quinta-feira 03 2012

Relator dá aval para cassação de Demóstenes

Congresso

Humberto Costa (PT-PE) apresentou nesta quinta seu parecer preliminar sobre o caso. Abertura de processo no Conselho de Ética está marcada para terça

Gabriel Castro
Senador Humberto Costa, relator da representação contra Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética Senador Humberto Costa, relator da representação contra Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética (Dida Sampaio/AE)
O senador Humberto Costa (PT-PE), relator da representação contra o Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética, apresenta neste momento parecer favorável à abertura de processo disciplinar contra o colega por quebra de decoro parlamentar. O petista baseia sua posição em seis pontos que demonstrariam a culpa do ex-integrante do DEM. Três deles dizem respeito à conduta do senador: Demóstenes sabia das atividades criminosas do contraventor Carlinhos Cachoeira, atuou em defesa dos interesses da quadrilha no Congresso e quebrou novamente o decoro ao mentir em plenário, quando disse que não sabia da ligação de Cachoeira com o crime.
Outros três itens dizem respeito ao recebimento de vantagens indevidas: Demóstenes ganhou do contraventor um presente de casamento no valor de 30 000 reais, recebeu de Cachoeira um aparelho Nextel  habilitado no exterior e ainda utilizou uma aeronave providenciada pelo contraventor. Humberto Costa lembrou que, para a admissibilidade do processo, são necessários apenas indícios. "O próprio representado constrói o norte da admissibilidade desta representação, ao solicitar, no mérito, a produção de diversas provas que, a toda evidência, só podem ser realizadas no curso do processo disciplinar", diz ele.
Humberto Costa fez um histórico da atuação do parlamentar e resgatou discursos de Demóstenes para mostrar como ele usou o mandato para defender a legalização do jogo no Brasil: "O senador Demóstenes Torres, diferentemente do que ora afirma, possui posição favorável à legalização dos jogos de azar. Não se trata de conjecturas ou interpretações, é o que está literalmente escrito".
Preliminares - Além de dar sinal verde, no mérito, para as acusações contra o senador goiano, Humberto Costa também rejeitou pedidos preliminares apresentados pela defesa de Demóstenes, que pedia o arquivamento do processo e alegava que as provas da operação Monte Carlo contra ele são ilegais. "Os pedidos preliminares de suspensão do processo formulados pelo requerido (...) são manifestamente incabíveis", diz o parecer do petista. "Intencionalmente não usei as matérias jornalísticas e o conteúdo de gravação de processos que cursam sob segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal, para que ninguém viesse questionar o relatório", afirmou Costa.
O petista, entretanto, usa um artifício curioso para aproveitar em seu relatório, objetos das escutas obtidas pela Polícia Federal e divulgadas pelos meios de comunicação. "Embora, como já anteriormente declarado, este relatório não adote as matérias divulgadas na mídia como elementos de comprovação de  conduta – mesmo porque, também como já salientado, não se está tratando de matéria de prova – não há como afastar o fato de que a voz do senador é perfeitamente reconhecível nas conversações trazidas a público".
A representação contra Demóstenes foi apresentada pelo PSOL, que pede a cassação do parlamentar. O senador foi flagrado em ao menos 298 conversas telefônicas com Cachoeira. Nos diálogos, interceptados pela Polícia Federal, ele atua como uma espécie de sócio da quadrilha comandada pelo contraventor.
O senador goiano não compareceu à reunião do Conselho de Ética nesta quinta-feira. O advogado dele, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, esteve presente e voltou a questionar a validade das gravações que incriminam o senador: ele alega que elas exigiriam uma autorização do Supremo Tribunal Federal, já que o parlamentar tem foro privilegiado. "Entendo que se uma prova é ilegal, não pode ser usada em nenhuma instância", disse Kakay à imprensa.
Após a leitura do relatório, o representante de Demóstenes também afirmou que o voto de Humberto Costa extrapola os questionamentos apresentados pelo PSOL e pediu um prazo extra para defesa antes da abertura do processo: "Eu solicito que seja dado cinco dias de prazo para que eu possa me manifestar sobre esse voto, que não trata do cerne da representação.  Eu jamais conversei com o senador sobre 80% desse voto que está aqui", disse Kakay. O pedido foi negado pelo presidente do colegiado, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). ´"É preciso distinguir com competência a missão do poder Judiciário da missão do Conselho de Ética, e por isso alguns preciosismos jurídicos podem ser dispensados", concordou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
Rito - O parecer apresentado por Humberto Costa nesta quarta-feira é preliminar. Na próxima terça, o Conselho de Ética decidirá se acata a sugestão do relator. Só aí o processo de cassação estaria oficialmente aberto. Demóstenes teria um prazo de três dias úteis para apresentar sua defesa final (a defesa prévia foi entregue na semana passada), e depois o conselho daria a última palavra sobre o caso.
Se a decisão for favorável à cassação, como tudo indica, o processo seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Tanto no Conselho de Ética quanto na comissão, a votação é aberta. Se aprovada na CCJ, a matéria seguirá para o plenário, que decidirá o futuro de Demóstenes em votação secreta.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/relator-pede-cassacao-do-mandato-de-demostenes 

Corregedoria iniciará investigação sobre deputados

Congresso

Casa deve receber até quarta-feira material da Justiça sobre acusações contra três deputados ligados a Carlinhos Cachoeira

Gabriel Castro
O deputado Eduardo da Fonte: "Eu só posso me basear naquilo que é oficial" O deputado Eduardo da Fonte: "Eu só posso me basear naquilo que é oficial" (Reinaldo Ferrigno/Agência Câmara)
O corregedor da Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PP-PE), espera receber até quarta-feira os documentos sigilosos que podem incriminar os deputados Rubens Otoni (PT-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO), personagens do escândalo protagonizado pela quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Embora tenha recebido há mais de um mês as representações contra os deputados, o corregedor ainda aguardava o acesso às investigações: "Eu só posso me basear naquilo que é oficial", diz. Depois de receber os documentos, Eduardo da Fonte convocará a Comissão de Sindicância criada para analisar o caso. O grupo é composto por cinco deputados, e tem a missão de decidir se leva os casos ao Conselho de Ética ou arquiva as representações. Não há prazo para a conclusão da análise sobre as acusações.
O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) também é alvo de representação por seu envolvimento com o grupo de Cachoeira. Mas, no caso dele, o PSDB optou por levár-lo diretamente ao Conselho de Ética, sem passar pela Corregedoria.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/corregedoria-iniciara-investigacao-sobre-deputados 

De volta aos discursos, Lula evita falar sobre CPI do Cachoeira

Política

Em seminário do BNDES, no Rio, sobre investimentos na África, ex-presidente critica países ricos por sacrificar trabalhadores e países emergentes em tempos de crise

Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seminário "Investindo na Africa: Oportunidades, Desafios e Instrumentos para a Cooperação Econômica", no Rio O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante seminário "Investindo na Africa: Oportunidades, Desafios e Instrumentos para a Cooperação Econômica", no Rio (Ide Gomes/Folhapress)
De bengala e com a voz ainda frágil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou sua agenda pública, nesta quinta-feira, após o tratamento de um câncer na laringe, concluído em março. Ele participou da mesa de abertura do seminário 'Investindo na África: oportunidades, desafio e instrumentos para a cooperação econômica', na sede do BNDES, no Rio de Janeiro. O evento faz parte das comemorações pelos 60 anos do BNDES. Em um discurso de 20 minutos, intercalado por breves pausas para goles de água, Lula versou sobre as conquistas econômicas do seu governo, criticou os países ricos e defendeu a intensificação do comércio com a África. Se falou muito sobre econonima, calou-se sobre o noticiário político e, consequentemente, sobre a CPI do Cachoeira. Ele chegou acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral, que teve o nome envolvido no caso devido às relações pessoais com o empresário Fernando cavendish, dono da Delta Construções.

