quinta-feira 14 2013

A retomada dos vinhedos eslovenos


Por Eric Asimov- The New York Times News Service/Syndicate
O Leste Europeu tem uma antiga cultura do vinho, embora isso nem sempre seja óbvio nos vinhos de hoje. Assim como a Lei Seca nos Estados Unidos desligou a indústria americana moderna de suas origens nascentes, o comunismo separou esses países de séculos de tradição vinícola.


A retomada dos vinhedos eslovenos
O Leste Europeu tem uma antiga cultura do vinho, embora isso nem sempre seja óbvio nos vinhos de hoje. Assim como a Lei Seca nos Estados Unidos desligou a indústria americana moderna de suas origens nascentes, o comunismo separou esses países de séculos de tradição vinícola. O rejuvenescimento pós-comunista dessas tradições, e sua adaptação ao mundo moderno, estão hoje entre as histórias mais empolgantes do vinho.
Alguns desses países, como a Geórgia, no Cáucaso, foram berços da história da bebida e, embora sejam menos conhecidos e entendidos, estão começando a deixar novas marcas. Já os vinhos húngaros, tanto os secos quanto os doces, estão novamente emocionando, aproveitando investimentos internacionais. Também a Croácia está começando a estabelecer uma presença global com seus vinhos secos.
Mas talvez nenhuma das antigas repúblicas comunistas tenha chegado tão longe quando a Eslovênia na recuperação de uma vibrante viticultura.
Na Eslovênia, ao menos na região oeste de Primorska, o vinho e a identidade regional transcendem a política. Nas colinas verdes onde esse país faz fronteira com a região do Friuli-Venezia Giulia, ao nordeste da Itália, há pouca evidência física da divisa para além de escassos e vazios postos de guarda. Os vinhedos do Collio italiano prosseguem em direção ao Brda esloveno, as fileiras de vinhas desatentas às divisões políticas.
A lealdade à terra talvez já faça parte de um povo cujo território foi disputado durante séculos. Tanto o império dos Habsburgo quanto Napoleão conquistaram esta região, e o século XX lhe trouxe uma guerra após a outra, e consigo as doenças e a miséria. As vinhas atravessaram com constância todo esse tumulto político e social.
Paul Lukacs, an English professor and the author of "Inventing Wine," in a wine closet in the cellar of his home in Baltimore, Jan. 27, 2013. In his new book, "Inventing Wine," Paul Lukacs makes the point that the idea of "tradition" in wine has been thoroughly mutable. (© Steve Ruark/The New York Times)Assim como qualquer vinho da Europa do Leste, os de Brda inspiram-se nos do Ocidente. O Friuli-Venezia Giulia tem sido um foco de experimentação criativa nessa área. Ali, produtores como Gravner e Radikon têm explorado tradições antigas, adaptando-as ao século XXI. Outros produtores, como Miani e La Castellada, são artesãos cuidadosos, cujos vinhos são incomumente profundos e articulados. Esse fermento se estende até o Brda, onde produtores como Movia e Edi Simcic parecem ser em grande medida parte dessa cultura particular, embora sejam também distintivamente eslovenos.



O Leste Europeu tem uma antiga cultura do vinho, embora isso nem sempre seja óbvio nos vinhos de hoje. Assim como a Lei Seca nos Estados Unidos desligou a indústria americana moderna de suas origens nascentes, o comunismo separou esses países de séculos de tradição vinícola.

Perhaps none of the former Communist countries have come quite so far as Slovenia in redeveloping a vibrant wine culture. This photo was posed for use as illustration. (© Tony Cenicola/The New York Times)


