segunda-feira 28 2012

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PF investiga sumiço de R$ 5 mil da casa da Moeda

Geral

Por AE
São Paulo - A Polícia Federal está investigando o desaparecimento de 100 notas de R$ 50,00 da Casa da Moeda, no Rio, segundo reportagem do Fantástico, da TV Globo, exibida neste domingo, 27. O sumiço aconteceu em 14 de janeiro de 2011, mas a PF só começou a atuar agora no caso e vai também investigar se ocorreram outros desvios.
O desaparecimento foi investigado por uma comissão interna da Casa da Moeda e ficou guardado em segredo por mais de um ano pela presidência da instituição. Sem descobrir onde foi parar o dinheiro sumido e sem ter certeza do que aconteceu no dia do desaparecimento, a comissão acabou sugerindo, em dezembro, o arquivamento do caso.
Segundo o superintendente da Diretoria de Administração e Finanças da Casa da Moeda, Álvaro de Oliveira Soares, que já ocupava o cargo quando as notas sumiram, a quantidade de cédulas desaparecidas foi pequena e que o processo é seguro. "O controle existe. Tanto que nós estamos falando de 100 cédulas em 4 bilhões, que é o programa anual desse ano. Se você tem um controle que detecta o desaparecimento de 100 cédulas num volume desses significa que você tem um controle e que esse controle é efetivo", acredita Álvaro de Oliveira Soares.
O delegado da PF, Victor Poubel, explicou que houve crime. "Fica solidamente provado que realmente houve a subtração e a prática do crime. Essa é a prova que a Polícia Federal precisa", afirmou. "Alguém subtraiu. Dinheiro não tem asa", acrescentou.
De acordo com o programa, o Banco Central, responsável por colocar o dinheiro em circulação, informou que essas notas são válidas e quem tem uma dessas cédulas não cometeu crime e ainda pode ajudar nas investigações. As notas de R$ 50 desaparecidas estão entre os números de sérieBA 27.787.201 e BA 27.787.300.

Brasil tem 700.000 famílias na extrema pobreza

Política

Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Wilson Dias/ABr)
Um ano atrás, o governo federal pôs em andamento uma operação para localizar os chamados miseráveis invisíveis do Brasil - aquelas famílias que, embora extremamente pobres, não estão sob o abrigo de programas sociais e de transferência de renda, como o Bolsa Família. Na época, baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu como meta encontrar e cadastrar 800 mil famílias até 2013. Na semana passada, porém, chegou à mesa da ministra Tereza Campello, em Brasília, um número bem acima do esperado: só no primeiro ano de busca foram localizadas 700.000 famílias em situação de extrema pobreza e invisíveis.
Considerando apenas o chefe da família, isso corresponde à população de João Pessoa (PB). Se for levada em conta toda a família, com a média de quatro pessoas, é uma Salvador inteira que estava fora dos programas.
O resultado da operação, conhecida como busca ativa, também surpreende pelas características dessa população: 40% das famílias invisíveis estão em cidades com mais de 100.000 habitantes.
Com o desdobramento e a análise das estatísticas, é provável que se constate que a maioria dos miseráveis invisíveis não estão nos grotões das regiões Norte e Nordeste, como quase sempre se imagina, mas na periferia dos centros urbanos.
"Estamos falando de famílias extremamente pobres que até agora não faziam parte do cadastro único do governo federal e por isso não eram vistas na sua integridade, de acordo com suas necessidades e carências", observa a ministra Tereza Campelo. "Podiam ter filhos na escola, mas não tinham acesso ao básico dos programas sociais, como o Bolsa Família, a tarifa social de energia elétrica e outras ações."
Para chegar a essas pessoas o ministério partiu do princípio de que, por algum motivo, elas não conseguiam chegar aos serviços de assistência social das prefeituras e pedir a inscrição no cadastro único. "Era preciso sair dos escritórios. Mobilizamos prefeituras, agentes de saúde, empresas de distribuição de energia elétrica", conta Tereza. "As prefeituras estão sendo remuneradas por esse trabalho."
(Com Agência Estado)
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/brasil-tem-700-mil-familias-na-extrema-pobreza 

Celso de Mello: se Lula ‘ainda fosse presidente, comportamento seria passível de impeachment’


Josias de Souza
Celso de Mello, decano do STF, reagiu com acidez à notícia de que Lula pressiona ministros do tribunal para adiar o julgamento do mensalão. “Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso”, disse ele. “Rompe todos os limites da ética.”
“Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que um chefe de Poder tenta interferir em outro”, acrescentou Celso de Mello.
O ministro falou ao reporter Rodrigo Haidar, da revista eletrônica Consultor Jurídico. Referia-se ao encontro que Lula teve com o colega Gilmar Mendes, em 26 de abril, no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, em Brasília.
Nesse encontro, segundo relatou Gilmar à Veja, Lula fez lobby em favor do adiamento da decisão do Supremo sobre o mensalão para depois das eleições municipais de outubro. Em troca, insinuou que poderia oferecer proteção ao interlocutor na CPI do Cachoeira.
Para Celso de Mello, trata-se de “um episódio anômalo na história do STF.” Acha que “a conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão de grave desconhecimento das instituições republicanas e de seu regular funcionamento no âmbito do Estado Democrático de Direito.”
Mais: “O episódio revela um comportamento eticamente censurável, politicamente atrevido e juridicamente ilegítimo”, declarou Celso de Mello. Por ora, Lula não se manifestou formalmente sobre a notícia tóxica. Mandou que sua assessoria negasse, mas disse que não irá se pronunciar. Gilmar confirmou a reportagem da revista. E Jobim negou que Lula tenha feito qualquer tipo de pressão.
Instado a comentar o fato, outro ministro do Supremo, Marco Aurélio Mello, ecoou o decano: “Não concebo uma tentativa de cooptação de um ministro. Mesmo que não se tenha tratado do mérito do processo, mas apenas do adiamento, para não se realizar o julgamento no semestre das eleições. Ainda assim, é algo inimaginável. Quem tem de decidir o melhor momento para julgar o processo, e decidirá, é o próprio Supremo”.
No sábado, Marco Aurélio já havia saltado da cadeira: “O Supremo não é sindicato”, ele dissera. Nesta nova manifestação, declarou que o tribunal não se move à base de pressões: “Julgaremos na época em que o processo estiver aparelhado para tanto. A circunstância de termos um semestre de eleições não interfere no julgamento. Para mim, sempre disse, esse é um processo como qualquer outro.”
De acordo com a notícia de Veja, corroborada por Gilmar, Lula revelou durante a conversa de abril a intenção de estender suas gestões protelatórias a outros ministros. Já teria conversado com José Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Pediria ao amigo e ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence para interceder junto à ministra Cármen Lucia.
Na opinião de Marco Aurélio, os desejos de Lula são pueris. “São suposições de um leigo achar que um integrante do Supremo Tribunal Federal esteja sujeito a esse tipo de sugestão.”
“A ministra Cármen Lucia atua com independência e equidistância. Sempre atuou”, afirmou Marco Aurélio. “E ela tem para isso a vitaliciedade da cadeira. A mesma coisa em relação ao ministro Ricardo Lewandowski. Quando ele liberar seu voto será porque, evidentemente, acabou o exame do processo. Nunca por pressão.”
Gilmar Mendes disse ter refutado a abordagem de Lula. Celso de Mello classificou a atitude do colega de “corretíssima”. Algo que “mostra a firmeza com que os ministros do STF irão examinar a denúncia na ação penal que a Procuradoria-Geral da República formulou contra os réus” do mensalão.
Dando de barato que Gilmar foi veraz em seu relato, Celso de Mello disse que Lula praticou “um gesto de desrespeito por todo o STF. Sem falar no caráter indecoroso é um comportamento que jamais poderia ser adotado por quem exerceu o mais alto cargo da República.”
Na sua opinião, foi “surpreendente essa tentativa espúria de interferir em assunto que não permite essa abordagem. Não se pode contemporizar com o desconhecimento do sistema constitucional do país nem com o desconhecimento dos limites éticos e jurídicos.”
A exemplo de Marco Aurélio, Celso de Mello também descrê da possibilidade de êxito de pressões do gênero. “Por isso mesmo, se mostra absolutamente inaceitável esse ensaio de intervenção sem qualquer legitimidade ética ou jurídica praticado pelo ex-presidente da República.”
“De qualquer maneira, não mudará nada”, prosseguiu Celso de Mello. “Esse comportamento, por mais censurável, não afetará a posição de neutralidade, absolutamente independente com que os ministros do STF agem. Nenhum ministro permitirá que se comprometa a sua integridade pessoal e funcional no desempenho de suas funções nessa ação penal.”
Assim, a despeito de considerar o episódio “negativo e espantoso em todos os aspectos”, Celso de Mello avalia que “servirá para dar relevo à correção com que o STF aplica os princípios constitucionais contra qualquer réu, sem importar-se com a sua origem social e que o tribunal exerce sua jurisdição com absoluta isenção e plena independência.”
http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2012/05/28/celso-de-mello-se-lula-ainda-fosse-presidente-comportamento-seria-passivel-de-impeachment/

