quarta-feira 02 2012

Justiça condena pai por abandono afetivo

Geral

Por Gheisa Lessa
São Paulo - Decisão inédita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) condena pai a pagar indenização de R$ 200 mil por abandono afetivo. De acordo com a assessoria de imprensa do STJ, a filha, após ter obtido reconhecimento judicial da paternidade, entrou com uma ação contra o pai por ter sofrido abandono material e afetivo durante a infância e adolescência. A autora da ação argumentou que não recebeu os mesmos tratamentos que seus irmãos, filhos de outro casamento do pai.
Na primeira instância o pedido foi julgado improcedente, tendo o juiz entendido que o distanciamento se deveu ao comportamento agressivo da mãe em relação ao pai. Por sua vez, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), reformou a sentença e reconheceu o abandono afetivo. O TJSP condenou o pai a pagar o valor de R$ 415 mil como indenização à filha.
Conforme informações do STJ, o pai recorreu da decisão afirmando que a condenação não era aceita em todos os tribunais. O STJ, então, reviu o caso e passou a admitir a condenação por abandono afetivo como um dano moral. A condenação, segundo o STJ, saiu na terça-feira, 24 de abril, e o homem terá que pagar a indenização - que foi reduzida - de R$ 200 mil.
Em entrevista à Rádio CBN, a ministra da Terceira Turma do STJ, Nancy Andrighi, afirmou que os pais têm o dever de "fornecer apoio para a formação psicológica dos filhos". A ministra ressalta, ao longo da entrevista, que a decisão do STJ "analisa os sentimentos das pessoas, são novos caminhos e novos tipos de direitos subjetivos que estão sendo cobrados"."Todo esse contexto resume-se apenas em uma palavra: a humanização da Justiça."

CPI recebe inquéritos sobre Cachoeira

Congresso

Embora já tenha sido divulgado na internet, material será mantido em sigilo pelo presidente da comissão. Plano de trabalho será apresentado nesta quarta; data para ouvir Cachoeira divide governo e oposição

Gabriel Castro
Vital do Rêgo, presidente da CPI: técnicos estudam mecanismos para evitar 'constrangimento' com possíveis vazamentos Vital do Rêgo: técnicos estudam mecanismos para evitar 'constrangimento' com possíveis vazamentos (Moreira Mariz/Agência Senado )
A CPI do Cachoeira recebeu nesta quarta-feira a cópia dos inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) que investigam a atuação da quadrilha do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O material é resultado de duas operações da Polícia Federal: Vegas e Monte Carlo, que desmontaram a quadrilha de Cachoeira. Os documentos foram encaminhados apenas em mídia eletrônica, por opção do Congresso. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), guardaram o material em uma sala-cofre logo após o recebimento. Ao todo, são nove volumes: um para cada inquérito e mais sete anexos.
O senador Vital do Rêgo disse que o material recebido será conferido com aquele que já vazou na internet. Segundo ele, mesmo aquilo que foi divulgado será mantido sob um rigoroso sigilo, com o apoio do setor de tecnologia do Senado. "O Prodasen [Secretaria Especial de Informática do Senado] e toda uma equipe de profissionais de tecnologia está estudando mecanismos para evitar que nós sejamos constrangidos com algum tipo de vazamento", afirmou o peemedebista.
Os documentos serão também compartilhados com o Conselho de Ética do Senado e a Comissão de Sindicância da Câmara, que analisam processos por quebra de decoro contra parlamentares ligados ao grupo de Cachoeira.
Nesta quarta-feira, o relator Odair Cunha deve apresentar à CPI seu plano de trabalho. A partir daí, a comissão deve iniciar efetivamente as investigações. Um dos principais pontos de discordância diz respeito à data em que os parlamentares irão ouvir o depoimento de Carlinhos Cachoeira. A oposição exige que o contraventor seja ouvido já no início dos trabalhos. Boa parte dos governistas alega que é preciso reunir primeiro outras informações sobre o esquema.


Reunião - Os trabalhos da comissão começam oficialmente nesta quarta. A primeira reunião de trabalho está marcada para ter início às 14 horas. Por trás da apuração dos tentáculos do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e de seu envolvimento com políticos proeminentes e agentes públicos está o embate entre governo e oposição – ambos com integrantes, de alguma maneira, sob suspeita de envolvimento com o bicheiro.
Enquanto o governo quer ouvir o senador goiano Demóstenes Torres (sem partido), a oposição espera convocar os governadores do Rio de Janeiro e Distrito Federal, Sérgio Cabral (PMDB) e Agnelo Queiroz (PT).
O PT articula para envolver o maior número de nomes oposicionistas possível. Para isso, defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que as gravações feitas pela PF revelaram as ligações dele com Cachoeira.
Braço da máfia - A construtora Delta, empreiteira com maior número de obras no PAC, também estará no centro das investigações. Na semana passada, Fernando Cavendish se afastou do comando da empresa. O ex-diretor da Delta para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, foi preso em Goiânia na semana passada. Segundo a polícia, ele era incumbido de tocar o braço da máfia de Cachoeira que se especializara em fazer contratos com governo. Abreu aparece em diálogos-chave do caso. Consta de uma conversa sua com Cachoeira a referência a um depósito de 1 milhão de reais para Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Foi com base nesse grampo que a Procuradoria-Geral da República (PGR)  pediu a quebra do sigilo bancário do senador.
É também Cláudio Abreu quem telefona a Cachoeira para dizer que iria "amarrar os bigodes" com os dois mais poderosos secretários do governador petista Agnelo Queiroz, Paulo Tadeu e Rafael Barbosa, em encontro em Brasília. "Marca uma p... com eles amanhã aqui em Goiânia. Aí eu chamo as meninas", devolve Cachoeira. Em outra gravação, Abreu discute com o araponga Dadá o pagamento de propina em troca da nomeação de um aliado da quadrilha no governo do DF. "Vamos dar R$ 20 mil pra ele e R$ 5 mil por mês, pronto! Nós vamos dar R$ 20 mil pra ele agora e R$ 5 mil por mês, entendeu?", diz Abreu.
Cláudio Abreu foi afastado da Delta em março, logo após a polícia deflagrar a Operação Monte Carlo.

