quarta-feira 27 2012

Sometimes when it rains

Denúncias voltam a complicar Perillo e Agnelo(VEJA)


Suspeita

Depoimento de jornalista à CPI do Cachoeira e revelação de novos áudios da Polícia Federal recolocam tucano e petista no centro das investigações

Gabriel Castro
O radialista Luiz Carlos Bordoni, durante seu depoimento a CPI: novas revelações complicam os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz
O radialista Luiz Carlos Bordoni, durante seu depoimento a CPI: novas revelações complicam os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz (Wilson Dias/ABr)
Há duas semanas, os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) e do Distrito Federal,Agnelo Queiroz (PT), saíram de seus depoimentos à CPI do Cachoeira com a impressão de que ficaram mais distantes das acusações que os ligavam ao grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira. Mas, depois desta quarta-feira, a suspeição sobre a dupla voltou a ganhar força.
Perillo foi atingido em cheio pelo depoimento do jornalista Luiz Carlos Bordoni, que prestou serviços para a campanha do governador e diz ter sido pago, via caixa dois, com recursos de empresas de Cachoeira. As afirmações indicam um elo concreto entre o contraventor e Perillo.

Bordoni afirmou ainda que o governador manteve vários encontros com Cachoeira, o que também desmente Perillo. E disse que o tucano mentiu quando disse à CPI que combatia com firmeza a exploração de caça-níqueis em Goiás.
Os tucanos tentaram desqualificar o denunciante, que já foi condenado por calúnia e, em seu depoimento à CPI, chegou a cair em contradição. Ainda assim, os efeitos políticos das declarações são inevitáveis: Bordoni trabalhou com Perillo em todas as eleições desde 1986, e sempre teve uma relação próxima com o governador: "Já fui peessedebista. Eu não queria estar aqui, mas fui obrigado a vir pelo seu companheiro, meu ídolo de ontem e hoje meu algoz", disse o depoente aos parlamentares tucanos.
PT - Agnelo Queiroz sempre teve um hálibi de peso; o de nunca ter se envolvido pessoalmente com o grupo de Carlinhos Cachoeira. O petista demitiu três subordinados flagrados em contato com o bando, inclusive o chefe de gabinete do governo. À CPI, disse que a quadrilha não conseguiu se aproximar do comando do governo. Mas os fatos podem indicar o contrário.
Um dos demitidos por Agnelo era Marcello de Oliveira, o Marcellão, assessor especial da Casa Militar. Conversas interceptadas pela Polícia Federal e divulgadas nesta quinta-feira pelo jornalO Estado de S. Paulo indicam que o governador, por meio de Marcellão, deu sinal verde para o avanço do grupo, que pretendia usar a Delta para se infiltrar no sistema de transporte público da capital.
"Tivemos uma reunião com o camarada lá ontem, o ‘xará’, eu e o Marcellão. Ele falou para avisar para você que quarta-feira está marcada a reunião. Se o assunto for ônibus, o governador quer fechar com a empresa. Se for outro assunto, ele está à disposição", diz o araponga Idalberto "Dadá" Matias de Araújo a Claúdio Abreu, então diretor da Delta no Centro-Oeste.
As conversas também dão conta de que o governador receberia Abreu e o então presidente da Delta, Fernando Cavendish, em um encontro: "Eu e o Fernando vamos estar amanhã com o governador. O negócio está marcado lá, amanhã à tarde, e parece que o governador mandou o homem pagar a gente", diz Abreu a um funcionário. O diálogo ocorreu em 28 de fevereiro. Nas primeiras horas do dia seguinte, a operação Monte Carlo desmontaria os planos da quadrilha de Cachoeira.