Impostômetro atinge a marca de RS 600 bilhões

Impostos

Valor foi atingido três dias mais cedo que no ano passado

Reprodução do site www.impostometro.com.br Reprodução do site www.impostometro.com.br (Reprodução)
O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) alcançou na madrugada desta na segunda-feira a marca de 600 bilhões de reais em tributos federais, estaduais e municipais pagos pelos brasileiros desde o dia 1º de janeiro. O valor foi atingido três dias mais cedo que no ano passado.
Segundo a entidade, o ano de 2011 terminou com um total de 1,5 trilhão de reais em tributos pagos, recorde desde a criação do Impostômetro, em 2005. Para este ano, a previsão é de que a arrecadação chegue a R$ 1,6 trilhão de reais.
O presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato, afirma que houve uma desaceleração no ritmo de crescimento do pagamento de tributos pelos brasileiros.
"Embora reduzir impostos setoriais seja uma decisão positiva, ainda que paliativa, é preciso pensar também em reduzir os gastos dos governos para que sobre dinheiro para investir na infraestrutura e reduzir o custo Brasil, sem o que jamais seremos competitivos na guerra comercial que se trava hoje no mundo globalizado", afirma Amato, em nota distribuída à imprensa.
O Impostômetro foi lançado em 20 de abril de 2005. O levantamento considera os tributos arrecadados pelas três esferas de governo: impostos, taxas e contribuições, incluindo multas, juros e correção monetária.
(Com Agência Estado)
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/impostometro-atinge-a-marca-de-rs-600-bilhoes 

Brasil terá açúcar que não engorda e não provoca cáries

Açúcar

Já usado no exterior, poderá agora ser produzido nacionalmente graças a tecnologia desenvolvida pela Unicamp

Açúcar saudável: o produto criado pela Unicamp não engorda porque é formado por uma molécula grande que não pode ser degradada pelo organismo Açúcar saudável: o produto criado pela Unicamp não engorda porque é formado por uma molécula grande que não pode ser degradada pelo organismo (Antoninho Perri / Divulgação)
Ele não engorda, não provoca cáries e pode ser usado por diabéticos. É o açúcar FOS (sigla para fruto-oligossacarídeos), que passará a ser fabricado no Brasil graças a um novo modo de fabricação, desenvolvido por uma pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp).

Saiba mais

NIÓBIO
Minério usado em alguns tipos de aços inoxidáveis. O Brasil é o maior produtor desse minério no mundo. As suas jazidas estão mais concentradas no estado de Minas Gerais, na Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, próxima da região de Araxá, e no Estado do Rio de Janeiro, na Companhia Fluminense.
FOS
O esse tipo de açúcar é um fruto-oligossacarídeo, que não consegue ser metabolizado pelos seres humanos, como acontece com o açúcar comum, por ser formado por uma molécula muito grande e que precisa ser quebrada em partículas menores com enzimas específicas, não existentes no organismo humano. Os FOS não são tão doces quanto o açúcar de mesa (têm cerca de 60% da doçura da sacarose), porém são mais finos e mais brancos.
O açúcar FOS não engorda porque sua molécula é muito grande para ser quebrada pelo organismo. Ele é absorvido apenas pelos micro-organismos que vivem na parte final do intestino, daí seu papel probiótico. Ao ingerirem o açúcar, esses organismos crescem e ajudam no tratamento de algumas enfermidades, como problemas de absorção de cálcio, diabetes e câncer. Por causa do seu tamanho, o FOS também não consegue ser metabolizado pelos organismos que ficam alojados na boca e que causam a cárie e as placas dentárias.
O FOS já é conhecido e usado com maior frequência em países do hemisfério norte, inclusive em produtos voltados para diabéticos. No Brasil, seu consumo ainda é restrito. De acordo com Elizama Aguiar de Oliveira, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp e autora do estudo, é possível encontrar no Brasil alguns produtos que já contenham FOS. A variabilidade, no entanto, é pequena em função dos custos. Uma lata de leite em pó com FOS, por exemplo, tem preços entre 20 reais e 40 reais. "Se produzido nacionalmente, esses custos podem ser reduzidos", diz.
Tecnologia nacional — A metodologia desenvolvida por Elizama emprega uma liga de nióbio (um minério usado em alguns tipos de aços inoxidáveis) e de grafite para imobilizar a enzima que irá produzir o açúcar. Imobilizando a enzima nesse minério, evita-se que ela se dissolva e o resultado obtido é um xarope rico em oligossacarídeos, sacarose, frutose e glicose. Em seguida é feita a purificação, na qual os subprodutos são separados e os oligossacarídeos são encaminhados para o setor industrial, quando vários produtos com FOS poderão ser processados – como chicletes, balas, sorvetes e pães.
"Não existe contraindicação, o único cuidado é evitar o exagero no consumo, que pode causar cólicas e diarreias", diz Elizama. Segundo a pesquisadora, alguns estudos estimam que o ideal será um consumo máximo de 6 a 10 gramas do FOS por dia. "Mas essa quantia varia muito, depende da maneira que o organismo da pessoa responde ao produto", diz.
Matéria-prima — De acordo com a engenheira, mesmo com a riqueza de matéria-prima para o FOS no país, eles são pouco processados no Brasil. A maioria do que é hoje comercializado vem da Europa, do Japão e dos Estados Unidos, regiões onde os fruto-oligossacarídeos são ingeridos de maneira mais variada. Nesses lugares, ele é empregado em produtos como chicletes, sorvetes, biscoitos, doces, sucos e na linha de alimentação infantil e animal.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/universidade-brasileira-cria-acucar-que-nao-engorda-e-nao-provoca-caries 

