terça-feira 15 2013

Foto 'impublicável' de Diana será leiloada nos EUA


Família real

Imagem flagra momento de intimidade com outro rapaz, dois dias depois de Palácio de Buckingham anunciar seu noivado com o príncipe Charles

Foto 'proibida' de Diana no colo de rapaz
Foto 'proibida' de Diana no colo de rapaz (Reprodução/RR Auction)
Uma foto da princesa Diana adolescente, inédita até agora, e que um tabloide britânico considerou impublicável na época, será leiloada nos Estados Unidos no final deste mês.
Bobby Livingstone, da empresa de leilões RR de Amherst (New Hampshire), informou que a foto pertence ao arquivo privado Caren Archive, que a adquiriu há sete anos ao comprar o acervo fotográfico do jornal britânico Daily Mirror.
A imagem em preto e branco mostra Diana, possivelmente em uma chalé de uma estação de esqui, lendo um livro e sorrindo para a câmera enquanto aparece recostada confortavelmente no colo de um jovem não identificado, aparentando a mesma idade.
Na janela, é possível ver uma garrafa de whisky Johnnie Walker, mas o mais intrigante é a legenda: "not to be published" (não publicar. Foi escrita com um marcador do tipo usado pelos editores de foto dos jornais da época. Na parte de trás, a fotografia traz a data de 26 de fevereiro de 1981 -  dois dias depois de o Palácio de Buckingham anunciar o noivado do príncipe Charles com a plebeia então conhecida como Diana Spencer.
Valores - Livingstone contou à agência AFP que a foto (de 20 x 25 centímetros) pode ser arrematada por cerca de US$ 1.000 (cerca de 2 mil reais), "mas por ter esta marca (não publicar), esperamos que chegue a muito mais".
"Ela captura o momento em que o noivado foi anunciado, dois dias antes, e a imprensa enlouquecia atrás de Diana. Mas o Daily Mirror não ia publicar esta foto dela em uma posição confortável com outro homem que não o príncipe Charles", afirmou Linvigstone.
Os lances na internet por esta e outras fotos, inclusive um raro retrato autografado do cientista Albert Einstein feito por um fotógrafo nova-iorquino, estarão abertos entre 17 e 24 de janeiro.
Morte - Diana morreu aos 36 anos em um acidente de carro em agosto de 1997, em Paris, um ano após de se divorciar do príncipe Charles.
(Com agência AFP)

Estudo revela mecanismo necessário para manter ereção


Saúde masculina

Até hoje, só era conhecida a forma como a ereção ocorria, e não o que levava à sua manutenção

Homem: Desvendado mecanismo que permite que o homem mantenha uma ereção
Homem: Desvendado mecanismo que permite que o homem mantenha uma ereção (Thinkstock)
Um estudo desenvolvido na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desvendou os processos químicos que levam um homem a manter uma ereção — até agora, só eram conhecidos os fatores que faziam com que o pênis ficasse ereto, mas não os necessários para mantê-lo dessa forma. Para os autores da pesquisa, publicada nesta semana no periódicoProceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), a descoberta abre portas para novas terapias capazes de ajudar pacientes que sofrem de disfunção erétil.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Cyclic AMP Dependent Phosphorylation of Neuronal Nitric Oxide Synthase Mediates Penile Erection

Onde foi divulgada: Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS)

Quem fez: K. Joseph Hurta, Sena F. Sezenb, Gwen F. Lagodab, Biljana Musickib, Gerald A. Rameauc, Solomon H. Snyderd e Arthur L. Burnettb