Conselho de Ética – Além da CPI, o Conselho de Ética do Senado investiga se houve quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes Torres na relação com o contraventor. Já a Comissão de Sindicância da Câmara dos Deputados irá ouvir dois deputados, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO), para apurar possíveis irregularidades nas relações deles com Cachoeira.
A presidente Dilma Rousseff tem ressaltado que a CPI é um assunto do Legislativo. Dificilmente, no entanto, o tema ficará de fora da reunião do Conselho Político do governo, a segunda deste ano, que ocorre nesta quarta, no Palácio do Planalto.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/cpi-recebe-inqueritos-sobre-cachoeira 

PGR diz ser impedido de depor na CPI do Cachoeira

Investigação

Procurador-geral da República alega que falar na comissão seria legalmente impossível, já que ele conduz investigações do Ministério Público

Laryssa Borges
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel: impedimento legal O procurador-geral da República, Roberto Gurgel: impedimento legal (Marcello Casal Jr./ABr)
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quarta-feira ao presidente da CPI Mista do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), ser legalmente impedido de depor na comissão. O argumento de Gurgel é o de que seu eventual depoimento seria legalmente impossível, uma vez que ele tem a função de conduzir as investigações pelo Ministério Público Federal e, se depusesse, não poderia atuar simultaneamente como testemunha na CPI.
Gurgel atua, por exemplo, na condução do inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Se prestasse esclarecimentos públicos aos parlamentares, poderia ser considerado testemunha do episódio, e não mais acusador. "Ele disse ter um impedimento de ordem técnica. Ele falou que não vai porque agora não dá", resumiu Vital do Rêgo após reunião com o procurador-geral, em Brasília. "Mostramos a ele a necessidade de que se expliquem os principais eixos da investigação e [mesmo com o argumento de impedimento] a CPI não afasta a possibilidade de convocação".

O relator defende a realização de uma sessão secreta para ouvir o procurador-geral. “Uma sessão secreta facilitaria também”, afirmou Vital do Rêgo. A CPI trabalha com a possibilidade de sessões secretas também com delegados da Polícia Federal que participaram das investigações.
As apurações da PF apontam que o empresário Carlinhos Cachoeira comandava um esquema de corrupção para encobrir e facilitar a exploração de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal com o pagamento de propina a policiais civis, militares e federais.
Recusa - Em nota, o Ministério Público Federal confirmou que Roberto Gurgel encontrou-se com Vital do Rêgo e Odair Cunha e que apontou as dificuldades jurídicas para seu comparecimento à CPI: “um eventual depoimento seu à comissão poderá futuramente torná-lo impedido para atuar nos inquéritos em curso e ações penais subsequentes”.

De acordo com o MP, Gurgel fez uma síntese do andamento das investigações. “Ele explicou aos parlamentares que em 2009, quando recebeu material referente à Operação Las Vegas, fez uma avaliação preliminar e verificou que os elementos não eram suficientes para qualquer iniciativa no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), optando por sobrestar o caso, como estratégia para evitar que fossem reveladas outras investigações relativas a pessoas não detentoras de prerrogativa de foro, inviabilizando seu prosseguimento, que viria a ser formalizado na Operação Monte Carlo”, informa a nota. “Somente no dia 9 de março de 2012, a Justiça Federal em Goiás encaminhou ao Procurador-Geral da República o material relativo à Operação Monte Carlo. Este material, agora sim, reunia indícios suficientes relacionados a pessoas com prerrogativa de foro e, assim, requereu a instauração de inquérito no STF, anexando tudo o que recebeu nas duas oportunidades (Operações Las Vegas e Monte Carlo)”.
Conforme o procurador-geral, as investigações da Polícia Federal (PF) apontam que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, comandava um esquema de corrupção para encobrir e facilitar a exploração de jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal com o pagamento de propina a policiais civis, militares e federais.
Se confirmada, essa não será a primeira vez que um procurador-geral se recusa a prestar esclarecimentos a uma CPI. No auge do esquema do mensalão, o então chefe do Ministério Público, Antonio Fernando de Souza, não compareceu à CPI dos Correios também sob o argumento de que não poderia atuar, ao mesmo tempo, como testemunha e como investigador do caso.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/pgr-diz-ser-impedido-de-depor-na-cpi-do-cachoeira 