Na “Rádio do Moreno” – O desmentido de Jobim que vale por uma confirmação


Ao jornalismo, digamos, preguiçoso, basta reproduzir por aí: “Jobim nega que Lula tenha discutido mensalão com Gilmar”. E é claro que é chegada a hora de haver uma reunião entre  os editores e os diretores de redação para bater o martelo: “Vamos parar de enganar os leitores?” Jorge Moreno, de “O Globo”, que tem a página eletrônica Rádio do Moreno, é um repórter que sabe das coisas. Escreve um texto delicioso sobre as negativas de Nelson Jobim, segundo quem Lula jamais pressionou Gilmar Mendes. Ah, sim: Moreno lembra que o prazer do “repórter furado” é escrever o seguinte lead: “Fulano desmente…” Pois é! Reproduzo seu texto na íntegra.
Um fato e duas versões: Gilmar e Jobim
Um fato e duas versões. Em “furo” de reportagem, a Revista Veja revela um encontro de Lula com Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim em Brasília. A conversa foi tenebrosa, pelo que se lê na revista. Indignado com o assédio, Gilmar Mendes, num gesto de coragem, confirmou tudo à revista.
Pois bem, acabo de falar com o anfitrião do encontro, Nelson Jobim, que está neste momento passeando por uma feira em Itaipava, em companhia da mulher Adrienne e de amigos do casal. Jobim confirma o encontro, mas nega seu conteúdo. Eis o resumo do seu relato à Radio do Moreno;
Conteúdo da conversa: “Não houve nada disso do que a VEJA, segundo me informaram, está publicando. Estou aqui em Itaipava e soube desse conteúdo através de um repórter do Estadão, que me procurou há pouco. Portanto, estou falando sem ter lido a revista. Mas, posso assegurar que, se o conteúdo for mesmo esse, o de que Lula teria pedido a Gilmar para votar no mensalão, não é verdade. Quem tocou no assunto mensalão fui eu, no meio da conversa, fazendo a seguinte pergunta: ‘Vem cá, essa coisa do mensalão vai ser votada quando?’. No mais, a conversa girou sobre assuntos diversos da atualidade.”
Razão do encontro
“Desde que deixei o ministério, o presidente Lula tem me prometido uma visita. Três dias antes, a assessora Clara Ant me ligou dizendo que o presidente Lula iria a Brasília conversar com a presidente Dilma numa quarta-feira e que retornaria no dia seguinte, mas antes queria falar comigo. De pronto, respondi que o encontro poderia ser na minha casa, no meu escritório ou em qualquer outro lugar que o presidente quisesse. Lula optou pelo meu escritório, não só porque tinha prometido conhecê-lo, mas, também, porque fica perto do aeroporto. E assim ocorreu.”
Presença do Gilmar
“O Gilmar e eu estamos envolvidos num projeto sobre a Constituição de 88 e temos nos reunidos sistematicamente para tratar do assunto. Por coincidência, o Gilmar estava no meu escritório, quando o presidente Lula apareceu para a visita. Conversaram cerca de uma hora, mas só amenidades. Em nenhum momento, Lula e Gilmar conversaram na cozinha. Aliás, Lula não esteve na cozinha do escritório.”
Repercussões do fato
“Agora, não posso controlar as versões, especulações, que a mídia e as pessoas fazem desse encontro. Faz parte do jogo. O que eu posso dizer é que não houve nada disso.”
Diante do relato de Jobim, eu, como repórter crédulo, diante de fonte tão idônea, poderia me dar por satisfeito e fazer um texto jornalisticamente convencional, tipo ” Jobim nega pressão de Lula” ou, como nós furados gostamos de fazer, com muita satisfação: “Jobim DESMENTE a VEJA”.
Mas, durante a conversa, eu notei a voz estranha do Jobim. Ele estava cumprindo um rito, um protocolo, um dever de anfitrião de evitar mais constrangimento a si e a outros atores do espetáculo. Os bons repórteres, como os meninos da Veja, [Otávio|Cabral à frente, são uma espécie de Eike Batista às avessas: “Vazou, furou”. Com a notícia na rua, o encontro secreto de Jobim, que tinha um propósito, pode ter outro, o de tentativa de coação de juiz ou coisa que valha. Seria coerção? sei lá.
Nelson Jobim, meu velho amigo de guerra, não ia me deixar na mão. Repito: como anfitrião, não poderia confirmar o escândalo. Mas me deu uma pista através de um controvertido depoimento. Inicialmente, me disse que a presença de Gilmar foi mera coincidência, do tipo “Ah, eu estava passando por aqui…”. Só que o próprio Jobim deixou escapar que o encontro fora marcado com três dias de antecedência. Logo, Gilmar sabia que, naquele horário daquela quinta-feira, Jobim estaria recebendo Lula. Então, não foi surpresa nem coincidência coisa nenhuma!
E deixo pra botar no pé, o fim do mistério. Amiga minha, de Diamantino (MT), terra de Gilmar Mendes, a meu pedido, localiza Gilmar. E se atreve a perguntar se era tudo verdade:
“Claro que é! Eu mesmo confirmei tudo à revista.”
Texto publicado originalmente às 2h25
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/na-%E2%80%9Cradio-do-moreno%E2%80%9D-%E2%80%93-o-desmentido-de-jobim-que-vale-por-uma-confirmacao/ 

O diplomata e o monopólio da ofensa e do direito de se sentir ofendido. Não aqui! Ou: A candura que relincha ou o cinismo que sibila