"Faz sete meses que não falo. Espero que não tenha desaprendido a falar. O discurso não é longo, mas vou ler devagar", anunciou o ex-presidente, que no mês passado foi obrigado a interromper um discurso durante uma inauguração em São Bernardo do Campo, após a voz falhar três vezes.

Dessa vez, Lula falou tudo o que quis. O ex-presidente atacou os países ricos, criticando as medidas de austeridade nos países europeus para conter a crise.

"A crise é respondida pelos países ricos sempre da mesma forma: com medidas de austeridade, como corte dos investimentos públicos, diminuição dos salários, demissões, corte dos benefícios dos trabalhadores e aumento da idade mínima para a aposentadoria. Pedem austeridade aos trabalhadores e governos dos países mais frágeis economicamente. Mas, ao mesmo tempo, aprovam pacotes e pacotes de injeção de recursos no sistema financeiro, justamente um dos setores responsaveis pela ciranda especulativa que causou a crise que vivemos desde 2008", disse. "Punem as vítimas da crise e distribuem prêmios para os responsáveis por ela. Há algo muito errado nesse caminho".

Lula ressaltou que, no atual contexto de crise internacional, é estratégico o estreitamento das relações comerciais entre Brasil e África. "Pela primeira vez na história, existe uma combinação do crescimento econômico da África e do Brasil. O Brasil, que hoje é a sexta economia do planeta, tem novas responsabilidades. Em lugar de ficarmos paralisados com a crise internacional, que não foi criada nem por brasileiros nem por africanos, precisamos estreitar nossos negócios. O Atlântico não mais nos separa, nos une nas mesmas fronteiras, nos banhamos nas mesmas águas", defendeu.

Para provar que apostar na África é um bom negócio, Lula recorreu aos números. "Em 2012 , haverá 25 eleições para o executivo e legislativo no continente africano. São povos que valorizam a democracia. É gratificante saber que o PIB da África cresce, há dez anos, a taxas robustas e, em 2012, deve crescer quase 6%. A classe média no continente já ultrapassa a marca de 300 milhões de pessoas. O númerode jovens nas escolas e nas universidades está crescendo. Mais de 430 milhões de africanos usam celulares e cerca de 100 milhões estão ligados à internet", disse.

Ainda de acordo com o ex-presidente, as exportações do Brasil para a África saltaram de 2,4 bilhões de reais, em 2002, para 12,2 bilhões de reais, em 2011. Já a corrente de comércio (soma das exportações e importações) saiu de 4,3 bilhões de reais, em 2002, para 27,6 bilhões de reais, no ano passado.

Além de Lula, a mesa de abertura do seminário contou com as presenças do governador do Rio, Sérgio Cabral, do prefeito Eduardo Paes, dos ministros Fernando Pimentel e Édison Lobão, do representante da embaixada do Zimbabué, Thomas Sukutai Bvuma, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

Na sexta-feira, Lula tem nova agenda no Rio. Ele receberá o título de doutor honoris causa de um grupo de universidades do estado do Rio, em solenidade que terá a presença da presidente Dilma Rousseff.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/de-volta-a-vida-publica-lula-evita-falar-sobre-cpi-do-cachoeira 

MPF acusa ex-diretor da Delta por fraude em licitação

Corrupção

Carlos Roberto Duque Pacheco conseguiu habilitar construtora para realização de contratos em GO, SP e DF por meio de documentos falsificados

Luciana Marques
A construtora Delta, empresa que está no centro das investigações da CPI do Cachoeira, acaba de ser envolvida em mais uma denúncia. O Ministério Público Federal (MPF) no Tocantins entrou com uma ação penal contra o ex-diretor da empreiteira Carlos Roberto Duque Pacheco, acusado de usar documentos falsos em um processo de licitação para limpeza urbana.
Segundo o MP, por meio da falsificação, a empresa conseguiu se habilitar e vencer licitações em âmbito nacional. A companhia firmou contratos, por exemplo, nos municípios de Anápolis (GO), Catalão (GO), Itanhaém (SP) e Palmas (TO). Há registro ainda de contratos no Distrito Federal.
Em 2009, Pacheco fraudou dois documentos para conseguir uma Certidão de Acervo Técnico (CAT), necessária para que a Delta pudesse concorrer na licitação. Foram falsificados o Atestado de Capacidade Técnica – que descreve serviços não executados pela empresa – e a Anotação de Responsabilidade Técnica. O Ministério Público encontrou um erro grosseiro: cada texto apresentou um valor diferente do contrato - um diz que ela custava cerca de 14,7 milhões de reais e, o outro, 11,5 milhões de reais.
Também constam erros como numeração em duplicidade, ausência de carimbos e de assinaturas. Carlos Roberto Duque Pacheco deve responder por uso de falso material e de falso ideológico.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/mpf-acusa-ex-diretor-da-delta-por-fraude-em-licitacao 

Escândalo da Delta dá munição aos adversários de Eduardo Paes

Rio de Janeiro

Ligação do prefeito candidato à reeleição com o governador Sérgio Cabral, amigo do dono da construtora que está no epicentro da CPI do Cachoeira, será explorada pelos concorrentes da oposição

Cecília Ritto
A presidente Dilma Rousseff com o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes, em inauguração de Clínica da Família, no Rio de Janeiro Sérgio Cabral, Dilma Rousseff e Eduardo Paes: o alinhamento que ajudou a eleger o prefeito agora será usado contra ele (Beth Santos/Divulgação)
"Os valores milionários das obras da Delta no Rio não estão apenas no governo Sérgio Cabral, mas no do Eduardo Paes também”,
A CPI do Cachoeira entra no cenário da pré-campanha como um fator de preocupação para PMDB e PT no Rio. O prefeito Eduardo Paes tende a sofrer abalos em seu favoritismo, saindo da zona de conforto, e tornando a campanha mais turbulenta do que se imaginava até então. A aposta da oposição é de que o alinhamento com o governador Sérgio Cabral, figura da maior importância para a eleição de Paes em 2008, possa agora tirar eleitores do prefeito. Os pré-candidatos ao Palácio da Cidade não falam abertamente em tentar usar o escândalo da Delta contra Paes, mas é evidente que esse momento surgirá no embate entre eles.