Levantamento aponta doações da Delta a campanha de aliados de Garotinho

Por Flávia D'Angelo, estadao.com.br, Atualizado: 2/5/2012 12:00
Estadão.com.br
A relação entre a empreiteira Delta e o governo do Estado do Rio de Janeiro é antiga e teria beneficiado inclusive o ex-governador Anthony Garotinho (PR-RJ). De acordo com reportagem
do Contas Abertas, a construtora teria feito doações para campanhas eleitorais no Estado do Rio de Janeiro de candidatos a prefeito, vereador e deputado federal ligados ao ex-governador. O levantamento foi feito com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O levantamento apontou ainda que a Delta doou R$ 4,4 milhões a partidos e políticos em campanhas eleitorais desde as eleições de 2002. Do total, conforme dados do TSE, R$ 2,3 milhões foram destinados especificamente ao PMDB, tanto por meio de contribuições diretas a comitês financeiros municipais e o diretório nacional, quanto a candidatos a prefeito, vereador, deputado estadual e federal.
Entre eles, Eduardo Cunha teria recebido R$ 10,1 mil para sua campanha à Câmara Federal pelo PPB-RJ em 2002. Hoje ele é deputado federal pelo PMDB-RJ.
Cunha foi presidente da Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro (Telerj) de 1991 a 1993. Em 1999, foi subsecretário de Habitação do Governo do Rio, no governo de Anthony Garotinho (1999-2001), e depois assumiu a presidência da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (CEHAB), até 2000. O deputado estadual pelo PPB-RJ, Fábio Francisco da Silva também recebeu doação de R$ 10,1 mil. Silva foi diretor de Desenvolvimento Comunitário e de Assuntos Fundiários durante o governo Garotinho.
Embora outros partidos também tenham recebido repasses, a lista de beneficiados das doações é maior no PMDB. O candidato à Prefeitura de Duque de Caixias, Washington Reis, recebeu R$ 12 mil. Já o candidato à prefeitura de São João de Meriti-RJ, Uzias Mocotó, que tinha o apoio do então secretário estadual de Segurança, Anthony Garotinho, na época do PMDB, recebeu doações de R$ 5,6 mil. O candidato a vereador pelo município do Rio de Janeiro, Theófilo Guedes da Silva, contabilizou repasses de R$ 182,1 mil.
Outro que também tinha o apoio de Garotinho foi Geraldo Pudim, que recebeu R$ 300 mil em doações da Delta. Em 2006, Pudim ? cujo slogan de campanha era ?votar no Pudim é votar no Garotinho? ? se elegeu deputado federal.
Na lista de beneficiados pela empresa de Fernando Cavendish, há pelo menos dois prefeitos que tiveram mandatos cassados pelo MP, segundo o
Contas Abertas. Um deles é Gedeon de Andrade Antunes ? que recebeu R$ 18,5 mil ?, eleito pelo PSC à Prefeitura de Seropédica (RJ), em 2004, e cassado em 2006. O outro foi Riverton Mussi, do PSDB, candidato à Prefeitura de Macaé-RJ naquele ano ? quando recebeu R$ 120 mil da Delta.
Apesar da ligação com o partido no estado do Rio, contudo, também há repasses (R$ 490 mil ao todo, englobando 2004 e 2008) para candidaturas aos cargos de vereador e prefeito pelos municípios de Ji-Paraná-RO, Teresina-PI, Santa Maria-RS, Jequié-BA, Porto Alegre-RS, Caxias do Sul-RS e Ariquemes-RO, pelo PMDB; São Paulo-SP (R$ 415 mil, em 2004), pelo PT; Cariacica-ES (R$ 30 mil, em 2004), pelo PL, atual PR; Coari-AM (R$ 100 mil, em 2008); Itacoatiara-AM (R$ 100 mil, em 2008), pelo PR.estadao.com.br (Grupo Estado - Copyright 1995-2010 - Todos os direitos reservados.)
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/levantamento-aponta-doa%C3%A7%C3%B5es-da-delta-a-campanha-de-aliados-de-garotinho 

Exame de sangue pode prever risco de câncer de mama

Câncer

Cientistas descobrem mudança genética que favorece desenvolvimento da doença

câncer de mama Teste deve ajudar médicos a identificar pacientes que devem passar por ações específicas de prevenção contra o câncer de mama. (Thinkstock)
Um simples exame de sangue pode ajudar a prever a possibilidade de uma mulher desenvolver câncer de mama. Cientistas do Imperial College, em Londres, descobriram uma associação entre o risco da doença e uma alteração genética nas células brancas do sangue. Segundo os pesquisadores, um teste que analise mudanças específicas no gene ATM dessas células pode medir a possibilidade de uma paciente desenvolver o câncer. Isso poderia ajudar os médicos a identificar mulheres que se beneficiariam de ações preventivas contra a doença.

