domingo 30 2012

Mídia conservadora tenta desestabilizar a sociedade brasileira com discurso extremista


http://correiodobrasil.com.br/

30/12/2012 17:48
Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro


Jornalistas são pagos pela mídia conservadora para defender o capitalismo contra os avanços de um Estado mais socialmente justo no país


O ano de 2013 tende a ser uma prova de fogo para a democracia brasileira. O governo da presidenta Dilma Rousseff, que ensaia reformas de base como o fim da miséria no país em plena crise na estrutura do sistema capitalista mundial; o Legislativo, no qual os partidos de esquerda vêem as legendas conservadoras submergir em uma série de derrotas históricas nas últimas eleições municipais; e o crescimento da mídia alternativa aos diários conservadores que, dia após dia, perdem mais leitores, assinantes e se debatem com a falta de apoio publicitário dos tradicionais parceiros, ligados a um capital internacional em via falimentar, são fatores que tensionam e tendem a radicalizar o processo político brasileiro.
Ao perceber a aceitação do discurso voltado à justiça social, ao fim da concentração de renda no país e ao abandono sistemático das fórmulas econômicas ortodoxas, os brasileiros têm mostrado, nas urnas, que o fio condutor da economia brasileira mudou e a transformação foi aprovada. No Estado de São Paulo, de longe o mais conservador do país, a proposta das esquerdas foi consagrada na eleição do ex-ministro Fernando Haddad, após uma costura de bastidores entre legendas de tendências que vão do comunismo ao obscurantismo religioso. Mas todos voltados para a derrota do então líder da legião conservadora, José Serra, ora de partida para o ostracismo. O pragmatismo político do novo centro de poder da capital paulista assegurou mais um passo na direção da realidade pretendida pelo governo da presidenta Dilma.
No Supremo Tribunal Federal (STF), um processo no qual escutas transcritas pela Justiça lançam graves suspeitas sobre os principais líderes da direita no país, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu então ministro da Saúde, José Serra, o ex-governador do Estado de Minas Gerais, Aécio Neves, senadores e líderes da direita mais extremada, é o próximo na fila de julgamentos e, na nova configuração da Corte, tende a cruzar os meses do segundo semestre de 2013 até meados do ano eleitoral. A Ação Penal (AP) 536 tende a abraçar, ainda, as denúncias contidas no best seller do jornalista Amaury Ribeiro Jr., A Privataria Tucana, que esmiúça o processo de privatização realizado no governo de FHC, sobre o qual pesa uma avalanche de ações na Justiça.
Percebe-se, assim, o gradual distanciamento da maioria do eleitorado brasileiro das velhas estruturas oligárquicas que, até hoje, mantêm-se aferroadas à máquina estatal como forma de garantir os interesses das grandes corporações na economia brasileira, apesar dos esforços cada vez maiores da mídia conservadora para minar a credibilidade da proposta vitoriosa nas urnas. O nível de convencimento do eleitorado permanece em queda para os principais líderes de audiência, entre eles o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, flagrado em um movimento escancarado de apoio ao candidato derrotado em São Paulo, durante o período do último horário eleitoral gratuito. O caso gerou uma representação contra a emissora, subscrita por Eduardo Guimarães, coordenador do Movimento dos Sem-Mídia, que segue seu curso na Justiça paulista.
Empurrados para o corner da sociedade, os velhos defensores do Estado autocrático, da mídia que apoiou a ditadura militar, da manutenção dos privilégios às castas mais ricas do país em detrimento à distribuição da riqueza nacional, estes se voltam cada vez mais raivosos contra os defensores do Estado justo, social e economicamente, em curso no Brasil desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Diante das transformações inexoráveis, a mobilização dos líderes da direita em defesa de seus interesses também aumenta. Os canais de TV, os principais jornais e revistas impressos do país, as concessões de rádio que estes grupos empresariais detêm passam a transmitir mensagens cada vez mais claras aos seus aliados para que se levantem contra uma outra espécie de ‘perigo vermelho’, a exemplo do que ocorreu no golpe de 1964.
Desta vez, porém, tanto fatores externos quanto internos formam um caldo de cultura completamente toxico às quarteladas do século passado ou aos golpes patrocinados por setores ínfimos, e riquíssimos, da sociedade brasileira, com apoio de uns Estados Unidos de outrora que, hoje, lutam para se manter acima da linha d’água no panorama geopolítico mundial. O capitalismo em crise, por sua vez, também deixa a ver navios os segmentos mais reacionários em atividade no Brasil, como o da mídia, embora instituições como o Instituto Millennium, destinadas à sobrevivência do ideário capitalista a qualquer preço, monitorem as reações ao surgimento de um novo modelo social no Brasil e na América Latina, onde países como Argentina, Bolívia, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela caminham a passos largos na direção do socialismo.
Tais reações, espelhadas nas páginas dos meios conservadores de comunicação ou nas telas das redes de TV ligadas aos setores mais retrógrados do pensamento brasileiro, no entanto, têm o poder de esticar a corda da paciência de cada cidadão, a ponto de levar a sérias rupturas nos meios familiares e mesmo em certas relações de trabalho ou de amizade. O radicalismo da mídia conservadora se exacerba, por exemplo, em um dos programas do canal fechado de jornalismoGlobonews, no qual o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega explica porque é importante pagar uma conta de luz mais cara e de que forma uma medida de alto impacto econômico, como a redução no preço da energia elétrica, seria quase um ato terrorista praticado pela presidenta do país.
Em certas circunstâncias, a agenda da direita brasileira volta-se muito mais à queda do modelo social em curso do que para o fim de uma gestão, em certos aspectos, simpática ao empresariado, como é o caso da atual. Assim, o discurso pseudo-moralista que vigora nas principais colunas dos diários ou nos programas da TV ligados aos conservadores espraia-se para a sociedade de forma a provocar reações cada vez mais extremadas. É o próprio Eduardo Guimarães que relata, a seguir, ser vítima de ameaças por conta de suas posições políticas de apoio ao presidente Lula e à presidenta Dilma.
Segundo Guimarães, há um processo que se materializa no país e que ele já viu “ocorrer em países sul-americanos (…) com destaque para a Venezuela”.
“Não foi uma só vez em que fui ameaçado de espancamento ou de morte tanto via comentários aqui no Blog (da Cidadania) quanto no Twitter”, relata Guimarães.
“Nunca dei maior importância a esses psicopatas. Apesar de achar que só fazem tais bravatas por trás de um computador, um deles foi munido de cartazes me caluniando ao encontro de blogueiros em Brasília, em 2010, e, em dado momento, fez menção de me agredir. O mais grave é que um maluco é uma coisa, mas, naquela oportunidade, o pirado estava com um irmão tão pirado quanto ele. Ou seja, se eram doentes, a doença atingiu a ambos. Claro que, tanto quanto as outras ameaças que recebi, esta também será enviada às autoridades devido à gravidade, pois o indivíduo, obviamente que oculto sob um pseudônimo, ameaçou me matar a tiros”, afirma.
Em uma das ameaças, devidamente comunicada à polícia, o leitor identificado apenas como Galeão Cumbica, em comentário a um de seus artigos, promete atirar no redator
“Só de pensar que esse tipo de animal com nome de gente, Eduardo Guimarães, financiado com dinheiro publico escreve um lixo desse calibre, dá vontade de encontrar o sujeito e meter-lhe um balaço no meio da cara!!! (…)”, afirma o comentarista. Para Guimarães, a afirmativa não passa de “uma bravata”.
“Nem acho que quis me intimidar. Apenas externou seu ódio, um ódio que não nasceu em si, mas que foi instilado pela mídia, pelos Reinaldos Azevedos, Augustos Nunes, Elianes Cantanhêdes e congêneres. O problema, portanto, não sou eu ou esse pirado – nem os outros tantos que há por aí. O problema é que a direita midiática está desencadeando, no Brasil, um processo que vi, recentemente, em países vizinhos. Até alguns poucos anos atrás eu viajava bastante à Venezuela e, lá, vi várias cenas de batalha campal. Certa vez, chavistas e antichavistas quebraram uma lanchonete em que eu estava. Cheguei a levar um murro no estômago ao tentar proteger uma moça empurrada por um dos brigões. Vi essas coisas acontecerem, também, na Bolívia e no Equador. No Brasil, tudo tem se resumido, salvo exceções, à internet, com os valentões bem escondidinhos por trás do computador, inclusive usando codinomes”, escreveu Guimarães.
Gilberto de Souza é editor-chefe do Correio do Brasil