Instituição: Universidade Johns Hopkins

Resultado: Depois de liberar com estímulos físicos e do cérebro, ondas de óxido nítrico, o sistema nervoso cria uma cascata de substâncias químicas que são geradas com a ereção, fazendo com que a liberação do neurotransmissor continue por mais tempo.
De acordo com os pesquisadores, a liberação de óxido nítrico, um neurotransmissor produzido no tecido nervoso, provoca a ereção pois relaxa os músculos, permitindo que o sangue chegue ao pênis. "No entanto, nos sabíamos que esse era apenas um estímulo inicial. Por isso, queríamos descobrir o que permite que a ereção se mantenha", afirma o coordenador do estudo, Arthur Burnett.
Ao estudarem camundongos, Burnett e sua equipe descobriram que o sistema nervoso, depois de liberar com estímulos físicos e do cérebro ondas de óxido nítrico, produz uma cascata de substâncias químicas que são geradas com a ereção, fazendo com que a liberação do neurotransmissor continue por mais tempo, dentro de um modelo cíclico. 
Embora o estudo tenha sido feito com animais, Burnett afirma que a biologia básica da ereção é a mesma entre roedores e seres humanos. "Agora, vinte anos depois de descobrirmos a importância do óxido nítrico na ereção, sabemos que esse neurotransmissor inicia um sistema cíclico, que continua a produzir ondas do neurotransmissor", diz o pesquisador. "Foi uma viagem de vinte anos para completar a nossa compreensão desse processo. Agora, pode ser possível desenvolver terapias para melhorar ou facilitar o processo”, diz Solomon Snyder, que participou da pesquisa. 

Cansaço e stress no trabalho são as principais causas para a falta de desejo sexual masculino


Sexo

Segundo estudo europeu, problemas enfrentados no relacionamento, como brigas com a parceira, também contribuem para o problema

Sexo: Em pesquisa feita com mais de 5.000 homens, 14% deles afirmaram sofrer com falta de desejo sexual durante, ao menos, dois meses
Sexo: em pesquisa feita com mais de 5.000 homens, 14% deles afirmaram sofrer com falta de desejo sexual durante, ao menos, dois meses no último ano (Thinkstock)
O cansaço e o stress no trabalho são os principais fatores que podem prejudicar o desejo sexual masculino, apontou um novo estudo realizado na Europa. Por trás desses fatores, estão os problemas na relação, como brigas com a parceira ou a indisponibilidade do casal em dedicar-se ao relacionamento. A pesquisa, feita a partir de entrevistas com homens de diferentes países, como Portugal, Croácia e Noruega, foi divulgada nesta segunda-feira pela Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica.
Participaram desse levantamento 5.255 homens heterossexuais, que responderam a um questionário pela internet. Segundo os resultados, 14,4% desses indivíduos admitiram falta de desejo sexual durante pelo menos dois meses no último ano, o que gerou situações como ejaculação precoce ou, sobretudo, incapacidade para manter a ereção.
Período - Essa prevalência foi ainda maior, de 24%, quando a pesquisa olhou apenas para os homens de 30 a 39 anos de idade. “Esse período da vida é, geralmente, quando eles se casam, têm filhos, se divorciam ou realizam um maior investimento na carreira profissional. É uma época que concentra vários eventos estressantes”, afirma Ana Alexandra Carvalheira, presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica e coordenadora do estudo. Por outro lado, apenas 10% dos homens com mais de 60 anos reconheceram perda de interesse sexual, seguidos pelos indivíduos de 18 a 29 anos (16,7%), de 50 a 59 anos (21,4%) e de 40 a 49 anos (21,5%).
“Há vários mitos em relação a esse assunto, como o de que o homem está sempre pronto ou que tem mais desejo sexual que a mulher. Acreditamos nisso apesar de não haver avaliações científicas suficientes para confirmar a crença”, diz Ana Alexandra Carvalheira. A autora realizou o estudo junto com os pesquisadores Aleksandar Stulhofer, da Universidade de Zagreb, na Croácia, e Bente Traem, da Universidade de Oslo, na Noruega.

Saúde suplementar

225 planos têm venda suspensa a partir desta 2ª

Segundo a ANS, as empresas não poderão comercializar os convênios por três meses. Se exigências não forem atendidas, punição pode ser prorrogada