Para além da Primorska, a indústria do vinho está crescendo nas regiões de Podravje, na fronteira nordeste do país, e de Posavje, no sudeste. Os vinhos são diferentes daqueles do oeste, feitos em geral de outras uvas, e em outros estilos. Embora a Eslovênia produza muitos tintos, ali é bem mais fácil encontrar os brancos.
Para explorar os vinhos agora disponíveis da Eslovênia, o painel de vinhos provou uma amostragem de vinte garrafas de vinho branco de safras recentes. Florence Fabricant e eu fomos acompanhados nessa degustação por Joe Campanale, diretor de bebidas e proprietário de quatro restaurantes nova-iorquinos, e Chris Cannon, restaurateur veterano que está trabalhando em projetos em Nova York e em Morristown, no estado de Nova Jersey.
Naturalmente, numa degustação generalizada como esta, esperávamos certa diversidade de estilos e tipos de vinho, e não fomos desapontados. Alguns deles eram de um estilo limpo e moderno, não tão diferentes dos brancos italianos feitos para o mercado de massa. Mas outros, do estilo Brda, eram bastante distintivos. O painel definitivamente se interessou mais por estes últimos.
Os quatro vinhos melhor avaliados foram todos produzidos, em graus variados, usando técnicas antigas, mais típicas dos tintos. Ao contrário dos vinhos brancos modernos, nos quais o suco da uva é quase imediatamente separado das cascas para obter maior leveza e claridade, nestes vinhos o suco e as cascas são macerados juntos, o que confere à textura uma aspereza agradável de tanino, e um tom rosado, às vezes de âmbar, ao vinho.
Nas últimas semanas, este estilo, às vezes chamado de vinho laranja, tem sido bastante criticado. Alguns críticos têm atacado o que veem como vinhos malfeitos, oxidados, que apesar disso adquiriram uma popularidade fugaz. Bem, o estilo é definitivamente controverso. Assim como no caso dos vinhos naturais, os vinhos convencionais e qualquer outro gênero de vinhos, sempre é possível encontrar bons e maus exemplos. Mas continuo sendo fã desse estilo, e fascinado pelas texturas e pelos sabores sutis a que seus melhores produtores conseguem chegar.

O vinho mais bem avaliado é um excelente exemplo disso. O Kabaj de 2006 não apenas é um vinho laranja, mas também recebeu o tratamento Gravner completo, tendo sido fermentado por muitos meses em ânforas de argila e, por isso, chamado no rótulo de 'Amfora'. O vinho resultante, uma mistura das uvas ribolla gialla, tocai friulano e malvasia, era rico, de tonalidade âmbar, e dotado de texturas e sabores amáveis e complexos. Foi também, de longe, o vinho mais caro da degustação, saindo a 83 dólares.
Outro vinho da Kabaj, o Sivi 2009, era um pouco mais convencional, embora mantivesse o aspecto advindo da maceração da casca. Sivi é o termo esloveno para a uva pinot grigio, embora este vinho, com seus sabores minerais sobrepostos, com leve sabor de mel, ainda parecesse exótico. Pegou o terceiro lugar e, a 20 dólares, foi o melhor custo-benefício.
Nosso segundo lugar ficou com um dos três vinhos que estão entre nossos 'dez mais' da Movia, vinícola superstar da Brda, com vinhedos que atravessam a fronteira com a Itália. Gostamos muito do Veliko 2007, um blend das uvas ribolla gialla, sauvignon blanc e pinot grigio que estava suculento e maleável, com sabores persistentes de ervas e frutas tropicais. O outro vinho da Movia, que obteve em nossa lista o quarto lugar, foi o Rebula 2008, que é o termo esloveno para a ribolla gialla. Era mais profundo, rico, e tinha mais textura, com um toque agradável de carvalho.
Ainda outro vinho da Movia, o Lunar 2008, também feito da ribolla gialla, era completamente diferente e muito incomum, um vinho natural, laranja, desprovido do conservante de dióxido sulfúrico normalmente utilizado, fermentado em barris de carvalho e engarrafado sem filtragem. As garrafas devem ficar de pé por um longo período – o produtor diz uma semana – para serem então decantadas, ou então o sedimento na garrafa produzirá uma névoa no vinho. Estava complexo e frutado, com apenas um leve toque de fedor.
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Foto: Reprodução

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E aí? Preparado para montar seu própria jardim? ;)

Mundo dos freaks - Livro da cineasta Miranda July revela a vida que os classificados escondem