O ataque mais franco até o momento partiu do pré-candidato tucano à prefeitura, o deputado federal Otávio Leite. Foi ele quem preparou na terça-feira o requerimento pedindo para que Cabral fosse ouvido na CPI do Cachoeira. Mesmo com a decisão da CPI de deixar os governadores fora de seu alvo inicial, Cabral continua na mira. O PSDB tem reforçado o tom nacional que as campanhas a prefeito devem adotar. E, ao enfatizar no nível municipal a polarização entre PT-PMDB e PSDB, as suspeitas de irregularidades nos contratos da Delta com o governo Cabral se tornam um prato cheio para criticar a forma como os dois partidos vêm conduzindo o país, o estado e a cidade do Rio. Desde que Anthony Garotinho, ex-governador e atual deputado federal,a estreita relaçã divulgou vídeos e imagens que demonstram a estreita relação que Cabral e seus secretários têm com Fernando Cavendish,  voltaram à tona as suspeitas de irregularidades nos contratos da Delta com o governo do Rio e o possível favorecimento à empresa do amigo.

“As fotos revelam a inexistência de um padrão ético mínimo que deve ter um governante. Além disso, os valores milionários das obras da Delta no Rio não estão apenas no governo Sérgio Cabral, mas no do Eduardo Paes também”, diz Leite, que na semana passada entrou com representação no Tribunal de Contas da União para que fosse feita auditoria nos contratos da Delta com o governo federal no Rio. Um deles se refere à Transcarioca, da prefeitura, cujas obras foram abandonadas pela Delta após as notícias do envolvimento da empresa com Carlinhos Cachoeira.

O alinhamento entre os governos municipal, estadual e federal foi uma das principais bandeiras levantadas por Paes em sua primeira candidatura a chefe do executivo da cidade. Cabral e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçaram a importância de se ter um prefeito em sintonia com eles. A partir daí, todas as agendas de Lula no Rio ganharam esse tom. Não à toa o slogan do governo Cabral é “somando forças”. A fatura de tamanho entrosamento, no entanto, pode chegar quatro anos depois para Paes: sua imagem está intimamente associada à do governador.

É essa aposta que dá fôlego aos adversários. Outro pré-candidato é o deputado federal Rodrigo Maia, do DEM, que tem como vice a deputada estadual Clarissa Garotinho, filha do inimigo número um de Cabral. Para Maia, a dupla está em maus lençóis. “Há uma relação forte entre Cabral e Paes na cabeça do carioca. Para o eleitor é como se fossem um só. Acreditamos muito que essa aliança, de fato, gerou expectativa, mas não promoveu resultados para a cidade. Muita coisa prometida não saiu do papel”, afirma Maia.

Clarissa é a vice que mais deve aparecer na campanha. Ela, que não foge de um debate com seus adversários políticos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), acredita não ser necessário reforçar que Cabral e Paes estão no mesmo barco. “Isso envolvendo Cabral vai afetar Eduardo Paes, não por uma conexão que a oposição tente fazer. Eles sempre estiveram juntos. O que um faz ajuda ou prejudica o outro. O secretário de urbanismo do prefeito Eduardo Paes, Sérgio Dias, foi fotografado (em Paris com Cabral, secretários estaduais e Cavendish) participando da farra. A conexão é total”, afirma Clarissa, do PR. Ela acrescenta: “As empresas do governo do estado são as mesmas do município. A Delta não tem contrato sem licitação só com estado, mas com prefeitura: em 14% dos contratos firmados na gestão de Paes houve dispensa de licitação. O arco de aliança de Cabral é o mesmo que Paes monta para ele, com os mesmos partidos, empresários empreiteiros”, diz.

O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, que disputa votos para a prefeitura, também está afinado com os outros pré-candidatos no esforço para levar o pleito para o segundo turno. E o jeito, nesse caso, é mirar em Paes. “O que está acontecendo não é um problema particular do governador, mas do modo do PMDB do Rio de governar. As relações da Delta não estão restritas ao governo do Rio, a empreiteira também tem contratos com a prefeitura. Há indicações de Cabral no alto secretariado de Paes, que, inclusive, já apareceu beijando a mão do governador em foto”, afirma Freixo. O deputado entrou, na quarta-feira, com pedido de CPI na Alerj para investigar todas relações da Delta com o governo estadual.

Apesar dos ataques dos pré-candidatos à gestão de Paes, o atual prefeito começa a corrida eleitoral com grande vantagem. Ainda não se sabe o quanto as fotos e vídeos de Cabral com Cavendish na Europa podem afetar a imagem do governador. No outro lado dessa história, Paes poderá capitalizar em seu favor políticas públicas de sucesso de Cabral, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que beneficiaram principalmente a capital - ainda que em detrimento de outras regiões do estado, onde a criminalidade aumentou. Será preciso esperar para ver para que lado a maioria dos eleitores irá.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/escandalo-da-delta-da-municao-aos-adversario-de-eduardo-paes 

Dilma cita Brizola, Vargas e Goulart em posse de ministro

Política

Brizola Neto assumiu nesta quinta-feira o comando do Ministério do Trabalho. Carlos Lupi esteve na plateia e foi elogiado por Paulo Roberto Pinto

Luciana Marques
O novo ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT/RJ) O novo ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT/RJ) (Leonardo Prado/Agência Câmara)
A presidente Dilma Rousseff fez mais uma série de promessas nesta quinta-feira em nome da solidez fiscal do país durante a cerimônia de posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT). Segundo a presidente, no entanto, as medidas não podem ser adotadas “do dia para a noite”, porque exigem “sistematização”. Dilma não comentou as mudanças no rendimento da poupança, cujo anúncio está previsto para hoje.
“O Brasil têm três grandes problemas a solucionar: queremos um país com taxas de juros competitivas, como aquelas praticadas no mercado internacional”, afirmou. “Queremos que nosso câmbio não seja objeto de políticas expansionistas que, de forma artificial, sobrevalorizem a moeda brasileira. Queremos que o país tenha impostos mais baixos para assegurar produtividade em seus produtos”.