Vamos lá… Ô madrugada animada. Vamos botar algum barulho no silêncio. Recebi algumas mensagens indignadas de amigos do diplomata Alexandre Vidal Porto e de militantes ou simpatizantes da causa gay. O mais impressionante, o mais estupefaciente, o mais espantoso é que me acusem, vejam vocês!, de tê-lo agredido. Talvez fosse uma falha terrível, indesculpável mesmo, da minha formação intelectual. Mas o fato é que eu nunca tinha ouvido falar dele, não sabia que existia. Passou a ser uma realidade pra mim quando enviou um comentário me acusando de má-fé e chamando os leitores deste blog de “cambada”. E eu respondi. Qual é a reclamação?
Há leitores desde blog que são gays e héteros, homens e mulheres, brancos, mestiços, pretos, corintianos, palmeirenses, flamenguistas, vascaínos, de direita, de centro e, como todos sabemos muito bem, de esquerda também. Não há um só desses grupos que forme, para mim, uma categoria de pensamento. Eu não reconheço como legítimas essas clivagens quando o assunto é política — tema de que principalmente me ocupo aqui. Mas não só isso: não só não reconheço como combato as correntes de pensamento que pretendem que esses temas — que Marina Silva, por exemplo, gosta de chamar de “transversais” — tomem o lugar de valores que considero universais, vale dizer: que interessam a gays, héteros, homens, mulheres etc.
E não reconheço, sr. Vidal Porto e senhores e senhoras amigos de Vidal Porto, porque costumam ser a porta para visões autoritárias ou totalitárias de sociedade. Tomem-se como exemplo, lá vamos nós, a tal lei que pune a chamada “homofobia” e proposta semelhante recentemente enviada ao Senado por uma comissão de juristas que elabora sugestões para a reforma do Código Penal. Os dois textos transformam em crime demitir ou deixar de admitir pessoas em razão da identidade de gênero, orientação sexual etc. É evidente que se vai abrir a porta para a falsa denúncia e que se trata de uma das chamadas discriminações positivas da lei destinadas a proteger um grupo supostamente vulnerável. O texto, se aprovado, vai proteger os gays? Pode é prejudicá-los. Os selecionadores tenderão a evitar a contratação de homossexuais, quando isso for mais ou menos evidente (e quero ver alguém conseguir provar que não foi admitido num emprego por causa de “preconceito”), para se precaver de eventuais problemas futuros. É o tipo de proteção que satisfaz os anseios do sindicalismo gay, militante, mas que pode criar dificuldades para os gays que não estão organizados numa “categoria” — a esmagadora maioria. Acabaria estigmatizando o grupo ao qual se pretendia conceder um privilégio.
Os tolos dizem: “O Reinaldo quer proibir…” O Reinaldo não quer proibir coisa nenhuma! Cada um diga o que acha justo e milite em favor da causa que considere consequente. Eu só me reservo o direito de dizer o que penso já que se trata de questões públicas, que dizem respeito à legislação. O fato de eu não reconhecer essas clivagens como categorias de pensamento não implica cerceamento do debate. Ao contrário: eu estou nele com uma opinião que não coincide com a de certa militância.
E é nesse ponto que o bicho pega. Por que o senhor Vidal Porto pensa que pode me ofender e aos meus leitores? Eu respondo: porque ele tem uma militância gay — ainda que distinta daquela levada adiante por grupos influentes — e parece achar que isso lhe confere licenças especiais. Só pode ser isso. Ou por que sairia por aí a ofender pessoas que nem conhece? Vidal Porto e seus amigos parecem achar que ele (ou eles…) tem o monopólio tanto da ofensa como do direito se sentir ofendido. E não tem. Eu não reconheço nem ao papa Bento 16 o direito de me atacar gratuitamente — o que ele certamente não faria. Mesmo Deus já cheguei a evocar em apostrofes atrevidas, nas pegadas de Padre Vieira: “Mas como permitis, Senhor, tal luta entre o Bem e o Mal?”.
É curioso que agora venha uma corrente mais ou menos organizada reivindicar o seu direito de entrar nesta página para atacar o autor do blog e também aqueles que o leem. E dizem, não sei se com a candura que relincha ou com o cinismo que sibila, que não permito o contraditório… Ora, a razão de ser de um blog é a leitura de mundo que faz o seu autor, a exposição e o exercício dos seus valores, a comunidade — sim! — que lhe dá vida. Um blog sem leitores, como é mesmo?, é “Avião sem asa, fogueira sem brasa, futebol sem bola, Amor sem beijinho, Buchecha sem Claudinho…” E vem o sr. Vidal Porto e aqueles que ele mobilizou (ou se mobilizaram por ele) atacar um e outros? Por que eu permitiria? Não mesmo!
Divergem do que penso sobre a tal lei da homofobia ou o kit gay? Tentem fazê-los indispensáveis sem, no entanto, a ofensa e  a desqualificação de quem pensa de modo diferente. Ou, pior ainda, o esforço para transformar a divergência numa caricatura. Até porque já defendi aqui pontos de vista polêmicos sobre o tema, contestados por muitos leitores. O mesmo aconteceu por ocasião da votação, no Supremo, da liberação com pesquisas de células-tronco embrionárias e da permissão de aborto de fetos ditos anencéfalos. Havendo respeito, a divergência tem curso — desde que correntes organizadas na Internet não tentem aparelhar o blog.
Ocorre que representantes de certos grupos não estão interessados em debater. Muito pelo contrário: basta-lhes satanizar o outro e tentar deslegitimá-lo como dono de uma opinião — a menos que esteja afinado com os valores de grupos militantes ou influentes. Ou o fato de alguém se considerar vítima (de preconceito ou outra coisa qualquer) ou eventualmente ser, de fato, vítima lhe confere o direito especial de ofender, agredir e, em muitos casos, transgredir as leis para realizar seus intentos?
Não só não devo desculpas ao sr. Vidal Porto, um servidor público que tem de respeitar um código de conduta, como acho que o devedor é ele. Quer me ofender, me atacar, me esculhambar, ele que o faça. Se e quando me der na telha e achar conveniente, respondo. Já o ataque aos leitores é intolerável. Trata-se de uma tentativa de criar um estigma. E quem o faz? Justamente aquele que, supõe-se, milita em favor do fim de estigmas.
Texto publicado originalmente às 2h51
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-diplomata-e-o-monopolio-da-ofensa-e-do-direito-de-se-sentir-ofendido-nao-aqui/ 

Como Collor escolhe seus alvos na CPI. Ou: O “Cavalcante” de sempre se ajusta aos petralhas cavalgados

 

O senador Fernando Collor (PTB-AL) tem uma sinceridade básica, não é? Ninguém tem o direito de suspeitar nada de bom.  VEJA publicou a entrevista com Pedro Collor, seu irmão, que denunciou algumas das falcatruas de seu governo, e o agora senador acabou impichado. Collor não tem dúvida: passa boa parte do tempo na CPI satanizando a revista. A subprocuradora-geral da Repúbica, Cláudia Sampaio, conduz ação criminal no Supremo contra o ex-caçador de marajás e atual caçador de jornalistas. E ele faz o quê? Transforma Cláudia e seu marido, o procurador-geral, Roberto Gurgel, em alvos de sua fúria.  Como se vê, é um homem que só pensa no bem de um país mental chamado… Collor!  Antes demônio das esquerdas, o senador é agora o queridinho dos petralhas e do JEG. Faz sentido! É o verdadeiro encontro, para lembrar um texto célebre, de um Cavalcante com os cavalgados. Leiam trecho de reportagem de Rubens Valente, na Folha.
*
Alvo do senador Fernando Collor (PTB-AL) na CPI do Cachoeira, a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio pediu a condenação do ex-presidente, em 2008, por supostos peculato, corrupção passiva e falsidade ideológica em ação no STF (Supremo Tribunal Federal). A denúncia do Ministério Público diz que Collor se beneficiou de esquema de “caixa dois” montado por membros de seu governo (1990-92) e empresas de publicidade. Procurado desde quinta, Collor não se manifestou. Ainda sem decisão final, o processo é um desdobramento das investigações que levaram ao impeachment do então presidente, em 1992.
Collor, hoje integrante da CPI do Cachoeira, tem sido duro crítico do papel da Procuradoria Geral da República. Anteontem, disse ter havido “atuação criminosa” do procurador-geral, Roberto Gurgel, marido de Cláudia. Em 2009, Gurgel recebeu da Polícia Federal indícios da ligação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) com Cachoeira. Porém, não abriu inquérito, decisão comunicada à PF por Cláudia. Após a instalação da CPI, Collor apresentou requerimento para que a subprocuradora compareça à CPI para “dar explicações”. Cláudia teve papel decisivo na investigação contra Collor no Supremo. Por duas vezes, decidiu manter o inquérito ativo. A investigação foi aberta em 93. Em 2000, o ex-presidente foi denunciado pelo Ministério Público Federal de Brasília, tornando-se réu.
Contudo, Collor foi eleito senador em 2006 e adquiriu foro privilegiado, o que paralisou o processo. No ano seguinte, Cláudia opinou pela “reautuação” do caso no STF. Segundo o Ministério Público, donos de agências de publicidade faziam depósitos numa conta administrada por pessoas ligadas a Cláudio Vieira, chefe do gabinete de Collor na Presidência.
(…)
Texto publicado originalmente às 5h07
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/como-collor-escolhe-seus-alvos-na-cpi-ou-o-%E2%80%9Ccavalcante%E2%80%9D-de-sempre-se-ajusta-aos-petralhas-cavalgados/ 