Médicos
Médicos: os dez planos de saúde afetados pela paralisação em São Paulo ainda não enviaram proposta de negociação, diz sindicato (Thinkstock)
Começa a valer nesta segunda-feira a suspensão das vendas de 225 planos de saúde de 28 operadoras. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), do governo federal, que fez o anúncio na última quinta-feira, as companhias não poderão comercializar os planos por um prazo mínimo de três meses. Passado o período, se os convênios não restabelecerem os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde, a punição poderá ser prorrogada. Confira a lista dos planos cuja venda foi suspensa.
Ao todo, os planos reprovados pela ANS atendem 1,9 milhão de pessoas, o que corresponde a 4% dos clientes das operadoras brasileiras. A medida, contudo, não altera as regras para quem já é cliente dos planos. Os usuários poderão continuar fazendo o uso do convênio normalmente. As operadoras, no entanto, ficam proibidas de aumentar o número de beneficiários dos planos listados. O motivo da suspensão, de acordo com o Ministério da Saúde, é o descumprimento de prazos máximos para consultas, exames e cirurgias.

Leia mais:Planos que tiveram a comercialização suspensaOperadoras com planos suspensos e medidas administrativas adicionaisPlanos com comercialização reativada
Arte Veja
Tabela regras planos de saúde
Reincidência — Desde o início do monitoramento, em janeiro de 2012, essa é a terceira vez que o Ministério da Saúde aperta o cerco contra os convênios médicos, seguindo os critérios estabelecidos na Resolução Normativa 259 da ANS, que preveem fiscalização trimestral. Em julho do ano passado, 268 planos de 37 operadoras sofreram a suspensão de 90 dias por descumprirem o prazo mínimo de atendimento. Três meses depois, na avaliação seguinte,301 planos de 38 operadoras foram punidos pelo governo. Desse total, 223 já haviam sofrido suspensão em julho.
Em sua quarta avaliação, a ANS constatou uma diminuição no número de penalidades aplicadas. De outubro para cá, as operadoras suspensas passaram de 38 para 28, o que, na opinião do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reflete o efeito pedagógico da fiscalização. Ainda com base nos números de outubro, dessas 38 operadoras, 18 melhoraram os resultados e estão liberadas à comercialização. Outro efeito positivo apontado por Padilha é o aumento das reclamações. Entre o período de 19 de setembro e 18 de dezembro de 2012, a ANS contabilizou 13.600 manifestações de beneficiários pelo descumprimento dos prazos máximos estabelecidos, o que representa um aumento de mais de 30% em relação à última avaliação, em outubro. 
Penalidades — Das 28 operadoras, 16 seguem apresentando resultados negativos desde a primeira avaliação. A essas companhias, o governo vai impor medidas mais drásticas. Se, após notificadas, elas não apresentarem um plano de melhorias convincente em 15 dias, ANS irá indicar um diretor técnico para acompanhar os trabalhos de restabelecimento, feito por meio de aumento do quadro de funcionários e da ampliação de laboratórios e serviços. 
Já as outras 12 operadoras terão de assinar um termo de compromisso apresentando as melhorias, e serão submetidas a nova avaliação daqui a três meses. A Unimed-Rio entra como 13ª operadora suspensa. No entanto, ela não consta no cálculo do governo por ter suspendido as vendas de forma voluntária.
Além de correrem o risco de enquadrarem-se no chamado rito técnico (quando a ANS coloca um diretor técnico para acompanhar o trabalho dessas empresas), as operadoras que não cumprirem os prazos estarão sujeitas a multas que variam entre 80.000 reais e 100.000 reais. “O Ministério da Saúde sempre percebeu que as multas não eram eficazes. Por isso, decidimos mexer no bolso das operadoras, ao proibir novos clientes”, explicou Padilha. 

Presidente do CFM quer que médicos de planos de saúde cobrem por consultas


Saúde suplementar

Com isso, profissionais conseguiriam resolver o problema dos baixos honorários pagos pelas operadoras. O assunto, no entanto, ainda não foi discutido entre os integrantes do CFM