Dilma também comemorou o nível do emprego no Brasil, comparado a patamares internacionais apresentados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta semana. “A partir de 2007, nós, em contraste com o mundo, que perdeu 50 milhões de empregos, criamos 90 milhões de vagas com carteira assinada de 2008 até os dias atuais”, disse a presidente. “Nos Estados Unidos e na Europa, o desemprego alcançou nível médio de 10,8%, chegando a 24% em países europeus e, em alguns casos, até 52% de desemprego. Estamos no movimento contrário ao que se verifica internacionalmente, que é um processo de desvalorização do trabalho através da precarização do próprio emprego”.
PDT - Sobre a nomeação de Brizola Neto, a presidente disse que ela representa o reconhecimento da história do trabalhismo no país. O novo ministro é neto de Leonel Brizola, ex-governador fluminense e fundador do PDT. “É muito significativo nomear um jovem que traz no sobrenome Brizola mais de meio século de lutas sociais”, afirmou. “Não bastasse levar o sobrenome Brizola, o novo ministro do trabalho carrega a história de seu tio avô, João Goulart, ex-presidente da República”. Dilma lembrou que Jango também era jovem quando foi empossado ministro do Trabalho no governo de Getúlio Vargas, aos 34 anos.
Em meio ao racha no PDT, a presidente fez questão de citar o nome de Carlos Lupi, que preside o partido. Lupi esteve presente na cerimônia, mesmo contrariado com a indicação de Brizola Neto, seu desafeto político. “A nomeação de Brizola reforça também nossa parceria com o PDT, aqui presidido pelo Lupi, o PDT de Leonel Brizola e de tantos outros lideres históricos e atuais”, disse Dilma.
Antes da cerimônia, Lupi tentou minimizar o descontentamento de alguns integrantes do partido pela escolha de Brizola Neto: "O tempo ajuda a cicatrizar. Todos os partidos têm suas naturezas, suas dificuldades internas", declarou. “Dissemos que o partido apoiaria o governo da presidente Dilma independente da escolha. Ele é filiado, é um Brizola, claro que é do PDT”.
Promessas - Em seu discurso de posse, Brizola Neto prometeu mudanças no órgão, apesar do que chamou de “limitações pessoais de sua juventude” – o novo ministro tem 33 anos. “É preciso que o ministério seja ágil, transparente, inovador”, enumerou. Sem citar a falta de consenso do PDT em torno de seu nome, falou em união: “O caminho das sociedades humanas é muito maior do que nossos pequenos desejos individuais”.
Assim como a presidente Dilma, o ministro lembrou o nome do avô no discurso. “O sobrenome que possuo integra a linhagem de brasileiros ilustres, que inclui a figura saudosa de meu avô, Leonel Brizola”.
Paulo Roberto dos Santos Pinto, que ocupava o comando do órgão até então, não poupou elogios a seu antecessor, Carlos Lupi, que deixou a pasta em dezembro em meio a denúncias de corrupção. “Ministro Lupi, a história vai contar o que o senhor fez”, afirmou Pinto. “O senhor foi o grande ministro do Trabalho do Brasil.”
Também marcaram presença na posse movimentos sociais e sindicatos, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), o Movimento dos Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, que fez campanha pela nomeação de Brizola Neto, já fala como integrante do governo. “Vamos acabar com a fábrica de sindicatos no Brasil”, disse, revelando o espírito centralizador que pretende instalar no Ministério do Trabalho.
Biografia - Brizola Neto foi eleito para a Câmara dos Deputados em 2007. Em 2011, licenciou-se do cargo para ocupar a Secretaria de Trabalho e Renda do Rio de Janeiro, função que exerceu durante dois meses. Filiado à legenda desde 1997, seu primeiro cargo eletivo foi como vereador do Rio de Janeiro, em 2005.
 http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/dilma-cita-brizola-vargas-e-goulart-em-posse-de-ministro

Lula fala pela 1ª vez em 7 meses e critica países desenvolvidos

A arte de culpar alguém... Lula fala pela 1ª vez em 7 meses e critica países desenvolvidos 

 03 de maio de 2012 12h03 atualizado às 12h27
Aplaudido de pé por uma platéia que lotou o auditório, Lula criticou os governos de países desenvolvidos que sofrem para conter mais uma forte crise .... Foto: Edson Sousa/Futura Press Aplaudido de pé por uma platéia que lotou o auditório, Lula criticou os governos de países desenvolvidos que sofrem para conter mais uma forte crise econômica
Foto: Edson Sousa/Futura Press

Giuliander Carpes
Direto do Rio de Janeiro
Ainda se recuperando de um câncer na laringe, o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva fez nesta quinta-feira seu primeiro discurso oficial após a doença. Ele participou de seminário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre investimentos no continente africano e integrou a mesa de abertura do evento. Aplaudido de pé por uma platéia que lotou o auditório, ele criticou os governos de países desenvolvidos que sofrem para conter mais uma forte crise econômica.
A batalha de Lula contra o câncer
"As crises sempre são respondidas da mesma forma pelos países desenvolvidos: com medidas de austeridade para os trabalhadores e distribuição de benefícios para o sistema financeiro, que causou a crise", afirmou Lula. "Olho para trás e vejo que os governantes ainda não resolveram problemas da crise de 2008. Há medo de regular o sistema financeiro e eles continuam punindo as vítimas da crise", completou.
O ex-presidente chegou ao auditório do BNDES, no centro do Rio de Janeiro, usando uma bengala. Os assessores explicaram que é normal devido ao enfraquecimento causado pela doença. "Vou falar o mais devagar possível para ver se a garganta aguenta. Faz sete meses que não falo em público, espero não ter desaprendido", brincou Lula. No dia 14 de abril, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente foi convidado por sua mulher, Marisa Letícia, a falar durante a inauguração de um Centro Educacional Unificado (CEU). No entanto, a tentativa durou apenas sete minutos e foi abortada depois que Lula sentiu desconforto na garganta.
Lula elogiou as medidas que vêm sendo tomadas pelos governos africanos para enfrentar a crise. "Os regimes da África estão propondo medidas para aumentar o investimento e o consumo interno. A hora é de ousadia", explicou o ex-presidente, que permanece até o início da tarde no seminário e depois almoça com autoridades africanas. "Distribuição de renda é a marca da África do século XXI. O continente consolida a passos largos a democracia, apesar de alguns problemas que podem existir", salientou.
O ex-presidente também mostrou otimismo em relação à economia brasileira. "Esta geração de empresários está vivendo uma época de oportunidades jamais vista. O Brasil está preparado para se tornar uma das maiores potências do mundo. E não estamos falando apenas de PIB (Produto Interno Bruto), mas de distribuição de renda. E possibilidades de fazer negócios com países de todo o mundo, não apenas com Estados Unidos e Europa, como era antigamente", disse.
Nesta sexta-feira, Lula recebe o título de doutor honoris causa de cinco universidades cariocas - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Estadual do Rio (UERJ) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O evento terá a presença da presidente Dilma Rousseff (PT).