Hair- Aquarius

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A tirinha que emocionou o mundo!!

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A literatura por Mia Couto

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Hair 1979 (Musical) Trailer

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Jefferson Airplane -White Rabbit-

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sábado 29 2012

Seal - Stand By Me

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Celtic Mystic 09 Highland dance

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Jethro Tull - Acres Wild

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Azam Ali O Quanta Qualia (12th century, Latin)

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PABLO NERUDA . Pido silencio

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Celtic - Irish folk medieval

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Medieval Music

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Carlos Gardel - El dia que me quieras

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Azam Ali O Quanta Qualia (12th century, Latin)

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sexta-feira 28 2012

Morador da Rocinha faz seguro para a casa depois 45 anos morando no local


http://www.correiobraziliense.com.br/

Publicação: 28/12/2012 21:08 Atualização:
José Martins mora há 45 anos na Rocinha, comunidade localizada na zona sul do Rio de Janeiro e incluída entre as maiores da América Latina. Ele chegou ali ainda garoto, vindo com os pais do Ceará. Agente social, trabalha há 22 anos na Fundação Bento Rubião e agora, depois da pacificação da comunidade, foi convencido pelo filho de 24 anos a fazer um seguro para a casa.

“É importante, porque é uma garantia de vida. A casa é o bem mais importante da pessoa”, disse José. Ele é um dos milhares de brasileiros da chamada nova classe C que estão aderindo aos contratos de seguro popular, conhecidos como microsseguros.

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Um desses seguros foi lançado pela Caixa Previdência e registrou, até este mês, 100 mil planos de previdência conjugados com seguros de vida. Trata-se do Crescer + Fácil e Viver + Fácil, vendido em todas as agências da Caixa Econômica Federal no país, no qual o segurado paga R$ 100 por mês, dos quais 50% para acumulação e 50% para seguro.

O gerente de Produtos da Caixa Previdência, Francisco Tarcísio, informou que os maiores índices de venda têm sido registrados até o momento nas cidades de Fortaleza (CE), no Nordeste brasileiro, e Campinas (SP), no Sudeste. O Rio de Janeiro aparece na quinta ou sexta posições, segundo Tarcísio. “O produto está pulverizado”.

Por ser um produto simples, ele tem boa aceitação nas comunidades carentes do país, assegurou o gerente da Caixa Previdência. “Quando você vende os dois produtos combinados – Previdência e seguro de vida, a pessoa tem dois benefícios ao mesmo tempo. E ele tem assistências vinculadas”.

No caso do Crescer, que se destina basicamente a crianças, há uma assistência educacional. Ou seja, se por algum motivo a criança não pode ir à escola e perde aulas, o plano garante a contratação de professor particular para repor aquela aula perdida, além de fazer reforço escolar. Para o produto Viver, voltado para os adultos, é garantida assistência funeral para a família do titular do plano. “Além disso, tem uma capitalização. Após 60 dias, ele concorre a um prêmio de R$ 5 mil por mês”.

O plano tem prazo de cinco ou dez anos. Segundo Francisco Tarcísio, a grande vantagem dos seguros da Caixa é que a taxa de carregamento, isto é, a taxa de remuneração da companhia, é zero, tanto na entrada como na saída do plano, ao contrário do que ocorre em seguros oferecidos por outras empresas, nos quais a taxa é zero somente para valores altos. Inclui-se nesse sistema o seguro Previdência da Caixa, cujos planos têm valor a partir de R$ 35 mensais.

“A Caixa foi a única instituição que se adaptou à nova realidade do mercado financeiro hoje, com juros baixos, seguindo a mesma linha do banco”. Tarcísio revelou que em qualquer instituição, a taxa de carregamento ou de remuneração da instituição varia entre 3% e 5% na entrada no plano e na saída, dependendo da empresa.

Tarcísio ressaltou que o valor de saída só é cobrado nos produtos Caixa se a pessoa sacar o dinheiro antes do prazo determinado, que é a partir de 36 meses. “Para as pessoas de baixa renda, isso é um benefício fantástico para o cliente”, disse.

A Caixa está desenvolvendo um novo produto destinado ao público feminino, com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2013. “Se a gente avaliar hoje a nova classe C, vemos que a mulher [tem um papel relevante]. Ela é mais ativa, está no comando das famílias, participando ativamente dessa economia da classe C. Por isso, existe a necessidade de ter um produto específico, com assistências exclusivas e foco na mulher”, disse.

Filme com Fernanda Montenegro é candidato a seriado na Globo, revela diretor


Mauricio Stycer

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/TV Globo
    Fernanda Montenegro vive Dona Picucha no especial de fim de ano "Doce de Mãe", da Globo
    Fernanda Montenegro vive Dona Picucha no especial de fim de ano "Doce de Mãe", da Globo
Filme feito especialmente para a televisão é coisa rara na programação das principais emissoras brasileiras. O que a Globo exibe em horário nobre na noite desta quinta (27), "Doce de Mãe", merece toda a atenção do espectador.

Em primeiro lugar por ter Fernanda Montenegro como protagonista, em cena ao longo de quase todos os seus 70 minutos. E segundo porque o programa é candidato a virar um seriado, de acordo com o que contou ao UOL o diretor Jorge Furtado.
  • Roberto Filho / AgNews
    3.dez.2012 - Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo participaram da coletiva de "Doce de Mãe", especial de final de ano da Rede Globo, que aconteceu no Rio
O filme, que vai ao ar depois de "Salve Jorge", conta a história de dona Picucha, viúva, 85 anos, que reúne os quatro filhos em torno de um banquete de panquecas para contar uma notícia bombástica: a empregada que cuida dela há décadas está indo embora.
Tem início, então, uma delicada comédia, com os filhos se desdobrando, de forma atabalhoada, para cuidar da mãe. Coadjuvantes de luxo em "Doce de Mãe", os herdeiros de dona Picucha são vividos por Marco Ricca, Louise Cardoso, Mariana Lima e Matheus Nachtergaele.

"Eles estão brilhantes, mas o filme foi escrito para a Fernanda. É dela", conta Furtado, diretor de "Meu Tio Matou um Cara" e "Houve uma Vez Dois Verões", além de vários trabalhos como roteirista ou diretor de TV, entre os quais o seriado "Comédia da Vida Privada" e "Decamerão: a Comédia do Sexo".