Saiba mais

EPIGENÉTICA
É o nome que se dá para as mudanças que acontecem nos genes sem, no entanto, alterar o código genético de um indivíduo. É diferente de uma mutação. Enquanto em uma mutação o código genético é alterado, a epigenética só muda como um gene funciona ou não. Essa mudança pode ser causada por fatores ambientais, como poluição ou mesmo pela prática de exercícios, e pode ser passada para as gerações seguintes.
Os cientistas analisaram 1.381 amostras de sangue utilizadas em outros três estudos. Dessas amostras, 640 eram de mulheres que viriam a desenvolver câncer de mama no futuro – algumas demoraram até 11 anos para diagnosticar a doença. Ao analisar as células brancas dessas amostras, eles descobriram que uma mudança molecular chamada metilação do gene ATM podia servir como um marcador de risco para a doença. Segundo o estudo, as mulheres com maior grau de metilação no gene apresentavam o dobro de chance de desenvolver câncer do que aquelas com o menor grau. A pesquisa foi publicada na revista Cancer Research.
A metilação é um mecanismo epigenético, que faz com que fatores ambientais modifiquem o DNA. Ela funcionaria como um interruptor, ligando ou desligando o gene. Entre os fatores ambientais que poderiam desencadear tal reação estão o fumo, poluição, radiação, envelhecimento e consumo de álcool. Os pesquisadores, no entanto, não souberam apontar por que uma mudança no DNA das células brancas favoreceria o desenvolvimento do câncer.
Os cientistas já sabiam que alguns fatores genéticos podiam desencadear o câncer, mas ainda faltavam estudos sobre sua epigenética. Agora, com a nova pesquisa, eles podem ver como alterações no DNA aumentam o risco de um paciente desenvolver a doença, com até décadas de antecedência.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/teste-de-sangue-pode-prever-risco-de-cancer-de-mama 

Pessoas menos religiosas tendem a ser mais generosas, diz estudo

Comportamento

Estudo da Universidade da Califórnia envolveu 1.600 adultos nos EUA

De acordo com a pesquisa, os menos religiosos baseiam o sentimento de generosidade na ligação emocional que estabelecem com os outros. Os religiosos, por outro lado, são mais ligados à doutrina e às relações de reputação e identidade com a comunidade De acordo com a pesquisa, os menos religiosos baseiam o sentimento de generosidade na ligação emocional que estabelecem com os outros. Os religiosos, por outro lado, são mais ligados à doutrina e às relações de reputação e identidade com a comunidade (Hemera/ThinkStock)
"A pesquisa sugere que embora pessoas menos religiosas tendam a ser menos confiáveis nos Estados Unidos, quando sentem compaixão, elas podem estar mais abertas a ajudar estranhos do que pessoas mais religiosas"
Robb Willer - psicólogo, Universidade de Berkeley
Crentes podem não ser tão "bons samaritanos" quanto ateus e agnósticos. É o que sugere um estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Publicado no periódico Social Psychological and Personality Science, o artigo afirma que pessoas menos religiosas tendem a ser mais sensíveis às necessidades de um estranho.
O experimento foi realizado em três etapas. Na primeira, os cientistas analisaram dados de uma enquete americana de 2004 entre 1.300 adultos. A análise mostrou que as pessoas menos religiosas eram mais caridosas do que os mais crentes.

No segundo experimento, 101 adultos americanos assistiram a imagens de crianças muito pobres. Em seguida, os participantes receberam moedas falsas e foram instruídos a doar uma quantidade qualquer a um estranho. Novamente, os menos religiosos mostraram-se mais caridosos e doaram valores maiores.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: My Brother’s Keeper? Compassion Predicts Generosity More Among Less Religious Individuals

Onde foi divulgada: revista Social Psychological and Personality Science

Quem fez: Lara Saslow, Robb Willer, Dacher Keltner, Matthew Feinberg, Paul Piff, Katharine Clark, Sarina Saturn

Instituições: Universidade da Califórnia, Universidade do Colorado, Oregon State University

Dados de amostragem: 1601 adultos

Resultado: Pessoas menos religiosas tendem a ser mais generosas com estranhos do que as mais fervorosas.

"As imagens tiveram um grande efeito na generosidade dos menos crentes", disse o psicólogo Robb Willer, da Universidade de Berkley, coautor do estudo. "Mas não modificou de maneira significativa a generosidade dos participantes mais religiosos."

No último experimento, mais de 200 alunos universitários tinham que dizer quão compassivos estavam se sentindo no momento. Em seguida, participaram de jogos em que precisavam decidir se compartilhariam dinheiro com um estranho ou se guardariam para si.

Em uma rodada, os jogadores eram informados que haviam recebido doação de outro participante. Os agraciados tinham liberdade para decidir se recompensariam o doador devolvendo parte do dinheiro. Aqueles que haviam declarado baixa religiosidade e alta compaixão estiveram mais propensos a devolver parte do dinheiro recebido por um estranho do que os outros participantes do estudo.
De acordo com os autores, os menos religiosos apoiam a generosidade e a caridade na força da ligação emocional que estabelecem com um estranho. Já os mais religiosos parecem basear a generosidade menos na emoção e mais na doutrina e na identificação com a comunidade.
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/generosidade-e-mais-forte-em-ateus-do-que-nos-mais-religiosos-diz-estudo 