Antonio Gonçalves Filho - O Estado de S.Paulo
Desde que ganhou o prêmio de melhor diretora estreante no Festival de Cannes de 2005 com o experimental Eu, Você e Todos Nós, a cineasta, videomaker, performer e escritora norte-americana Miranda July, 39 anos, não parou de crescer. Miranda é um cruzamento híbrido de Robert Altman com Woody Allen, embora seja exagero colocá-la no mesmo patamar. Um bom termo de comparação talvez seja David Sedaris. Ela tem o mesmo senso de humor - com a vantagem de levar a sério histórias tocantes que o último apenas usaria para fazer graça. Miranda July está de volta, não com um filme, e sim com um livro sobre pessoas sem muita sorte na vida: O Escolhido Foi Você, que a Companhia das Letras lança no dia 22. Em 2009, enquanto procurava um tema para seu segundo filme, Futuro, lançado há dois anos nos EUA, a escritora foi buscar inspiração nos classificados do Pennysaver, periódico especializado em pequenos anúncios, descobrindo um mundo povoado de freaks na diabólica Los Angeles.
Escritora e cineasta Miranda July - Divulgação
Divulgação
Escritora e cineasta Miranda July
Miranda July parece ter um ímã para atrair pessoas que perderam o eixo. Em seu filmeFuturo, que escreveu, produziu, dirigiu e no qual atuou, a multiperformática aparece como uma professora de dança para crianças obcecada em criar uma coreografia que bombe na internet. Como se não bastasse, ela é casada com um técnico em telefonia que larga o emprego para salvar as árvores do mundo, pedindo donativos de porta em porta. Com um casal assim, não surpreende que eles peçam um mês para buscar a felicidade.
Os personagens de O Escolhido Foi Você não são mais nem menos lúcidos. A primeira impressão do leitor é a de ter entrado num asilo de lunáticos. Seguindo os anúncios do Pennysaver, Miranda encontra um senhor de certa idade que resolve fazer uma operação para mudança de sexo e tem de vender uma jaqueta de couro a fim de conseguir juntar o dinheiro da cirurgia. Também topou com uma ex-cantora que quer se desfazer de uma mala para ter mais espaço na casa, uma vez que tem de abrigar a filha e o neto. Detalhe: o neto é um nerd de 34 anos que vive com um manequim com a cara da atriz Elizabeth Hendrickson, encomendado por ele ao chefe da fábrica onde trabalha.
Pesquisando os classificados, Miranda chega à casa de Matilda, imigrante cubana que vende ursinhos carinhosos por US$ 2 e US$ 4. O irmão, solteiro (veja fotos dos dois acima), não faz nada. Coleciona fotos de garotas, prisões, bebês e carros de delegados. Domingo era muito pequeno ao entrar nos EUA. Veio ilegalmente com a irmã e a tia. Seu maior sonho era ser delegado de polícia. Como não foi bem nos estudos, ficou só na fantasia, que evoluiu. Ele, ainda sob tratamento psiquiátrico, diz a Miranda que agora quer ser juiz, mas tem consciência de suas limitações.
