sexta-feira 20 2012

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Fernando Collor será um dos integrantes da CPI sobre Cachoeira


O PTB será representado pelo ex-presidente da República e senador Fernando Collor (AL) na vaga do Senado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e suas relações com autoridades e outros empresários, anunciou hoje o partido. Além de Collor, o bloco União e Força, formado por PTB, PR e PSC, indicará o senador Vicentinho Alves (PR-TO). Os partidos políticos se mobilizam no Congresso Nacional para indicar os nomes dos parlamentares que vão compor a comissão. Ao todo, a CPMI terá 15 senadores, 15 deputados titulares e o mesmo número de suplentes. A expectativa é que de ela seja protocolada na próxima terça-feira e lida em plenário pelo presidente do Congresso Nacional, o senador José Sarney (PMDB-AP), na quarta-feira.
Para que a CPMI seja criada, são necessárias assinaturas de pelo menos 171 deputados e 27 senadores. Todos os partidos já declararam apoio à criação da comissão. Apesar dessas assinaturas ainda não terem sido coletadas em quantidade suficiente, os partidos na Câmara e no Senado estão, aos poucos, divulgando os nomes de seus representantes.
O bloco de apoio ao governo no Senado - formado por PT, PDT, PSB, PCdoB e PRB - terá direito a cinco vagas, uma delas do PDT. Hoje o líder do PDT, senador Acir Gurgacz (RO), anunciou que a vaga será ocupada pelo senador Pedro Taques (MT). Os outros partidos que formam o bloco ainda não divulgaram suas escolhas. O líder do PT, senador Walter Pinheiro (BA), disse que fará uma reunião na próxima terça-feira para tratar do assunto.
Na Câmara, o PR já escolheu seus representantes, os deputados Ronaldo Fonseca (DF) e Maurício Quintella Lessa (AL). O partido, no entanto, ainda não definiu quem será titular e quem será suplente.
O PSDB, que terá direito à indicação de dois titulares e dois suplentes na comissão, já definiu que o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) será um dos titulares. O líder tucano, o deputado Bruno Araújo (PE), disse que as outras vagas estão sendo disputadas internamente por nove colegas de partido. "Na próxima terça-feira a gente define os outros três nomes, já que, na nossa avaliação, a CPI deve ser protocolada no mesmo dia", disse o
O PMDB terá direito a cinco vagas de titulares no Senado e a duas na Câmara. PSDB e DEM terão direito, cada um, a três titulares no Senado e três na Câmara.
Entre os deputados, ainda haverá uma vaga para o PR, uma para o PSB, uma para o PTB, uma para o PSC, uma para o PP e uma que será dividida entre PV e PPS. Em cada Casa haverá ainda uma vaga de rodízio, que será destinada às bancadas dos partidos menores, que não alcançam o critério de proporcionalidade.
Na Câmara, a vaga ficará com o PCdoB, que deverá indicar o deputado Delegado Protógenes (SP). No Senado, ainda não está definido quem ficará com a vaga de rodízio.
A presidência da CPMI ficará com um senador do PMDB e a relatoria com um deputado do PT. Os dois partidos têm direito aos cargos por terem as maiores bancadas do Congresso Nacional, mas os partidos de oposição ainda brigam para que a minoria alcance uma das duas vagas. Reclamam, ainda, que de outra forma ficarão fora das decisões mais importantes. "A CPI é um instrumento da oposição. Então é importante termos um cargo", alega o líder Bruno Araújo (PSDB-PE).