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5752353-EI7896,00-Lula+fala+pela+vez+em+meses+e+critica+paises+desenvolvidos.html

Cassado por corrupção, ex-presidente Fernando Collor dá lição de moral na CPI do Cachoeira


(Foto: José Cruz - ABr)
Abuso total – A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito significa que há algo de putrefato nos bastidores do poder. No caso do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o escândalo de corrupção poder maior do que muitos imaginam. O alcance dos tentáculos de Cachoeira no mundo político e empresarial é tamanho, que não deve ser descartada a possibilidade de a República implodir caso os acusados revelem parte do que sabem. Por conta dessa possibilidade não tão remota é que os governistas, em especial petistas e peemedebistas, estão empenhados em limitar as investigações. A CPI foi instalada por pressão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que tinha como objetivo maior alcançar o governador de Goiás, Marconi Perillo, cujo partido, o PSDB, não se importa em entregar sua cabeça para ter livre o caminho para investigar. O próprio Lula pode ser atingido pela CPI, uma vez que a Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, envolvida no esquema criminoso comandado por Cachoeira, foi a empreiteira nacional que mais cresceu na última década.
A situação mais degradante do primeiro capítulo dessa ópera bufa em que pode se transformar a CPI do Cachoeira ficou por conta do senador Fernando Collor de Mello, que agora jogando do lado do PT tentou dar lição de moral durante seu pronunciamento. Disse Collor, ao se referir aos acusados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, “esses senhores notáveis que foram aqui citados”.
Ora, Fernando Collor, primeiro presidente brasileiro a sofrer um processo de impeachment, teve o seu calvário político iniciado dentro de um Fiat Elba. O tombo só não foi maior porque Paulo César Farias, seu tesoureiro, era mais cuidadoso que Carlinhos Cachoeira quando fazia uso do telefone. O que não significa que sobre sua cabeça não gravitava a sensação da impunidade. Quem acompanhou o desdobramento do caso Collor depois do impeachment sabe a extensão do primeiro grande escândalo de corrupção da era pós-ditadura.
http://ucho.info/cassado-por-corrupcao-ex-presidente-fernando-collor-da-licao-de-moral-na-cpi-do-cachoeira 

Lobão: gasolina pode subir se barril de petróleo atingir média de US$ 130


estava demorando...

Ministro destacou que Petrobras precisa realizar elevados investimentos


RIO — O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta quinta-feira que o governo federal está estudando o momento certo para aumentar os preços dos combustíveis. Ele destacou que a Petrobras precisa realizar elevados investimentos, ao mesmo tempo em que o governo tem que controlar a inflação. Para o ministro, os preços dos combustíveis devem subir se a cotação do barril de petróleo atingir a média de US$ 130. Nesta quinta-feira, o barril de petróleo está cotado a US$ 103,06 na Bolsa de Nova York, queda de 2,05% no dia. No ano, o barril de petróleo acumula alta de 3,63%.
— A Petrobras necessita mais do que nunca de investimentos altíssimos, e o preço (da gasolina) não se eleva há nove anos. Mas a presidente (Dilma Rousseff) tem a preocupação com a inflação. E está examinando, ponderando tudo isto para tomar uma decisão — disse o ministro.
Em meados de abril, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que via como certo o reajuste da gasolina neste ano. Na época, ela afirmou que a Petrobras trabalhava com preço médio do Brent de US$ 119 o barril até o fim do ano. No ano passado, o preço médio do barril do Brent foi de US$ 111.
O ministro participa nesta quinta-feira do seminário “Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para cooperação econômica”, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Oscar Niemeyer é internado no Rio de Janeiro

Arquitetura

Segundo hospital, estado de saúde do arquiteto de 104 anos não preocupa

Oscar Niemeyer, em foto de 2006 Oscar Niemeyer, em foto de 2006 (Tuca Vieira/Folhapress)
O arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, foi hospitalizado na noite desta quarta-feira no Rio de Janeiro. Com uma forte gripe, ele foi levado ao Hospital Samaritano, no bairro de Botafogo, zona sul da capital carioca. O caso, no entanto, não é grave segundo informações da família de Niemeyer e da assessoria do hospital.
Após ser internado, ele foi medicado e passa bem. Apesar do bom estado de saúde do arquiteto, ainda não há previsão de alta.  
Em abril do ano passado, Niemeyer deu entrada no mesmo hospital por causa de uma infecção urinária. Também no Samaritano, ele passou por duas cirurgias em 2009 – uma para extrair uma pedra na vesícula e outra para retirar um tumor no intestino.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/oscar-niemeyer-e-internado-no-rio 

Caso Cachoeira chega a Santa Catarina

Política

Por Fábio Fabrini
Brasília - Investigações da Polícia Federal mostram que a organização de Carlinhos Cachoeira tinha conexões no governo de Santa Catarina e negociava uma obra com integrante do primeiro escalão da equipe do governador Raimundo Colombo (PSD, ex-DEM). O secretário de Comunicação, Ênio Branco, aparece nas escutas como elo entre o Estado e o grupo do contraventor, que recorreu a ele com o objetivo de obter contrato para a construção de uma rodoviária em Florianópolis (SC).
O inquérito da Operação Monte Carlo revela que houve negociações entre Branco e emissários de Cachoeira em várias ocasiões, ao longo de 2011. Além de ter participado de reuniões de interesse do contraventor, intermediadas pelo senador Demóstenes Torres, o secretário teria acertado com a organização uma parceria público-privada (PPP) para erguer o terminal.
À época, Branco comandava a SC Participações (SCPar), estatal catarinense que cuida justamente dessas parcerias. Segundo as gravações, Cachoeira trabalhava para que a Artec, construtora sediada no Distrito Federal e responsável pela rodoviária de Brasília, obtivesse o contrato. A empresa diz ter sido sondada pela Delta Construções, ligada a Cachoeira, para a reforma de um terminal no Estado.
Num grampo de 8 de agosto do ano passado, às 15h04, Cachoeira diz a um de seus aliados, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, que o acerto para a obra já estaria costurado com Branco: "É pra procurar urgentemente o Ênio, tá? O Ênio quer fazer um negócio lá, a rodoviária. Já falou com o governador, o governador já liberou e o trem tá com ele", explicou. "Nossa Senhora, beleza! Vou ligar pra ele aqui, tá?", comemora Garcez.
As investigações mostram que Demóstenes também atuou agendando audiências de um aliado de Cachoeira com o então presidente da SCPar. Em 7 de julho, o contraventor telefona para o senador e pede que marque a reunião para o argentino Roberto Coppola, apontado pela PF como empresário do ramo de caça-níqueis e seu parceiro na abertura de empresas e sites de jogos. O senador atende prontamente e retorna, dando o endereço da estatal, no Centro Administrativo de Santa Catarina.
Em nota, Branco disse que conhece Demóstenes desde 2007, mas que, com Cachoeira, teve "raros contatos", "especialmente em encontros de natureza social", não tendo feito negócios com ele. Explicou que, como presidente da SCPar, recebeu pleitos do senador e várias outras pessoas físicas e jurídicas sobre investimentos no Estado. O parlamentar, segundo ele, solicitou que recebesse diretores de empresa interessada na construção de uma nova rodoviária.
A Artec informou não ter contratos com o governo de Santa Catarina e que nunca acionou Cachoeira ou Demóstenes para que negociasse em seu nome. Mas informou que foi sondada pela Delta Construções para a reforma da cobertura de uma rodoviária no Estado. "Não houve negociação por não haver interesse nesse tipo de obra", acrescentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dono de casa de Perillo nunca esteve entre sócios