LUIS REPRESAS e SIMONE Feiticeira Show ao Vivo Campo Pequeno Portugal 2010

Será mesmo que a CPI encontrou “o” homem honrado?(VEJA)



O jornalista Luiz Carlos Bordoni, considerado pelo PT o homem-bomba contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), depôs hoje na CPI. Um flagrante fala um tantinho sobre o teor do seu depoimento: o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), aquele que foi promovido do Ministério das Relações Institucionais para o da Pesca e, dali, para a demissão, ria às escâncaras. Bordoni disparou a metralhadora contra Perillo, seu “amigo” (???) e se disse um homem honrado. Será mesmo?
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

Ser Poeta - Florbela Espanca - Cantado por Luís Represas

Cinco ônibus são queimados em 24 horas em São Paulo (VEJA)


Geral

 
27/06/2012 - 07:51


 

Nenhum dos ataques deixou vítimas. Os incêndios de coletivos aumentam a suspeita de uma ação comandada por criminosos ligados ao PCC

Ônibus que foi incendiado na avenida Antonelo da Messina, na Zona Norte de São Paulo, nesta terça-feira
Ônibus que foi incendiado na avenida Antonelo da Messina, na Zona Norte de São Paulo, nesta terça-feira (Mario Ângelo / AE)
Cinco ônibus foram queimados em São Paulo nas últimas 24 horas. Dois atentados a coletivo ocorreram na noite desta terça na região do Tremembé, Zona Norte da capital, na Avenida Antonelo da Messina e na Rua Alfazema. Outro foi registrado na Rua Brigadeiro Amilcar Veloso, no Sacomã, por volta da meia-noite. Nenhum dos ataques deixou vítimas. Os incêndios de ônibus aumentam a suspeita de uma ação comandada por criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). São ao menos oito casos desde o fim de semana.
Nos últimos 14 dias, seis policiais militares morreram durante a folga e bases da PM foram atacadas – ao todo, 40 PMs foram mortos neste ano. Em 2011, houve 47 assassinatos, sete em serviço. O governo estadual ainda não sabe se são fatos isolados ou ataques relacionados ao crime organizado.
No Tremembé, o primeiro coletivo, da viação Sambaíba, foi incendiado às 20h55, na altura do número 338 da Avenida Antonelo da Messina. Dois homens encapuzados, um deles armado, renderam o motorista e mandaram que os passageiros descessem. O condutor foi obrigado a atravessar o veículo na via. Os bandidos usaram álcool para atear fogo.
O segundo ônibus, da mesma empresa, foi atacado às 22h. A viação havia emitido um toque de recolher após o primeiro crime, ordenando que os coletivos voltassem para as garagens. O veículo da linha Santana/Vila Zilda estava no ponto final quando cinco homens, aparentando ser menores de idade, mandaram o cobrador e motorista descerem e atearam fogo no automóvel. No Sacomã, dois homens em uma moto azul jogaram um coquetel molotov no coletivo, às 23h.
Bloqueios - Quatro homens, um ocupando uma moto e três um Chevrolet Prisma, ambos roubados, foram detidos, no fim da noite desta terça-feira na Vila Zatt, região de Pirituba, na Zona Norte da capital, por policiais militares da 3ª Companhia do 49º Batalhão, auxiliados por policiais das Rondas Ostensivas com Auxílio de Motocicleta (Rocam).
Segundo a PM, o Prisma "dublê", assim chamado pois estava com placas iguais a outro veículo de mesma marca, modelo e cor, foi perseguido pelas motos da PM depois de furar um bloqueio que ocorria próximo à Rua Miguel de Castro. Em razão dos ataques a ônibus, a PM iniciou, na noite desta terça-feira, bloqueios de no máximo 20 minutos pela região. Pelo menos uma arma foi apreendida com os quatro suspeitos detidos. Todos foram encaminhados para o 33º Distrito Policial, de Pirituba.
Protesto - Usuários de ônibus das linhas operadas pela Viação Sambaíba, realizaram um protesto no início da madrugada desta quarta-feira, bloqueando a Avenida Cruzeiro do Sul junto à Rua Gabriel Piza, ao lado do Terminal de Ônibus de Santana, na Zona Norte. Dezenas de pessoas, cansadas de esperar pelos coletivos – retirados de circulação pela empresa em razão dos ataques, invadiram a avenida, mas foram retirados do local com a chegada de policiais militares. O jornalista Clélcio Miranda era um dos manifestantes. "Nós invadimos alguns ônibus para tentar forçar eles a sair", disse. "Como não adiantou, sentamos e bloqueamos a rua para demonstrar nossa insatisfação".
Liliane Aparecida, de 26 anos, contou que não tinha como voltar para casa, no Jardim Felicidade, na Zona Oeste de São Paulo. "Estou desde as 5h da manhã fora de casa", lamentou. "Eles não têm ônibus para levar trabalhador para casa". Ela disse ainda que a PM intimidou com ameaças verbais aqueles que protestavam. O capitão Paganoto, do 9º Batalhão da PM, afirmou que a polícia apenas fez o trabalho de desobstruir a via.
(Com Agência Estado)