Furtado jamais havia trabalhado com Fernanda. E ficou encantado. "É a maior atriz do mundo. É impressionante. Não repete duas cenas", conta. "Foram três semanas de filmagem e convivência intensa". Em entrevista no início de dezembro, a atriz falou do trabalho: "Tenho meu lado de comediante. E a Picucha tem esse lado de palhaça. Ela é descontraída, mas tem consciência da finitude dela"

O filme é uma co-produção da Globo com a produtora Casa de Cinema, de Porto Alegre. Furtado, que assina a direção com Ana Luiza Azevedo, define "Doce de Mãe" como uma "comédia humanista", pensando nos "valores bacanas" que o filme discute, ligados a família, amizade e camaradagem.

Ao final da história, a vontade de conhecer melhor Dona Picucha e seus filhos é enorme. "Pode dar um seriado", conta Furtado. "Os personagens estão apenas indicados no filme. Há muitas possibilidades de desenvolvimento, de fazer uma série".

Segundo o diretor, os principais envolvidos no projeto, do núcleo de Guel Arraes, dentro do Globo, estão de acordo com a ideia. "Tudo depende da disponibilidade do elenco". Vamos torcer.

Roda Viva | Mia Couto | 05/11/2012

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Mia Couto - Maio de 2006-

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Mia Couto -- "Há quem tenha medo que o medo acabe"

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A literatura por Mia Couto

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Para as aves, o canto dos machos é música


Comportamento animal

Assim como a música provoca prazer nos seres humanos, o canto de alguns pássaros ativa a região análoga de seus cérebros ligada à recompensa

O canto dos pássaros envolve os mesmos mecanismos neuroafetivos que as músicas
O canto dos pássaros envolve os mesmos mecanismos neuroafetivos que a música (Thinkstock)
Será que o canto dos pássaros causa entre eles a mesma sensação de prazer que a música causa entre os seres humanos? Os cientistas Sarah E. Earp e Donna L. Maney, da Universidade Emory, em Atlanta (EUA), publicaram na Frontiers of Evolutionary Neuroscience uma pesquisa para tentar desvendar essa questão, existente no mundo científico desde os tempos de Darwin.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Birdsong: is it music to their ears?

Onde foi divulgada: Frontiers of Evolutionary Neuroscience

Quem fez: Sarah E. Earp e Donna L. Maney

Instituição: Universidade Emory, EUA

Dados de amostragem: 23 pardais-de-garganta-branca de cada sexo

Resultado: Canto do pássaro e música envolvem os mesmos mecanismos neuroafetivos em ambos os ouvintes: humanos e pássaros.
De acordo com o artigo publicado, a maioria das tentativas de comparar o som dos pássaros com a música humana tem se centrado nas qualidades dos sons em si, tais como melodia, ritmo, estrutura e criatividade. Outra característica da música humana é capacidade de gerar prazer em quem a escuta. Por isso, as pessoas se mobilizam para ouvi-la, seja indo em um show ou comprando um CD, comportamento semelhante observado em alguns pássaros, que procuram cantos que os agradam. Estudos realizados na década passada usando equipamentos que fazem imagens do cérebro em funcionamento mostraram que a música ativa regiões do cérebro ligadas à recompensa, ou seja, escutar música nos deixa felizes.
Esta nova pesquisa descobriu que a mesma coisa acontece com alguns pássaros: o mesmo sistema de recompensas é ativado em aves do sexo feminino no estado de procriação escutando o canto dos pares do sexo masculino.
Para a pesquisa foram utilizados 23 pardais-de-garganta-branca (Zonotrichia albicollis) de cada sexo. Os dados de fêmeas e machos foram analisados separadamente. Quando submetidos à mesma experiência, no entanto, a resposta dos pardais machos, ao escutar o canto de outro pássaro do sexo masculino, foi um tanto diferente. A reação foi semelhante a das pessoas quando estão escutando músicas desagradáveis. De toda forma, as respostas sugerem que o canto dos pássaros e a música envolvem os mesmos mecanismos neuroafetivos tanto nos humanos quanto nos pássaros.

136 mil por mês: o preço da falta de pudor de Genoino


Congresso

Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, petista assumirá mandato na Câmara. Até que o STF o retire de lá, vai gerar mais prejuízo ao país

Gabriel Castro, de Brasília
José Genoino
Mesmo condenado pelo Supremo, petista assumirá vaga na Câmara ( Dorivan Marinho/Folhapress)
O ex-presidente do PT José Genoino, condenado no Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, vai mesmo reassumir o mandato na Câmara dos Deputados. Em 2010, ele não teve votos suficientes para conquistar uma cadeira na Casa, mas ficou na suplência. A espera terminou: Carlinhos Almeida (PT) renunciou ao mandato para assumir a prefeitura de São José dos Campos (SP) e abriu caminho para Genoino, que perderá uma nova oportunidade de demonstrar ao país um pouco de pudor. A posse deve ocorrer no início de janeiro. 
O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu que os mensaleiros com mandato na Câmara – além de Genoino, outros três são parlamentares da Casa – perderão o mandato. Mas a determinação só será cumprida após o trânsito em julgado do processo do mensalão, o que depende da análise dos embargos apresentados pelos réus. O ex-presidente do PT foi condenado a 6 anos e 11 meses de prisão, que terá de cumprir em regime semiaberto. Juntamente com o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, Genoino formava o núcleo político do maior esquema de corrupção da história brasileira.
Enquanto são julgados os recursos da ação, Genoino, vai poder apresentar projetos de lei, participar de comissões, votar em plenário e discursar na tribuna da Câmara. Terá, também, direito ao auxílio-moradia (3 000 reais), à verba indenizatória para gastos de rotina (27 769 reais) e à contratação de 25 assessores (até 78 000 reais). Receberá, ainda, um generoso salário de 27 723 reais – exatamente o que recebem os ministros do STF que o condenaram. Total do "custo-Genoino": 136 492 reais por mês.
Considerando que Pedro Henry (PP-MT), João Paulo Cunha (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) também foram condenados pelo STF e estão cumprindo hora extra na Câmara, o total desperdiçado ultrapassa os 500 000 reais por mês.
Em janeiro, o Congresso não vai se reunir um dia sequer. Genoino, portanto, tomará posse para receber sem trabalhar. Como mostrou o julgamento do mensalão, o petista certamente contribui mais ao país quando está ocioso.

quarta-feira 26 2012

Aonde Quer Que Eu Vá - Os Paralamas do Sucesso

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John Denver Placido Domingo - Perhaps Love 1980

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Sete grandes varejistas da 'Black Friday' são notificadas pelo Procon-SP



PATRÍCIA BASILIO
FILIPE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Atualizado às 19h22.
Devido à quantidade de reclamações dos consumidores em relação aos preços dos produtos vendidos na 'Black Friday' brasileira, que reúne liquidações de lojas virtuais e algumas físicas, o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) notificou o Extra, Ponto Frio, Submarino, Americanas.com, Wal-Mart, Saraiva e Fast Shop.
Segundo a entidade, as notificações foram originadas por "indícios de maquiagem nos descontos, com base em denúncias que chegaram dos consumidores nos tradicionais canais de atendimento e redes sociais do órgão". Elas têm até sexta-feira (30) para as respostas.
Consumidores em loja do 'Extra' em SP que abriu com promoções na madrugada; 'Black Friday' brasileira dá descontos de até 75%