Política

Por Fernando Gallo
Brasília - A empresa que comprou a casa do governador Marconi Perillo (PSDB), em Goiânia (GO), na qual foi preso o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, está em nome de laranjas. Embora o governador afirme que vendeu a casa para o empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão - que por sua vez confirmou a compra do imóvel em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia - a Mestra Administração e Participações não tem nem nunca teve Walter Paulo em seu quadro societário.
Quando o imóvel foi vendido, a empresa estava em nome de Sejana Martins, Fernando Gomes Cardoso e Ecio Antônio Ribeiro. Sejana saiu da sociedade dois dias depois da venda da casa, e Fernando em dezembro último. Só Ecio permanece como dono da empresa. Sejana é diretora da Faculdade Padrão.
Em entrevista concedida no dia 2 de março ao jornal goiano, Perillo afirmou: "Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladimir (Garcêz, ex-vereador) entrou em contato. Quando fui passar a escritura, ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os depósitos, como combinado".
Walter Paulo, por sua vez, afirmou no dia seguinte ao mesmo jornal: "Foi feito o negócio direitinho, peguei a escritura. Eu sabia que a casa era do governador, mas nunca falei com ele sobre isso. O senhor Wladimir é que fez os contatos. O governador assinou honestamente e a casa é minha". Desde a entrevista, nem Paulo nem seu advogado atendem à imprensa.
A Mestra Administração e Participações tem sede na cidade de Aparecida de Goiânia. Conforme o registro de imóveis, ela comprou a casa de Perillo pelo valor de R$ 1,4 milhão no dia 13 de julho de 2011, um dia após o contraventor Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador Wladimir Garcêz serem flagrados tratando da venda de uma casa. Na conversa, gravada pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo, Garcêz diz a Cachoeira que iria se encontrar com Jayme Rincón - presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras e tesoureiro de Perillo na campanha de 2010 - em um shopping em Alphaville. Segundo a PF, Cachoeira diz ao ex-vereador para pegar "o dinheiro urgente".
Perillo já confirmou que tratou da casa com Garcêz, mas negou que a venda fosse para Cachoeira. A Faculdade Padrão foi a faculdade na qual Perillo estudou Direito. A instituição formou uma turma exclusiva para o governador e permitiu que ele frequentasse as aulas apenas aos fins de semana. O Ministério Público chegou a entrar com uma ação contra o privilégio.
‘O dono era Paulo’
Marconi Perillo afirmou, por nota, que "a informação que chegou a ele era que o dono era Walter Paulo". "Vendi a residência e passei a escritura. A informação que chegou a mim pelo corretor é a de que o comprador era o sr. Walter Paulo. Recebi o dono do cartório, assinei a escritura e dei por encerrado o assunto." Ele reafirma a versão de que recebeu três cheques pela casa.
A reportagem tentou contato com Walter Paulo. Seu advogado não atendeu às ligações. No escritório de advocacia, um funcionário disse que iria informar Paulo sobre o contato, e que este retornaria "se houvesse algum interesse". Também ligou para o celular de Sejana e para o escritório onde ela trabalha, mas a secretária informou que ela não estava e retornaria a ligação, o que não ocorreu. Fernando Gomes Cardoso e Ecio Ribeiro não foram localizados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Delta será investigada em todo o País

Política

Por João Domingos e Eugênia Lopes
Brasília - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira furou nesta quarta a blindagem montada pelo PT para proteger o governo federal e decidiu investigar as ligações da Delta Construções S.A. com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em todo o Brasil, e não somente na Região Centro-Oeste, como havia sido proposto pelo relator Odair Cunha (PT-MG). Também foi quebrado o sigilo bancário de Cachoeira do dia 1.º de janeiro de 2002 até agora.
No entanto, a posição branda do relator foi seguida quando o foco passou a ser a relação de governadores com o esquema investigado pela Polícia Federal. Nos casos de Marconi Perillo (PSDB-GO), Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), a CPI nada decidiu sobre eles.
A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou e desbaratou o esquema de Carlinhos Cachoeira, gravou conversas em que aparecem os nomes de Agnelo e Perillo. Quanto a Cabral, os parlamentares de oposição desejam convocá-lo por causa da ligação com o empresário Fernando Cavendish, ex-diretor nacional da Delta.
Ao todo, a CPI aprovou 51 requerimentos. Um plano de trabalho apresentado por Odair Cunha prevê que a situação dos governadores só deverá ser examinada a partir de junho. Cunha e a base do governo entenderam que não têm condições técnicas para convocá-los agora. Os partidos de oposição acabaram concordando com eles.
Caso os exames dos documentos das Operações Vegas e Monte Carlo - as duas que investigaram as ligações de Cachoeira com agentes públicos e privados - mostrem o comprometimento dos governadores, serão apresentados novos requerimentos. A intenção da oposição era convocar Cabral e Agnelo. O governo, de seu lado, queria ouvir o tucano Perillo.
Ficou decidido ainda pela CPI do Cachoeira que os delegados Raul Alexandre Marques Souza e Matheus Mello Rodrigues e os procuradores da República Daniel de Rezende Salgado e Lea Batista de Oliveira, responsáveis pela operações Vegas e Monte Carlo, serão convidados a comparecer à CPI na semana que vem, para sessões reservadas nos dias 8 e 10. A princípio, eles deveriam conversar com os parlamentares da CPI numa sessão aberta.
Mas a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) e o deputado Luís Pitiman (PMDB-DF) pediram que fossem ouvidos secretamente. Argumentaram que os advogados de Cachoeira e de outros envolvidos com o esquema do contraventor ouviriam tudo e depois contariam para seus clientes, o que poderia atrapalhar os planos de investigação da CPI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cachoeira tentou usar Perillo para forjar aliança com PMDB

Corrupção

Contraventor queria chapa PMDB-PSDB em eleição de Anápolis (GO) e pediu que Demóstenes Torres apelasse ao governador. Projeto fracassou

Gabriel Castro
Demóstenes e Carlos Cachoeira usavam telefones codificados para garantir a privacidade de suas conversas Sigilo - Demóstenes e Carlos Cachoeira usavam telefones codificados para garantir a privacidade de suas conversas (Andre Coelho/ Ag. Globo Joedson Alves/AE)
Diálogos interceptados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo dão a dimensão da influência de Carlinhos Cachoeira sobre a política de Goiás. Conversas entre o contraventor e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), gravadas em junho do ano passado, mostram que Cachoeira tentou convencer o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) a patrocinar a formação de uma aliança partidária que favorecesse a quadrilha na cidade de Anápolis, segundo maior município de Goiás e base tanto do bicheiro quanto de Demóstenes.