Demóstenes e Carlinhos Cachoeira
Em 6 de março de 2012, o senador Demóstenes Torres (GO) subiu à tribuna para dar explicações sobre as denúncias de sua proximidade com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, descoberta pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que terminou em fevereiro, com a prisão de Cachoeira e de outras 34 pessoas. Demóstenes disse que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido critérios legais. Dez dias depois, o jornal Folha de S.Paulo publicava um relatório do Ministério Público Federal (MPF) que indicava que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, que admitiu ter recebido o aparelho.
O jornal O Globo noticiou, em 23 de março, gravações da PF que flagraram Demóstenes pedindo para Cachoeira lhe pagar R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo e vazando informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes. Em 27 de março, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado para "acompanhar a evolução dos fatos". No dia seguinte, o Psol entrou com representação contra o parlamentar no Conselho de Ética do Senado e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandovski autorizou a quebra do sigilo bancário de Demóstenes, solicitando ainda um levantamento sobre as emendas e os projetos relatados por ele para saber se Cachoeira, acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e de corromper policiais e políticos em Goiás, foi beneficiado.
Nas gravações, Demóstenes também aparece acertando um suposto lobby pela legalização dos jogos de azar no Congresso em 2009. Em outra conversa, Cachoeira pede ajuda no processo de um delegado e três policiais de Anápolis (GO) acusados de tortura e extorsão. Os dois ainda conversaram sobre um "negócio" milionário na Infraero. Na ocasião, Demóstenes teria se valido da relatoria da CPI do Apagão Aéreo para levantar informações e sondar contratos de informática na estatal.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido decidiu abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5718665-EI7896,00-Fernando+Collor+sera+um+dos+integrantes+da+CPI+sobre+Cachoeira.html

'Deltaduto' faz Perillo anunciar auditoria em contratos

Política

Por Alana Rizzo
Brasília - Beneficiado pelo "deltaduto" operado por Carlinhos Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), anunciou nesta quinta uma auditoria nas licitações e contratos celebrados entre o Estado e a Delta Construções.
A campanha de Perillo, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, foi irrigada pelo circuito financeiro de empresas de fachada que serviam para redirecionar para políticos e laranjas, conforme aponta a Polícia Federal, recursos da Delta.
Segundo Perillo, o governo vai apresentar o relatório com a conclusão dos trabalhos em 30 dias. Caso sejam identificadas irregularidades, a Delta terá 15 dias para apresentar sua defesa. O governador negou ainda qualquer relação entre as doações de sua campanha e as empresas citadas nas investigações. "As doações feitas foram todas oficiais e legais."
Na lista de beneficiários das empresas investigadas pela PF consta ainda a Produtos Alimentícios Orlândia S/A, que doou R$ 13 mil para o deputado federal Rubens Otoni (PT). O parlamentar aparece em um vídeo conversando com Cachoeira sobre doações de campanha.
O "deltaduto" serviu de ambiente de transações financeiras que envolveram outros empresários locais, vários com negócios com o governo de Goiás. Um mês depois da eleição, o tucano recebeu R$ 400 mil de Valterci de Melo, diretor do Laboratório Teuto. Com sede em Anápolis (GO), terra de Cachoeira, a indústria farmacêutica é uma das maiores empresas do Estado.
Melo abasteceu a conta da Brava Construções e Terraplanagem, ligada à organização criminosa, com R$ 55,6 mil, ao lado da Delta e da Alberto e Pantoja, outra empresa de fachada. Segundo a PF, a Delta foi responsável por 98% dos créditos da Brava, que movimentou R$ 13,2 milhões entre 2010 e 2011. Cadastrada em um endereço no Núcleo Bandeirantes, no Entorno do DF, a Brava nunca funcionou no local.
Perillo também recebeu R$ 450 mil da Belcar Veículos. A doação foi feita dez dias depois de o governador ganhar as eleições. Segundo o Portal da Transparência do governo de Goiás, a Belcar recebeu R$ 1,4 milhão em 2011. Em 2010, a concessionária de carros recebeu apenas R$ 1,1 mil.
A Belcar aparece em uma das planilhas da PF como destinatária de R$ 16,5 mil da Mapa Construtora, do irmão de Carlinhos Cachoeira, Paulo Roberto de Almeida Ramos, e irrigada com recursos da Pantoja.
Segundo a PF, a empresa de Paulo Roberto movimentou R$ 1,6 milhão em 2010 e 2011. A Mapa também transferiu dinheiro para a Kasa Motors (R$ 80 mil). A empresa doou R$ 40 mil para o candidato ao governo Vanderlan Vieira Cardoso (PR).
A Belcar negou qualquer relação entre a doação para Perillo e a transação financeira com a Mapa. Segundo a diretora administrativa da empresa, Shirlei Leal, os R$ 16,5 mil pagos à Belcar pela Mapa são referentes à compra de um veículo pela empresa em 2010. "Não tem qualquer relação com a doação. Ajudamos ele porque o tio dele pediu."
Procurados, o Laboratório Teuto e Valterci de Melo não responderam à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/deltaduto-faz-perillo-anunciar-auditoria-em-contratos 