A empresa organizadora do evento, a Busca Descontos, também será notificada para apresentar explicações sobre o problema que os internautas tiveram para acessar os linkes de ofertas e sites de lojas.
Em nota, o Ponto Frio (loja virtual) e o Extra (lojas físicas e virtual) afirmam que as ofertas divulgadas são legítimas e estão sendo praticadas conforme anunciadas, sem qualquer manipulação de valores.
A Americanas.com e o Submarino informam que apresentarão a documentação solicitada no prazo e que os preços praticados hoje são promocionais e criados especialmente para o evento.
O Walmart afirma que não foi notificado oficialmente, mas ressalta que não recebeu nenhuma reclamação dos consumidores.
Em nota, a Saraiva diz que ainda não foi notificada e, por isso, não poderia comentar o caso. O texto também diz que a Saraiva respeita os direitos do consumidor e a legislação repudiando qualquer afirmação em sentido contrário.
A Fast Shop disse que entregará documentação que comprova os descontos questionados nos produtos no prazo determinado pelo Procon.
BLOQUEIO
Segundo informações obtidas com exclusividade pela Folha, o Busca Descontos, empresa organizadora do evento, bloqueou hoje 500 ofertas de diversas lojas que "inflaram" os preços dos produtos. Ou seja, aumentaram os valores antes da data para depois venderem por um preço menor ou simplesmente não ofereceram os descontos prometidos. A lista das empresas será divulgada à tarde.
"É lamentável que algumas lojas ainda insistam em fazer maquiagem de preço. Contamos com a ajuda dos consumidores nesse momento para que denunciem as ofertas falsas", afirma Pedro Eugênio, CEO do Busca Descontos. A denúncia pode ser feita no própriosite do evento, no campo "Denuncie".
A indisponibilidade do site, segundo os organizadores, foi causada pela grande quantidade de acessos. Nos primeiros minutos da promoção, foram registrados 75 mil acessos simultâneos, o que ultrapassou a capacidade máxima do servidor. O acesso, afirma o Busca Descontos, "já foi normalizado".
Entre as principais reclamações dos consumidores nas redes sociais estão preços "inflados", descontos inferiores aos prometidos, sites fora do ar, produtos esgotados e pouca variedade de artigos em promoção.
RECORDE
As vendas no evento hoje superaram em 12 horas o valor registrado em toda a edição do evento no ano passado, segundo dados da companhia ClearSale, especializada em autenticação de compras virtuais. A empresa não informa o valor negociado.
A companhia faz um cálculo próprio com base na movimentação de compras realizadas em lojas que usam a sua base de autenticação de operações.
Entre os clientes da ClearSale estão Magazine Luiza, Casas Bahia, Ponto Frio, TAM Viagens, Carrefour, entre outras.

Procon alerta para 'armadilhas' em descontos pós-Natal


DE SÃO PAULO

folha.com
O Procon-SP alerta os consumidores para "armadilhas" que possam ocorrer durante as liquidações promovidas nos dias depois do Natal.
De hoje até sábado (29), um saldão de Natal chamado "Boxing Week" prometedescontos de até 70% em lojas virtuais.
Brasileiro gasta menos com cada presente de Natal, diz Alshop
O órgão estimula os consumidores que se depararem com problemas --como promessa de promoção com preços iguais aos praticados dias antes do "Saldão", ou mudança de preço no momento da finalização da compra feita via internet-- a fazer denúncias com a hashtag #falsodesconto no Twitter (@proconspoficial) e no Facebook (www.facebook.com/proconsp) do Procon e enviar o print da página com o problema.
"Todos os casos serão analisados pela Diretoria de Fiscalização do Procon-SP para possível abertura de processo administrativo", afirma.
Ainda segundo o órgão, moradores do Estado de São Paulo que tiverem dificuldade em concretizar a compra pela internet por indisponibilidade do produto ofertado com preço promocional podem encaminhar o caso ao atendimento eletrônico no site do Procon-SP.
Em novembro, o Procon-SP notificou diversas empresas que participaram da "Black Friday" por indícios de maquiagem nos descontos.
VEJA DICAS DO PROCON
- Compare os preços, inclusive com empresas que não participam da promoção
- No caso de maquiagem de preço --quando o fornecedor eleva o preço do produto antes de fornecer o desconto--, o consumidor tem direito de obter o desconto pelo preço real, que era usualmente praticado antes da promoção
- Mercadorias entregues posteriormente devem ser conferidas no momento do recebimento. Se houver alguma irregularidade, devolva o produto com especificação do problema na nota de entrega e entre em contato com o estabelecimento para solucionar a questão
- Verificar as formas de pagamento oferecidas pelo site. Evite os que aceitam somente boleto bancário
- Opte por comprar à vista para não comprometer seu orçamento a longo prazo. Se for parcelar, fique atento aos juros
- Nas compras feitas por internet, telefone, catálogo ou qualquer outra forma fora do estabelecimento comercial, o consumidor pode desistir em até sete dias contados a partir da confirmação da compra ou do recebimento da mercadoria. Se for o caso de uma contratação de serviço, a data conta a partir da contratação
- Formalize, por escrito, a desistência e, se for o caso, a devolução do produto recebido. O consumidor tem direito da devolução integral de qualquer valor que tenha sido pago (inclusive frete e taxa de postagem)
- Imprima ou salve todos os documentos que demonstrem a compra e a confirmação do pedido (comprovante de pagamento, contrato, anúncios etc.)
- Só faça compras em computadores com antivírus e firewall (sistema que impede a transmissão e/ou recepção de acessos nocivos ou não autorizados) atualizados
- Nunca realize transações online em lan houses, cybercafés ou computadores públicos, pois podem não estar adequadamente protegidos