Em um trecho interceptado pela PF, Cachoeira pede ao senador que interceda junto a Perillo para que o governador atue na composição do PMDB da cidade, que se reuniria em convenção poucos dias depois. A intenção era derrotar o atual prefeito, Antônio Gomide (PT), que vai buscar a reeleição em 2012, e favorecer a atuação da quadrilha. O contraventor afirma que dois vereadores peemedebistas são "nossos". Um deles é Wesley Silva, citado na conversa: "Ele tá do nosso lado", diz Cachoeira, que também cita Frederico Jayme, cacique do PMDB na região.
O chefe da máfia dos caça-níqueis no estado queria que Perillo usasse sua influência para fazer o PMDB lançar um candidato próprio à prefeitura. E sugere que os tucanos indiquem o vice em uma possível chapa com os peemedebistas. "Os dois vereador é nosso, os dois vereador da cidade é nosso, tá? (sic) É importantíssimo a fidelidade dele e ele vai assegurar, ele vai assegurar, é pra assegurar o prefeito pra 2014, viu? Porque ele tá contando com isso. O Antônio Gomide lá conta com o PMDB o ano que vem e se cortar isso aí, p..., o que acontece? Eles lança candidato (sic), o PMDB lança candidato e o PSDB vai de vice, pô, só pra assegurar".
Demóstenes consente e diz que vai tratar do assunto como governador: "Eu vou ligar agora nele. Te ligo aí, falou?", diz o senador. Em um contato na sequência, o parlamentar afirma que já deixou o recado pedindo uma conversa com o governador. Os diálogos não deixam claro se Perillo atendeu o pedido de Cachoeira. O governador nega ter atuado para favorecer a quadrilha.
A tentativa de manobra não funcionou: o PMDB goiano decidiu manter a aliança com o PT e apoiar a reeleição do atual prefeito. O vereador Wesley Silva, que pleiteava a possível candidatura pelo PMDB, manteve seu distanciamento da gestão petista, mas teve o futuro político enterrado na semana passada, ao ser preso em um desdobramento da operação que desmontou a quadrilha de Cachoeira.
Veja a transcrição dos diálogos, feita pela Polícia Federal:
06/06/2011 19:13
DEMOSTENES: fala professor
CARLINHOS: tá dando pra falar aí?
DEMOSTENES:posso diga aí mestre
CARLINHOS: dia vinte vai ter eleição do diretório do PMDB de ANÁPOLlS e o MARCONI precisa entrar nisso daí até pra frear o prefeito na candidatura em 2014 até que te interessaria também né, vamo chama o MARCONI pra entrar nesse processo aí
DEMOSTENES:pronto e cumé que faz isso?
CARLINHOS :aí to aqui com o doutor FREDERICO JAIME aqui, o WESLEY que é vereador lá do PMDB também é o consenso lá encaminhar pro FREDERICO entendeu,agora vamo trabalhar isso aí o MARCONI precisava chamar o FREDERICO lá, o WESLEY lá e discutir esse assunto aí entendeu, tá fácil pegar o PMDB lá,até frear o, isso é muito importante,dia vinte agora,dia vinte agora é a eleição sabe tá caminhando pro consenso, se tiver uma força do governador nisso aí pó
DEMOSTENES: Ta, eu vou ligar agora nele,te ligo aí falou?
CARLINHOS: liga aí, liga aí ele tem que sentar, ele tem que sentar com duas pessoas, chamar o FREDERICO e chamar o WESLEY o irmão do FREDERICO, a maioria, a maioria já é nossa lá viu, eles tão falando isso aqui agora,precisa assegurar isso aí.
6/06/2011 19:15
DEMÓSTENES: Quem é WESLEY?
CARLINHOS: WESLEY é o vereador, tem dois vereador lá em ANÁPOLIS do PMDB, ele é vereador, ele tá do nosso lado, e a maioria hoje é nossa ...
DEMÓSTENES: (INAUDÍVEL)
CARLINHOS: Os dois vereador é nosso, os dois vereador da cidade é nosso, tá ? E os dois é que ele (INAUDÍVEL) de presidente, que é importantíssimo a fidelidade dele e ele vai assegurar, ele vai assegurar, é pra assegurar o prefeito pra 2014, viu? Porque ele tá contando com isso. O ANTÔNIO GOMIDE lá conta com o PMDB o ano que vem e se cortar isso ai, p..., o que acontece? Eles lança candidato, o PMDB lança candidato e o PSDB vai de vice, pô, só pra assegurar ANTÔNIO GOMIDE
DEMÓSTENES: Não, beleza, vou falar com ele e te ligo ai
CARLINHOS: Tá bom, faz o que der aí, tem que fechar a agora, tem que chamar o FREDERICO e o WESLEY lá, chama os dois vereadores lá, o FREDERICO leva os dois vereadores e discutem o assunto lá, nome, por nome lá, a gente precisa dele
06/06/2011 19:44
DEMOSTENES: Fala, professor!
CARLINHOS: Conseguiu falar com ele?
DEMOSTENES: To esperando um retomo. Já deixou recado lá.
CARLINHOS: Então tá bom, brigado!
06/06/2011 20:33
DEMÓSTENES: Fala professor.
CARLINHOS: O que ele quer é simples, ele quer o seguinte: quer a palavra do MARCONI que pode ter um acerto lá na frente, né? Por exemplo, o PSDB indicar vice do PMDB pra combater o ANTÔNIO GOMIDE, entendeu? (INAUDíVEL)
DEMÓSTENES: Não beleza, assim que ele ligar ai eu te retorno.
CARLINHOS: Só que isso, não quer nada, não quer que chama ninguém do diretório, porque dái ele consegue lá dentro ganhar, mas ele quer ter um projeto, né ? Que lá na frente os dois vão andar junto, né? O PSDB que não tem nenhum nome indicar a vice do PMDB pra ser adversário de ANTÓNIO GOMIDE, entendeu? Até pra ferrar ele em 2014.
DEMÓSTENES: OK, beleza, assim que ele chegar aqui eu te ligo aí.
Para onde vai a CPI? Sabendo o que sabem, Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres aceitarão arcar sozinhos com a punição? Vamos ver quais instruções lhes darão seus respectivos advogados, dois criminalistas experimentados: Márcio Thomaz Bastos e Antônio Carlos de Oliveira Castro, respectivamente. Parece-me que tudo caminha para a chamada estratégia de redução de danos. Se decidiram botar fogo no circo, arrastando meio mundo político junto, eles próprios sabem que o futuro não lhes será leve. Entre se danar muito danando a muitos e se danar menos preservando alguns parceiros de viagem, a racionalidade lhes apontaria o segundo caminho.

Quando o Planalto percebeu — e tarde! — o tamanho do rolo, já não dava mais tempo de recuar. Lula e Zé Dirceu, por sua vez, viram frustrado o intento de mandar a imprensa para o banco dos réus. Anos de gravação flagraram o jornalismo fazendo o seu se trabalho, buscando notícias que eram do interesse público, como aquela que levou à demissão de 27 valentes do Ministério dos Transportes — inclusive, sim, Luiz Antônio Pagot

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cachoeira-tentou-usar-perillo-para-forjar-alianca-com-pmdb 

CPI aprova quebra de sigilos de Cachoeira

Corrupção

As informações confidenciais de empresas ligadas a ele também devem ser objeto de análise da Comissão Parlamentar de Inquérito

Laryssa Borges e Gabriel Castro
Carlinhos Cachoeira
Carlinhos Cachoeira (Celso Júnior/AE)
A CPI do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira dois requerimentos que determinam a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do contraventor Carlinhos Cachoeira, preso sob a acusação de explorar um esquema ilegal de jogos de azar. As informações confidenciais de empresas ligadas a ele também deverão ser objeto de análise da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas deputados e senadores ainda têm de colocar em votação o pedido para a liberação dos dados empresariais.
A comissão tem autonomia para determinar a quebra de sigilo sem a anuência do Judiciário (só em casos de dados de parlamentares, há a necessidade de o STF ratificar a decisão). Segundo o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), a Receita Federal deverá encaminhar à comissão dados fiscais dos últimos dez anos envolvendo o CPF de Cachoeira. “A quebra do sigilo bancário e fiscal é essencial para compreendermos melhor tudo que ele fez nos últimos anos”, disse o parlamentar. Nos próximos dias, a CPI deverá elencar quais empresas ligadas ao contraventor poderão ter seus sigilos quebrados.