CFM: Presidente do órgão defende que médicos conveniados passem a cobrar por consultas. Dessa forma, planos de saúde cobririam apenas outros procedimentos
CFM: Presidente do órgão defende que médicos conveniados passem a cobrar por consultas. Dessa forma, planos de saúde cobririam apenas outros procedimentos (Thinkstock)
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto D’Ávila, quer que médicos de planos de saúde passem a cobrar seus pacientes pelas consultas. Dessa forma, ele explica, os profissionais se desvinculariam dos convênios para esse tipo de atendimento e o credenciamento passaria a valer apenas para outros procedimentos. A estratégia, uma forma de driblar os baixos honorários pagos pelas operadoras, porém, teria uma limitação: não poderia ser adotada por profissionais que atendessem nos hospitais dos planos de saúde ou por médicos contratados. O tema ainda não foi discutido entre integrantes do colegiado. “Mas estou divulgando a ideia. Meu sonho é que isso seja feito o mais brevemente possível”, diz.
D’Ávila considera um equívoco médicos aceitarem receber de 30 a 40 reais dos planos de saúde por consulta e, no atendimento particular, cobrar pelo menos 150 reais. “Os reflexos disso são evidentes”. O presidente ainda observa que a consulta de pacientes atendidos pelo convênio de saúde são muito rápidas e não ultrapassam 10 minutos. Já a consulta de um paciente particular pode durar, em média, meia hora. “Isso não é bom para o profissional, não é bom para o paciente”, diz.
O presidente do CFM diz não haver empecilho para que o descredenciamento para atendimento de consultas seja realizado. “Em boa parte dos casos, não há contrato entre operadora e prestador de serviço. Os termos são antigos, não foram renovados e, consequentemente, não têm validade”, afirma. 
Resposta — Arlindo Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que reúne as principais operadoras de planos de saúde, afirmou que médicos estão livres para pedir o desligamento do plano de saúde. “Ninguém os obriga a manter a ligação com a operadora”, afirma. Ele diz não temer que, com a recomendação, haja um descredenciamento em bloco. “A fila de médicos querendo entrar nos planos de saúde é certamente muito maior do que aquela de profissionais que pensam em se descredenciar. Seria mais correto eles adotarem essa medida do que organizarem suspensões temporárias de atendimento, como estão fazendo.”
Para Joana Cruz, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), médicos têm o direito de se descredenciar do plano a qualquer tempo. Ela avalia, no entanto, que a estratégia sugerida pelo presidente do CFM deixa evidente a turbulência nas relações entre operadoras e médicos. “A reivindicação da classe é justa. O problema é que consumidores estão arriscados a pagar um alto preço por esse embate.”
A sugestão apresentada pelo presidente do CFM, de que pacientes peçam o reembolso do valor da consulta às operadoras, não se aplica a todos os consumidores, observa. “Isso vale somente para quem tem planos de livre escolha. Os demais terão de ser atendidos por médicos de uma rede ofertada pelas operadoras.”” 
Em nota, a ANS afirmou que sua missão é regular as operadoras e fiscalizar os planos. “As operadoras são obrigadas a oferecer consultas aos beneficiários.”
(Com Estadão Conteúdo)

Morangos e mirtilos podem reduzir risco de ataque cardíaco em mulheres


Alimentação


Substância presente nessas frutas ajuda a dilatar as artérias e reduzir a formação de placas

Morangos e blueberries
Morangos e blueberries são ricos em flavonoides, composto com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias(Thinkstock)
Comer morangos e mirtilos (blueberries) pelo menos três vezes por semana pode diminuir o risco de ataque cardíaco em mulheres. No estudo, publicado nesta segunda-feira no periódicoCirculation, da Associação Americana do Coração (American Heart Association), pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e da Universidade da Ânglia Oriental, na Inglaterra, encontraram uma redução de quase um terço no risco de ataque cardíaco em mulheres que consumiam essas frutas regularmente.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: High Anthocyanin Intake Is Associated With a Reduced Risk of Myocardial Infarction in Young and Middle-Aged Women

Onde foi divulgada: periódico Circulation, da Associação Americana do Coração (American Heart Association)

Quem fez: Aedín Cassidy, Kenneth J. Mukamal, Lydia Liu, Mary Franz, A. Heather Eliassen e Eric B. Rimm

Instituição: Universidade Harvard, nos EUA e  Universidade da Ânglia Oriental, na Inglaterra