PSDB quer interpelar Lula sobre cerco ao STF


Na VEJA Online:
O PSDB estuda formas de interpelar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem, diretamente ou com ajuda de interlocutores, cobrando de ministros do Supremo Tribunal Federal o adiamento do julgamento dos acusados de envolvimento no escândalo do mensalão - que colocará no banco dos réus figuras de destaque do PT. Setores do partido discutem se a melhor formar de inquirir o petista é na Justiça ou convocando-o para depoir na CPI do Cachoeira. A estratégia será definida nesta segunda-feira, véspera da sessão da CPI em que pode ser decidida a convocação do governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB).
A ofensiva de Lula foi revelada por reportagem de VEJA publicada neste fim de semana. Em um dos episódios, Lula abordou diretamente o ministro do STF Gilmar Mendes. Em um encontro em Brasília, ocorrido no escritório do ex-ministro de governo e também do Supremo Nelson Jobim, Lula afirmou a Mendes que detém o controlo político da CPI e, em seguida, propôs um acordo: o adiamento do julgamento do mensalão para 2013 em troca da blindagem do ministro na CPI.
O ex-presidente insinuou que o ministro do Supremo teria viajado para a Alemanha com o senador Demóstenes Torres, cujas ligações com o contraventor Carlos Cachoeira são notórias, às custas do bicheiro. O ministro confirmou a realização da viagem, mas disse que bancou as despesas com dinheiro próprio e que tem como provar isso. “Vou a Berlim como você vai a São Bernando. Minha filha mora lá”, disse Mendes a Lula. Por fim, o ministro diz à reportagem de VEJA: “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula.”
À luz da reportagem, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) classificou, neste domingo, como graves as denúncias contra Lula. “Até amanhã (segunda-feira) a gente troca ideias sobre qual vai ser o procedimento. O que houve foi uma afronta a duas instituições: o Congresso e o Judiciário.”
Integrante da CPI, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) disse ter conversado com o líder do partido na Câmara, Bruno Araújo (PE), que lhe deu aval para defender a convocação de Lula na CPI. Nesta segunda-feira, a bancada tucana na Casa se reúne para fechar uma estratégia para o caso.
“A denúncia é gravíssima: um ex-presidente dizer que manda na CPI e usar isso para chantagear um ministro do Supremo”, disse Francischini. “Se é mentira, o Lula tem de vir a público se explicar. É quase impossível um encontro fortuito entre duas autoridades desse porte”, acrescentou.
Texto publicado originalmente às 4h55
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/psdb-quer-interpelar-lula-sobre-cerco-ao-stf/ 

Comportamento de Lula é indecoroso, avaliam ministros

 Por Rodrigo Haidar, no site Consultor Jurídico:

“Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que um chefe de poder tenta interferir em outro”. A frase é do decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, em reação à informação de que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem feito pressão sobre ministros do tribunal para que o processo do mensalão não seja julgado antes das eleições municipais de 2012. “É um episódio anômalo na história do STF”, disse o ministro.
As informações sobre as pressões de Lula foram publicadas em reportagem da revista Veja deste fim de semana. Os dois mais antigos ministros do Supremo — além de Celso de Mello, o ministro Marco Aurélio — reagiram com indignação à reportagem. Ouvidos neste domingo (27/5) pela revista Consultor Jurídico, os dois ministros classificaram o episódio como “espantoso”, “inimaginável” e “inqualificável”.
De acordo com os ministros, se os fatos narrados na reportagem da semanal espelham a realidade, a tentativa de interferência é grave. Para o ministro Celso de Mello, “a conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão de grave desconhecimento das instituições republicanas e de seu regular funcionamento no âmbito do Estado Democrático de Direito. O episódio revela um comportamento eticamente censurável, politicamente atrevido e juridicamente ilegítimo”.
Já o ministro Marco Aurélio afirmou que pressão sobre um ministro do Supremo é “algo impensável”. Marco afirmou que não sabia do episódio porque o ministro Gilmar Mendes, como afirmou a revista Veja, tinha relatado o encontro com Lula apenas ao presidente do STF, ministro Ayres Britto. Mas considerou o fato inconcebível. “Não concebo uma tentativa de cooptação de um ministro. Mesmo que não se tenha tratado do mérito do processo, mas apenas do adiamento, para não se realizar o julgamento no semestre das eleições. Ainda assim, é algo inimaginável. Quem tem de decidir o melhor momento para julgar o processo, e decidirá, é o próprio Supremo”.
(…)
O ministro Celso de Mello lamentou a investida. ”Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso. Rompe todos os limites da ética. Seria assim para qualquer cidadão, mas mais grave quando se trata da figura de um presidente da República. Ele mostrou desconhecer a posição de absoluta independência dos ministros do STF no desempenho de suas funções”, disse o decano do Supremo.
Para Marco Aurélio, qualquer tipo de pressão ilegítima sobre o STF é intolerável: “Julgaremos na época em que o processo estiver aparelhado para tanto. A circunstância de termos um semestre de eleições não interfere no julgamento. Para mim, sempre disse, esse é um processo como qualquer outro”. Marco também disse acreditar que nenhum partido tenha influência sobre a pauta do Supremo. “Imaginemos o contrário. Se não se tratasse de membros do PT. Outro partido teria esse acesso, de buscar com sucesso o adiamento? A resposta é negativa”, afirmou.
De acordo com o ministro, as referências do ex-presidente sobre a tentativa de influenciar outros ministros por via indireta são quase ingênuas. “São suposições de um leigo achar que um integrante do Supremo Tribunal Federal esteja sujeito a esse tipo de sugestão”, disse. Na conversa relatada por Veja, Lula teria dito que iria pedir ao ministro aposentado Sepúlveda Pertence para falar com a ministra Cármen Lúcia, sua prima e a quem apadrinhou na indicação para o cargo. E também que o ministro Lewandowski só liberará seu voto neste semestre porque está sob enorme pressão.
Marco Aurélio não acredita em nenhuma das duas coisas: “A ministra Cármen Lúcia atua com independência e equidistância. Sempre atuou. E ela tem para isso a vitaliciedade da cadeira. A mesma coisa em relação ao ministro Ricardo Lewandowski. Quando ele liberar seu voto será porque, evidentemente, acabou o exame do processo. Nunca por pressão”.
O ministro Celso de Mello também disse que a resposta de Gilmar Mendes “foi corretíssima e mostra a firmeza com que os ministros do STF irão examinar a denúncia na Ação Penal que a Procuradoria-Geral da República formulou contra os réus”. Para o decano do STF, “é grave e inacreditável que um ex-presidente da República tenha incidido nesse comportamento”.
De acordo com o decano, o episódio é grave e inqualificável sob todos os aspectos: “Um gesto de desrespeito por todo o STF. Sem falar no caráter indecoroso é um comportamento que jamais poderia ser adotado por quem exerceu o mais alto cargo da República. Surpreendente essa tentativa espúria de interferir em assunto que não permite essa abordagem. Não se pode contemporizar com o desconhecimento do sistema constitucional do país nem com o desconhecimento dos limites éticos e jurídicos”.
Celso de Mello tem a convicção de que o julgamento do mensalão observará todos os parâmetros que a ordem jurídica impõe a qualquer órgão do Judiciário. “Por isso mesmo se mostra absolutamente inaceitável esse ensaio de intervenção sem qualquer legitimidade ética ou jurídica praticado pelo ex-presidente da República. De qualquer maneira, não mudará nada. Esse comportamento, por mais censurável, não afetará a posição de neutralidade, absolutamente independente com que os ministros do STF agem. Nenhum ministro permitirá que se comprometa a sua integridade pessoal e funcional no desempenho de suas funções nessa Ação Penal”, disse o ministro.
Ainda de acordo com o decano do Supremo, o processo do mensalão será julgado “por todos de maneira independente e isenta, tendo por base exclusivamente as provas dos autos”. O ministro reforçou que a abordagem do ex-presidente é inaceitável: “Confirmado esse diálogo entre Lula e Gilmar, o comportamento do ex-presidente mostrou-se moralmente censurável. Um gesto de atrevimento, mas que não irá afetar de forma alguma a isenção, a imparcialidade e a independência de cada um dos ministros do STF”.
Celso de Mello concluiu: “Um episódio negativo e espantoso em todos os aspectos. Mas que servirá para dar relevo à correção com que o STF aplica os princípios constitucionais contra qualquer réu, sem importar-se com a sua origem social e que o tribunal exerce sua jurisdição com absoluta isenção e plena independência”.
(…)
Texto publicado originalmente às 2h29
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/comportamento-de-lula-e-indecoroso-avaliam-ministros/ 