Caso Cachoeira entra para a Rede de Escândalos

Corrupção

Ferramenta de VEJA.com perfila os envolvidos nos mais graves escândalos da história recente e acompanha seus desdobramentos

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira: mais um escândalo no currículo O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira: mais um escândalo no currículo (Lula Marques/Folhapress)
O caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro sob acusação de comandar uma máfia de caça-níqueis no Centro-Oeste, passa a integrar a partir de hoje a Rede de Escândalos. A ferramenta de VEJA.com foi lançada em 9 de dezembro, Dia Mundial de Combate à Corrupção, e já coleciona 59 casos envolvendo 290 parlamentares, chefes do executivo, burocratas, lobistas, empresários, juízes, entre outros personagens. O próprio Cachoeira já figurava na rede por seu papel no caso Waldomiro Diniz, o primeiro escândalo do governo Lula.
O caso mais recente nasceu de uma operação da Polícia Federal, a Monte Carlo, que revelou a ampla rede de conexões que o empresário do jogo mantinha no Congresso, tanto na oposição como na base aliada. O senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM) foi o primeiro atingido. Uma série de gravações apontou que um dos mais combativos políticos do Congresso usava sua influência e credibilidade para defender os negócios de Cachoeira em troca de ricos presentes.
Além do senador, as escutas da PF complicaram deputados de pelo menos seis siglas (PT, PSDB, PP, PTB, PPS e PCdoB), dois governadores (o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, e o tucano Marconi Perillo, de Goiás) e a Delta, de Fernando Cavendish, empreiteira com maior número de obras no PAC. O volume de indícios levou à abertura de um inquérito no Supremo e à instalação de uma CPI no Congresso.
Mais do que entender os esquemas de corrupção por trás de cada um dos casos, a Rede de Escândalos busca esclarecer o destino que tiveram seus personagens. O compromisso não é apenas o de revisitar o passado, ressaltando as lições que o país aprendeu (ou desperdiçou) em cada episódio. É também o de manter o leitor informado sobre o desenrolar de investigações e julgamentos.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/caso-cachoeira-entra-para-a-rede-de-escandalos 

Saber lidar com o arrependimento promove velhice saudável

Comportamento

Pesquisa mostra que jovens e idosos depressivos não lidam bem com o resultado de suas escolhas. Mas só entre os mais novos isso traz benefícios

idoso Idoso emocionalmente saudável lida melhor com os próprios erros. (Thinkstock)
Envelhecer de modo saudável está diretamente ligado à capacidade de lidar com o arrependimento. Quando uma pessoa é jovem, se arrepender de uma escolha pode ajudá-la a tomar melhores decisões no futuro. No entanto, a partir de certa idade, as oportunidades de desfazer escolhas ruins diminuem, e já não há mais tantos benefícios em remoer seus próprios erros. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada na revista Science, liderada pela neurocientista Stefanie Brassen, do Centro Médico da Universidade Hamburg-Eppendorf.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Don’t Look Back in Anger! Responsiveness to Missed Chances in Successful and Nonsuccessful Aging

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: Stefanie Brassen; M. Gamer; J. Peters; S. Gluth; C. Büchel