Oposição pedirá convocação de Sergio Cabral na CPI do Cachoeira

Por LUCIANA NUNES LEAL, estadao.com.br, Atualizado: Em1/5/2012 21:33
BRASÍLIA - Partidos de oposição decidiram pedir a convocação do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), à CPI do Cachoeira, para explicar as relações com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções. Embora o PMDB nacional esteja pronto para entrar em campo e evitar o depoimento do governador, o PSDB e o PSOL argumentam que a Delta está no centro das investigações e lembram os contratos do governo do Rio com a empreiteira, que recebeu R$ 1,5 bilhão na gestão Cabral.
Na semana passada, Cavendish se afastou da direção da Delta, apontada pela Polícia Federal como financiadora de empresas fantasmas criadas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em consequência das investigações da Operação Monte Carlo.
Para parlamentares do Rio adversários de Cabral, a convocação do governador tornou-se inevitável depois da divulgação, pelo deputado e ex-governador Anthony Garotinho (PR), de uma série de fotos e vídeos do governador em momentos de descontração com Cavendish. Desde a última sexta-feira, Garotinho divulga novas imagens a cada dia, sempre mostrando Cabral, secretários de Estado e Cavendish, com suas mulheres, em festas suntuosas e jantares nos mais caros restaurantes da França.
'A CPI investiga as relações mafiosas do Cachoeira com a Delta e a Delta emergiu no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, as fotos e vídeos mostram a relação íntima da Delta e de Fernando Cavendish com Cabral. A sociedade exige um esclarecimento do governador e a CPI é o âmbito para essas explicações', diz o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), pré-candidato a prefeito do Rio.
Otávio Leite, que não está na CPI, acertou nesta terça-feira com Fernando Francischini (PSDB-PR), integrante da comissão de inquérito, o conteúdo do requerimento de convocação de Cabral. Francischini disse que 'os fatos são graves' e discutirá nesta quarta-feira o assunto com os outros deputados tucanos da CPI. 'Decidimos assinar todos os requerimentos em conjunto', afirmou o parlamentar paranaense.
O deputado do PSOL Chico Alencar (RJ) também defende a convocação de Cabral e vai conversar com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), suplente da CPI. 'Como a CPI é do Cachoeira e da Delta, todas as articulações e ganhos da Delta têm que ser verificados e, nesse plano, o governador Sérgio Cabral tem informações a dar. Não temos pressa, mas o governador deve falar à CPI', diz Chico Alencar.
Líderes do PMDB nacional disseram não terem sido procurados pelo governador nos últimos dias, mas reiteraram que não há motivos para a convocação de Cabral, que não é citado nas investigações da Polícia Federal e não tem nenhuma ligação conhecida com Cachoeira. Todos reconhecem, porém, o enorme desgaste de Cabral com a divulgação das imagens de viagens luxuosas do governador ao lado de Cavendish.
A assessoria de imprensa de Cabral disse que o governador 'arca com suas despesas pessoais' nas programações que não envolvem compromissos oficiais. Em nota divulgada na tarde de sábado, Cabral confirmou a amizade com Cavendish e disse que não tinha conhecimento da relação da Delta com Cachoeira. 'Nunca misturei amizade com interesse público', disse o governador. Hoje, a assessoria de imprensa informou que o governador não comentaria a possibilidade de convocação para a CPI, porque os trabalhos da investigação parlamentar ainda não começaram.
A assessoria de imprensa da Delta disse em nota que 'o empresário Fernando Cavendish e o governador Sérgio Cabral jamais esconderam a amizade que têm' e que 'isso nunca influenciou a vida empresarial (de Cavendish) e a trajetória pública (de Cabral)'. 'A vida privada do empresário e do governador não está em debate em nenhuma esfera', conclui a nota.
 http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/oposi%C3%A7%C3%A3o-pedir%C3%A1-convoca%C3%A7%C3%A3o-de-sergio-cabral-na-cpi-do-cachoeira