Renda per capita dos brasileiros cai com 'pibinho' de 2012


folha.com

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO


A renda dos brasileiros medida em dólares deverá sofrer o maior recuo em uma década em 2012 provocada pela expansão fraca do PIB (Produto Interno Bruto) e pela desvalorização do real.
O cenário de longo prazo do PIB per capita também mostra uma piora relativa a outros países porque as expectativas de expansão da economia caíram.
Defasagem do poder de compra do Brasil em relação aos EUA é maior do que em 1980
Novo salário mínimo será de R$ 678 a partir de janeiro
Dados compilados pela consultoria Consensus Forecast mostram que as projeções médias para o crescimento do PIB brasileiro no longo prazo recuaram de 4,5% para 3,9%, entre abril de 2010 e outubro deste ano.
A maior parte dos países teve revisões para baixo. Houve reduções grandes para China, zona do euro e Japão.
Mas, de forma geral, as quedas nas revisões foram menos significativas que a brasileira. Há também casos, como México e Alemanha, para os quais o cenário econômico melhorou um pouco.
Como resultado dessas e de outras tendências, o Brasil deve recuar, entre 2012 e 2022, do 38º para o 39º lugar (entre 52 países) no ranking de renda per capita elaborado pela Consensus Forecast (que coleta projeções de bancos e consultorias estrangeiros e nacionais).
Além da crise externa, "no Brasil há uma questão mais séria que é a incerteza regulatória. Isso tem afetado as decisões de investimento", afirma o economista Marcelo Moura, do Insper.
QUEDA EM 2012
A contração dos investimentos é a principal causa do desempenho fraco da economia brasileira neste ano.
Economistas estimam que o PIB crescerá entre 0,8% e 1,2% em 2012 como um todo.
Como essa expansão da economia teve ritmo próximo ao do crescimento da população, a renda per capita ficará estagnada em reais. Mas recuará em dólares, já que a moeda brasileira se desvalorizou nesse período.
Segundo cálculos feitos pela consultoria EIU (Economist Intelligence Unit) a pedido daFolha, o PIB per capita em dólares deverá sofrer uma contração de cerca de 9% este ano, para US$ 11.670.
Será a queda mais forte desde 2002, quando houve recuo de 9,6%. Em 2009, o PIB per capita em dólares também caiu (2,9%) com uma recessão que, no entanto, foi parcialmente compensada por uma valorização do real.
A estimativa feita pela EIU para 2012 considera crescimento de 1% da economia e depreciação cambial média de cerca de 14% da moeda.
Segundo Robert Wood, analista da EIU, a queda do poder aquisitivo em dólares tem consequências de curto prazo relacionadas à capacidade de comprar bens importados, que ficam mais caros, e de viajar para o exterior.
No caso das empresas, o custo mais alto de importar máquinas e equipamentos é um dos fatores que causa queda dos investimentos.
Mas, segundo Wood e outros economistas, o movimento do PIB per capita em apenas um ano pode não revelar uma fotografia adequada do avanço da riqueza média da população.
"Um histórico longo fornece uma ideia melhor do progresso do país", diz Wood.
Moura, do Insper, ressalta que a renda per capita do Brasil cresceu a uma média baixa, de 2,4% ao ano, entre 1964 e 2012. Segundo cálculos do economista, essa taxa saltou para 3,4% entre 2006 e 2010 --período de expansão mais forte da economia.
"O problema é que esse ritmo mais forte não se manteve e há dúvidas de que o país possa retomá-lo de forma sustentável", diz Moura.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1206375-renda-per-capita-dos-brasileiros-cai-com-pibinho-de-2012.shtml

SP banca pensão vitalícia a 266 na Assembleia


Política

Governo do estado gasta anualmente 33 milhões de reais com os 148 dependentes e 118 ex-deputados que recebem benefício

Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado de São Paulo
Governo do estado gasta 33 milhões ao ano com pensões de ex-parlamentares (Frederic Jean/VEJA)
Dois ex-ministros, um ex-governador, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), uma viúva de governador, a madrasta de um senador e até o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estão entre os 266 ex-deputados ou dependentes que recebem pensão vitalícia relativa à extinta carteira previdenciária dos deputados paulistas. Instituída em 1976, a carteira foi encerrada em 1991, mas aqueles que contribuíam com ela tiveram seus direitos preservados.
O governo do estado, que atualmente é quem banca as pensões, gasta anualmente cerca de 33 milhões de reais com os 148 dependentes e 118 ex-deputados que recebem o benefício – são 125 na lista, mas sete cumprem mandato e atualmente não ganham. A lista dos beneficiários foi repassada à reportagem pela Secretaria da Fazenda após pedido com base na Lei de Acesso à Informação. Até a vigência da lei, a secretaria informava o número de pensionistas e o valor total gasto, mas preservava o sigilo da identificação deles.
Os vencimentos variam de 10 021 a 18 725 reais no caso de ex-deputados, e de 7 515 a 18 725 reais no caso de dependentes. Como o teto do funcionalismo subirá em janeiro porque o salário do governador Geraldo Alckmin será reajustado, o teto das pensões chegará ao dos salários dos deputados: 20 042 reais.
Os dois ex-ministros que recebem pensão da Assembleia são Wagner Rossi, que chefiou a Agricultura no governo Dilma Rousseff, e Almir Pazzianotto, responsável pelo Trabalho no governo José Sarney. Ambos cumpriram dois mandatos na Assembleia e recebem, mensalmente, 10 021 reais, metade do salário de um deputado estadual.
A lei que instituiu a carteira previa que com oito anos de contribuição o parlamentar poderia requerer metade da pensão. Daí, proporcionalmente, em até 20 anos de contribuição, poderia receber o valor total.
Beneficiados – Rossi não respondeu os contatos da reportagem. Pazzianotto, que acumula a pensão da assembleia com a do Tribunal Superior do Trabalho, afirmou que, quando entrou no Legislativo, a contribuição com a carteira era compulsória. "E não me pareceu justo deixar de receber depois de ter contribuído. Se eu morresse, minha família não receberia nada." Ele disse também que contribuiu por mais de 20 anos com a Previdência Social e não recebe nada porque se aposentou no serviço público.
Outro que recebe por ter cumprido dois mandatos é o ex-governador e vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, que ganha 12 025 reais mensais. Ele foi deputado entre 1971 e 1979. Goldman não quis comentar sobre a moralidade do benefício. "Nem discuto essa questão."
O presidente da CBF, José Maria Marin, que ganha salário de 160 000 reais na confederação e 110 000 reais no Comitê Organizador da Copa, ganha 16 033 reais de pensão por dois mandatos cumpridos na Casa. A assessoria de Marin informou que ele está em viagem e não poderia comentar.
A madrasta do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), Roseli Fátima Gonzales, recebe 7 515 reais todo mês por ter se casado com o pai do senador, também chamado Aloysio Nunes Ferreira, que foi deputado estadual durante dois mandatos na Assembleia. Detalhe: ele trabalhou no Legislativo paulista de 1954 a 1962, antes, portanto, da criação da carteira, que só seria instituída mais de uma década depois, em 1976. A reportagem não conseguiu localizar Roseli Fátima.
Candidato à Presidência da República pelo PSOL em 2010, Plínio de Arruda Sampaio também figura entre os pensionistas, embora nunca em seus 82 anos de vida tenha sido deputado estadual. Plínio foi deputado federal e foi incluído na carteira porque esta compreendia todos os parlamentares de São Paulo, estaduais e federais. Ele recebe 10 021 reais mensais. O ex-candidato diz que chegou a abrir mão da pensão, mas sustenta que o governo do estado lhe afirmou que não podia por se tratar de uma "verba familiar" e, portanto, compulsória. Ele diz que durante algum tempo não mexeu no dinheiro depositado, até que um filho o convenceu a receber a pensão e sugeriu que ela custeasse sua militância política.
Plínio afirma que a verba hoje ajuda a pagar um jornal de esquerda que edita. "Esse dinheiro vai inteirinho para custear o Correio da Cidadania. Ele não entra na minha fazenda pessoal."
Também é pensionista Florinda Gomes Covas, a dona Lila, viúva do ex-governador Mário Covas. Covas, assim como Plínio, nunca cumpriu mandato na Assembleia Legislativa, mas foi deputado federal durante três legislaturas. Ela não foi localizada para comentar o assunto.
O Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado desde a gestão Mário Covas, Robson Marinho acumula a pensão de 10 021 reais mensais a que tem direito por ter exercido dois mandatos como deputado na Assembleia Legislativa com os cerca de 20 000 reais líquidos que ganha no tribunal. Ele argumenta dizendo que "não há incompatibilidade" no recebimento de salário no TCE com a pensão parlamentar. "São coisas distintas", afirmou.
Por ser viúva do ex-deputado estadual Nabi Abi Chedid, que exerceu mandato durante 40 anos na Assembleia Legislativa – de 1963 a 2003 –, Beth Chedid recebe 15 031 reais todos os meses como pensão pela contribuição compulsória de Nabi com a extinta carteira dos parlamentares paulistas. Beth também recebe salário por trabalhar como assessora jurídica no gabinete do deputado Campos Machado e acumula 6 192 reais por mês por ser vereadora em Bragança Paulista. Ela se defende dizendo que é um dinheiro legal. "Por lei, a pensão não tem nada a ver com salário, não entra no computo de teto. É uma coisa absolutamente legal", argumentou.
(Com Estadão Conteúdo)