DECLARAÇÃO FINAL CÚPULA DOS POVOS NA RIO+20 POR JUSTIÇA SOCIAL E AMBIENTAL EM DEFESA DOS BENS COMUNS, CONTRA A MERCANTILIZAÇÃO DA VIDA.



Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.
A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.
As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.
Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os
bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.
As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.
As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.
O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.
A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.
As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala comoprojeto contra-hegemonico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo
paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.
Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.
Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.
O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.
Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.
A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:
 Contra a militarização dos Estados e territórios;
 Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
 Contra a violência contra as mulheres;
 Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
 Contra as grandes corporações;
 Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
 Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
 Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
 Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
 Pela garantia e conquista de direitos;
 Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
 Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
 Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
 Pela democratização dos meios de comunicação;
 Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
 Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.
Em pé continuamos em luta!
Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

Última Carta de Olga Benario Prestes






“Queridos:
Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos. Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito de acordo com isso, mas logo nos entenderemos muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como o teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte. Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ia, mesmo se não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver me dado a ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz te sentes por nossa filha?
Querida Anita, Meu querido marido, meu garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que me esforço para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão porque se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte amanhã. Beijos pela última vez.

Olga Benario Prestes: um exemplo para os jovens de hoje



Olga Benario Prestes: um exemplo para os jovens de hoje

Hoje é 12 de fevereiro, Olga completaria 104 anos.


Anita Leocadia Prestes [*]

Olga por Portinari, 1945
Olga Benario Prestes nasceu em Munique (Alemanha) a 12 de fevereiro de 1908. Aos quinze anos de idade, sensibilizada pelos graves problemas sociais presentes na Alemanha dos anos de 1920, Olga viria a aproximar-se da Juventude Comunista, organização política em que passaria a militar ativamente. Aos 16 anos, apaixonada pelo jovem dirigente comunista Otto Braum, Olga sai da casa paterna e junto com o companheiro viaja para Berlim, onde ambos irão desenvolver intensa atividade política no bairro operário de Neukölln. Embora vivendo com nomes falsos, na clandestinidade, Olga e Otto acabam sendo presos em outubro de 1926. Ainda que Olga tenha ficado detida apenas dois meses, Otto permaneceu preso, acusado de “alta traição à pátria”. Em abril de 1928, Olga, à frente de um grupo de jovens comunistas, lidera assalto à prisão de Moabit para libertar Otto. A ação foi coroada de êxito total, pois além de o prisioneiro ter escapado da prisão de “segurança máxima”, Olga e seus camaradas conseguiram fugir incólumes. A cabeça de Olga é posta a prêmio pelas autoridades alemãs.