Com mais um governador na mira, CPI terá hoje primeiro embate político

Por JOÃO DOMINGOS /BRASÍLIA, estadao.com.br, Atualizado: 02/05/2012 03:04

 Governistas e oposição vão travar hoje sua primeira grande batalha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira com um novo personagem no epicentro da luta política, até a semana passada restrita a petistas e tucanos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Ele é mais um chefe de Executivo estadual a ter o nome envolvido no esquema de contravenção e o terceiro a entrar na mira da comissão parlamentar.
Na sessão marcada para as 10h30 os integrantes da comissão irão receber os 40 volumes do inquérito que investigou o esquema do contraventor e suas ligações com agentes públicos e privados. PMDB e PT pretendem fazer de tudo para blindar Cabral e Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e evitar que sejam convocados a depor na CPI a respeito de supostas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e o empresário Fernando Cavendish, que se afastou na semana passada da direção da Delta Construções S.A.
Ao mesmo tempo, o PT defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que os grampos feitos pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo escancararam as ligações dele com Carlinhos Cachoeira. 'Não quero fazer prejulgamentos, mas todas as conversas gravadas pela PF e que envolvem o governador Marconi Perillo apontam para uma séria relação dele com o bando do Cachoeira', disse ao Estado o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). 'É muito diferente do que ocorreu com o governador Agnelo, que é vítima da organização criminosa.'
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), rebateu Tatto. 'Nós, do PSDB, já pedimos a convocação do governador Marconi, que concorda em comparecer à CPI para dar explicações. Agora, se o PT e o PMDB querem usar de dois pesos e duas medidas para proteger os seus governadores, nós não vamos aceitar', afirmou. 'Se tem três governadores que são suspeitos de ligação com o Cachoeira e com a Delta, que esclareçam tudo à CPI. É isso que defendemos. Não tem de proteger ninguém', disse ainda o senador.
A convocação de Sérgio Cabral será proposta por requerimento do deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal. A sugestão para que ele apresentasse o requerimento de convocação é do deputado tucano Otávio Leite (RJ), que antes pediu a intermediação do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).
Francischini acusa o governador Agnelo Queiroz de ter montado uma rede de grampos ilegais. Por isso, requereu ao Ministério Público a prisão de Agnelo.
Ao defenderem Cabral dos ataques da oposição, os dirigentes do PMDB afirmam que o governador está sendo vítima de uma briga particular com o ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ). Na semana passada, Garotinho postou em seu blog fotos de Cabral, Cavendish e secretários na Avenida Champs-Elysées, em Paris, durante viagem oficial, e no Restaurante Luis XV, no Hotel de France, em Mônaco, em 2009.
Reação. Aliado do PMDB, com o qual não quer nenhuma confusão, o líder Jilmar Tatto discorda da convocação. 'É preciso examinar todos os elementos. Acho que é precipitado convocar o Sérgio Cabral agora', disse Tatto.
O Palácio do Planalto quer manter a CPI sob controle, fazendo com que investigue somente o esquema de Cachoeira e as ligações dele com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), além da construtora Delta.
O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que o governo não quer ter nada sob controle: 'Existe uma dinâmica no noticiário. É o chamado comportamento de manada. Atribui-se (isso) ao Planalto e ninguém diz com quem falou. Lamentavelmente, são análises em vez da informação', afirmou.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), voltou a prever que a CPI do Cachoeira será 'muito complexa, explosiva, e que vai exigir muita atenção das pessoas ligadas ao mundo da política'.
Segundo ele, sua expectativa é de que haja uma 'bela investigação', capaz de esclarecer as relações de Carlinhos Cachoeira com o mundo político, com o mundo privado e o setor público. Maia previu ainda que a CPI não vai atrapalhar a pauta da Câmara. Para ele, trata-se de algo independente do trabalho da CPI. / COLABORARAM BEATRIZ BULLA E ISADORA PERON


Com mais um governador na mira, CPI terá nesta quarta primeiro embate político

02/05/2012
às 6:09
Por João Domingos, no Estadão:
Governistas e oposição vão travar nesta quarta sua primeira grande batalha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira com um novo personagem no epicentro da luta política, até a semana passada restrita a petistas e tucanos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Ele é mais um chefe de Executivo estadual a ter o nome envolvido no esquema de contravenção e o terceiro a entrar na mira da comissão parlamentar.
Na sessão marcada para as 10h30 os integrantes da comissão irão receber os 40 volumes do inquérito que investigou o esquema do contraventor e suas ligações com agentes públicos e privados. PMDB e PT pretendem fazer de tudo para blindar Cabral e Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e evitar que sejam convocados a depor na CPI a respeito de supostas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e o empresário Fernando Cavendish, que se afastou na semana passada da direção da Delta Construções S.A.
Ao mesmo tempo, o PT defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que os grampos feitos pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo escancararam as ligações dele com Carlinhos Cachoeira. “Não quero fazer prejulgamentos, mas todas as conversas gravadas pela PF e que envolvem o governador Marconi Perillo apontam para uma séria relação dele com o bando do Cachoeira”, disse ao Estado o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). “É muito diferente do que ocorreu com o governador Agnelo, que é vítima da organização criminosa.”
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), rebateu Tatto. “Nós, do PSDB, já pedimos a convocação do governador Marconi, que concorda em comparecer à CPI para dar explicações. Agora, se o PT e o PMDB querem usar de dois pesos e duas medidas para proteger os seus governadores, nós não vamos aceitar”, afirmou. “Se tem três governadores que são suspeitos de ligação com o Cachoeira e com a Delta, que esclareçam tudo à CPI. É isso que defendemos. Não tem de proteger ninguém”, disse ainda o senador.
A convocação de Sérgio Cabral será proposta por requerimento do deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal. A sugestão para que ele apresentasse o requerimento de convocação é do deputado tucano Otávio Leite (RJ), que antes pediu a intermediação do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE). Francischini acusa o governador Agnelo Queiroz de ter montado uma rede de grampos ilegais. Por isso, requereu ao Ministério Público a prisão de Agnelo.
Ao defenderem Cabral dos ataques da oposição, os dirigentes do PMDB afirmam que o governador está sendo vítima de uma briga particular com o ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ). Na semana passada, Garotinho postou em seu blog fotos de Cabral, Cavendish e secretários na Avenida Champs-Elysées, em Paris, durante viagem oficial, e no Restaurante Luis XV, no Hotel de France, em Mônaco, em 2009.
Reação
Aliado do PMDB, com o qual não quer nenhuma confusão, o líder Jilmar Tatto discorda da convocação. “É preciso examinar todos os elementos. Acho que é precipitado convocar o Sérgio Cabral agora”, disse Tatto. O Palácio do Planalto quer manter a CPI sob controle, fazendo com que investigue somente o esquema de Cachoeira e as ligações dele com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), além da construtora Delta.
(…)

Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/com-mais-um-governador-na-mira-cpi-tera-nesta-quarta-primeiro-embate-politico/ 

Cabral quer legalizar o crime enquanto balas traçantes salpicam de estrelas o céu do Alemão