Domingo passa os dias numa Taco Bell perto de sua casa, onde consegue sempre uma soda grátis. Zanza pelas bibliotecas públicas para usar o computador e só volta para casa para organizar sua coleção de fotografias, dividida por tópicos (bebês, delegados, carrões, cadeias). Só troca as fotos quando sente necessidade de mudar os personagens que inventa para si. De todas as pessoas entrevistadas, Domingo é o mais pobre. E o mais perturbado. É o que os americanos chamam pejorativamente de looser (perdedor). Ao voltar para casa, analisando as fotografias dos entrevistados feitas por Brigitte Sire (algumas incluídas no livro), Miranda se dá conta de uma imagem comentada pelo próprio no calendário colado à parede: "Hoje é meu aniversário. Tenho 45 anos, um velho". Miranda comenta: "Supus que ter 45 anos pareceria a ele absolutamente implausível, considerando que não tinha mulher nem filhos nem emprego, nenhum dos acessórios da passagem do tempo como eles são descritos para todos nós".
São reflexões como essa da autora, declarações dos entrevistados e muita bizarrice que formam o esqueleto de O Escolhido Foi Você. Por vezes, Miranda vai de encontro a suspeitos como Ron, que está vendendo um estojo de pintura por US$ 65. Ela o descreve como "o tipo do homem que você passa a vida inteira evitando, tomando cuidado para não acabar no apartamento dele". Com razão. A foto não a deixa mentir. É um tipo esquisitão com um par de tênis New Balance e uma tornozeleira - dessas que a polícia usa para monitorar presos que estão na condicional, normalmente traficantes, criminosos sexuais ou ambas as coisas. Ron era feliz com uma mulher de 70 anos, o dobro de sua idade, até que ela foi levada a um asilo, segundo sua versão. Diz isso antes de mostrar à escritora sua coleção de cartões da Starbucks e do Wal-Mart, numa última tentativa de seduzir a entrevistadora. Ela dá graças ao Senhor quando chega o elevador, não sem antes garantir que essa foi a primeira e será a última entrevista com Ron.
As histórias de Miranda July são melancólicas como as de Alice Munro e têm personagens que poderiam ter saído dos livros de Flannery O'Connor, mas faltam a elas a densidade literária da escritora canadense e a reflexão filosófica da sulista americana. Ficam no meio do caminho entre a reportagem e o ensaio sociológico. Sua última entrevista, com um ex-pintor de paredes octogenário, rende-lhe, enfim, o personagem procurado para seu filme. Joe, que vive do Serviço Social e costumava escrever limeriques obscenos para a esposa, agora vende cartões de Natal por US$ 1 cada.
Obviamente, Miranda não está interessada nos limeriques de Joe nem em suas histórias sobre seus bichos de estimação, mas acabou colocando em seu filme Futuro um gato visivelmente inspirado na história de Paw-Paw, o felino que passou a representar simbolicamente a relação amorosa do casal (real e fictício). Joe também participa do filme. Miranda gravou sua voz em off no papel da Lua. Foi o derradeiro representado pelo aposentado. Dois dias após finalizar a montagem de Futuro, ela voltou da Alemanha apenas para saber que Joe tinha morrido fazia dois dias. Carolyn, sua mulher, guardava suas cinzas numa lata de tinta. É lá que ela quer se juntar ao marido pintor.
QUEM É MIRANDA JULY - ESCRITORA E CINEASTA
* Nascida em Vermont, ela completa 39 anos na sexta-feira. Tem dois longas e vários livros no currículo. Também atriz, apareceu em alguns filmes e fundou uma editora. É comparada ao cineasta Paul Thomas Anderson (O Mestre), um evidente exagero. 