Tarefa internacional
Por decisão do Partido Comunista, Olga e Otto viajaram clandestinamente para Moscou, onde a jovem comunista de apenas 20 anos se torna dirigente destacada da Internacional Comunista da Juventude. No final de 1934, já separada de Otto, Olga recebe a tarefa da Internacional Comunista de acompanhar Luiz Carlos Prestes em sua viagem de volta ao Brasil, zelando pela sua segurança, uma vez que o governo Vargas decretara sua prisão. Prestes e Olga partiram de Moscou no final de dezembro de 1934, viajando com passaportes falsos, como marido e mulher, apesar de estarem se conhecendo naqueles dias. Durante a longa e acidentada viagem rumo ao Brasil, os dois se apaixonam, tornando-se efetivamente marido e mulher.

Em março de 1935, Prestes é aclamado, no Rio de Janeiro, presidente de honra da Aliança Nacional Libertadora (ANL), uma ampla frente única, cujo programa visava a luta contra o imperialismo, o latifúndio e a ameaça fascista, que pairava sobre o mundo e também sobre o Brasil. Prestes e Olga chegam ao Brasil em abril desse ano, passando a viver clandestinamente na cidade do Rio de Janeiro. O “Cavaleiro da Esperança” torna-se a principal liderança do movimento antifascista no Brasil e, assessorado o tempo todo por Olga, participa da preparação da insurreição armada contra o governo Vargas, a qual deveria estabelecer no país um governo Popular Nacional Revolucionário, representativo das forças sociais e políticas agrupadas na ANL.

Repressão e prisão
Com o insucesso dos levantes de novembro de 1935, desencadeia-se violenta repressão policial contra os comunistas e seus aliados. Em 5 de março de 1936, Prestes e Olga são presos no subúrbio carioca do Méier por ordem do famigerado capitão Filinto Muller, então chefe de polícia do governo Vargas. A ordem expedida aos agentes policiais era clara – a liquidação física de Luiz Carlos Prestes. No momento da prisão, Olga salvou-lhe a vida, interpondo-se entre ele e os policiais, impedindo o assassinato do líder revolucionário. Uma vez localizados e presos, Prestes e Olga foram violentamente separados. Ele, conduzido para o antigo quartel da Polícia Especial, no morro de Santo Antônio, no centro do Rio. Olga, após uma breve passagem pela Polícia Central, foi levada para a Casa de Detenção, situada então à rua Frei Caneca, onde ficou detida junto às demais companheiras que haviam participado do movimento da ANL.

Extradição
Prestes e Olga nunca mais se veriam. Em setembro de 1936, Olga, grávida de sete meses, era extraditada para a Alemanha hitlerista pelo governo de Getúlio Vargas. Junto com Elise Ewert, outra comunista e internacionalista alemã que participara da luta antifascista no Brasil, foi embarcada à força, na calada da noite, no navio cargueiro alemão “La Coruña”, viajando ilegalmente, sem culpa formada, sem julgamento nem defesa. O comandante do navio recebeu ordens expressas de cônsul alemão no Brasil para dirigir-se direto a Hamburgo, sem parar em nenhum outro porto estrangeiro, pois havia precedentes de os portuários franceses e espanhóis resgatarem prisioneiros deportados para a Alemanha, quando tais navios aportavam à Espanha ou à França. Após longa e pesada travessia, as duas prisioneiras foram conduzidas incomunicáveis para a prisão de mulheres de Barnimstrasse, em Berlim, onde Olga deu à luz sua fi lha Anita Leocadia, em novembro de 1936.

Numa exígua cela dessa prisão, submetida a regime de rigoroso isolamento, Olga conseguiu criar a fi lha até a idade de 14 meses, graças à ajuda, em alimentos, roupas e dinheiro, que recebeu da mãe e da irmã de Prestes. Ambas se encontravam em Paris dirigindo a campanha internacional de solidariedade aos presos políticos no Brasil. Com a deportação de Olga, a campanha se ampliara em defesa da esposa de Prestes e de sua filha. Várias delegações estrangeiras foram à Alemanha pressionar a Gestapo, obtendo afinal a entrega da criança à avó paterna – Leocádia Prestes, mulher valente e decidida, a quem o grande poeta chileno Pablo Neruda dedicou o poema Dura Elegia, que se inicia com o verso : “Señora, hiciste grande, más grande, a nuestra América...”