'50 Tons de Cinza' ganha versão pornô ilegal


Literatura

A produtora de filmes eróticos Smash Pictures é processada pelos estúdios Universal e a autora E.L. James por adaptação não-oficial do romance sadomasoquista

Erika Mitche, autora de 'Cinquenta Tons de Cinza'
Erika L James, autora de Cinquenta Tons de Cinza (Divulgação)
A autora da trilogia Cinquenta Tons de Cinza E. L. James e os estúdios Universal, detentores dos direitos para adaptar o livro ao cinema, processam uma produtora de filmes eróticos, nos Estados Unidos. A companhia Smash Pictures lançou uma adaptação do romance que virou best-seller sem autorização.
De acordo com o jornal The New York Post, a versão pornô da história de Anastasia e Christian Grey reproduz exatamente diálogos e ações contidas na trilogia. 
No processo, a Universal afirma que a Smash Pictures tem planos de lançar mais duas adaptações de Cinquenta Tons de Cinza, além de ter firmado parceria com uma marca de brinquedos eróticos para vender objetos mostrados nos filmes. 

Autora se diz envergonhada de ver homens lendo '50 Tons'


Literatura

E. L. James afirmou que, por eles fazerem parte de suas fantasias, ela fica incomodada em saber que eles também estão o lendo o famoso livro erótico

Devaneios delirantes - Apaixonada pela saga Crepúsculo, a inglesa E.L. James começou
a escrever apenas como passatempo: 25% do mercado literário americano e direitos vendidos para o cinema por 5 milhões de dólares
Devaneios delirantes - Apaixonada pela saga Crepúsculo, a inglesa E.L. James começou a escrever apenas como passatempo: 25% do mercado literário americano e direitos vendidos para o cinema por 5 milhões de dólares (Ni Sindication/ Other Images)
A autora britânica da trilogia erótica 50 Tons de Cinza, E. L. James, afirmou nesta sexta-feira que se sente envergonhada ao ver os homens lendo seus romances, já que, segundo a própria escritora, eles fazem parte de suas fantasias e, portanto, ela teme ver suas reações.
Em entrevista à rede inglesa BBC, a escritora britânica afirmou que o êxito do livro entre o gênero masculino a incomoda. "Me sinto envergonhada em saber que os homens lêem meus livros. Eles são parte das minhas fantasias e nunca pensei que isso pudesse ocorrer", disse.
A autora não revelou se os personagens de sua trilogia, a doce Anastasia Steele e o poderoso empresário Christian Grey, são inspirados em pessoas reais, embora tenha admitido que ambos possuem "traços" de pessoas conhecidas.
Erika, seu primeiro nome, também reclamou do assédio sofrido por causa do sucesso. "Precisei ter muito senso de humor. A publicidade não é nada divertida. Odeio aparecer na televisão. É muita exposição midiática. Escrevi meus livros por diversão e não para fazer tudo isto", afirmou a autora, que não quis confirmar se já tem contrato para escrever um novo livro.
Cinquenta Tons de Cinza se transformou em um grande êxito literário no mundo todo, com mais de 60 milhões de exemplares vendidos. A adaptação cinematográfica, que ainda não tem protagonistas confirmados, será dirigida pela britânica Kelly Marcel, uma das criadoras e roteirista da série de ficção científica Terra Nova.
(Com agência EFE)

Contribuição do Brasil à ONU vai aumentar 80%


Economia

País dará cerca de 157 milhões de dólares ao órgão, permitindo que nações como Grã-Bretanha, Alemanha, França e Japão reduzam ajuda

Prédio da ONU em Nova York, em 14 de abril de 2005
(Stan Honda/AFP)
Brasil, China, Índia e outros países emergentes aceitaram aumentar suas contribuições à Organização das Nações Unidas (ONU) no âmbito de um novo acordo orçamentário para evitar que o organismo mundial caia em seu próprio abismo fiscal. A medida permitirá que nações europeias, como Grã-Bretanha, Alemanha e França, além de Japão, reduzam suas próprias contribuições.
Embora as quantidades não sejam muito significativas em comparação com os padrões globais – o orçamento da ONU para o período 2012-2013 é de 5,4 bilhões de dólares –, diplomatas estimam que a nova divisão é representativa das mudanças que estão ocorrendo na economia mundial. O Brasil aceitou aumentar em 81% sua contribuição, fazendo com que sua parcela no orçamento global do organismo salte de 1,6% a 2,9%.
A China fornecerá 59% adicionais, elevando sua parte no orçamento de 3,2% a 5,1%, superando o Canadá e a Itália para se converter no sexto maior contribuinte da ONU. Os pagamentos da Índia, por sua vez, crescerão 32%, de 0,5% para 0,66% do orçamento global, enquanto os da Rússia subirão 52%.
A ONU manteve até agora peculiaridades, como o fato de que a Grécia, que vive uma profunda depressão que a colocou à beira do default, fornece mais dinheiro ao orçamento do organismo que a Índia, que busca conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos permanecem como o maior contribuinte ao financiamento da ONU, embora sua ajuda tenha sido estabelecida em 22% do orçamento total quando seu PIB representa 24% do PIB mundial.
(Com agência AFP)

terça-feira 25 2012

Maria Bethânia - Eu Velejava Em Você

:)

Fauzi Arap


Fauzi Arap

Aprendiz de feiticeiro
O diretor teatral e escritor Fauzi Arap conta como experiências com LSD e estudos de Jung e de astrologia o ajudaram a chegar mais perto de Deus
MARTA GÓES
Não é comum que o mesmo diretor seja capaz de encenar um show de Maria Bethânia tão bem quanto um drama de Plínio Marcos (Navalha na carne) ou uma comédia de Juca de Oliveira (Caixa 2). E que esse diretor tenha começado a vida estudando Engenharia na Escola Politécnica da USP o torna um tipo ainda mais intrigante. Mas isso é apenas uma parte da história de Fauzi Arap, 60 anos, ex-ator, diretor teatral, dramaturgo, estudioso de astrologia e escritor. Em busca de autoconhecimento, Fauzi, que se define como um aprendiz, viveu experiências com LSD, nos anos 60, estudou Jung obsessivamente e trabalhou com a psiquiatra Nise da Silveira. Embora contemporânea da geração flower power, essa história, contada no livro Mare nostrum (Editora Senac, 265 págs., R$ 28) não é um exemplo do desbunde da época – descreve, em vez disso, um caminho angustiado, místico e profundamente responsável. O LSD saiu de sua vida quando Fauzi quis dar o exemplo a pessoas desestruturadas pelo uso deslumbrado da droga e tentavam aprisioná-lo no papel de guru. Para desgosto dos espectadores que o viram representar nos anos 60, em peças como Pequenos burgueses, de Gorki, Fogo frio, de Benedito Ruy Barbosa, e O inspetor geral, de Gogol, ele deixou para sempre o palco, por não querer ficar reduzido à imagem do ator famoso. O teatro e a astrologia são hoje suas ferramentas. "Conhecer o seu lugar no universo é chegar mais perto de Deus", diz.