Dados de amostragem: 93.600 mulheres de 25 a 42 anos

Resultado: Mulheres que consumiam mais morangos e mirtilos (blueberries) apresentaram uma redução de 32% do risco de terem um ataque cardíaco.
A explicação seria o fato de que morangos e mirtilos contêm quantidades elevadas de flavonoides, composto com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que também pode ser encontrado em outras frutas, como uvas e amoras, e em legumes como a berinjela. 
Um tipo de flavonoide denominado autocianina (pigmento relacionado às cores vermelho, roxo e azul) pode ajudar a dilatar as artérias e reduzir a formação de placas responsáveis por reduzir o fluxo sanguíneo.
Pesquisa – O estudo foi realizado com 93.600 mulheres de 25 a 42 anos, que completaram questionários sobre seus hábitos alimentares a cada quatro anos, durante 18 anos. Nesse período, ocorreram 405 ataques cardíacos no grupo que participou da pesquisa.
As mulheres que consumiam mais morangos e mirtilos apresentaram uma redução de 32% do risco de terem um ataque cardíaco, em comparação com aquelas que consumiam essas frutas uma vez por mês ou menos – mesmo as que tinham uma dieta rica em outras frutas e verduras.




Para Eric Rimm, integrante do grupo de pesquisadores, esse resultado mostra que mudanças simples na alimentação podem ter impacto significativo na prevenção de doenças. O estudo, porém, não leva em consideração outros fatores de risco, como idade, pressão arterial, histórico familiar de ataque cardíaco, índice de massa corporal, exercícios e tabagismo.

Nos bastidores da ciência



Redes sociais

Durante a semana passada, vários cientistas tiveram um surto de honestidade e usaram o Twitter para contar detalhes de suas pesquisas que jamais entrariam nos periódicos científicos. O resultado, além de divertido, é revelador

Guilherme Rosa
cientistas
Os cientistas relataram métodos científicos pouco ortodoxos que não costumam ser divulgados junto com o resultado da pesquisas. (Thinkstock)
Um surto de sinceridade varreu a comunidade científica durante a semana passada. Normalmente, os periódicos científicos exigem uma postura impessoal, linguagem técnica e precisão absoluta para publicar um estudo. Por causa disso, dificilmente captam o que acontece de verdade nos laboratórios. Os trabalhos parecem ser feitos por seres geniais, incapazes de errar. Os cientistas, no entanto, resolveram quebrar esse véu de silêncio e mostrar as verdadeiras práticas por trás de suas pesquisas. No Twitter, eles criaram a hashtag  #overlyhonestmethods (métodos honestos demais, em inglês) e começaram a postar mensagens revelando o que deveria estar escrito em muitas pesquisas científicas se elas exigissem honestidade absoluta.
Tudo começou com duas postagens de uma neurocientista e blogueira conhecida apenas como @dr_leigh, publicadas na segunda feira. "Nós fizemos o experimento número 2 porque não sabíamos o que fazer com o resultado do experimento número 1 #overlyhonestmethods", escreveu.  Em seguida, postou: "A incubação durou três dias porque esse é o tempo pelo qual o estudante esqueceu o experimento na geladeira #overlyhonestmethods." Como se fosse uma verdade há muito tempo presa na garganta dos cientistas, o uso da hashtag explodiu, gerando milhares de mensagens na rede social.
Com isso, escancararam para o mundo o que antes era uma piada interna da comunidade científica. Algumas das postagens brincavam com a própria linguagem usada nas pesquisas, citando truques e macetes empregados para agradar os revisores e chamar atenção para a pesquisa. 
"Dois dias para isolar a proteína, cinco semanas para pensar em um hilário nome de duplo sentido para o gene."  

@drugmonkeyblog

"Nós usamos jargão em vez de inglês simples para provar que uma década de pós-graduação e pós-doutorado nos tornou espertos."

@eperlste

Imperfeições — Os tuítes serviram para mostrar que o trabalho científico nem sempre acontece de modo tão objetivo quanto o citado nos periódicos. Os experimentos, por exemplo, podem ter resultados diferentes do esperado, e a hipótese inicial tem de ser alterada. Os erros e os improvisos, muitas vezes, são mais importantes que os acertos. No entanto, as publicações costumam tratar o cientista como se ele tivesse domínio completo de todos os passos do experimento. "Ao publicar um artigo queremos parecer controladores totais do universo. Mas às vezes é o acaso que nos leva a descobrir algo que não estamos procurando", diz Leandro Tessler, professor do Instituto de Física da Unicamp.
"Queríamos saber o que aconteceria se fizéssemos X, só pela diversão. Grande explosão! Nós criamos a hipótese depois."