Lula começou a cometer erros em série e ainda arrastará o governo e o PT. Ou: Imprensa não se cala. Ou: Fim da linha para o golpismo lulista


Lula, cujos faro e habilidade política são sempre exaltados, e com razão!, tem cometido erros em série. O petismo os engole porque se criou o mito de sua infalibilidade. A do papa já foi contestada faz tempo. A do ApeDELTA, jamais! Mas cresce nos bastidores o bochicho de que ele anda um tanto descolado da realidade e que começou a ser também um peso.
A sua decisão de criar a CPI do Cachoeira com o propósito de pegar a oposição, o Supremo, a Procuradoria-Geral da República e, claro!, a imprensa nunca foi uma unanimidade no partido. Tampouco contou com o apoio entusiasmado dos aliados. O próprio governo Dilma considerou, desde sempre, que se tratava de uma turbulência inútil. Queria que tivessem curso as investigações da Polícia Federal e a punição dos políticos envolvidos com o esquema Cachoeira no âmbito do Congresso.
Mas Lula e José Dirceu estavam com a faca nos dentes e sangue nos olhos. Daí os vazamentos e, sobretudo, as mentiras em série plantados nos blogs sujos para tentar comprometer o jornalismo independente, o procurador-geral da República e ao menos um ministro do Supremo. Não se esqueçam de que as acusações infundadas contra Gilmar Mendes passaram a frequentar a esgotosfera.
Mas deu tudo errado. O procurador não se intimidou. Um ministro chantageado teve o descortino de comunicar a absurda abordagem de que foi objeto, e a imprensa que não foi alugada pelas verbas oficiais continuou a fazer o seu trabalho. Sim, em nove anos de governo, essa foi a vez em que se assistiu à ação mais virulenta, mais agressiva, mais boçal contra o jornalismo independente. E, a exemplo de outras vezes, deu tudo errado. A imprensa que se preza segue fazendo o seu trabalho e não se intimida.
Lula já deveria saber disso. Ele é cria da liberdade de imprensa, não o contrário. Ela não existe para servi-lo, mas ele a ela, já que se trata de um fundamento das democracias de direito.
Fim da linha para o golpismo lulista!
Texto publicado originalmente às 4h38
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/lula-comecou-a-cometer-erros-em-serie-e-ainda-arrastara-o-governo-e-o-pt-ou-imprensa-nao-se-cala-ou-fim-da-linha-para-o-golpismo-lulista/ 

STF tem de se reunir imediatamente para dar uma resposta à Nação. Ou: O que Lula fez dá cadeia! Chama-se “obstrução da Justiça”


O Supremo Tribunal Federal (STF) tem de fazer imediatamente uma reunião administrativa, dar consequência ao julgamento do mensalão, oferecer a ajuda que se fizer necessária ao ministro Ricardo Lewandowski — um dos que já foram assediados por Luiz Inácio Lula da Silva — e emitir um “Comunicado à Nação” rechaçando a tentativa do ex-presidente de chantagear, intimidar e constranger os ministros da corte suprema do país. Ou o tribunal se dá conta da gravidade do ato e do momento ou corre o risco de se desmoralizar.
Os jornalistas de política de Brasília não podem nem devem quebrar o sigilo de suas fontes, mas também eles têm uma obrigação institucional, com a democracia: revelar que sabiam, praticamente todos eles, do assédio que Lula fazia a ministros do STF. A história estava em rodas de conversa, em todos os cafezinhos, em todos os jantares, em todos os bares. O que não se tinha era a prova ou alguém que decidisse quebrar o silêncio, a exemplo de Gilmar Mendes. O ministro fez bem em comparecer ao encontro. Fez bem em ouvir o que ouviu. Fez bem em advertir o presidente do Supremo, o procurador-geral da República e o advogado-geral da União. Fez bem, finalmente, em confirmar a história que VEJA apurou e falar tudo às claras.
Ok, vá lá… Se Nelson Jobim nega que a história tenha acontecido, a imprensa tem de registrar. Mas há de buscar uma forma — como fez o repórter Jorge Moreno, de O Globo, de circunstanciar o desmentido — que, no seu texto, vale por uma confirmação. Afinal, se Jobim tivesse endossado a acusação de Mendes, ninguém menos do que o grande Lula estaria lascado. Aquilo a que se assistiu na sala do ex-ministro do STF e ex-ministro de Lula chama-se, entre outras coisas, “obstrução da justiça”, o que pode render, em caso de condenação, de um a quatro anos de cadeia, segundo o que caracteriza e prevê o Artigo 344 do Código Penal, a saber:
Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena — reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Única saída
Reflitam um pouco: a única saída que tem Lula é a negativa de Jobim. Sem ela, estaria obrigado, nesta segunda, a vir a público para, mais uma vez, pedir desculpas à nação — a exemplo do que fizera em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Lula, na sua ousadia tresloucada, ficou, se vocês perceberem, nas mãos de Jobim. Assim, vivemos essa realidade algo surrealista: Jobim nega, ninguém acredita, mas isso impede o agravamento da crise — ou, pensando bem, impede que a situação beire o insustentável. Não restaria outro caminho que não processar o ex-presidente da República.
O Supremo não pode se contentar com o que seria, então, uma mera guerra de versões e deixar tudo por isso mesmo. Até porque, reitero, É DE CONHECIMENTO DE CADA JORNALISTA DE BRASÍLIA A MOVIMENTAÇÃO DE LULA. Todos sabem que ele vem assediando os membros do STF. Nem mesmo o esconde. Os nomeados por ele próprio ou por Dilma, segundo seu discurso boquirroto, lhe deveriam obrigações — e não posso crer, escrevo sem cinismo nenhum, que ministros e ministras a tanto se prestem. Os que não nomeou estariam sujeitos a outra abordagem, como foi o caso de Gilmar, que assistiu àquilo que os dicionários definem como “chantagem”.
É chegada a hora de o Supremo Tribunal Federal deixar claro que não passarão. E tem de fazê-lo hoje.
Texto publicado originalmente às 4h02 
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/ 