A REUNIÃO NA TOCA DA RAPOSA! E VERDADEIRA FACE DA FAXINA DA DILMA!! Faxina no passado - Faxina no passado



O Estado de S.Paulo
A reunião era para durar 45 minutos. Durou duas horas e meia. No fim, todos os convidados saíram "com um sorriso de lado a lado", relatou um deles. O público foi privado da oportunidade de contemplar a cena porque não foram permitidas imagens do encontro - havia, de fato, motivos de sobra para isso. Afinal, estava ali no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff o ex-ministro dos Transportes e cacique-mor do inapropriadamente intitulado Partido da República (PR), senador amazonense Alfredo Nascimento. Ao seu lado, figuras carimbadas do quilate do líder da sigla na Câmara dos Deputados, Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, e do vice-líder no Senado, Antonio Carlos Rodrigues, eleito por São Paulo. Havia também, em sentido figurado, mas dominando o ambiente, uma vassoura - para varrer o passado.
Em julho de 2011, Alfredo Nascimento teve de se demitir dos Transportes ao se tornar pública a existência de um esquema de superfaturamento em obras rodoviárias. Em seguida, outros sete funcionários da pasta foram afastados de uma tacada só. Depois de encarniçada resistência, caiu ainda o todo-poderoso diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot. No fim das contas, foram 24 as demissões. Em represália, os 5 senadores e 34 deputados republicanos (vá lá o termo) debandaram da enxundiosa base governista no Congresso. A presidente até que tinha tentado conter o estouro, nomeando para o lugar de Nascimento outro peerrepista, Paulo Passos, secretário executivo do Ministério. Mas a cúpula do partido repeliu o agrado. Primeiro, porque não o havia indicado. Segundo, porque entendia que ele só se filiara ao PR para garantir uma boquinha nos Transportes.
Nascimento foi o segundo ministro defenestrado por Dilma. O primeiro foi Antonio Palocci, da Casa Civil, pelas consultorias milionárias que aprontou nos anos anteriores. Além deles caíram, igualmente acusados de envolvimento em irregularidades: Wagner Rossi, da Agricultura; Pedro Novais, do Turismo (ambos do PMDB); Orlando Silva, do Esporte (PC do B); e Carlos Luppi, do Trabalho (PDT). A "faxina", como a sequência de demissões ficou conhecida, premiou a presidente com invejáveis índices de popularidade. Agora, como os pais dizem às crianças insistentes, acabou. Não a aprovação, regada pelos números do emprego e renda. Mas o alardeado compromisso de Dilma com a ética no governo. Se esse fosse o seu norte, não abriria o Planalto a Nascimento para passarem, sorrindo de lado a lado, uma esponja no passado que o condenou.
Os tempos, porém, são outros. A economia do pibinho e o crescimento do PSB do governador pernambucano Eduardo Campos, alimentando os seus projetos presidenciais, mexem com a sempre volúvel lealdade da base parlamentar aliada. Evidentemente orientada pelo patrono Luiz Inácio Lula da Silva - cujo acendrado pragmatismo e amnésia seletiva mereciam figurar no Livro Guinness de Recordes -, Dilma mandou às favas os presumíveis escrúpulos de consciência e deu um abraço "republicano" em Nascimento e corriola. Sem falar na sucessão de 2014, nestes tempos bicudos, com o PMDB no comando da Câmara e do Senado, e impando de vontade de mostrar ao Planalto quem é quem, 39 votos a mais no Congresso não são de jogar fora. Valem a restituição dos Transportes aos que, antes do surto faxineiro da presidente, agiam como seus donos.
É como disse o sabido Garotinho, antes do encontro de reconciliação com Dilma. "A gente só quer uma definição: se é governo ou se é oposição. Somos políticos. O PT tem ministério. O PMDB tem ministério." O nome para o PR é o do senador mato-grossense Blairo Maggi, o rei da soja, que nos últimos dias esteve duas vezes com Dilma, além de se avistar com Lula. Acontece que, se política fosse uma coisa simples, qualquer um fazia. Maggi é do PR, ma non troppo, resmungam os correligionários. Uma alternativa seria dar a Maggi a Agricultura. Mas, então, Dilma teria de recompensar o PMDB, que detém a pasta na pessoa do deputado gaúcho Mendes Ribeiro - e quer outras. Lula, mais versado nesse gênero de negócio, decerto mostrará a Dilma o caminho das pedras que conduz a 2014.

Legal, sim, mas imoral. É a cara do PT!!!


Eta vida boa, para quem está sob a sombra dos donos do poder (Foto: Fernando Cavalcanti)
Eta vida boa, para quem está sob a sombra dos donos do poder (Foto: Fernando Cavalcanti)
Eta vida boa, para quem está sob a sombra dos donos do poder — no caso, uma ex-dona de um poder decorrente de sua ligação pessoal, personalíssima, com o ex-presidento Lula, Rosemary Noronha, a “Rose” do balcão de negócios em que transformou o escritório da Presidência em São Paulo (pra que escritório em São Paulo?), do qual era chefe de gabinete até a Polícia Federal acabar com a festa.
Até um ex-marido entrou na festa. Conforme o Lauro Jardim, que é titular do Radar On-line e sabe tudo –, José Cláudio Noronha, o ex-marido de “Rose”, embolsou durante três anos confortabilíssimos 132 mil reais sem precisar mexer um dedo e sequer sair de casa.
O felizardo era membro suplente dos Conselhos de Administração da Brasilprev, fundo de previdência privada do Banco do Brasil, e da antiga Aliança do Brasil, atualmente BB Seguros. Os membros titulares nunca faltaram a uma só reunião de ambos os conselhos ao longo desses três anos, mas o rico dinheirinho público caiu na conta do ex-marido.
O Lauro, muito corretamente, conclui dizendo: “Receber esse dinheiro, ressalte-se, não é ilegal; é apenas imoral, dada a forma como conseguiu ser nomeado.”
O problema é que a imoralidade, há tempos, deixou de ser um problema para o PT.
Hoje, depois do aparelhamento do Estado com a cumpanherada, depois das alianças espúrias com Collor, Maluf, Renan Calheiros, Sarney, Jucá etc — o que de pior existe na política “deztepaiz” no Congresso, em governos estaduais e em prefeituras –, depois do estupro da conta bancária do caseiro Francenildo, depois dos mensaleiros quadrilheiros, depois do “caso Rose”, a imoralidade é a cara do partido.

