paulo.

O PT não vive os seus dias mais gloriosos também na Bahia. Dilma é obrigada a ouvir o coro: “ACM, ACM, ACM!”



É… O PT não vive os seus dias mais gloriosos na Bahia. Já publiquei aqui o vídeo em que o partido tenta aparelhar a festa do 2 de julho em Salvador com o grito de “o PT voltou” e é abafado pela massa com outro, muito mais forte e verdadeiramente disseminado na multidão: “O PT roubou”. Um vexame.
Na quinta-feira, dia 4, a presidente foi à Bahia lançar o Plano Safra Semiárido. E aconteceu isto. Assistam. Volto em seguida.
Como vocês puderam perceber, quando a presidente cita o nome de ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador, boa parte da plateia — e não era pouca gente, como se nota na imagem a abaixo, extraída do vídeo, grita o nome de ACM, avô do prefeito, que comandou a política local durante muitos anos. Herdeiros políticos do antigo líder comandam a resistência ao petismo no estado.
Vamos ver. A imprensa baiana noticiou que um dos líderes do coro é Elizeu Fagundes, que preside uma tal Federação Brasileira de Defesa dos Direitos Humanos. É uma figura polêmica, acusado pelo Ministério Público Federal de estelionato. Certo! Ocorre que Elizeu e sua turma — e certamente não foram os únicos a gritar “ACM” — também estavam lá para aplaudir Dilma Rousseff, o que fizeram mais de uma vez.
Em eventos assim, a plateia é cuidadosamente selecionada pelo Planalto para evitar constrangimentos. Nem sempre isso é possível. Dilma foi vaiada por agricultores no Mato Grosso do Sul por causa da aloprada política da Funai. Reitero: quem montou a plateia na Bahia no dia 5 foi o governo federal, foram os petistas. Jaques Wagner (PT), governador, assiste a tudo. Que se saiba, ninguém gritou “Wagner, Wagner…”. Começa a se tornar difícil ser petista também na Bahia…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-pt-nao-vive-os-seus-dias-mais-gloriosos-tambem-na-bahia-dilma-e-obrigada-a-ouvir-o-coro-acm-acm-acm/



A “Segunda Independência da Bahia” – “Ooô, o PT roubou/ o PT roubou/ o PT rouboooouu-ouuuu”


Os baianos comemoram no dia 2 de julho o que lá se chama “Independência da Bahia” — ou, conforme consta no projeto de lei que instituiu o feriado, a “consolidação da Independência do Brasil no Estado da Bahia”. É uma referência à data de 2 de julho de 1823, quando se trava no estado uma das mais duras batalhas entre as forças portuguesas e os defensores da independência. Afinal, depois do “grito”, as pessoas não foram para casa cuidar das galinhas. Houve confrontos em vários pontos do país, inclusive depois de 1823. Na Bahia, há desfile cívico e festa.
Pois bem. Na terça-feira, aconteceu o que vocês verão abaixo. Um, por assim dizer, “destacamento” do PT decidiu passar pela massa com a sua própria versão do refrão “O campeão voltou” — que se ouviu no Maracanã na final da Copa das Confederações. Vocês sabem, né? Se deixar, o PT aparelha festa de aniversário, de batizado, reunião de condomínio, jogo de dominó…
A massa recusou a cantoria e abafou os petistas com uma outra versão: “Oooo, o PT roubou/ o PT roubou/ o PT rouboooouu-ouuuu”. Vejam. Volto em seguida.

A coisa não está fácil para os companheiros. Entrará a data de 2 de julho para a história como a “Segunda Independência da Bahia”?
Por Reinaldo Azevedo