Assassinada numa câmara de gás
A campanha internacional, que atingiu vários continentes, não conseguiu, contudo, a libertação de Olga. Logo depois ela seria transferida para a prisão de Lichtenburg, situada a cem quilômetros ao sul de Berlim. Um ano mais tarde, Olga era confinada no campo de concentração de Ravensbruck, onde juntamente com milhares de outras prisioneiras seria submetida a trabalhos forçados para a indústria de guerra da Alemanha nazista. A situação de Olga seria particularmente penosa, pois carregava consigo duas pechas consideradas fatais – a de comunista e a de judia. Em abril de 1942, Olga era transferida, numa leva de prisioneiras marcadas para morrer, para o campo de concentração de Bernburg, onde seria assassinada numa câmara de gás.

O exemplo
Olga, segundo os depoimentos de todos que a conheceram e conviveram com ela, nunca vacilou diante das grandes provações que teve que enfrentar. Até o último dia de sua trágica existência, manteve-se firme perante o inimigo e solidária com as companheiras. Ao despedir-se do marido e da filha, antes de ser levada para a morte, escreveu: ”Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo”; “até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver” .

A vida e a luta de uma revolucionária como Olga, comunista e internacionalista, não foi em vão; seu heroísmo serve de exemplo e de inspiração para os jovens de hoje.

Leia a última carta de Olga: www.cecac.org.br/MATERIAS/100anos_Olga_carta.htm

[*] Professora do Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ e Presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.