Os integrantes da CPI também aprovaram o plano de trabalho sugerido para o mês de maio pelo relator Odair Cunha (PT-MG), que prevê depoimentos dos principais envolvidos nas denúncias, mas deixa de fora os governadores citados na investigação. O depoimento de Cachoeira foi antecipado do dia 17 para o dia 15. Confira o cronograma:
Dia 8
Raul Alexandre Marques, delegado da Polícia Federal
Dia 10
Matheus Mela Rodrigues, delegado da Polícia Federal, e os procuradores Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira
Dia 15
Depoimento de Carlinhos Cachoeira
Dia 17
Reunião administrativa
Dia 22
Depoimento José Olímpio de Queiroga, Gleyb Ferreira da Cruz, Geovani Pereira da Silva, Wladimir Garcêz e Lenine de Souza, integrantes do grupo de Cachoeira
Dia 24
Depoimento de Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e Jairo Martins, integrantes do grupo de Cachoeira
Dia 29
Depoimento Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste
DIa 31
Depoimento do senador Demóstenes Torres.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cpi-aprova-quebra-de-sigilos-de-cachoeira

Para devassar todas as catacumbas da quadrilha, é necessária uma CPI da Delta

Em 24/04/2012
às 2:37 
Um post aqui publicado em 22 de junho de 2011 registrou a repulsa dos brasileiros honestos com o desempenho de Lula num encontro do PT em Sumaré. No Sermão aos Companheiros Pecadores, clímax da missa negra, o mestre ensinou a seus discípulos que, sem união, nenhum bando escapa de perdas dolorosas. Explicou que Antonio Palocci, por exemplo, perdeu o empregão na Casa Civil não pelo que fez, mas pelo que o rebanho deixou de fazer. Foi despejado não por excesso de culpa, mas por falta de braços solidários.
Para ilustrar a tese, o pregador evocou o escândalo do mensalão ─ sem mencionar a expressão banida do vocabulário do bordel das antigas vestais. “Eu sei, o Zé Dirceu sabe, o João Paulo sabe, o Ricardo Berzoini sabe, que um dos nossos problemas em 2005 era a desconfiança entre nós, dentro da nossa bancada”, disse o pregador. “A crise de 2005 começou com uma acusação no Correio, de três mil reais, o cara envolvido era do PTB, quem presidia o Correio era o PMDB e eles transformaram a CPI dos Correios, para apurar isso, numa CPI contra o PT, contra o Zé Dirceu e contra outros companheiros. Por quê? Porque a gente tava desunido”.
Com o cinismo dos que espancam a verdade desde o berço, o sumo-sacerdote da seita omitiu o essencial. Foi ele quem entregou o controle dos Correios ao condomínio formado pelo PMDB e pelo PTB. O funcionário filmado embolsando propinas era afilhado do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que merecera do amigo presidente “um cheque em branco”. O desconfiado da história foi Jefferson, que resolveu afundar atirando ao descobrir que o Planalto não o livraria do naufrágio. Ao contar o que sabia, desmatou a trilha que levaria ao pântano do mensalão.
Não podemos errar de novo, advertiu o embusteiro. Para tanto, é preciso preservar a coesão do PT e da base alugada recorrendo à receita caseira: “A gente se reúne, tranca a porta e se atraca lá dentro”, prescreveu. Encerrada a briga de foice, unifica-se o discurso em favor dos delinquentes em perigo.  “Eu tô de saco cheio de ver companheiro acusado, humilhado, e depois não se provar nada”, caprichou na indignação de araque o padroeiro dos gatunos federais.
Aos olhos do país que presta, gente como o mensaleiro José Dirceu, a quadrilheira Erenice Guerra ou o estuprador de sigilo bancário Antonio Palocci têm de prestar contas à Justiça. Para Lula, todos só prestaram relevantes serviços à pátria. A lealdade ao chefe purifica.  “Os adversários não brincam em serviço”, fantasiou. “Toda vez que o PT se fortalece, eles saem achincalhando o partido”.
Milhões de brasileiros não conseguem enxergar no homem que brinca de xerife o vilão do faroeste de quinta categoria. Ao longo de oito anos, enquanto cuidava de transformar a ignorância em virtude, Lula acelerou a decomposição moral do país. O Brasil deste começo de século lembra um grande clube dos cafajestes sustentado por multidões de sobreviventes para os quais a vida consiste em não morrer de fome. Essa sim é a herança maldita.
Se conseguisse envergonhar-se com alguma coisa, o ex-presidente estaria pedindo perdão aos brasileiros por ter institucionalizado a impunidade dos corruptos companheiros. Se não fosse portador da síndrome de Deus, saberia que ninguém tem poderes suficientes para revogar os fatos e decretar a inexistência do mensalão. Como Lula é o que é, continua convencido de que livrará do merecidíssimo castigo os bandidos de estimação.
Neste outono, para perseguir inimigos e, simultaneamente, dispersar os holofotes concentrados no processo à espera de julgamento no Supremo Tribunal Federal, o Grande Pastor ordenou ao rebanho que apressasse a instauração da CPI do Cachoeira. Má ideia. As escavações mal começaram e a Delta Construção, a empreiteira que mais lucrou com as licitações bandalhas do PAC, vai assumindo o papel principal na ópera dos ladrões.
Uma CPI do Cachoeira abrange as maracutaias protagonizadas por um sócio da empresa que ganhou bilhões na construção do Brasil Maravilha de cartório. Para devassar por inteiro a rede de catacumbas,  é necessária uma CPI da Delta. É essencial ouvir o que tem a dizer Fernando Cavendish, porque as coisas vão muito além de Goiás e do Distrito Federal. “Como está o Serginho?”, quis saber Lula de um amigo comum na semana passada. Serginho é Sérgio Cabral, compadre, amigo do peito e parceiro de Cavendish em aventuras bilionárias. Se já não está, logo estará muito mal no retrato.
Lula acha que os leais prontuários infiltrados na CPI manterão as investigações sob controle. Vai descobrir outra vez que pode muito, mas não pode tudo. A CPI acabará tropeçando nos incontáveis corruptos de bom tamanho espalhadas pelo caminho. Um dos mais graúdos enriqueceu como consultor no trecho que passa por Belo Horizonte.
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/