Há 20 anos, o Brasil renunciava a Collor

26/05/2012 às 8:00 \ Política
Passeata de estudantes pedindo a saída de Collor, na avenida Paulista
Passeata de estudantes pedindo a saída de Collor, na avenida Paulista
Em sua edição de 27 de maio de 1992, VEJA publicou uma reportagem de capa com as denúncias de Pedro Collor contra seu próprio irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello. Em companhia da mulher, Maria Tereza, e de uma irmã, Ana Luiza, Pedro Collor deu uma entrevista de duas horas à revista. A mulher e a irmã de Pedro Collor foram testemunhas de suas declarações, e chegaram a colaborar em algumas respostas. “PC é o testa de ferro do Fernando”, afirmou Pedro a VEJA. ” O Paulo César é a pessoa que faz os negócios de comum acordo com o Fernando. Não sei exatamente a finalidade dos negócios, mas deve ser para sustentar campanhas ou manter o status quo“, prosseguiu. Nos quatro meses seguintes, a revista lançou mais catorze capas sobre o esquema de corrupção organizado pelo tesoureiro de campanha do presidente, Paulo César Farias, o PC. VEJA acompanha a trajetória de Collor desde 1989, quando o político apareceu pela primeira vez na capa da revista – e hoje é um dos principais alvos da artilharia do político contra a imprensa. Confira a seguir a ascensão e queda de Collor retratadas nas páginas de VEJA.
A inchada burocracia brasileira já era alvo das denúncias de VEJA havia muitos anos quando Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas, começou a combater a praga dos supersalários no funcionalismo de seu estado. Foi por causa dessas medidas de ajuste da máquina governamental que o político alagoano apareceu pela primeira vez na capa de VEJA, em 23 de março de 1988. A expressão “caçador de marajás” foi usada como um dos slogans de Collor nas eleições do ano seguinte, as primeiras diretas para presidente depois do regime militar.
Em disputa com Lula no segundo turno, Collor saiu vencedor. VEJA registrou o caráter acirrado da campanha em dezembro de 1989: “Collor – Vitória num país dividido”, dizia a chamada de capa sobre sua eleição. Instalado o novo governo, o país foi surpreendido com o mais traumático de todos os planos econômicos – aquele que confiscou a poupança e a conta-corrente dos brasileiros. O Plano Collor se mostraria um fiasco retumbante naquela que era sua principal missão, acabar com a inflação no Brasil.
Os seguidos fracassos na área econômica, acompanhados de trapalhadas políticas nos dois primeiros anos de mandato, colocaram o governo Collor na berlinda. Mas o pior ainda estava por vir. Em maio de 1992, VEJA publicou uma histórica reportagem de capa com as denúncias de Pedro Collor contra seu próprio irmão, o presidente Fernando.
Nos quatro meses seguintes, a revista lançou mais catorze capas sobre o esquema de corrupção organizado pelo tesoureiro de campanha do presidente, Paulo César Farias, o PC. Sua proximidade com Collor escancarou as portas para que ele se metesse em todos os cantos do governo, do Palácio do Planalto ao Banco Central, passando por diversos ministérios. PC nomeou, demitiu e influenciou as decisões do governo. Comandando um esquema de poder paralelo, traficou influência e desviou recursos públicos, como ficaria provado por uma série de documentos revelados por VEJA naquele tempo.
A população foi às ruas pedir a saída do presidente, enquanto o Congresso e o Judiciário (o Judiciário tb?) puseram-se à caça de Collor. Em 29 de setembro de 1992, Collor caiu. O “caçador de marajás” tornou-se o primeiro presidente da história política brasileira a sofrer um processo de impeachment.
A expulsão da “República de Alagoas” de seu paraíso terrestre, os cofres públicos, foi uma vitória da sociedade brasileira. A renúncia do presidente Fernando Collor e a subseqüente suspensão de seus direitos políticos pareciam a catarse perfeita depois de longo período de sofrimento. VEJA foi instrumental na higiene política que culminou com a saída de Collor. Até o impeachment, publicou dezenas de reportagens que expuseram as entranhas de uma capilar organização criminosa dedicada a pilhar as fontes de riqueza estatais e privadas do país. Para VEJA, 1992 foi “O ano glorioso em que nos livramos delle”. O Brasil nunca vira antes tamanha desfaçatez de homens públicos. Conseguiu livrar-se de um presidente corrupto, chefe de uma quadrilha que violava a Constituição e levava o país para o abismo.
O presidente deixou o Planalto em 2 de outubro, caminhando de mãos dadas com sua mulher, Rosane, entre uma multidão que vaiou até o casal entrar, pela última vez, no helicóptero presidencial. Em 29 de dezembro, para evitar o impeachment, Collor renunciou ao cargo momentos antes de o Senado julgá-lo culpado, cassando-lhe o mandato e os direitos políticos por oito anos, até o ano 2000. Passados mais de quatro anos da renúncia, o ex-presidente conseguiu defender-se em todos os processos e acabou livrando-se da cadeia.
Para Fernando Collor, seus amigos e sua família, os cinco primeiros anos após a renúncia foram de sofrimento e ostracismo. Sua mãe vegetou numa cama de hospital e faleceu sem recuperar a consciência. Seu irmão Pedro Collor, que o denunciara, morreu de um câncer no cérebro. Seu braço-direito, Paulo César Farias, fugiu do Brasil, voltou algemado e, em 1993, foi preso e condenado. Acabou assassinado no dia 23 de junho de 1996, em sua casa de praia em Maceió, ao lado da namorada, Suzana Marcolino.
Collor mudou-se para Miami com Rosane e lá ficou, em silêncio, até outubro de 1997, quando voltou ao Brasil para acompanhar o demorado julgamento de seu recurso ao Supremo Tribunal Federal. Ele esperava que o STF decidisse pela anulação do impeachment, e ele pudesse concorrer nas eleições presidenciais do ano seguinte. Em fevereiro de 1998, o Conselho do Contribuinte, em Brasília, anunciou que o ex-presidente havia sido liberado de um pagamento de 4 milhões de reais em impostos cobrados pela Receita Federal. Restou uma multa de 1 milhão.
Em 2000, Collor tentou em vão candidatar-se a prefeito de São Paulo. Dois anos depois, autorizado a retomar sua vida política, Collor queria espantar o passado e voltar à carreira pública. Candidato ao governo de Alagoas, chegou a ficar em segundo lugar na disputa, com 37% das intenções de voto. Mas o passado insistia em assombrá-lo. VEJA descobriu que Collor seria indiciado pela Polícia Federal pelo crime de evasão de divisas. Seria formalmente acusado de desembolsar 2,2 milhões de dólares para patrocinar uma farsa – o Dossiê Cayman, um conjunto de papéis forjados que atribuíam a quatro tucanos, FHC entre eles, a propriedade de uma conta bancária secreta no exterior.
Conseguiu, contudo, eleger-se senador por Alagoas em 2006. Em 2012, passados 20 anos do impeachment, Collor uniu-se aos radicais do PT – partido que ajudou a tirá-lo do poder – na tentativa de se vingar da imprensa. Para tanto, usou como palco a CPI instaurada no Congresso para investigar os tentáculos políticos de Carlinhos Cachoeira. A tentativa de achaque, contudo, foi rechaçada pelos demais membros da comissão. E tornou Collor alvo de duras críticas de seus pares.
http://veja.abril.com.br/blog/acervo-digital/politica/ha-20-anos-o-brasil-renunciava-a-collor/