@BoraZ

"As fatias foram deixadas em um banho de formol por mais de 48 horas, porque eu as coloquei ali na sexta-feira e me recuso a trabalhar nos finais de semana."

@aechase

"As amostras foram preparadas por nossos colegas do MIT. Nós assumimos que não havia nenhuma contaminação porque, bem... eles são do MIT."

@paulcoxon

É claro que nem todas as histórias citadas aconteceram de verdade, mas são reveladoras das condições enfrentadas pelos pesquisadores em seu cotidiano. Os tuítes foram sintomáticos da falta de dinheiro para pesquisa, dos equipamentos defasados e do improviso generalizado — o que não impede o trabalho de ser feito. "Mesmo em laboratórios muito ricos, às vezes é mais prático usar material improvisado. As fitas dupla-face, por exemplo, são conhecidas como as melhores amigas do cientista ótico, pois ajudam a montar as diversas partes dos equipamentos", diz Tessler.
"Nós não lemos metade das pesquisas que citamos porque elas estão atrás de um paywall (sistema de assinatura de algumas publicações científicas)."

@devillesylvain

"Deveríamos ter feito mais experimentos, mas nosso financiamento acabou e publicamos o estudo mesmo assim."

@ScientistMags

"As amostras de sangue foram giradas a apenas 1.500 rotações por minuto porque a centrífuga fazia barulhos assustadores a velocidades maiores."

@benosaka

Demasiado humano — As mensagens também foram reveladoras da personalidade de alguns pesquisadores. Em vez de ser movidos pelos propósitos científicos mais nobres, eles também podem ser guiados pela inveja, ambição e mesquinharia — como qualquer ser humano. Isso acaba dificultando o trabalho em equipe.
"Nós decidimos dividir o papel de autor principal do estudo porque essa é uma decisão menos sanguinária do que duelar."

@eperlste

"Nós não demos a referência para determinada informação porque ela vem de uma pesquisa de nossos arquirrivais."

@AkshatRathi

"Eu usei estudantes como objetos de pesquisa porque os ratos são caros e costumamos ficar muito ligados a eles."

@oprfserious

Em vez de depor contra o método científico, o fenômeno #overlyhonestmethods pode ter ajudado o público a compreender o que, de fato, acontece nos laboratórios. Segundo Tessler, a cultura popular cultiva uma imagem equivocada dos pesquisadores. A ideia do cientista maluco, controlador, descabelado e genial surge da própria maneira de se ensinar ciência nas escolas. "Ao ler alguns livros didáticos de física, temos a impressão de que Isaac Newton formulou todas as suas teorias logo após sentir a maçã caindo em sua cabeça", afirma Tessler.
Com os tuítes, os cientistas mostraram que são pessoas comuns, passíveis de falhas, atos de egoísmo e até donos de algum sendo de humor. E essas características, ao invés de atrapalhar, podem ajudar a chegar a novas descobertas científicas. Não espere ver, porém, essa honestidade aparecer tão cedo nos periódicos científicos.

"Os cérebros foram removidos e dissecados, em média, em 58 segundos. Sabemos disso com essa precisão por causa de uma competição em nosso laboratório."

@SciTriGrrl

"Não sabemos como os resultados foram obtidos. O aluno de pós-doutorado que fez todo o trabalho abandonou os estudos para abrir uma padaria."

@MrEpid

"Não posso enviar os dados originais porque não me lembro o que significam os nomes dos meus arquivos no Excel."

@mangoedwards

"Os locais onde colhemos amostras coincidiram com resorts tropicais porque o trabalho de campo não precisa ser somente lama e agonia."

@Myrmecos

"Os dados usados estão velhos porque, no tempo entre escrever o trabalho e fazer a revisão, eu tive um filho."


http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nos-bastidores-da-ciencia

@researchremix