Reinaldo azevedo da Veja escreveu em 08/09/2011
às 15:34
Era batata!
Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio e um dos inimputáveis da política brasileira, apareceu com mais uma idéia salvadora: a legalização do jogo para financiar a Saúde. Repetindo o texto do lobby em favor da idéia, afirmou que o jogo só não é legal no Iraque, no Iêmen, no Afeganistão e na Coréia no Norte”. É mentira, claro!, mas, ainda que fosse verdade, isso não tornaria a coisa, em si, boa ou ruim.
Cabral vive tendo idéias. Já defendeu antes a legalização do jogo. E também quer a descriminação das drogas e do aborto. Está naquela categoria de homens que acham que uma das formas de diminuir a criminalidade no Brasil é legalizar o crime. Pode não ser lógico, mas é tautológico.
Com a sua política de segurança sob questionamento, como sabem os céus do Complexo do Alemão, por que não aparecer no noticiário com um factóide? O jogo, como todo mundo sabe, é uma das principais formas de lavagem de dinheiro — inclusive do narcotráfico. Perguntem aos EUA, onde, de fato, é legal. A razão é simples: como lida com muito dinheiro vivo, é praticamente impossível haver um controle eficiente de receita.
Ele também resolveu filosofar: “O Brasil vive algumas hipocrisias muito fortes. Aí você vê casa de bingo ilegal sendo fechada, cassino ilegal sendo fechado. Se há demanda, vai existir oferta. Então vamos organizar essa oferta, no Congresso, com uma lei direita”.
Certo! Imaginem aí quantas outras “demandas” existem no Brasil que pediriam a “organização da oferta”. Deixem-me ver: prostituição, pedofilia, zoofilia… A seguir Cabral, definitivamente serão extintos todos os pecados ao Sul do Equador. Dá para reduzir a criminalidade a zero porque tudo será da lei — desde que se pague a taxa.
Enquanto isso, balas traçantes salpicam de estrelas o céu do Alemão!
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/cabral-quer-legalizar-o-crime-enquanto-balas-tracantes-salpicam-de-estrelas-o-ceu-do-alemao/ 

A CPI começa hoje! Pode estar em jogo não só a verdade dos fatos, mas também a qualidade da nossa democracia. Lula vê a oportunidade de liquidar todos os que considera adversários e não esconde isso de ninguém