Instituição: Centro Médico da Universidade Hamburg-Eppendorf

Dados de amostragem: 21 jovens, 20 idosos depressivos e 20 idosos saudáveis

Resultado: Os jovens e os idosos depressivos tiveram a mesma reação de arrependimento quando viram o resultado de suas escolhas erradas. Já os idosos saudáveis não se arrependeram, pois criaram estratégias mentais para não se sentir responsáveis pelos erros.
A equipe de cientistas usou imagens de ressonância magnética para comparar a atividade cerebral de dois grupos distintos: 21 jovens de aproximadamente 25 anos e 40 idosos com mais de 65. Entre os mais velhos, metade era emocionalmente saudável e metade sofria de depressão. Todos os participantes tiveram de jogar um game de computador no qual abriam uma série de caixas.
Dentro dessas caixas eles podiam encontrar moedas ou um desenho do demônio. Seu objetivo era juntar a maior quantia de dinheiro possível, mas toda vez que o demônio aparecia, ele retirava todas as moedas do voluntário e encerrava o jogo. Depois de abrir cada caixa, o participante tinha de decidir se continuava jogando ou parava por ali e ficava com todo o dinheiro coletado. No final, todas as caixas eram abertas, mostrando o quão longe os voluntários poderiam ter ido se continuassem no jogo. Isso acontecia porque o arrependimento é caracterizado pela comparação entre “o que é” contra o que “poderia ter sido”. Para induzir o sentimento, os cientistas não tinham apenas que mostrar o resultado de suas escolhas, mas também as oportunidades perdidas. 
Quando os jovens e os idosos depressivos viam que poderiam ter ganhado mais dinheiro, eles encaravam mais riscos na rodada seguinte. Com os idosos saudáveis, isso não acontecia. Ao analisar a atividade de regiões cerebrais envolvidas com o sentimento de arrependimento e a regulação das emoções, descobriram que o cérebro dos jovens e adultos depressivos agiu do mesmo modo. Já o cérebro dos idosos saudáveis mostrou um padrão diferente, dando provas de menor arrependimento e mais controle emocional.
De acordo com os pesquisadores, os idosos saudáveis usavam estratégias mentais para se livrar do problema, como pensar que os resultados do teste eram produto de fatores em que eles não poderiam influenciar, como a sorte. Já os depressivos se culpavam pelos resultados. Como conclusão, os pesquisadores afirmam que treinar as pessoas a usar estratégias mentais para se livrar do arrependimento poderia ajudar a preservar a saúde emocional em idades avançadas.
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/saber-lidar-com-o-arrependimento-ajuda-ter-uma-velhice-saudavel 

Nos bancos privados, juros menores não são para todos

Crédito

Grandes instituições anunciam cortes nas taxas para não perder clientes aos bancos públicos. Por outro lado, já seguram o crédito com mais restrições

Anna Carolina Rodrigues e Naiara Bertão
agência bancária Nas agências, clientes reclamam de dificuldade para ter crédito mais barato (Antônio Milena)
Dez dias atrás, quando o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, reuniu-se com diretores do Ministério da Fazenda para discutir a possibilidade de baixar os juros, poucos apostavam num resultado contundente. Àquela altura as instituições financeiras de capital público faziam estardalhaço nos meios de comunicação para divulgar linhas de crédito mais baratas a famílias e pequenas empresas. O Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF) agiam a soldo do Palácio do Planalto, que, preocupado em estimular a economia, não pensou duas vezes em intimar os “seus” a serem indutores da redução dos chamados spreads (diferença entre o custo de captação e de empréstimo no setor). Portugal, enquanto esteve reunido em Brasília, fez exigências – a maioria delas legítimas – para baixar os juros. O governo não cedeu e saiu reclamando. O ministro Guido Mantega chegou a afirmar que a Febraban queria jogar a redução das taxas na “conta do governo”. Este ambiente belicoso, dias depois, cedeu espaço a uma sucessão de anúncios das instituições privadas. Um a um, HSBC, Santander, Bradesco e, por último, Itaú passaram a anunciarr juros mais amigáveis para não perder clientes à concorrência estatal. Porém, mesmo que o movimento tenha sido marcante, é possível dizer que os bancos privados valem-se mais do marketing que de quedas efetivas dos juros.
O site de VEJA apurou que muitos dos clientes dos bancos, assim que ficaram sabendo dos juros menores, tentaram, sem sucesso, negociar as taxas em suas agências. Em alguns casos, como no Santander, gerentes do segmento pessoa física nem estavam a par das reduções. “Tenho recebido seguidos e-mails de clientes perguntando sobre as novas taxas, mas nada mudou internamente. Continuamos fechando operações com os juros de sempre”, afirma uma gerente de uma das maiores agências do banco espanhol em São Paulo.