ISTOÉ -
Como você classifica seu livro?
FAUZI ARAP -
Inicialmente, pensava em só autorizar a publicação depois da minha morte. Mas quando dirigi A quarta estação, há quatro anos, o Juca (de Oliveira) descobriu que eu escrevia à máquina e me obrigou a escrever no computador. Então comecei a passar o livro a limpo, e achei que estava bom, que estava claro, que podia ser útil a outras pessoas. Menos até àquelas que passaram pelas experiências da contracultura e das drogas nos anos 60 e 70 e mais a quem nunca ouviu falar nisso. Acho que meu livro talvez seja um testemunho de fé. 
 
ISTOÉ -
Fé em quê?
FAUZI ARAP -
Na capacidade do homem de desenvolver a sua espiritualidade, encontrar seu lugar no universo. Para algumas correntes do espiritualismo como a teosofia, criada pela escritora russa Helena Petrovna Blavatsky (1831-91), por exemplo, o mundo seria originalmente um campo energético que se poderia chamar de Deus e o homem seria uma alegoria incorpórea de uma raça. A expulsão do paraíso seria uma necessária condenação à materialidade. A meta de Deus seria que o homem voltasse a conquistar, pela autoconsciência, a sua espiritualidade e a sua integração com o universo. Para os teosóficos, nós estaríamos vivendo um pico de materialismo e prestes a retomar uma ascensão. 
 
ISTOÉ -
Qual a sua afinidade com a Nova Era?
FAUZI ARAP -
Tem muita coisa interessante, talvez ela represente os primeiro passos, a preparação para um salto de consciência grupal, aquariano. Mas talvez pelo meu caminho ter passado pela psicanálise e ter sido tortuoso, nem sempre consigo me sentir identificado... Eu não consigo ser tão puro. Alguns caminhos que vivi não me permitem ser tão inocente. 
 
ISTOÉ -
Qual a sua afinidade com Paulo Coelho?
FAUZI ARAP -
 Eu não tenho lido Paulo Coelho, mas me sinto amigo dele. Quando dei aula de teatro no Rio de Janeiro, em 1965, nós tínhamos muitos amigos comuns. Foi ele, aliás, quem batizou a minha peça Pano de boca. Em 1975, a Hildegard Angel, que era atriz, pretendia produzir minha peça. Eu tinha uns 12 títulos e estava indeciso. Ele escolheu para mim. Eu acompanhei com interesse todo o seu trabalho ao lado do Raul Seixas, e escolhi uma de suas músicas, Gita, para que Bethânia cantasse e faz sucesso até hoje. Li alguma coisa do Alleister Crowley, que era o guru dos dois, Raul e Paulo, à época da sociedade alternativa. Mas depois de algumas experiências que os assustaram, parece que o Paulo voltou ao catolicismo. Não tenho uma plena empatia com sua literatura, mas eu me identifico com o que ele prega e acredito piamente em sua integridade.
ISTOÉ -
Pode-se dizer que você possui uma sensibilidade especial?
FAUZI ARAP -
Eu não nasci bem conectado ao corpo. Desde menino eu tinha uma espécie de consciência meio separada. Às vezes, jogando pingue-pongue, eu saía da competição e me via jogando. Depois vim a saber que a repetição é uma das técnicas da meditação para atingir outros estados de consciência. 
 
ISTOÉ -
Sobre seu livro, a atriz Myriam Muniz resumiu, brincando: "Você tomou ácido e encontrou Deus. Também quero." Isso é verdade?
FAUZI ARAP -
 É uma simplificação, claro. Deus sempre está lá para todo mundo, até para os desatentos. Aprendi que encontrá-lo é só uma questão de chamar corretamente. Pode ser pela oração, pode ser pela meditação, pelo que você preferir. Ele atende por todos os nomes
 
ISTOÉ -
Você pode ser definido como um iniciado?
FAUZI ARAP -
 Eu não passo de um aprendiz. O universo tem seus arquivos, que são chamados de akasha, pelos hindus, e de insconsciente coletivo, por Jung. E para consultá-los você tem que se habilitar para isso, preparar-se. No meu caso, tive alguns contatos esporádicos, facilitados quimicamente pelo LSD. Houve um momento, nos anos 60, em que eu estudava Jung adoidado, tomava ácido e refletia muito e, sobretudo, tentava ajudar os pacientes da Casa das Palmeiras, criada pela psiquiatra Nise da Silveira, no Rio. Naquele período, tenho a impressão que me deixaram dar uma espiadinha. 
 
ISTOÉ -
E você sempre acreditou na existência de Deus?
FAUZI ARAP -
 A certa altura, eu não sabia mais. Embora na infância eu fosse religioso e embora a educação religiosa fosse uma coisa horrorosa, que ameaçava com o inferno o menino que apenas ouvisse um palavrão, mesmo assim eu tentava me enquadrar. Quando eu entrei na faculdade, na época em que Sartre veio ao Brasil, como toda a minha geração, eu aderi ao pensamento marxista, procurava ver tudo só pela dimensão política e econômica. Mas o marxismo até que serviu para me limpar dos resíduos daquela educação religiosa opressiva.
 
ISTOÉ -
E aí alguém lhe falou sobre o ácido lisérgico...
FAUZI ARAP -
Como eu conto no livro, uma amiga atriz me levou a um psiquiatra que trabalhava com ácido no consultório. Eu estava em busca de me conhecer, de procurar o meu próprio centro. E isso tem tudo a ver com se aproximar de Deus, mas eu não sabia. Já da primeira vez, vivi uma espécie de êxtase, como se eu tivesse saído do meu corpo. Embora no começo eu tenha associado esse estado apenas ao fato de ter experimentado o ácido, depois pude me lembrar de que, como ator, em alguns exercícios teatrais dirigidos por (Augusto) Boal, quando eu conseguia me soltar completamente me vinha um bem-estar parecido. 
 
ISTOÉ -
O que é esse bem-estar?
FAUZI ARAP -
 É uma espécie de êxtase, porque parece independer da sua responsabilidade e da sua vontade. E há um sentimento de que tudo está certo, não se duvida de nada nem se critica nada. Esses momentos não duram para sempre, os livros e os sábios nos ensinam, e acontecem poucas vezes na vida. Mas a memória deles permanece como uma referência que te guia e te alimenta. É impossível não sentir nostalgia desse sentimento de plenitude e o desejo de repeti-lo se parece com um vício.
 