Reinaldo Azevedo

Começam hoje os embates na CPI do Cachoeira. O PT está que não cabe em si de contentamento com o tsunami de imagens e vídeos que o ex-governador Anthony Garotinho fez chegar ao território encantado da Cabralândia. Quem já viu Sérgio Cabral (PMDB) borracho no Carnaval de 2010, tartamudeando um inglês de vendedor de mate na praia, ao lado da então candidata à Presidência, Dilma Rousseff (está no Youtube); quem já viu o governador aos prantos por causa da redivisão dos royalties do petróleo (de fato, uma injustiça); quem não viu este mesmo governador soltar um mísera lágrima pelos mais de mil soterrados em avalanches ou quem o viu chamar de “otário” o jovem de uma favela que criticava uma ação do governo, quem se lembra de tudo isso não se surpreendeu com a desenvoltura dos hooligans cabralinos na pátria de Tocqueville. Pouco importa quem estava pagando a farra: se o governo, péssimo; se Fernando Cavendish, péssimo também. Milton Friedman recorreu a uma metáfora para lembrar que ações de governo têm custos: “Não existe almoço grátis”. Conhecia pouco o Brasil. Aqui, a metáfora assume a dimensão de escândalo em linguagem nada figurada: “Não existe jantar de graça em Paris ou em Mônaco”.
Cumpre não esquecer: Cabral é aquele que já convidou a sociedade brasileira a deixar de ser “hipócrita” no caso do aborto, das drogas, e do jogo. Cabral é assim: quem não concorda com ele é só um falso moralista! Quem concorda pode ser um amoralista sincero… Sim, o governador do Rio, que odeia a hipocrisia e ama Paris, já se manifestou a favor da legalização das três práticas. No dia 8 de setembro de 2009 escrevi aqui um post sobre a defesa que ele fez da legalização da jogatina, com o que Carlinhos Cachoeira, o parceiro da Delta, certamente concorda. Mas não pensem que é um homem que se descuida do social!
Cabral defende a legalização do jogo para gerar recursos para a… Saúde! Sérgio Côrtes, seu secretário da área e parceiro de farra em Paris, deve concordar. Afinal, à mesa de um dos jantares, um dos convivas espanca o inglês: “Let´s win some money in the casino.” Como observou o leitor Gonçalo Osório, a turma barbariza o decoro e a língua inglesa. “Let’s make” ou “let’s earn” seria o correto. Com “win”, fez-se um convite para “vencer” o dinheiro. E resta evidente que o dinheiro é que venceu… Carlinhos Waterfall seria mais singelo: “Vâmu ganhá uns trem aí ué…” Cabral pretendia ocupar um dia o lugar de inimputável da política, que seguirá com Lula enquanto ele estiver por aí. Mas voltemos ao ponto.
O PT deu graças a Deus com o tsunami que colheu o governador do Rio. O PMDB andava meio distante da CPI e fazendo cálculos frios. Havia mesmo quem apostasse que sua estratégia seria, como direi?, apresentar a conta ao governo Dilma para não deixar a CPI sair dos “trilhos”. Duvido, por exemplo, que o partido quebrasse lanças por Agnelo Queiroz, o enrolado governador petista do Distrito Federal. Agora, também tem uma tarefa: salvar a pele de Cabral.
No post anterior, há trecho de uma reportagem do Estadão em que fala o inefável Jilmar Tatto (PT-SP), líder do PT na Câmara. Já fui processado por dois ou três dos Irmãos Tatto, não lembro bem — acho que Jilmar era um deles. Eles não gostaram de uma reportagem que publiquei na revista Primeira Leitura, que eu dirigia, sobre a “Tattolândia”, uma região da cidade de São Paulo que é literalmente dominada pela família. Mas eu, vejam só, não deixo de ter certa admiração pelo líder petista. Outros, antes dele, sempre foram imaginosos o bastante para ser cínicos, que não deixa de ser uma forma de inteligência. Jilmar Tatto é diferente! Sua falta de imaginação o obriga a ser sincero, se é que vocês me entendem.
Ouvido pela reportagem, ele não esconde o objetivo do partido:
“Não quero fazer prejulgamentos, mas todas as conversas gravadas pela PF e que envolvem o governador Marconi Perillo apontam para uma séria relação dele com o bando do Cachoeira. É muito diferente do que ocorreu com o governador Agnelo, que é vítima da organização criminosa (…) É preciso examinar todos os elementos. Acho que é precipitado convocar o Sérgio Cabral agora.”
Entenderam? Tatto está dizendo que uma mão lava a outra e que as duas devem conspirar contra a investigação, protegendo-se. Já o governador Marconi Perillo, que é da oposição, bem…, esse o líder petista quer convocar. Ora, o que recomenda o óbvio e o bom senso? Que os três governadores que aparecem nas gravações compareçam à CPI. Ou é assim, ou não se tem uma Comissão Parlamentar de Inquérito, mas um tribunal do governo para esmagar a oposição. CPÌs, repetimos todos, têm sua própria dinâmica, fogem ao controle desse e daquele etc e tal. Huuummm… Mais ou menos. Quem acompanhou as chicanas do PT na CPI do Mensalão, lideradas pela agora ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), sabe que o partido é capaz de tudo — até de fazer a dancinha da impunidade, lembram-se?
Fator Lula e chavismo verde-amarelo
Ou se apura tudo, ou resta à oposição cair fora e deixar que a CPI se transforme naquilo que Lula quer que ela seja: um tribunal de exceção para tentar esmagar a oposição e intimidar a imprensa independente, que não regula suas opiniões segundo a verba publicitária do governo federal e das estatais. Que avance por esse caminho, mas sem a participação das oposições, que teriam, então, pela frente um outro trabalho: apontar, Brasil e mundo afora, o caminho verde-amarelo da chavização ou da kirchnização do país.
É o que quer Lula. É o que quer José Dirceu. Esta CPI, para ambos e para aqueles que os acompanham em sua loucura, é mero pretexto. Ambos estão empenhados na tarefa de demonstrar a tese estupidamente mentirosa de que o mensalão — COM TODOS OS CRIMES QUE OS PRÓPRIOS ACUSADOS JÁ CONFESSARAM — não passou de uma armação de Carlinhos Cachoeira, em parceria com “a mídia”. E defendem abertamente, a quem queira ouvi-los, que a base aliada faça valer a sua maioria para esmagar adversários.
Consideram estar com a faca e o queijo nas mãos. É claro que o grande arquivo dessa história toda se chama Carlinhos Cachoeira. Seu advogado é o petista de carteirinha Márcio Thomaz Bastos, ainda hoje uma espécie de conselheiro de Lula e homem que tirou do colete a tese de que o mensalão era só caixa dois de campanha — um crime menor… O contraventor certamente o contratou para ser mais do que apenas um hábil criminalista. Cachoeira tem  sentenças de morte política e pode selecionar seus alvos.
Lula nunca lidou direito com a democracia, eis a verdade. Quem não está com ele passa a ser visto como um sabotador de seus intentos. É intolerante! Vê nessa CPI a grande cartada para aniquilar os que não rezam segundo a sua cartilha. Na CPI, não há como a oposição vencer a base aliada se esta atuar como ordem unida, deixando de lado a investigação e se dedicando apenas à chicana política. A depender do andamento, é mais do que a simples investigação que estará em jogo. Também estará em questão a ordem democrática. E a oposição terá de ter a devida sensibilidade para, se necessário, botar a boca no trombone.
O líder do PT, na sua sinceridade crua, já disse o que pretende. E agora julga ter argumentos para atrair o PMDB para a sua conspiração contra a oposição, contra a investigação, contra os fatos, contra a verdade. É o que quer Lula. Mesmo  PT sendo inegavelmente bem-sucedido nas urnas, a eleição ainda não é o caminho preferido por muitos petistas para tomar o poder. A razão é simples: eleições nunca dão o poder total.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-cpi-comeca-hoje-pode-estar-em-jogo-nao-so-a-verdade-dos-fatos-mas-tambem-a-qualidade-da-nossa-democracia-lula-ve-a-oportunidade-de-liquidar-todos-os-que-considera-adversarios-e-nao-esconde-isso-d/