O FUTURO PAPA: “Diante dos desafios que os céus turvos do nosso tempo infligem aos homens, que chefe [da igreja] conseguirá cumprir sua tarefa?”


 Tema Livre

Na noite do dia em que o papa anunciou sua renúncia, um raio atingiu a cúpula da Básílica de São Pedro (Foto: Filippo Monteforte / AFP)
Por Gilles Lapouge, correspondente doEstadão em Paris
Estupefação! O papa Bento XVI, esse homem tão discreto, tão racional e tão frágil, surpreende o mundo inteiro e desaparece repentinamente da nossa vista.
Após 28 de fevereiro, onde ele se encontrará? Talvez num mosteiro de sua terra natal, a Baviera, na Alemanha. Em todo caso, não será em Roma.
Uma decisão comovente, modesta, humana. Debilitado em consequência da idade, da doença, ele preferiu se afastar em vez se manter na função, uma vez que suas forças o abandonam.
As cruéis imagens do seu predecessor, João Paulo II, no fim da sua vida devem ter pesado na decisão de Bento XVI. Ele não queria oferecer aos fiéis, como fez João Paulo II, o espetáculo da sua infinita dor.
De uma certa maneira este papa tão discreto, tão pouco teatral, tão “conservador”, ao contrário de João Paulo II, terá concluído seu ministério com um gesto insólito e revolucionário: abandonando sua função de papa. É preciso de fato remontar séculos atrás para descobrir alguns precedentes.
Podemos citar Bento IX que abandonou o papado em 1045, mas neste caso ele tinha um motivo singular, pois amava uma mulher e pretendia se casar com ela. Mais tarde, em 1415, o papa Gregório XII se demite, mas era uma época muito particular: a Igreja vivia o drama do “grande cisma do Ocidente”. Havia um papa em Avignon; um segundo papa em Roma, enquanto, nos bastidores, um terceiro papa, um antipapa, manobrava. Gregório XII deixou o cargo para restaurar a unidade da Igreja, que não reconheceu o ato como renúncia.
Modelo do século 13. Na realidade conhecemos apenas um precedente da decisão do papa Bento XVI. Devemos remontar ao ano 1294. Celestino V, octogenário, assume o papado por alguns meses apenas, pois prefere se consagrar à meditação mística e se retira para um mosteiro.
Foi significativo, aliás, o fato de Bento XVI, em 2009, ao visitar o local atingido pelo terremoto em Áquila, nos Apeninos, ter se dirigido ao túmulo de Celestino V sobre o qual com frequência dizia que era um dos seus modelos.
Os bookmakers de Londres já abriram seus guichês.
E já circulam nomes para suceder Bento XVI. No momento duas regiões são cotadas: a África (com o nigeriano Francis Arinze e Peter Turkson, de Gana) e Itália (tendo entre outros o cardeal recentemente nomeado de Milão, Angelo Scola), mas os cardeais da América Latina, entre eles o de São Paulo, têm grandes chances, como também um canadense.
Não vamos fazer prognósticos além destes. Em primeiro lugar porque não sabemos nada.
E em seguida porque a vontade da Igreja é de preservar o segredo. O termo “conclave”, usado para designar a assembleia de cardeais de menos de 80 anos que formam o colégio eleitoral etimologicamente significa “Cum Clave”, ou seja “à chave”. Os cardeais são trancados na Capela Sistina até que um nome seja escolhido.
Esse isolamento tem razões históricas: em 1271, em Viterbo, na Itália, os cardeais não conseguiam chegar a um acordo quanto ao sucessor de Clemente IV. Então, os cristãos se enervaram.
E trancaram os cardeais a pão seco e água até chegarem a um consenso quanto a um candidato.
O novo eleito, Gregorio IX, achou o método excelente. E o transformou em norma, que vigora até hoje, com uma pequena nuance: os cardeais trancados na capela não estão mais condenados a pão seco e água.
Tarefa difícil. Seria o momento de fazer um balanço do pontificado de Bento XVI? Ser o sucessor de João Paulo II não era uma tarefa simples. E o frágil, tímido, introvertido, secreto Bento XVI não conseguiu apagar a memória deste atleta da fé, deste fulgurante tribuno que foi seu predecessor polonês.
Sem dúvida Bento XVI é um homem talhado para a meditação, o estudo, a teologia, a oração e a biblioteca e não para governar a Igreja num mar agitado, nestes tempos em que a fé sofre ataques vindos de todos os horizontes e quando se registra um recuo do cristianismo em vastas áreas do mundo, em particular na velha Europa que durante muito tempo foi um dos seus jardins – a França em primeiro lugar.
Bento XVI lutou com coragem. E precisou encontrar uma solução drástica para uma situação muito difícil que foram os escândalos de pedofilia em numerosas igrejas.
Diante do cisma dos fundamentalistas, tentou uma reconciliação com os seguidores do Monsenhor Marcel Lefèbvre. E, em 2007, chegou mesmo a liberar a missa em latim.
Em 2009 suspendeu a excomunhão de quatro bispos ordenados por Lefèbvre. Na ocasião, foi acusado de simpatizar com as posições do bispo. O que não era o caso, mas isso não importa. O essencial a seus olhos era restaurar o manto dilacerado da Igreja.
Resta a pergunta fundamental: Bento XVI estava pronto para pilotar a Igreja numa época em que a história devastada não é mais que uma sequência de violências inauditas e irracionais? Mas, diante dos desafios que os céus turvos do nosso tempo infligem aos homens, que chefe conseguirá cumprir sua tarefa?