QUE FIQUE CLARO! AVANÇO DE LULA SOBRE O STF É AINDA MAIS GRAVE DO QUE ESCÂNDALO DO MENSALÃO. É A MAIS GRAVE AGRESSÃO AO ESTADO DE DIREITO DESDE A REDEMOCRATIZAÇÃO. O DICIONÁRIO REGISTRA O QUE LULA TENTOU PRATICAR: “CHANTAGEM”!!!

27/05/2012
às 7:03
Caros, é preciso dar à iniciativa de Lula, de tentar encabrestar o Supremo (ver post na home), a sua devida dimensão. Espalhem a verdade na rede. Um ex-presidente da República, chefe máximo do maior partido do país  — que está no poder —, atuou e atua como chantagista da nossa corte suprema. Lula se coloca no papel de quem pode chantagear ministros do STF.
Nosferatu não quer largar o nosso pescoço e o do estado de direito! Chega, Nosferatu!  Vá militar no Sindicato dos Vampiros Aposentados!
Nosferatu não quer largar o nosso pescoço e o do estado de direito! Chega, Nosferatu! Vá militar no Sindicato dos Vampiros Aposentados!
A reportagem que VEJA traz na edição desta semana expõe aquela que é a mais grave agressão sofrida pelo estado de direito desde a redemocratização do país — muito mais grave do que o mensalão!!! Alguns setores da própria imprensa resistem em dar ao caso a sua devida dimensão, preferindo emprestar relevo a desmentidos tão inverossímeis quanto ridículos, porque se acostumaram a ter no país um indivíduo inimputável, que se considera acima das leis, das instituições, do decoro, dos costumes, do razoável e do bom senso. Quanto ao dito “desmentido” de Nelson Jobim, acho que o post publicado pelo jornalista Jorge Moreno (ver abaixo) fala por si mesmo.
Não há por que dourar a pílula. O que Lula tentou fazer com Gilmar Mendes tem nome nos dicionários: “chantagem”. O Houaiss assim define a palavra, na sua primeira acepção:
“pressão exercida sobre alguém para obter dinheiro ou favores mediante ameaças de revelação de fatos criminosos ou escandalosos (verídicos ou não)”.
Atenção, minhas caras, meus caros, para a precisão do conceito: “verídicos ou não”!!! No “Grande Dicionário Sacconi da Língua Portuguesa”, aquele que já registra o verbete “petralha”, lemos:
“Pressão que se exerce sobre alguém mediante ameaça de provocar escândalo público, para obter dinheiro ou outro proveito; extorsão de dinheiro ou favores sob ameaça de revelações escandalosas”.
Atenção para a precisão do conceito: “mediante ameaça de provocar escândalo público”. A questão, pois, está em “provocar o escândalo”, pouco importando se com fatos “verídicos ou não”.
Aplausos para o ministro Gilmar Mendes, que não se acovardou! É bom lembrar que, pouco depois dessa conversa, seu nome circulou nos blogs sujos, financiados com dinheiro público, associado à suposição de que teria viajado à Alemanha com o patrocínio de Carlinhos Cachoeira. Não aconteceu, claro! Mendes tomou as devidas precauções: comunicou o fato a dois senadores, ao procurador-geral da República e ao Advogado Geral da União. Poderia mesmo, dada a natureza da conversa e seu roteiro, ter, no limite, dado voz de prisão a Lula. Imaginem o bafafá!
Não é segredo para ninguém
As ações de Lula nos bastidores não são segredo pra ninguém. TODOS — REITERO: TODOS!!! — OS JORNALISTAS DE POLÍTICA COM UM GRAU MÍNIMO DE INFORMAÇÃO PARA SE MANTER NA PROFISSÃO SABEM DISSO! E sabem porque Lula, além de notavelmente truculento na ação política — característica que passa mais ou menos despercebido por causa de estilo aparentemente companheiro e boa-praça —, é também um falastrão. Conta vantagens pelos cotovelos. Dias Toffoli, por exemplo, é um que deveria lhe dar um pito. O ex-presidente e seus estafetas têm a pretensão não só de assegurar que ele participará do julgamento como a de que conhecem o conteúdo do seu voto.
Lula perdeu a mão e a noção de limite. Não aceita que seu partido seja julgado pelas leis do país, assim como jamais aceitou os limites institucionais nos quais tinha de se mover. Considera que a legalidade existe para tolher seus movimentos e para impedir que faça o que tem de ser feito “nestepaiz”.
Sua ação para encabrestar ministros do Supremo é, se quiserem saber, mais nefasta do que o avanço do Regime Militar contra o Supremo. Aquele cassou ministros — ação que me parece, em muitos aspectos, menos deletéria do que chantageá-los. O mensalão foi uma tentativa de comprar o Poder Legislativo, de transformá-lo em mero caudatário do Executivo. A ação de agora busca anular o Judiciário — na prática, o Poder dos Poderes.
Obrigação do Supremo
O Supremo está obrigado, entendo, a se reunir para fazer uma declaração, ainda que simbólica, à nação: trata-se de uma corte independente, de homens livres, que não se submete nem à voz rouca das ruas nem à pressão de alguém que se coloca como o dono da democracia — e, pois, como o líder de uma tirania.
Chegou a hora de rechaçar os avanços deste senhor contra as instituições e lhe colocar um limite. A Venezuela não é aqui, senhor Luiz Inácio. E nunca será! De resto, é inescapável constatar: ainda que haja ministros que acreditem, sinceramente e por razões que considera técnicas, que os mensaleiros devem ser inocentados, não haverá brasileiro nestepaiz que não suspeitará de razões subalternas. Pior para o ministro? Pode até ser, mas, acima de tudo, pior para o país.
Lula se tornou um vampiro de instituições. É um passado que não quer passar. É o Nosferatu do estado de direito!
Texto publicado originalmente às 5h36
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/que-fique-claro-avanco-de-lula-sobre-supremo-e-ainda-mais-grave-do-que-escandalo-do-mensalao-e-a-mais-grave-agressao-ao-estado-de-direito-desde-a-redemocratizacao-o-dicionario-registra-o-que-lula-t/