Temerosas de que seus clientes fossem bater à porta da concorrência, as instituições correram para anunciar quedas nos juros sem que existissem estudos prévios para um movimento mais agressivo. Como resultado, as "tais" taxas menores passaram a ser oferecidas apenas àqueles clientes com renda média-alta, baixíssimo endividamento, que já investem em fundos de investimento do banco e que possuem com eles um relacionamento antigo. No HSBC, por exemplo, não basta ter conta salário no banco e ser adimplente. Para ter acesso a um crédito mais barato, os clientes devem investir em produtos do banco, tais como fundos ou seguros; não podem ter nenhum contrato de financiamento ativo na instituição; e ainda precisam de um avalista que seja correntista – alguém com renda suficiente para eventualmente arcar, em caso de atraso, com as parcelas do empréstimo que o tomador inicial almeja.
Temor da concorrência – Na avaliação do ex-diretor do Banco Central, Carlos Tadeu de Freitas, os bancos privados estão utilizando mecanismos para evitar uma eventual sangria em sua base de clientes. “Eles vão baixar muito pouco o spread – só o suficiente para reter esse cliente de bom relacionamento”, afirma. O spread bancário médio no Brasil está em torno de 34%. No México, por exemplo, esse número é de 5%. Nos países da OCDE, a média é de 4%. “Há muito espaço para baixar esse spread”, acrescenta.

As grandes preocupações dos bancos privados são a inadimplência – que ocorre quando o cliente atrasa ou simplesmente para de pagar uma dívida – e o mercado financeiro. É importante lembrar que uma carteira de maus pagadores tem de ser computada no balanço do banco, influenciando diretamente os resultados e os retornos que darão aos acionistas. “A intenção é reduzir os juros para não perder o cliente, mas, por outro lado, segurar o crédito por meio de restrições”, afirma um funcionário do Itaú que não quis ter seu nome revelado. Só em 2011, um ano de crescimento econômico tímido (2,7%), os bancos brasileiros lucraram 14,5% a mais que no ano anterior.
Política da boa vizinhança – Na avaliação do professor Keyler Carvalho, da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), os bancos tentaram reduzir juros, mas apenas de linhas já de baixo risco, como consignado e veículos – estes financiamentos, aliás, por oferecerem maiores garantias, já possuem juros abaixo da média de mercado. No total, a redução real será pequena. “Eles atenderam ao pedido do Planalto com dois objetivos: agradar ao governo e não perder a clientela”, afirma. Segundo Carvalho, essa será, no entanto, uma oportunidade única para que as instituições financeiras melhorem sua relação com os clientes inadimplentes, que podem tentar renegociar suas dívidas aproveitando possíveis taxas reduzidas. “Para diminuir o nível de inadimplência, eles deverão tentar negociar aqueles contratos que seriam ‘irrecebíveis’ com as taxas praticadas anteriormente”, explica.

Enquanto se mostram adeptos da política de “boa vizinhança” com o Planalto, os bancos privados fazem lobby para obter maiores garantias e redução dos riscos. Murilo Portugal, da Febraban, já havia distribuído, na reunião com a Fazenda, uma lista com sugestões para baixar os spreads. Mas as discussões não pararam por aí. “Os bancos privados estão pedindo como moeda de troca pelas medidas o declínio dos compulsórios e dos impostos, além da regulamentação do Cadastro Positivo de Crédito, que, de fato, permitiriam expressiva queda dos custos dos empréstimos e, consequentemente, forte decréscimo das taxas de juros”, explica Roy Martelanc, professor de finanças da FEA-USP.
Especialistas ouvidos pelo site de VEJA são unânimes em afirmar que, nos últimos anos, o governo – através do Banco Central – vem tocando uma agenda para impulsionar a competição entre os bancos, associada a medidas para mitigação dos riscos, de olho na redução dos spreads. As principais ações foram a Lei de Falências, a alienação fiduciária, a instituição do patrimônio de afetação, a criação da portabilidade de cadastro e dívida, a migração de conta-salário, etc. Os efeitos, no entanto, ainda se mostravam tímidos. Ante a enorme demanda por crédito de pessoas físicas e jurídicas, os bancos, em situação confortável, faziam vista grossa a essas mudanças. E nada de reduzir margens.
Foi preciso que os bancos públicos sacudissem o mercado para que começassem a se movimentar. Entre a estratégia de marketing e as quedas mas expressivas, contudo,  há distância considerável. O momento, ao menos, é favorável porque os índices de inadimplência perdem fôlego e, na visão do mercado financeiro, devem mostrar queda no final do ano - o que abrirá espaço para que os bancos privados sejam mais audaciosos na hora de reduzir juros. Caberá, no entanto, ao governo fazer as reformas necessárias para tornar este processo ainda mais rápido.
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/bancos-privados-fazem-marketing-dos-juros-baixos