ISTOÉ -
De que maneira o teatro pôde lhe proporcionar tamanho êxtase? .
FAUZI ARAP -
 Quando comecei como ator eu era muito tímido e no Oficina eles eram meio reticentes a meu respeito. Nos laboratórios do Boal, eu descobri uma fonte de inspiração e uma estrutura que dava suporte à minha espontaneidade. Numa das peças, Fogo frio, do Benedito Ruy Barbosa, eu conseguia representar cada dia melhor, eu sentia um barato representando. Fui ficando tão afinado, tão pleno que assistia ao meu corpo fazer o gesto correto como se não fosse eu que estivesse fazendo. Passei do último para primeiro da classe. No momento de pico dessa experiência era como se minha consciência estivesse dois palmos acima da minha cabeça, assistindo à representação e por duas ou três vezes me senti fora do meu próprio corpo. Quando vivi com o ácido, esse mesmo estado de dualidade de consciência já era meu conhecido
ISTOÉ -
Então a interpretação também o fez encontrar Deus?
FAUZI ARAP -
Eu não pensava em Deus. Nós éramos marxistas. A gente estudava com o Boal as leis da dialética, comprávamos uma quantidade de livros que eu nem cheguei a ler, Lúkacs de capas lindas. Na verdade, o que esses estudos me deram foi um instrumento de penetração no texto, uma nova ferramenta de compreensão. Só mais tarde, com outras leituras sobre o espiritualismo, eu descobri que o método Stanislávsky (técnica de interpretação criado no começo do século pelo ator russo Constantin Stanislávsky), que era a base do método do Boal, é absolutamente análoga a muitas técnicas da ioga, como a concentração, a visualização. Talvez tenha sido por isso que minha entrega e dedicação plenas tenham resultado algumas vezes naquela sensação de sair do corpo. 
 
ISTOÉ -
E você enterrou para sempre o marxismo?
FAUZI ARAP -
Por muitos anos. Mas percebi que o espiritualismo mais alto recoloca a questão do marxismo ao afirmar que sozinho você não atinge a plenitude. Chegar sozinho ao êxtase é coisa da magia negra, em que você pode chegar ao nirvana, mas não ao infinito. A magia branca é absolutamente altruísta. Os verdadeiros magos são pessoas que agem esquecidas de si e compartilham tudo. Chegam a adiar a própria ascensão para primeiro ajudar aos outros. Esse é o verdadeiro sentido daquela frase "os últimos serão os primeiros".
ISTOÉ -
Você conta em seu livro que ao ler Paixão segundo GH, de Clarice Lispector, teve uma prova de que não era louco. Que tipo de experiência você compartilhou com Clarice?
FAUZI ARAP -
Na época do show Rosa dos ventos, Clarice me levou a uma missa de páscoa Rosacruz que me descortinou um mundo. Era numa casinha modesta, com umas 20 ou 30 pessoas numa sala e os oficiantes. Quando começou, eu senti uma certa opressão, mas logo experimentei um intenso bem-estar. Era como se dali irradiasse algo como um ar-condicionado. Mas Clarice, pelo contrário, pingava de suor a ponto de termos de sair no meio. Eu acho que Clarice era um pouco vidente e ela confundia isso com loucura. Ela devia estar enxergando mais do que eu naquela cerimônia e não suportou a carga. Voltei muitas vezes lá. Para mim, era uma espécie de casa bem-assombrada.
 
ISTOÉ -
Por que você interrompeu a experiência de autoconhecimento via LSD?
FAUZI ARAP -
Meu projeto, ao me mudar para o Rio, na época do Arena, era apenas estudar Jung e trabalhar com a Nise da Silveira. Mas como o primeiro show da Bethânia, Rosa dos ventos, estourou, eu fiquei muito em evidência e caí na armadilha de tentar ajudar as pessoas, de corresponder à expectativa delas de que eu fosse uma espécie de guia espiritual. Minha força eram justamente o isolamento e a reflexão que o LSD me propiciava e eu me deixei invadir pelos anseios dos outros. Assumi uma tarefa acima das minhas forças e fui ingênuo quanto às verdadeiras intenções das pessoas que me cercavam. Às vezes não era nada espiritual o que as fazia se aproximar de mim, era apenas a fantasia de que eu serviria de ponte para um trabalho no teatro ou alguma coisa assim. Olhando de hoje, vejo que eu me comportei como um super-herói.
 
ISTOÉ -
E a gota d'água foi atribuírem a você o papel de vidente, que teria previsto o desastre com o avião de Leila Diniz...
FAUZI ARAP -
 Eu tinha organizado uma reunião para tentar dar alguma referência àquelas pessoas que me procuravam e que estavam muito perdidas. Aí alguém me perguntou se era verdade que eu tinha tido um pressentimento sobre um desastre com o avião em que a Marília Pêra ia viajar nos dias seguintes. Naquele momento eu percebi o quanto tinha me desviado do meu caminho e que, se eu respondesse, nunca mais eu ficaria livre daquele papel de super-herói, e eu tive uma explosão. Foi uma explosão tão violenta e me fez tão mal que acho que nos últimos 20 anos eu não fiz nada além de me recuperar do trauma daquele momento.
ISTOÉ -
E você se recuperou?
FAUZI ARAP -
Fauzi – Eu me reeduquei para caber no mundo como ele é. Mas também caí em outra armadilha, que foi me condenar a uma excessiva caretice, a ficar mais crítico e a duvidar de tudo. Eu parei o LSD para dar o exemplo. Também não fumei mais. E me reencontrei com a minha impaciência, com a minha exasperação. Eu tentei me aproximar de algumas fraternidades, de grupos que cultivam um trabalho espiritual, mas compreendi que sou diferente. As fraternidades são rígidas, fechadas. Descobri que dominando uma linguagem mais aberta, sendo artista, eu posso ser muito mais útil.
 
ISTOÉ -
Hoje a arte é seu único caminho para o autoconhecimento?
FAUZI ARAP -
A astrologia me ofereceu um sistema que atende ao meu anseio de liberdade individual. É uma coisa que eu adoro. Eu sou uma pessoa original e preciso de um espaço individual. Eu era presa de chantagens, do medo de dizer não. Não sabia me proteger. A astrologia é um filtro para me proteger disso e um instrumento de aceitação mais plena do outro.
 
ISTOÉ -
Hoje ainda lhe custa muito ser uma pessoa adaptada às regras da maioria?
FAUZI ARAP -
 Começar a escrever e a dirigir foram maneiras de me adaptar ao mundo como ele é. E aprendi a não criticar superficialmente. Os testemunhas de Jeová, por exemplo, que pagam o dízimo. A gente não paga a sessão de análise para tentar se sentir bem? E análise é tão cara...É claro que pessoalmente eu prefiro o analista ou, sei lá, a ioga àquela aeróbica que passa na televisão, mas eu me digo: aeróbica é bom para um outro tipo de pessoa.
 
ISTOÉ -
Você tem um notório horror a ser fotografado. Por que isso acontece?
FAUZI ARAP -
A luz forte sempre me incomodou e eu detesto me sentir dirigido. Além do que meu ideal é não ser o garoto-propaganda de mim mesmo. Adoraria não ir ao Jô, não aparecer em revistas. Será uma estupidez da minha parte? As coisas, no caso o livro, deveriam ser verdade pelo que elas são, sem necessidade de você ficar falando. Eu sou um apaixonado por um tipo de anonimato, pelo não ser, para poder vivenciar o outro. Isso me dá grande prazer. Sinto mais desejo de sumir, de migrar para o interior de mim
ISTOÉ -
Você tem um notório horror a ser fotografado. Por que isso acontece?
FAUZI ARAP -
A luz forte sempre me incomodou e eu detesto me sentir dirigido. Além do que meu ideal é não ser o garoto-propaganda de mim mesmo. Adoraria não ir ao Jô, não aparecer em revistas. Será uma estupidez da minha parte? As coisas, no caso o livro, deveriam ser verdade pelo que elas são, sem necessidade de você ficar falando. Eu sou um apaixonado por um tipo de anonimato, pelo não ser, para poder vivenciar o outro. Isso me dá grande prazer. Sinto mais desejo de sumir, de migrar para o interior de mim