O original encontra-se em www.brasildefato.com.br

OLGA


008 - “OLGA”
Camila Morgado e Rita Buzzar 

Maior sucesso atual do cinema brasileiro, “Olga”, dirigido por Jayme Monjardim estreou fazendo no primeiro final de semana público superior a outro sucesso recente, “Cazuza, o tempo não pára”, de Sandra Werneck e Walter Carvalho.
 Adaptação cinematográfica do arrebatador livro homônimo do jornalista Fernando Morais, “Olga” marca a estréia em longa-metragem de Jayme Monjardim, diretor de novelas de sucesso na extinta Rede Manchete, “Pantanal”, e na Globo, “O Clone”.  Tanto por trás de “Cazuza, o tempo não pára” como em “Olga”, está o braço da produtora Globo Filmes, e por isso, além do sucesso dos dois filmes, a semelhança no tom televiso dado às obras.
 Se em “Cazuza, o tempo não pára” Werneck e Carvalho optaram por uma estética um tanto suja para narrar a vida do polêmico roqueiro, e em “Olga” Monjardim adotou a clássica, o que se vê em comum nos dois títulos é a simplificação do objeto focado. Em “Cazuza” quase não se acrescenta nada ao já sabido, mas os diretores alegaram que há uma nova geração que não conheceu de perto o poeta do rock.
 Já em “Olga” a simplificação fica mais exacerbada, pela opção da roteirista, e também produtora, Rita Buzar, e do diretor Jayme Monjardim de focar a história de Olga Benário pelo viés particular, privado, deixando, em segundíssimo plano, o contexto histórico. Como está registrado na história e no belo livro de Morais, Olga é uma judia alemã que adere com paixão ao comunismo, sai da Alemanha nazista para a Rússia, onde integra a Juventude Comunista e faz treinamento militar para se tornar uma revolucionária. Designada pelo Regime, ela é enviada para o Brasil acompanhando e protegendo o líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes, em sua missão de fazer uma revolução comunista em solo brasileiro.
 Durante a jornada os dois se apaixonam, vivem o fracasso da tentativa da revolucão no Brasil em 1935, sendo ele preso e ela, por fim, enviada por Getúlio Vargas grávida à Alemanha de Hitler. Meses depois de dar à luz a filha Leocádia, Olga é enviada para um campo de concentração, Ravensbruck, onde é executada na câmera de gás.
 Só que essas são as linhas gerais da história de Olga, já que toda essa trajetória está contextualizada em um dos momentos políticos mais efervescentes do Brasil, como o Estado Novo, o Tenentismo e a Intentona Comunista.
 Para viver Olga Benário, Jayme Monjardim escalou a atriz Camila Morgado, revelada ao grande público na minissérie que dirigiu, “A Casa das Sete Mulheres”. Atriz de sucesso no teatro paulista, com passagens pelo teatro de Gerald Thomas e Antunes Filho, Camila Morgado é boa atriz e compõe com paixão a interpretação da revolucionária. Caco Ciocler como Luis Carlos Prestes, Floriano Peixoto como Filinto Muller e Luíz Mello como Leo Benário são as boas presenças entre o elenco masculino.
 Há tempos que se ouvia falar da adaptação cinematográfica de “Olga”, que seria vivida por Patrícia Pillar e dirigida por Luiz Fernando de carvalho. Olga parecia ser o papel da vida de Patrícia Pillar, tantas vezes confesso, mas que depois abandonou o projeto com a mudança da equipe. Camila Morgado, por sua vez, agarrou a personagem com disposição, realmente, uma das mais interessantes da história política brasileira, fazendo, inclusive, treinamento militar para dar verossimilhança a interpretação da personagem.
 Fernanda Montenegro, que parece de vez apaixonada pelo cinema, já que anda fazendo um filme atrás do outro, faz a mãe de Prestes, Dona Leocádia, e Mariana Lima a irmã, Lígia. No elenco feminino, as boas presenças de Eliane Giardini como Eugenie, mãe de Olga; Jandira Martini, como Sarah, companheira de Olga no campo de concentração; Renata Jesion, como Sabo, militante comunista torturada pela ditadura e enviada para a Alemanha; Milena Toscano como Hannah, a revoltada jovem do campo de concentração; Sabrina Greve como Elza, executada pelo partido comunista; Maria Clara Fernandes como Carmen, militante torturada pela ditadura e Leona Cavalli como Maria.
 No extenso elenco feminino, Fernanda Montenegro mostra o talento de sempre e faz belo contraponto com a dura personagem de Eliane Giardini. Jandira Martini, que seqüestra nosso olhar em qualquer trabalho em que atua, empresta doçura na medida certa para Sarah. E Leona Cavalli, como Maria, reafirma-se como um dos maiores talentos de sua geração.
 “Olga” é a primeira produção e roteiro cinematográfico de Rita Buzzar, roteirista de novelas como “Amazônia”, na antiga Rede Manchete. Na ficha técnica, o ponto mais alto do filme, pela primorosa produção e recriação das locações, Alemanha, Rússia, Campo de Concentração, em pelo Rio de Janeiro, as presenças de Cláudia Braga – Direção de Produção; Tiza de Oliveira – Direção de Arte; Érika Lovisi – Cenógrafa; Marlene Moura – Maquiagem; Maria Lobo – Casting.
 ‘OLGA”, Brasil, 2004, 2h20, 14 anos. Direção: Jayme Monjardim; Roteiro: Rita Buzzar

http://www.mulheresdocinemabrasileiro.com/criticaOlga.htm

Making Of the Louis Vuitton Fall/Winter 2012-2013 Fashion Campaign

Justiça contra Dilma



Promoção de juízes
Está na pauta do STF de hoje um mandado de segurança das associações de juízes contraDilma Rousseff.  A reclamação diz respeito ao critério para a promoção de juízes nos tribunais federais.
As associações querem fazer valer a regra de que, ao ter o nome três vezes seguidas na lista de promoção – ou cinco vezes alternadamente – o juiz deve ser promovido.
Como Dilma está desrespeitando a regra, o caso foi parar no STF.
Por Lauro Jardim
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/judiciario/justica-contra-dilma/