O cotidiano pelo olhar hipperrealista de Andres Castellanos


Tema Livre

"Desnudo, Rubia, Palma" ou "Nua, Loira, Palma"
"Desnudo, Rubia, Palma" ou "Nua, Loira, Palma"
Por Rita de Sousa
Tranquilas, como deve ser a vida, as pinturas de Castellanos refletem a permanência das coisas, essa característica que nos consola, desafia, por vezes intimida. A beleza do corpo feminino, a areia da praia, o livro, mas também a lixeira na calçada e até a poluição: tudo está lá, enquanto a vida flui, pulsando, no livro da mulher, no voo dos pássaros, no balanço da saia…
Doutor em Belas Artes pela Universidade de Madri, da mesma cidade em que nasceu, Andres Castellanos , ganhador de vários prêmios pela sua obra, é copista no Museu do Prado.
Seus retratos e quadros mostram delicadeza mesmo quando retratam o cinza do céu das metrópoles, a fadiga estampada no olhar do cavalo, a árvore desnuda junto aos postes de luz.
Ele diz, em seu site: “A pintura é algo a que sempre volto”. Mas também pode ser que a arte, volta e meia, procure por ele.
"La Chica del lago" ou "A menina do lago"
"La Chica del Lago" ou "A menina do lago"
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"Bella de espaldas" ou "Bella de costas"
"Bella de Espaldas" ou "Bella de Costas"
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"Descansando en el sol" ou "Descansando ao sol"
"Descansando en el Sol" ou "Descansando ao Sol"
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"Blue Nude"  ou "Nudes azul"
"Blue Nude" ou "Nudez Azul"
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"Patrícia"
"Patrícia"
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"Mujer caminando" ou "Mulher caminhando"
"Mujer Caminando" ou "Mulher Caminhando"
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"Pieces" ou "Peças"
"Pieces" ou "Peças"
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"Arbol" ou "Árvore"
"Arbol" ou "Árvore"
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"Industria"
"Industria"
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"San Francisco" ou "São Francisco"
"San Francisco" ou "São Francisco"
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"Empire State"
"Empire State"
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"Lavapiés"
"Lavapiés"
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"Caballo Blanco" ou "cavalo branco"
"Caballo Blanco" ou "Cavalo Branco"
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Eis o artista
Eis o artista